Olhares
sobre o Renascimento: a Europa no século XIV[1]
“O
Homem é a medida de todas as coisas” (Protágoras de Abdera 480/410 a.C.)
O que faz uma sociedade se transformar,
mudar e entrar em um novo período histórico? O que faz com que os
historiadores, cientistas sociais e outros estudiosos digam “é uma nova etapa
da Humanidade, um novo passo”? Certamente você viu nas aulas de História do
primeiro trimestre que a sociedade europeia se modificou entre os séculos V e
XV, não é mesmo? E características de séculos anteriores acabaram interferindo
nos séculos vindouros. A humanidade também se faz do passado, vivendo uma
constante reconstrução do presente. Nossa, que poético isso. Poético, mas
verdadeiro.
Através
de perguntas e respostas você poderá entender um pouco melhor esse espetacular
movimento, chamado Renascimento.
1) Para que oficialmente comecemos a
discutir o Renascimento, quais as recomendações para entender de forma bacana esse complexo
movimento?
Resposta:
podemos afirmar que a análise da Europa no século XIV é fundamental para
entendermos as mudanças que levariam essa sociedade a viver o Renascimento. Se
observarmos o que ocorria entre o final do século XIII (em torno de 1270) até o
final do século XV chegaríamos a incrível conclusão de que um conjunto de
transformações atingia a sociedade europeia.
A princípio podemos partir do fato de que na
Baixa Idade Média começaram ocorrer a ampliação e diversificação das atividades
comerciais e urbanas. Como resultado dos Renascimentos Comercial e Urbano
tivemos o aparecimento da classe burguesa, imprimindo uma visão absolutamente
nova a sociedade que era, até o momento, ligada as tradições e costumes
feudais. Visão esta que se estendia a maneira como o homem enxergava e entendia
a sociedade. Ao mesmo tempo, a Europa era assolada pelas crises epidêmicas e
pelo movimento de formação e fortalecimento dos Estados Nacionais. O mundo
medieval sofria transformações irreversíveis.
2) O
surgimento da burguesia foi importante nesse processo de transformações?
R: com certeza! O aparecimento da classe burguesa trazia uma
nova possibilidade de realidade socioeconômica. Citando o livro “Caminho das
Civilizações, de José Geraldo Vinci de Moraes, “nesse momento começava a surgir
o burguês com uma visão de mundo e de
natureza bem diferente do homem
medieval, o que seria muito importante para questionar e superar o universo da
Idade Média” [2]. O
que ficou claro era a necessidade da burguesia construir uma identidade cultural
legitima que a auxiliasse e legitimasse suas atividades, além de combater as
estruturas feudais, que dificultavam a expansão do comércio.
Isso porque a prática de cobrança de juros
pela considerado um pecado daqueles bem
cabeludos pela Igreja Católica. Ou seja, a atividade burguesa tinha um caráter
pecaminoso segundo os princípios católicos do período.
3) Como a burguesia começou a resolver esse
problema?
R: uma das primeiras medidas adotada pela
burguesia foi ampliar e divulgar o conhecimento como uma das formas de combater
as estruturas engessadas do Sistema Feudal. A burguesia passou a apoiar grupos
de estudiosos e cientistas. “A partir desse movimento introduziu-se na formação
educacional ‘os estudos humanos’ (história, filosofia, retórica, matemática e
poesia), que procuravam dar condições para o progresso e desenvolvimento
humano” [3].
As pessoas responsáveis por realizar esse movimento, o Humanismo, ficaram
conhecidas como humanistas.
Não esquecendo que o Humanismo foi o
despertar do Renascimento, precisando (o Humanismo) de dois elementos
fundamentais para ocorrer. O primeiro que podemos citar está ligado ao fato de
que para tornar os estudos humanísticos mais amplos os humanistas tiveram que
recorrer aos escritos da Antiguidade Clássica. Isso porque filósofos gregos como
Platão (428/7 a.C. – 347 a .C.)
e Aristóteles (384 a .C.
– 322 a .C.),
ou romanos, como Sêneca (4 a .C.
– 65 d.C.), tornaram-se célebres pensadores, abordando muito a questão da
existência humana. Nesse ponto é válido fazer duas ressalvas.
A maioria dos escritos da Antiguidade
Clássica estava guardada em bibliotecas do Império Bizantino e nas bibliotecas
das Igrejas e Monastérios da Europa Ocidental. Por isso, o movimento humanista
também foi observado e apoiado por alguns membros do clero. A segunda ressalva
é que o Humanismo, assim como o Renascimento, se iniciou na península Itálica,
justamente por ser nessa região que se concentrava a maioria das atividades
burguesas, muito dependente do comércio com o Oriente, realizadas através do
mar Mediterrâneo. Também foi na península Itálica que se abrigaram os sábios de
Bizâncio depois da tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos, carregando
os escritos da Antiguidade Clássica.
4) Ou seja, fatos ocorridos em momentos
próximos auxiliaram a ocorrência desses eventos?
R: Sim! Para finalizar, a ocorrência do
Humanismo esteve diretamente ligada a passagem lenta e gradual de uma visão
totalmente teocêntrica, baseada nas explicações a partir de aspectos divinos e
dogmas católicos, para uma visão que se baseava na análise do mundo concreto e
físico dos seres humanos, cercado de problemas, aflições, sentimentos etc. Era
o surgimento de uma visão antropocêntrica
(antropo: homem; cêntrica: no centro de todas as coisas/ do Universo),
glorificando a natureza humana. Era o despertar do Renascimento.
“A Escola de Atenas”. Nessa obra do início do século XVI, Rafael Sanzio (1483 – 1520) pinta os filósofos da Grécia Antiga em meio a uma arquitetura clássica. Um quadro mergulhado nos ideais do Humanismo e da Renascença[4].
Península Itálica, palco principal do
Humanismo e da Renascença. Faça um teste em casa. Digite península Itálica na
pesquisa de imagens de um sítio de busca. Entre um mapa e outro, a bandeira da
Itália, uma ou outra foto de um belo prato de macarrone, você certamente observará fotos de obras renascentistas[5].
[1] RAMOS, Pedro
Henrique Maloso.
[2] MORAES, J. G.
Vinci de. “Caminhos das Civilizações – da Pré-História aos dias atuais” - São
Paulo: Atual, 1993. p. 164
[3] MORAES, J. G.
Vinci de. “Caminhos das Civilizações – da Pré-História aos dias atuais” - São
Paulo: Atual, 1993. p. 164
[4] Imagem extraída
do sítio http://www.paulobrito.pt/a-escola-de-atenas-e-o-novo-grito-de-munch/
[5] Imagem extraída
do sítio http://www.sohistoria.com.br/ef2/renascimento/p2.php
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