domingo, 18 de outubro de 2015

A EXPEDIÇÃO DE MARTIM AFONSO DE SOUSA E AS BASES ECONÔMICAS DA COLONIZAÇÃO

A EXPEDIÇÃO DE MARTIM AFONSO DE SOUSA E AS BASES ECONÔMICAS DA COLONIZAÇÃO[1]
 A expedição que viria colonizar o Brasil foi organizada sob e com a interferência do rei português D. João III, que passou a ser conhecido como O Colonizador, buscando, portanto, ocupar as terras oficialmente. A expedição foi comandada por Martim Afonso de Sousa e contava com cinco embarcações – um galeão, duas caravelas e duas naus – e mais de 400 pessoas à bordo.
Rei Dom João III subiu ao trono em 1521[2]
Durante a viagem ao Brasil, os portugueses combateram e capturaram alguns navios franceses em águas brasileiras, bem como exploraram o rio da Prata, no sul do continente americano. Sabemos que a exploração desse rio foi um dos principais motivos da viagem de Martim Afonso de Sousa, já que se acreditava ser o Prata um dos caminhos para as regiões ricas em metais preciosos da América andina. Cerca de um ano depois de sua partida de Portugal, Martim Afonso de Sousa fundou, em janeiro de 1532, a vila de São Vicente, o primeiro núcleo efetivo dos portugueses no Brasil.


Martim Afonso de Sousa abaixo. [3]
O rio da Prata banha a capital uruguaia, Montevidéu[4].
A cidade de São Vicente, a primeira do Brasil[5]

Martim Afonso chegou à colônia com poderes judiciais sobre os demais homens que auxiliariam na colonização, bem como sobre os nativos e portugueses que habitavam o Brasil. Também ficou sob sua responsabilidade a missão de criar cargos judiciários e administrativos, necessários para o processo de colonização, e iniciar a distribuição de terras entre os colonizadores.
Ao redor da vila fundada por Martim Afonso de Sousa foram se organizando os primeiros engenhos de açúcar – base econômica do início da colonização. Discutiremos isso à frente, mas é importante enfatizarmos que os engenhos portugueses foram em grande parte construídos graças ao capital holandês. A cana-de-açúcar também foi introduzida no Brasil por Martim Afonso de Sousa, dono do primeiro engenho erguido na colônia, e auxiliado pelo capital do holandês Johann van Hielst – conhecido pelos portugueses como João Vaniste.
Há uma explicação para a interferência e participação dos holandeses, principalmente no início da colonização. Portugal enfrentou significativos problemas ao iniciar a colonização, sendo que um dos maiores remetia à falta de capital para colocar em prática o projeto colonizador. É nesse ponto que temos a participação dos holandeses, em sua maioria banqueiros e mercadores que, havia tempos, estavam associados com os portugueses, e passaram a financiar as construções dos engenhos e de outras inúmeras atividades econômicas da colônia.
Vários fatores justificam a escolha da cana-de-açúcar como mercadoria a ser produzida na colônia. Portugal já havia iniciado a produção de açúcar, através do cultivo da cana-de-açúcar, antes do descobrimento do Brasil. O açúcar português era produzido nas ilhas de Madeira, Açores e Cabo Verde. Portanto, não se tratava de uma atividade agrícola e comercial desconhecida. Atrelado a isso está o fato de que o açúcar se tratava de uma especiaria, “dono” de um mercado em expansão na Europa. Mas um dos fatores mais determinantes foi a semelhança entre os climas e condições ecológicas das ilhas atlânticas e do Brasil, principalmente do nordeste brasileiro, muito favoráveis ao plantio de cana-de-açúcar.
A fundação dos engenhos de açúcar tinha como objetivo povoar a colônia e assegurar a posse para os portugueses. Os engenhos se encaixavam no sistema econômico das plantations, ou seja, extensas plantações de um determinado gênero agrícola – no caso, a cana-de-açúcar –, produzindo mercadorias que fossem exportadas para o mercado europeu. Em decorrência desse sistema, as plantations (fica clara a intensa relação entre relação cultivo da cana, o engenho e a plantation, bases do processo colonizador português) faziam com que em todas áreas onde fossem implantadas, a policultura se tornasse atividade de caráter secundário e extremamente restrito.
Reprodução de um engenho de açúcar instalado na colônia[6].

