segunda-feira, 27 de maio de 2019

22º Texto - Análises sobre o Renascimentos - 7ºs anos


22º Texto - Análises sobre o Renascimento

Se você for procurar em livros de História informações sobre o Renascimento irá descobrir que os historiadores dividem este movimento em fases (períodos) e correntes. O movimento foi tão amplo que não dá para encaixá-lo em um modelo único. Poderíamos dizer que o Renascimento foi diverso, e, por isso mesmo, difícil de mensurar.
Resumidamente, existem duas correntes renascentistas:
- O Renascimento Civil, ligado às cidades republicanas dirigidas diretamente pela burguesia. Nesse tipo de Renascimento observamos que os temas do cotidiano eram visivelmente humanizados;
- O Renascimento Cortesão, sendo a corrente que exerceu enorme domínio, ficou ligado aos príncipes, visivelmente empenhados em trazer elementos do Renascimento para dentro das cortes.
Também há fases renascentistas. Veja a lista abaixo:
1ª Fase: Trècento – corresponde à arte do século XIV, onde ocorre uma transição lenta e gradual da cultura medieval para a renascentista. Alguns historiadores definem como pré-Renascimento esta fase! A obra que vemos abaixo, pertencente ao período, ainda não incorpora todos os elementos do Renascimento, mas já apresenta mudanças e inovações. Trata-se de uma das partes do quadro de um dos maiores pintores do trècento: Giotto di Bondone (1266 – 1337). A obra se chama Ognissanti Madonna (Madonna entronizada). Foi pintada em 1310. Veja que as ideias de proporção ainda não estão bem trabalhadas.

 Há um site interessante, com todas as obras deste renascentista. Está em inglês: http://www.giottodibondone.org.
2ª Fase: Quatrocento – corresponde à arte do século XV. Florença foi um dos campos principais desse período, destacando-se o mecenato da família Médici. Nesse contexto é destacável a figura de Lorenzo de Médici, o “Magnífico”, que fundou a “Academia Platônica”, na qual pensadores ilustres buscavam conciliar o ideal cristão com o pensamento antigo. Um dos maiores nomes deste período foi Leonardo da Vinci.
3ª Fase: Cinquecento – corresponde à arte do século XVI. Já é observável a crise do Renascimento. Mesmo assim Florença teve um grande destaque e muitos renascentistas chegaram ao esplendor. Não vamos trabalhar ainda com a crise da Renascença, porém é importante frisar que o fim do monopólio das rotas comerciais pelas cidades italianas levou ao declínio do mecenato na península itálica.
A cidade de Florença, um dos principais palcos do Renascimento.

Exercícios de revisão
Escolha uma das fases do Renascimento, e produza uma pesquisa, indicando um nome do período, obras deste e outras coisas que julgar pertinente.

19º Texto - Magazine Histórico do 7º Ano - EMEF Leandro Klein


19º Texto - O Renascimento
professor Pedro Henrique Ramos
Os processos que levaram à ocorrência do Renascimento já foram descritos, mas não custa lembrar quais foram seus principais motivos. Temos a crise do Sistema Feudal, com o surgimento de características pré-capitalistas (resultado, por sua vez, do renascimento comercial e do renascimento urbano), com a ascensão da classe burguesa, a centralização política e a formação dos Estados Nacionais. Nesse último caso apontamos a aliança do rei com a burguesia. Também já apontamos em nossas aulas o significado do termo Renascimento. Sabemos que se trata do renascer dos valores da cultura greco-romana, e que os renascentistas buscavam superar ideias e teorias majoritariamente místicas a partir de idéias e teorias mais racionais. Vamos, a partir desta edição, trabalhar quais são os elementos básicos do Renascimento e retomar onde o movimento se originou.
O Renascimento buscou se estruturar em elementos ligados ao plano físico e não exclusivamente a questões espirituais. Por isso a natureza e o racionalismo são fontes básicas de inspiração. O ato de criar, definido como Hedonismo, foi ressaltado e o individualismo passou a superar o princípio da coletividade. Tratou-se de um período de “luzes”, em que vigoraram as ideias antropocêntricas.
O movimento se iniciou nos principados e cidades italianas (sendo visível o predomínio burguês nessas regiões). Os principais fatores que poderíamos apontar estão associados às Cruzadas, já que com elas as cidades italianas se tornaram os centros comerciais mais importantes da Europa Ocidental. Com isso houve a ascensão da burguesia e o aparecimento dos MECENAS, homens que possuíam capital para sustentar e financiar os artistas renascentistas. Por isso o Renascimento nasceu como uma cultura marcadamente burguesa. É inegável que, com o tempo e as mudanças trazidas pelo Renascimento, houve uma sensível adesão de príncipes e eclesiásticos ao movimento. Mas vale a pena reafirmar que o movimento renascentista originou-se como uma arte que falava pelos interesses da burguesia.
Mais para frente, o Renascimento “atendeu” e absorveu interesses de outros grupos, como os novos príncipes, denominados condottiere. Por fim, a presença dos sábios bizantinos na península Itálica confirmou a importância dos principados e cidades italianas como divulgadores da cultura renascentista.
No desenho a seguir, feito por Leonardo da Vinci, perceba o destaque que o indivíduo ganha. A Renascença mostra os rostos e as pessoas da Idade Média. Dá nome a elas... Passa a ficar claro que o foco principal era a figura humana!

