domingo, 31 de março de 2019

12º Texto - Magazine Histórico do 7º Ano - EMEF Leandro Klein


12º Texto - Os Renascimentos Comercial e Urbano na Europa Medieval
professor Pedro Henrique Ramos
O homem medieval viveu durante seiscentos anos (do século V ao início do XI) uma fase de atividade comercial e vida urbana quase insignificante em partes consideráveis da Europa. Mesmo com as rotas comerciais incríveis dos Vikings, é bem verdade que a maior parte da Europa mantinha uma economia agrária de subsistência.
Além disso, grande parte das pessoas vivia nos feudos. As cidades eram poucas e pouquíssimo povoadas. Praticamente não havia uma população urbana. Até que novas técnicas agrícolas surgiram, os invernos acabaram se tornando menos rigorosos, houve um recuo das invasões e, consequentemente, paz nos campos. A Europa Feudal se transformava,tendo início os renascimentos comercial e urbano.
Vamos tratar primeiramente do Renascimento Comercial, até porque ele foi o agente que possibilitou a ocorrência do Renascimento Urbano.
Podemos afirmar que o Renascimento Comercial ocorreu devido à expansão das áreas produtivas. Isso significa dizer que a produção foi além dos feudos e que muitas áreas de floresta se tornaram campos produtivos, levando à produção de excedentes e ao reaparecimento do sistema monetário. Com o excesso da produção, alguns camponeses que viviam nas chamadas villas começaram a comprar e revender o que fora produzido. Passaram a viver da troca de mercadoria. É destacável para a ocorrência de todo esse processo o papel fundamental das Cruzadas e a decadência do Império Bizantino. O Renascimento Comercial foi o elemento que levou ao fim do do Feudalismo e o início do Capitalismo. 
Já o Renascimento Urbano foi um processo que variou muito na Europa Medieval. O que é comum é o fato de que o desenvolvimento das cidades esteve ligado à expansão das atividades comerciais.
As cidades passaram a se tornarem mais comuns no final do século XI, sendo que algumas surgiram e outras tantas foram repovoadas. As inovações agrícolas também permitiram que parte da população que morava nos campos fosse para as cidades em busca de outras atividades, tais como comércio e o artesanato.
 As cidades fortificadas que surgiram passaram a ser chamadas de burgos e seus habitantes foram denominados de burgueses. As cidades cresceram com o aumento das atividades mercantis, realizadas nas ruas pelos mercadores e em feiras que eram realizadas periodicamente. Nas feiras, urbanas ou rurais, eram vendidos tecidos, couros, peles e artigos dos mais variados tipos. Nas feiras também ocorriam apresentações teatrais.
Abaixo, um típico burgo medieval.

Os comerciantes, desde o início, buscaram se associar. Essas associações ficaram conhecidas por:
- Guildas (associação de mercadores de uma mesma cidade) ou;
- Hansas (quando comerciantes de várias cidades estavam associados).
O propósito dessas associações era garantir proteção a seus associados contra a concorrência de outros comerciantes. A maior das associações foi a Liga Hanseática, ou a Hansa Teotônica, que contava com a presença de cerca de oitenta cidades do norte europeu.
Façamos aqui uma ressalva muito importante! Essa ideia de Renascimento não deve ser confundida com os eventos que ocorreram na Europa entre os séculos XIV e XVI primordialmente e estiveram ligados ao renascimentos dos valores da cultura greco-romana na sociedade medieval. “O termo Renascimento é comumente aplicado à civilização europeia que se desenvolveu entre 1300 e 1650. Além de reviver a antiga cultura greco-romana, ocorreram nesse período muitos progressos e incontáveis realizações no campo das artes, da literatura e das ciências, que superaram a herança clássica[1].
É inegável que os renascimentos comercial e urbano foram determinantes para a ocorrência do Renascimento, definido muitas vezes como Renascimento Cultural. A sociedade europeia estava em constante transformação surgindo, mesmo que primariamente, o pré-capitalismo europeu.
Esse pré-capitalismo, bem diferente da economia feudal, tinha como características básicas a produção que passou a se destinar ao mercado, indo além dos feudos, as trocas que se tornaram preponderantemente monetárias e o aparecimento gradual da mobilidade social.
Além disso, e talvez o fato mais transformador desse período, foi o desenvolvimento de uma nova classe social, que começou a enxergar o mundo e as suas relações de uma maneira bastante diferente: a BURGUESIA!
Por fim, podemos concluir que o que renasceu em um primeiro momento foram as atividades comerciais; as cidades vieram logo em seguida. Daí para frente o mundo medieval vai se tornar diferente.
Em comum, sejam os Renascimentos Comercial e Urbano, seja o Renascimento Cultural, foi a presença marcante da burguesia, que se fortalecia. Do comércio, vieram as cidades. As cidades abriram espaço para um novo modo de se enxergar o mundo e as relações nele presentes. Eis o nascimento da Renascença (o Renascimento) e suas inovações.
Um comerciante medieval e suas mulas. Mais resistentes que os cavalos, eram ideais para carregarem as mercadorias de um burgo a outro.
As Cruzadas foram fundamentais para a ocorrência do Renascimento Comercial. A 4ª. “Cruzada (1202-04) é considerada a mais importante, pois foi responsável pela ‘reabertura’ do Mar Mediterrâneo. Foi a primeira cruzada marítima, financiada pelo mercadores de Veneza, que passaram a monopolizar o comércio com Constantinopla[2]. Na imagem, uma feira medieval.
Exercícios de revisão
1) E em São Caetano do Sul existe alguma associação que represente os comerciantes da cidade? Pesquise e coloque as principais informações nas linhas abaixo.
2) Quais as principais diferenças que você percebe entre um burgo e um feudo? Escreva ao menos duas.