A pecuária nordestina foi importante como atividade secundária. De grande importância na produção e manutenção do sistema açucareiro, na medida em que o gado criado em áreas próximas às plantações de cana-de-açúcar e aos engenhos era utilizado como força motriz para movimentar as moendas, meio de transporte para levar cargas e trabalhadores, vestuário – com a utilização do couro do animal – e fonte de alimento. A interiorização da pecuária se tornou um processo de singular importância na ocupação de novas terras pelos portugueses, como veremos  em textos futuros.
Podemos resumir o sistema de plantations da seguinte maneira: uma grande propriedade agrícola, trabalhada em sua imensa maioria por escravos, com tendência a autossuficiência, cuja produção se voltava quase que exclusivamente para o mercado externo.
A ESCRAVIDÃO, O ENGENHO DE AÇÚCAR E A MÃO-DE-OBRA
O engenho de açúcar exigia um grande contingente de trabalhadores para que fosse efetivamente realizada a produção do açúcar. Desde o plantio até as atividades dentro do engenho eram necessários muitos trabalhadores. Esses trabalhadores foram os escravos.
Os primeiros escravos no Brasil não foram os negros e sim os índios. O processo de escravização indígena resultou no primeiro grande genocídio português realizado na colônia. Durante o processo de colonização, muitas tribos foram dizimadas – principalmente as que praticavam rituais antropofágicos - , outras tantas tiveram que fugir para áreas interioranas, onde acabaram sendo caçadas – literalmente! É esse o termo – pelos bandeirantes. Sabemos também que muitas das doenças trazidas pelos europeus mataram centenas de milhares de indígenas. O processo de escravização indígena ocorreu pelo fato de que o escambo passou a deixar de funcionar. A partir do momento em que as mercadorias portuguesas não mais atraíam a curiosidade dos índios e que o ritmo de trabalho exigido pelos portugueses não se encaixava no cotidiano dos nativos, fez-se necessária a adoção da escravidão para manter os interesses portugueses.
Tanto as Guerras Justas quanto as Expedições de Apresamento, realizadas em grande parte pelos bandeirantes paulistas, tiveram papel de destaque na consolidação da escravidão indígena. As Guerras Justas se davam quando a Coroa Portuguesa autorizava o ataque a tribos indígenas que haviam atacado vilas e colonizadores; ou à índios que praticavam rituais antropofágicos e não se submetiam ao domínio português. Muitos dos índios morriam nesses conflitos, mas aqueles que eram capturados se tornavam escravos. Já as Expedições de Apresamento eram diretamente feitas para capturarem indígenas e torná-los trabalhadores escravos.
Qual seria o motivo que levou ao fim da utilização dos indígenas como escravos? A explicação do fim da utilização dos índios no processo de escravidão foi o fato de que essa atividade estava centrada como um negócio praticamente interno à colônia, trazendo uma reduzida margem de lucro ao comércio marítimo e à metrópole. A escravidão indígena, de certo modo, impedia o enriquecimento da burguesia lusitana. A própria Igreja Católica perdia significativas quantias de dinheiro com a não utilização dos escravos negros, já que possuía uma pequena parcela de lucro em cada homem negro que fosse escravizado e levado ao Novo Mundo. Portanto, tanto para burgueses, quanto para clérigos e para o rei português, a escravidão negra se tratava de um negócio muito mais rentável.
    Conhecida por Portugal desde antes do descobrimento do Brasil, a escravidão negra veio com a ocupação portuguesa de faixas litorâneas do continente africano. A Igreja Católica havia garantido monopólio desse tipo de atividade à monarquia portuguesa, fazendo com que muitos homens negros fossem introduzidos em Portugal como escravos domésticos. A utilização do trabalho escravo negro se deu também nas ilhas atlânticas.
    Mas a égide da questão da utilização dos negros como escravos – e, em especial, do tráfico negreiro – está sustentada no conhecido comércio triangular.
    Resumidamente, poderíamos afirmar que o negro era uma das moedas que possibilitavam o comércio marítimo entre a América, a África e a Europa. O desembarque desses homens era realizado nas áreas portuárias, principalmente do Nordeste brasileiro, região que mais recebeu escravos no início colonização.
 Nos portos era possível perceber o desenvolvimento de um intenso e movimentado comércio. Escravos eram trocados por cachaça, tabaco e outros produtos. Até o final do século XVII a média de escravos negros trazidos para o Brasil não ultrapassava os 8.000 homens por ano.
   Os escravos constituíram a base do sistema produtor de açúcar, bem como da estrutura colonial. Em grande medida, foram esses homens que possibilitaram o sucesso do projeto colonizador. Os engenhos de açúcar eram, na maioria, movimentados pelo braço do negro escravizado.
AS CAPITANIAS HEREDITÁRIAS
Para efetivamente colonizar a grande extensão colonial, a monarquia portuguesa escolheu o sistema de Capitanias Hereditárias, que já havia sido utilizado, com relativo sucesso, em algumas outras áreas coloniais de Portugal. A chegada de Martim Afonso de Sousa oficializou o início da montagem do sistema colonial, fazendo com que as terras fossem divididas em 15 lotes, doados a 12 capitães donatários (portanto, houve casos de donatários que receberam mais do que um lote). Esses capitães assumiriam a responsabilidade – quase que em todas as esferas – de fazer com que a colonização de seus lotes ocorresse e que esses se tornassem rentáveis do ponto de vista mercantil. Os cargos de donatários eram vitalícios e hereditários. Voltaremos a falar dos capitães donatários.
O processo de ocupação de um lote era, de fato, oneroso e complicado. Buscando “convencer” os donatários a assumirem suas Capitanias, a Coroa Portuguesa criou uma série de vantagens,  entre as quais o fato dos donatários terem o direito de escravizar as populações indígenas, desde que enviassem à Coroa Portuguesa uma parte da renda conseguida nesse comércio, bem como alguns escravos indígenas. Os donatários poderiam doar sesmarias - lotes de terras - a quem se interessasse em cultivá-los. No entanto, a doação só poderia ser feita aos cristãos portugueses. A distribuição de terras ficava sob a responsabilidade do donatário, o que não quer dizer que o mesmo fosse proprietário das terras. Todas as terras das Capitanias Hereditárias pertenciam ao rei português. Os donatários atuariam como administradores das terras reais. 
A princípio, a Coroa Portuguesa havia “convidado” membros da alta nobreza para se tornarem donatários na nova missão colonizadora em que Portugal embarcara. O desinteresse foi tanto, que a Coroa Portuguesa fez dos militares e navegadores ligados ao comércio oriental alguns dos seus capitães donatários. O maior ônus para os capitães donatários estava no fato de que grande parte da colonização se daria por investimentos próprios, e a grande maioria desses homens não possuía capital suficiente para tocar um projeto de tal envergadura. 
Muitos donatários – inclusive o donatário Martim Afonso de Sousa -, no intuito de iniciar a colonização de seus lotes, buscaram fazer empréstimos de banqueiros e negociantes – principalmente judeus - de Portugal e da Holanda. Mesmo assim, uma significativa parcela desses homens nunca chegou a pisar na colônia. Um dos maiores receios estava no fato de que o capital aplicado nos lotes não gerasse o devido retorno. E dos que chegaram a iniciar a colonização dos lotes recebidos, poucos foram os que obtiveram sucesso. O fracasso vinha por diversos motivos: terras inóspitas, índios hostis, distância entre as capitanias, dificuldade em defender as vilas etc.
As Capitanias Hereditárias [7].