Além do mais
Na época do Renascimento, as cidades italianas não eram unidas, formando cada qual um reino e, muitas vezes, competindo entre si para ver quem possuía as mais belas construções, os mais renomados artistas, os melhores renascentistas. E isso fez com que surgissem verdadeiras obras de arte nas ruas, algumas que deixam a gente de boca aberta. Quer alguns exemplos?
A primeira é uma construção que foi em parte elaborada pelo renascentista Giotto di Bondone (1266 -1337) e que se encontra na cidade de Florença: o Campanile. Foi construída entre os séculos XIII e XIV, passando por algumas reformas nos séculos posteriores (imagem à esquerda).
Em Bolonha você pode observar outra maravilha feita pelo genial Giambologna (1529- 1608): a fonte de Netuno. Foi feita na segunda metade do século XVI. Vale lembrar que a obra de Giambologna faz menção a um dos deuses de origem grego-romana. Mais renascentista impossível!   

Exercícios de revisão
1) Escreva os nomes de duas cidades italiana que viveram intensamente o Renascimento.
2) Podemos afirmar que os renascentistas se limitaram somente aos quadros? Justifique sua resposta.

18º Texto - Magazine Histórico do 7º Ano - EMEF Leandro Klein


18º Texto - A Europa do século XIV - 2ª parte
professor Pedro Henrique Ramos
No texto passado você pôde conhecer com maiores detalhes quais fatores levaram à ocorrência de novos processos, a maioria deles transformadores, na Europa. Viu que o Humanismo, uma das bases do Renascimento, se iniciou na península Itálica. E que, dentro desse movimento, os sábios bizantinos auxiliaram na expansão dos estudos humanistas. Pois bem, nessa segunda parte você irá ler e aprender de uma forma mais detalhada como isso ocorreu.
Com a divisão do império Romano em duas partes, em 395 d.C., surgia o Império Romano do Oriente, ou Império Bizantino. O lado ocidental (Império Romano do Ocidente) iria sucumbir em 476 d.C. nas mãos do bárbaro Odoacro. No entanto, o lado oriental aparecia como uma rica e moderna civilização.
Com uma extensa rede urbana (com cidades e estradas as interligando) e intensa atividade marítima-comercial, o Império Bizantino era aclamado como um dos locais mais prósperos. Constantinopla recebeu o título de “grande empório[1] do mundo”. Comerciantes vindos de várias partes do Oriente realizavam trocas comerciais. Árabes tinham um profundo contato com os bizantinos, contribuindo para o progresso cultural e econômico do Império Bizantino. Traziam além de mercadorias e riquezas a prática de guardar os escritos em bibliotecas, o culto à ciência, o estudo das obras clássicas – como as de Platão e Aristóteles – e a busca da compreensão das ações humanas, auxiliados pelo estudo histórico.
Para se ter uma ideia da influência dos escritos greco-romanos no Império Bizantino, no século VI o imperador Justiniano (527-565) encabeçou a organização do Corpus Juris Dominici, ou Código Justiniano, profundamente influenciado pelo direito romano e com claras referências as obras gregas[2]. Com uma rica produção cultural, o Império Bizantino assumia um caráter cosmopolita[3]. Diversos povos, inúmeras culturas, bibliotecas repletas de obras raras, pensadores ilustres, uma riqueza cultural gigantesca.
Constantinopla era o local onde mais se produzia arte durante os séculos VI e XIII. A educação também possuía um papel de destaque na sociedade bizantina. ”Os estudos começavam nas ‘escolas’, com jovens entre 5 e 6 anos. O primeiro contato com as letras era seguido pela gramática e posteriormente pela retórica[4]. Aos 18 anos podia-se ingressar na universidade, onde eram ministrados conhecimentos gerais de filosofia, matemática, geometria, música e astronomia[5].
Na literatura não era diferente. Os bizantinos retomavam os clássicos gregos, seja para produzir obras com profundo teor histórico, seja para trabalhar outros temas. Há historiadores que consideram que a obra literária do Império Bizantino muitas vezes se limitava a uma imitação dos clássicos gregos.
Esse fervor cultural presente no Império Bizantino começou a sofrer quedas consideráveis a partir do século XI. Politicamente podemos considerar que o Império Bizantino não viveu momentos de tranquilidade já a partir do século VIII, situação que piorou com a Cisma do Oriente, em 1054.
A partir desse momento o Império Bizantino confirmava a ideia de separação com a Europa Ocidental e se via cada vez mais pressionado por povos orientais. Entre os séculos XIII e XV o Império Bizantino sofreu sucessivas invasões. Na 4ª. Cruzada venezianos saquearam a cidade de Constantinopla; no século XIV uma série de invasões orientais assolou o Império, até que, em 1453, Constantinopla foi invadida e tomada pelos turcos otomanos.
Diante da situação, os sábios bizantinos buscaram refúgio e proteção na península Itálica, carregando em suas bagagens obras e escritos clássicos, fundamentais para a expansão do Renascimento. Era o tempero que faltava para que o trabalho dos pensadores da península Itálica ganhasse um brilho maior, se tornasse único, histórico!
Imagem de uma biblioteca em Constantinopla. Foram os escritos vindos do Oriente e as pessoas ligadas ao Renascimento que consolidaram entre as culturas ocidentais a imagem do livro como fonte do conhecimento.