[1] RAMOS, Pedro Henrique Maloso
[2] imagem extraída do sítio http://www.hirondino.com/historia-de-portugal/perca-reconquista-da-independencia/
[3] Imagem extraída do sítio https://pt.wikipedia.org/wiki/Martim_Afonso_de_Sousa
[4] Arquivo Pessoal
[5] imagem extraída do sítio http://guiadolitoral.uol.com.br/sao_vicente-2633_2009.html
[6] Imagem extraída do sítio https://pt.wikipedia.org/wiki/Plantation
[7] Imagem extraída do sítio http://www.escolakids.com/as-capitanias-hereditarias.htm

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Características, fases e vertentes do Renascimento - uma breve análise

Características, fases e vertentes do Renascimento - uma breve análise
Se você procurar em livros de História informações sobre o Renascimento irá descobrir que os estudiosos dividem esse movimento em fases (períodos) e correntes. O movimento foi tão amplo que não dá para encaixá-lo em um modelo único. Poderíamos dizer que o Renascimento foi diverso, amplo, e, por isso mesmo, algo bastante complexo.
  A princípio, existem duas correntes renascentistas:
  - O Renascimento Civil, ligado às cidades republicanas que eram dirigidas diretamente pela burguesia. Nesse "tipo" de Renascimento observamos que os temas do cotidiano eram visivelmente humanizados;
  - O Renascimento Cortesão, sendo a corrente que exerceu enorme domínio, se ligando aos príncipes, visivelmente empenhados em trazer elementos do Renascimento para dentro das cortes.
   Também há fases renascentistas. E é sobre essas fases que iremos falar agora.
1ª Fase: Trecento – corresponde à arte do século XIV, onde ocorre uma transição lenta e gradual da cultura medieval para a renascentista. Alguns historiadores definem essa fase como o pré-Renascimento. A obra que vemos ao lado[1], pertencente ao período, ainda não incorpora todos os elementos do Renascimento, mas já apresenta mudanças e inovações. Trata-se de uma das partes do quadro de um dos maiores pintores do Trecento: Giotto di Bondone (1266 – 1337). Se chama Ognissanti Madonna (Madonna entronizada). Foi pintada em 1310. Há um site interessante, com
todas as obras deste renascentista, além de informações sobre a vida do pinto. Está em inglês: http://www.giottodibondone.org/
2ª Fase: Quattrocento – corresponde à arte do século XV. Florença foi um dos campos principais desse período, ressaltando a importância do mecenato da família Médici. Nesse contexto é destacável a figura de Lorenzo de Médici, o “Magnífico”, que fundou a “Academia Platônica”, na qual pensadores ilustres buscavam conciliar o ideal cristão com o pensamento antigo. Um dos maiores nomes deste período foi Leonardo da Vinci (1452 - 1519). Abaixo uma imagem da cidade de Florença[2], um dos principais palcos do Renascimento no Quattrocento.
3ª Fase: Cinquecento – corresponde à arte do século XVI. Já é observável a crise do Renascimento. Mesmo assim Florença teve um grande destaque e muitos renascentistas chegaram ao esplendor. Em um texto futuro nos aprofundaremos a respeito dos motivos que levaram à essa crise, porém é importante frisar que o fim do monopólio das rotas comerciais pelas cidades italianas levou ao declínio do mecenato na península itálica. Um dos principais nomes do período foi o genial Michelangelo Buonarroti (1475 - 1564).

Também é possível afirmar que o Renascimento se estendeu por inúmeros campos, não se limitando somente às artes plásticas.
Como vimos, há uma fase de transição que irá inaugurar o Renascimento. Trata-se do Trecento. Daí para frente os renascentistas mergulharam nas inúmeras possibilidades de criar, inovar... E a imensidão do Renascimento se mostra a partir disso! Por mais que qualquer estudioso, historiador e pesquisador busque apontar todos os campos abordados pelos renascentistas, saiba que é praticamente impossível estabelecer um panorama rigorosamente completo. Mas dá para ter uma ideia da grandiosidade do movimento a partir do pequeno texto abaixo. Veja só.
Artes Plásticas
O movimento buscou acoplar o homem ao campo físico, através de imagens tridimensionais e o jogo de luzes. Nesse sentido é evidente apontar que existe uma enorme valorização do homem, da figura humana. No Trecento temos a construção dos traços renascentistas e a presença de um importante artista, Giotto, que representou os ideais precursores da arte renascentista. Já no Quattrocento temos o grande brilhantismo na produção de obras, bem como a presença de grandes gênios, entre eles Leonardo da Vinci, denominado o “gênio universal da Humanidade”. No Cinquecento tivemos o aparecimento de grandes pintores, protegidos por mecenas papas (ou seja, os artistas eram financiados pelos papas). e a importante figura de Michelangelo, como destacamos acima.
La Sibila Délfica (1509), de Michelangelo[3].

Literatura e Ciência (Humanismo)
Os humanistas eram, geralmente, alguns membros do clero, professores e burgueses. Desprezavam a cultura gótica medieval e primavam pelo individualismo, a vontade do poderio, o refinamento cultural e espiritual, buscando dominar os mais variados campos do conhecimento. No Trecento tivemos a presença de Dante Alighieri (1265 - 1321), com a obra “Divina Comédia”; já no Quattrocento foi fundamental o papel da “Academia Platônica”, como discorremos acima. E no Cinquecento tivemos obras que davam a base do Estado Moderno, essencialmente na formulação da razão de Estado. Assim, não nos é estranho o surgimento de uma obra que trabalhe diretamente com essas questões, como foi o caso da obra “O príncipe”, de Nicolau Maquiavel (1469 - 1527).
Nicolau Maquiavel, um dos maiores nomes da Renascença[4]


Renascimento Científico
Inquestionavelmente um dos campos mais fantásticos da Renascença, no Renascimento Científico tivemos a busca por explicações através da prática e do conhecimento empírico, não só baseado em livros. Tivemos o surgimento de experiências e observações, com um extraordinário conhecimento científico. O principal personagem foi Leonardo da Vinci, atuando em diversos campos. Mas também devem ser destacados vários outros nomes, entre os quais, Nicolau Copérnico (1473 - 1543) - e que logo, logo será abordado em um texto. A figura de Copérnico se destaca, principalmente, porque esse polonês demonstrou que a Terra não era o centro e sim o Sol, partindo inclusive dos estudos e observações feitos por Aristarco de Samos (310 - 230 a.C.)[5] .
Com o Renascimento Científico tivemos também um gigantesco progresso intelectual, indo muito além do campo das ciências, desbravando o funcionamento das coisas, projetando máquinas outrora impensáveis, estudando o corpo humano. Mas ainda muitos desses avanços foram freados pelos ditames religiosos do período. Abaixo, desenhos científicos do genial Leonardo da Vinci[6].
 







[1] Imagem extraída do sítio http://www.giottodibondone.org/ - 29/07/2015
[2] Imagem extraída do sítio  http://www.royalcaribbean.com.br/findacruise/ports/group/home.do?portCode=LSP - 29/07/2015
[3] Imagem extraída do sítio https://twitter.com/juananurkijo/status/600325057185980416 - 29/07/2015
[4] Imagem extraída do sítio https://luizmullerpt.wordpress.com/2013/02/17/os-500-anos-do-principe-de-maquiavel-por-antonio-lassance/ - 29/07/2015
[5] Para conhecer o trabalho de Aristarco de Samos, leia http://respirehistoria.blogspot.com.br/2015/03/uma-analise-historica-sobre-astronomia.html
[6] Imagem extraída do sítio https://dedsign.wordpress.com/textos/o-corpo-e-o-modelo/da-exploracao-anatomica-a-visao-morfologica/ - 29/07/2015

domingo, 22 de março de 2015

Uma análise histórica sobre a Astronomia – 3ª parte

Uma análise histórica sobre a Astronomia – a astronomia na Roma Antiga e na Idade Média – 3ª parte[1]
Olá! Em nosso terceiro texto da série “Uma análise histórica sobre a Astronomia” iremos conhecer melhor como a Astronomia se desenvolveu entre os séculos II d.C. até o despertar da Renascença, sem no entanto entrar na análise do Renascimento, o que será feito no 4º texto da nossa série. Porém, antes de começarmos a nos debruçar sobre o que foi proposto, retomemos sobre o que foi visto nos textos anteriores.
Se existe um período histórico mal compreendido, esse período é a Idade Média. Vamos ter a oportunidade nesse texto de entender um pouco melhor o que ocorreu entre os séculos V d.C. – XV d.C. [2]
 Até então...
Comecemos a nossa breve revisão do que foi visto com uma citação muito interessante. “No pensamento de Empédocles[3], física, mística e teologia formam uma unidade compacta. Para ele, são divinas as quatro ‘raízes’, ou seja, a água, o ar, a terra e o fogo: são as forças da Amizade e da Discórdia; Deus e o Esfero; as almas são demônios, almas que, como todo resto, são constituídas pelos elementos e pelas forças cósmicas” [4].
Foi a física aristotélica quem legitimou esse matrimônio, “casando” o campo da física com o campo místico, concretizando pela principal instituição da Idade Média, a Igreja cristã, como sendo todos veiculados e subordinados ao teocentrismo, como veremos a seguir. Vimos no texto anterior que a física desenvolvida por Aristóteles (384 – 322 a.C.) se constitui a partir da chamada teoria dos quatro elementos, criada por Empédocles, e trabalhada pelo preceptor de Aristóteles, Platão (424 – 347 a.C.).
Partindo da física aristotélica, na Natureza cada corpo ocupa um lugar específico, um espaço específico. “Cada elemento da natureza (Terra, Água, Ar e Fogo) possui um lugar natural na seguinte ordem: primeiro, abaixo de todos, a Terra, em cima dela, a Água, em cima, o Ar e em cima dele, o Fogo. O movimento ocorre sempre que o corpo busca o seu lugar”[5], consolidando a chamada Teoria do Lugar Natural. Exemplificando, quando pegamos um objeto sólido e o soltamos, o mesmo cai no chão porque é esse o seu lugar natural, já que o mesmo é feito de terra, e não de ar. E para justificar porque os corpos celestes não caem sobre a Terra, Aristóteles logo buscou explicar o seguinte: “apesar de não podermos ver, existem abobadas (círculos) de cristais transparentes que os impede de cair (...)” [6].
Frente ao que foi postulado, Aristóteles, bem como seus discípulos, acreditava que a Lua e os demais corpos celestes não apresentariam saliências, ângulos ou curvas por serem considerados perfeitos. E, ainda visando justificar porque a Lua não cairia, Aristóteles formulou a ideia de que as leis que regem a esfera celeste não seriam as mesmas que regem as forças presentes na Terra.  “Aristóteles sentenciou que o que valia para o céu não valeria para a Terra. Logo, os fenômenos se diferenciavam” [7].
Vale lembrar ainda que Aristóteles fundamentou a ideia de que a Terra estaria parada no espaço (geostatismo). E a explicação poderia ser comprovada por fenômenos e fatos do cotidiano. “Caso ela (aTerra) se movesse, as nuvens, os pássaros no ar ou os objetos em queda livre seriam deixados para trás”[8]. Por fim, Aristóteles consolidou o modelo geocêntrico (Geo/cêntrico – Terra no centro).  E antes que você considere Aristóteles um tolo completo, leia essas considerações feitas por João Régis: “Você quer coisa mais evidente do que a constatação que fazemos cotidianamente de que a Terra está parada? Olhe a seu redor. Você vê o chão se mover? Aristóteles pretendia, inclusive, fazer uma demonstração experimental dessa ideia. Dizia que se a Terra estivesse se movendo, uma pessoa não cairia no mesmo lugar depois de dar um salto para o alto, pois a Terra teria se movido sob seus pés enquanto estivesse no ar. Quer coisa mais evidente do que a constatação de que a Terra é plana? Ou de que é o Sol que se move ao nosso redor enquanto permanecemos imóveis? Não é essa a nossa experiência diária? Vemos, imóveis, o Sol nascer em um canto do céu e morrer em outro depois de tê-lo atravessado sobre nossas cabeças” [9]
O interessante da análise aristotélica é a constante retomada da ideia de que o movimento inicial dos eventos celestiais que verificamos partia de uma ação divina, o chamado Primeiro Motor Imóvel. “O movimento da última esfera é determinado pelo primeiro (Deus), que é a esfera das estrelas fixas. Esse movimento é transmitido por atrito às esferas contíguas, até a Lua, na última esfera interna” [10].
A figura de Ptolomeu
Cláudio Ptolomeu (90 – 160 d.C.) foi um importante astrônomo, geógrafo e matemático. Nascido em Alexandria, no Egito, cidade formada a partir da invasão macedônica sobre as áreas ao redor do mar Mediterrâneo, Ptolomeu sintetizou muito bem a atmosfera do período. Alexandria exalava cultura, era um centro cultural e intelectual por excelência[11]!  Além disso, Ptolomeu deixou muito claro a ideia de que no período em que realizou as suas pesquisas a diferença entre astronomia e astrologia era algo sutil, inexistente, para ser mais exato. Havia uma mescla constante entre ciência e misticismo, astronomia e astrologia.
Considerado um pensador grego, Ptolomeu, na verdade, viveu em terras que estavam sob o domínio romano, consequência de um processo expansionista iniciado no século III a.C. Roma controlava todas as regiões ao redor do mar Mediterrâneo, definindo-o inclusive como mare nostrum (nosso mar). Foi Ptolomeu o primeiro a formular o sistema planetário geocêntrico. Na primeira versão do seu modelo, admitia que quanto mais distantes estivessem os astros da Terra, mais tempo levariam para dar uma volta em torno dela. E visando sanar o problema que aparecia quando se constatava que alguns corpos celestes parecem ter a sua trajetória freada em determinados momentos, Ptolomeu propôs a teoria das semiórbitas, chamadas de epiciclos, retomando uma ideia trabalhada por Hiparco[12]. Em resumo, epiciclos seriam pequenos círculos formados por um astro ao redor de um ponto imaginário, descrevendo, a partir desse novo ponto, outro círculo.
A ideia dos epiciclos[13].
“De acordo com esse sistema, cada planeta se move num círculo pequeno (epiciclo), cujo centro se move ao redor da Terra, a qual é estacionária e está no centro do Universo. Como Mercúrio e Vênus são vistos sempre perto do Sol, Ptolomeu colocou o centro de seus epiciclos sobre uma linha entre a Terra e o Sol, com o centro dos epiciclos movendo-se ao redor da Terra, num ciclo condutor (deferente)” [14].
O Universo ptolomaico![15]
 
Fato é que o triunfo ptolomaico, pelo menos para o período, esteve associado a ideia de que o pensador de Alexandria utilizou os princípios e dogmas daquele que era definido como o maior nome até então, Aristóteles (justificando assim a nossa análise do mesmo antes de falarmos de Ptolomeu). Partindo das observações aristotélicas, Ptolomeu desenvolveu um sistema geométrico-numérico, partindo também das observações feitas pelos mesopotâmicos, para descrever os movimentos celestes. E Ptolomeu só conseguiu ter acesso a tal gama de informações porque era em Alexandria que se reuniam obras e escritos vindos do Oriente e de outras partes do mundo conhecido até então.
“Na construção de seu sistema, Ptolomeu deu continuidade aos primeiros modelos astronômicos propostos por filósofos gregos, dentre esses Tales de Mileto, Anaximandro e Aristarco. A maioria desses modelos tinha em comum o geocentrismo. Os gregos imaginavam a Terra imóvel no centro da esfera celeste (Universo). Geralmente esses modelos eram difíceis de ser compreendidos pelos leigos porque as explicações afirmavam que o funcionamento do universo era composto por esferas concêntricas (possuíam centro comum) e transparentes. O modelo de Aristarco[16] foi o único que fugia ao geocentrismo e propunha um funcionamento diferente do universo. Suas ideias caminham na direção do modelo heliocêntrico”[17].
O que Cláudio Ptolomeu fizera foi sistematizar em um único sistema todo o conhecimento astronômico que havia sido formulado até então. E, diante disso, obviamente retomou algumas ideias presentes no período. Entre elas estão a de que a Terra estaria imóvel no centro do universo e de que a mesma estaria envolvida por muitas esferas transparentes.
Como vimos, Ptolomeu também explicou que os movimentos dos astros se devia à esfera correspondente. E que tais esferas estariam organizadas, como já vimos, a partir da Terra no centro, seguindo a ordem: esfera da Lua, de Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno, vindo logo em seguida a esfera das estrelas fixas. “Nesse sistema todos os movimentos aparentes (vistos da Terra) eram explicados com base em círculos, esferas e movimentos uniformes sem necessidade de nenhuma comprovação prática” [18].
A ideia do círculo como a expressão máxima da perfeição (redundante isso!) encontrou campo por toda a História Antiga, bem como nos períodos vindouros. O desenho feito por Leonardo da Vinci (1452 - 1519), chamado Homem Virtuviano, é uma clara alusão às ideias do arquiteto romano, Vitruvius Pollio (século I d.C.), um dos homens da Antiguidade Clássica que mais buscou estruturar suas ideias a partir das relações de simetria e perfeição. Para Vitruvius o círculo guardava essas duas qualidades.
“Homem Vitruviano”, de Leonardo da Vinci[19].   

Sendo assim, concluímos que, partindo das observações de Ptolomeu, o funcionamento do universo poderia ser explicado a partir de dois princípios básicos. Seriam eles: a esfericidade dos céus e da Terra, o chamado geocentrismo, e o geostatismo, teoria que defendia a ideia de que a Terra permanecia imóvel. Ptolomeu também se utilizou da ideia de que os corpos celestes seriam formados por uma substância desconhecida, o chamado éter.
A grande obra de Ptolomeu foi o famoso “Almagesto”, que significa “a grande coleção”, ou grande síntese. Essa obra era composta por treze volumes, sendo conhecida no Ocidente a partir de uma versão em árabe.
Ptolomeu criou uma eficiente explicação para o movimento retrógrado dos planetas no modelo geocêntrico[20].
 A maior parte dos trabalhos ptolomaicos estava associada ao campo da geografia, inclusive com a confecção de mapas[21] [22]. Reconstruções de mapas com as observações de Ptolomeu.
 

























A Astronomia na Idade Média
Criou-se e popularizou-se nos mais diversos meios de divulgação a ideia de que a Idade Média foi um período marcado pela ignorância, pela obscuridade, o abandono do uso da razão e outras coisas do tipo. Tanto que a Idade Média recebeu o sugestivo termo de “Era das Trevas”. Curioso é pensarmos que o Renascimento começou a se desenvolver justamente na Idade Média, estando ligado às indagações que o homem medieval fazia acerca das coisas do mundo. Portanto, a definição de Idade Média, se adotada de forma literal, cai em erros consideráveis.
É fato que o desenvolvimento científico durante o período medieval esteve nas mãos do que determinava as teorias religiosas. “Durante a Idade Média a Igreja Católica foi gradativamente construindo a autoridade intelectual fundamentada na teologia. Essa autoridade dominou quase toda a Europa durante séculos” [23]. Consequência disso foi o fato de que “a relação entre ciência e técnica praticamente inexistiu. Não havia aplicação prática para o saber científico” [24]. Daí, o cometer erros, a prática de se formular teorias que beiram o absurdo se torna mais fáceis de ocorrer.
Posto isso, antes de começarmos a analisarmos o desenvolvimento da Astronomia nesse período, façamos uma distinção. Iremos falar de Astronomia Medieval dividindo a mesma em dois momentos: antes (que será tratado nesse texto) e durante a Renascença, entendendo o Renascimento como um movimento profundamente e cronologicamente ligado à Idade Média. Vamos começar
O Teocentrismo fundamentando a Astronomia.
A sociedade feudal tinha como uma das principais características a cultura teocêntrica, ou seja, “todo o poder político girava em torno da autoridade religiosa, da fé” [25]. Assim, o clero possuía um enorme poder. Dentro dos feudos era muito comum a presença de pequenas capelas e os membros do clero tinham trânsito livre por essas regiões (nos feudos mais ricos existiam grandes construções religiosas). Só para se ter uma ideia, o historiador brasileiro Hilário Franco Júnior faz a análise de que a Igreja era quem mais possuía terras em uma sociedade que vivia a partir da atividade agrária.
Sendo assim, o principal nome científico no campo da Astronomia antes da Renascença foi um clérigo do século XII: Tomás de Aquino (1225 – 1274). O frade da Ordem dos Pregadores (dominicano) nasceu na península Itálica, em Roccasecca, tendo desenvolvido extenso trabalho nos campos da teologia e da filosofia, partindo das análises feitas por Aristóteles, se referindo inclusive ao grego como “o Filósofo”.
O grande legado de Tomás de Aquino foi a promoção de uma simbiose entre a ciência grega e a fé católica, confirmando o que a pouco afirmamos. Conciliou a razão natural com a teologia especulativa, ajudando a fazer permanecer as ideias geocêntricas e geostáticas pelos séculos seguintes.
Tomás de Aquino. A simbiose entre a concepção aristotélica do Universo e as afirmações encontradas em documentos sagrados (Antigo Testamento) foi definida como filosofia escolástica[26].

No entanto, além de Tomás de Aquino, há outras observações sobre a Astronomia no decorrer da Idade Média, todas elas diretamente influenciadas pelas ideias aristotélicas e ptolomaicas. As maiores contribuições para o desenvolvimento da ciência como Astronomia, no entanto, não vieram dos povos da Europa, nem daqueles que viveram nos séculos anteriores à Era Cristã. Vieram do Oriente. Árabes e chineses carregam conhecimento considerável sobre os fenômenos celestes. E, através dos contatos mais frequentes entre esses povos e os europeus a partir da Baixa Idade Média (XII – XV), a Europa começou a assistir um insistente movimento de se repensar a ciência a partir de outros vieses. É nesse contexto que vemos emergir Giordano Bruno, Nicolau Copérnico, Galileu Galilei, Johannes Kepler. Mas esses pensadores serão tema para o nosso próximo texto. Aguarde!
Para você ter uma ideia de como as observações realizadas pelos povos orientais eram muito mais complexas do que as verificadas na Europa Medieval, leia essa narrativa: “Em 1504, os astrônomos chineses saudaram a aparição de uma nova estrela no Céu, tão brilhante que era visível à luz do dia. Ela desapareceu alguns meses depois. Sem saber, haviam observado uma explosão ocorrida milhares de anos antes. Essas estrelas que explodem são chamadas de supernovas”[27].  
Uma supernova[28].




[1] RAMOS, Pedro Henrique Maloso.
[2] Imagem extraída do sítio http://www.historytoday.com/alan-b-cobban/student-power-middle-ages
[3] Empédocles (490 – 430 a.C.) foi um filósofo e pensador grego anterior ao desenvolvido da filosofia socrática (por isso definido como pré-socrático). Cidadão da cidade Agrigento, localizada na região da Sicília, a chamada Magna Grécia, ficou conhecido por ser o criador da teoria cosmogênica dos quatro elementos clássicos que influenciou o pensamento ocidental de uma forma ou de outra, até quase meados do século 18. Tal teoria foi trabalhada em nosso texto anterior dessa série, mas façamos aqui uma breve revisão. 
Segundo Empédocles, fogo, ar, água e terra, os ditos quatro elementos, fazem toda estrutura do mundo. Os chamou de raízes, sendo que o termo elemento só foi utilizado por Platão. Ainda segundo Empédocles, tais elementos se encontram combinados em proporções diferentes, sendo os mesmos indestrutíveis e imutáveis. o que caracterizaria a presença de estruturas diferentes. Seria no processo de agregação e segregação dos elementos que resultariam os processos de crescimento, aumento ou diminuição das estruturas presentes em nosso planeta. Tais raízes seriam, segundo as palavras de Empédocles, “raízes de todas as coisas”. “Nada de novo vem ou pode vir a ser, a única mudança que pode ocorrer é uma mudança na justaposição de elemento com elemento. Essa teoria dos quatro elementos tornou-se o padrão dogma nos dois mil anos seguintes” (http://pt.wikipedia.org/wiki/Emp%C3%A9docles).
[4] REALE & ANTISERI, volume 1, 1990: 61 – 62 in Filosofia e modernidade: reflexão sobre o conhecimento / organização de Daniel Pansarelli, Suze Piza. São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de São Paulo, 2008. p. 110.
[5] Filosofia e modernidade: reflexão sobre o conhecimento / organização de Daniel Pansarelli, Suze Piza. São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de São Paulo, 2008. p. 110.
[6] Filosofia e modernidade: reflexão sobre o conhecimento / organização de Daniel Pansarelli, Suze Piza. São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de São Paulo, 2008. p. 111.
[7] http://respirehistoria.blogspot.com.br/2015/03/uma-analise-historica-sobre-astronomia.html
[8] Filosofia e modernidade: reflexão sobre o conhecimento / organização de Daniel Pansarelli, Suze Piza. São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de São Paulo, 2008. p. 111.
[9] Filosofia e modernidade: reflexão sobre o conhecimento / organização de Daniel Pansarelli, Suze Piza. São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de São Paulo, 2008. p. 96.
[10] Filosofia e modernidade: reflexão sobre o conhecimento / organização de Daniel Pansarelli, Suze Piza. São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de São Paulo, 2008. p. 111.
[11] Para uma melhor compreensão sobre a importância da cidade de Alexandria para o período, vide http://respirehistoria.blogspot.com.br/2015/01/arquimedes-de-siracusa-2-parte.html
[12] Para conhecer quem foi Hiparco, leia http://respirehistoria.blogspot.com.br/2015/03/uma-analise-historica-sobre-astronomia.html
[13] Imagem extraída do sítio http://pt.wikipedia.org/wiki/Epiciclo#/media/File:Ptolemaic_elements.svg
[14] http://www.fis.unb.br/observatorio/notasdeaula/aula2.pdf
[15] Imagem extraída do sítio http://www.fis.unb.br/observatorio/notasdeaula/aula2.pdf
[16] Trabalhado por nós no texto http://respirehistoria.blogspot.com.br/2015/03/uma-analise-historica-sobre-astronomia.html
[17] Filosofia e modernidade: reflexão sobre o conhecimento / organização de Daniel Pansarelli, Suze Piza. São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de São Paulo, 2008. p. 109. Adaptado.
[18] Filosofia e modernidade: reflexão sobre o conhecimento / organização de Daniel Pansarelli, Suze Piza. São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de São Paulo, 2008. pp. 109 -110.
[19] Imagem extraída do sítio
http://pt.wikipedia.org/wiki/Vitr%C3%BAvio#/media/File:Da_Vinci_Vitruve_Luc_Viatour.jpg
[20] Imagem extraída do sítio http://pt.wikipedia.org/wiki/Ptolemeu
[21] Imagem extraída do sítio http://espacoastrologico.org/o-tetrabiblos-de-ptolomeu/
[22] Imagem extraída do sítio http://pt.wikipedia.org/wiki/Ptolemeu#/media/File:PtolemyWorldMap.jpg
[23] Filosofia e modernidade: reflexão sobre o conhecimento / organização de Daniel Pansarelli, Suze Piza. São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de São Paulo, 2008. p. 108.
[24] Filosofia e modernidade: reflexão sobre o conhecimento / organização de Daniel Pansarelli, Suze Piza. São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de São Paulo, 2008. p. 107.
[25] PAZZINATO, A L.; SENISE, M. H. V. - História Moderna e Contemporânea. 6a. Edição. - São Paulo: Editora Ática, 1997. p. 8.
[26] Imagem extraída do sítio
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tom%C3%A1s_de_Aquino#/media/File:Filippino_Lippi,_Carafa_Chapel,_Triumph_of_St_Thomas_Aquinas_over_the_Heretics_07.jpg
[27] A Criação do Mundo – mitos e lendas RAGACHE, Claude-Catherine. Marcel Laverdet (ilustrações); Tradução de Ana Maria Machado. São Paulo: Ática, 1994. p. 44.
[28] Imagem extraída do sítio http://blogs.scientificamerican.com/observations/2013/02/19/fermi-satellite-tracks-cosmic-ray-origins-back-to-supernova-remnants/