Além do mais
Como as pessoas sabiam que estavam passando de um momento histórico para o outro? Como definir uma nova etapa da Humanidade?
Nenhum europeu deitou para dormir em uma noite medieval e acordou no dia seguinte na Idade Moderna. A transição da Europa Medieval para a Moderna demorou bastante para ocorrer. Muitos foram os eventos que, aos poucos, foram ocorrendo: desde as inovações nas técnicas agrícolas até a queda definitiva do Império Bizantino mais de quinhentos anos se passaram. E muita, mas muita coisa mesmo mudou. Não seria errado pensar que ouras características permaneceram ainda por muitos séculos, mas outras tantas fizeram com que a Europa de Leonardo da Vinci, Michelangelo e Miguel de Cervantes (gênios renascentistas) fosse bem diferente da Europa de Carlos Martel, Adalberon de Laon, Joana d’Arc.
Assim, podemos concluir que as pessoas não definiam os períodos da forma que definimos hoje. Isso cabe aos historiadores, com um olhar de mais de quinhentos de História. Os homens que viveram a crise medieval e o início da Idade Moderna sabiam que assistiam e viviam um momento único, inédito, mas não quer dizer que definiam com os rigores técnicos que temos hoje. Até porque entre um período e outro há um considerável momento de transição.
Exercícios de Revisão
1) Pesquise em sua casa informações sobre o Humanismo. Procure escrever um texto indicando as principais características.
2) Afinal, por que chamamos de Renascimento o "Renascimento"? O que renasceu?


[1] Aqui com o significado de um grande mercado, um grande entreposto comercial.
[2] E este Código Justiniano influenciou muitos outros códigos de leis nacionais, inclusive aqueles escritos entre os séculos XVIII e XIX.
[3] Aqui com o significado uma região onde habitavam povos de diferentes culturas e origens
[4] A arte de falar bem
[5] Moraes, J. V. de Caminhos das Civilizações – Da pré-História aos dias atuais – São Paulo: Atual, 1993. p. 114


17º Texto - Magazine Histórico do 7º Ano - EMEF Leandro Klein


17º Texto - A Europa do século XIV
professor Pedro Henrique Ramos
O que faz uma sociedade se transformar, mudar e entrar em um novo período histórico? O que faz com que os historiadores, cientistas sociais e outros estudiosos digam “é uma nova etapa da Humanidade, um novo passo”? Certamente você viu nas aulas de História que a sociedade europeia se modificou entre os séculos V e XV, não é mesmo? E características de séculos anteriores acabaram interferindo nos séculos vindouros. A humanidade também se faz do passado, vivendo uma constante reconstrução do presente.
  Através da simulação de uma entrevista, vamos entender um pouco melhor esse processo. Vamos começar!
MH – Olá, caros historiadores. Para que oficialmente comecemos a falar sobre o Renascimento, que recomendação vocês nos trariam para entender de forma bacana o conteúdo?
Leonardo Petronius – Olá, repórteres do Magazine. Podemos afirmar que a análise da Europa no século XIV é fundamental para entendermos as mudanças que levariam essa sociedade a viver o Renascimento. Se observarmos o que ocorria entre o final do século XIII (em torno de 1270) até o final do século XV chegaríamos a incrível conclusão de que um conjunto de transformações atingia a sociedade europeia.
Andreotti da Vinci – É isso mesmo. A princípio, podemos partir do fato de que na Baixa Idade Média começaram ocorrer a ampliação e diversificação das atividades comerciais e urbanas. Como resultado dos Renascimentos Comercial e Urbano tivemos o aparecimento da classe burguesa, imprimindo uma visão absolutamente nova a sociedade que era, até o momento, ligada às tradições e costumes feudais. Visão essa que se estendia a maneira como o homem enxergava e entendia a sociedade. Ao mesmo tempo, a Europa era assolada pelas crises epidêmicas e pelo movimento de formação e fortalecimento dos Estados Nacionais. O mundo medieval sofria transformações irreversíveis.
MH - Nossa, que interessante. Caro Andreotti, o surgimento da burguesia foi importante nesse processo de transformações?
AV – Com certeza!  O aparecimento da classe burguesa trazia uma nova possibilidade de realidade socioeconômica. Citando José Geraldo Vinci de Moraes, “nesse momento começava a surgir o burguês com uma visão de mundo e de natureza bem diferente do homem medieval, o que seria muito importante para questionar e superar o universo da Idade Média[1]. O que ficou claro era a necessidade da burguesia construir uma identidade cultural legitima que a auxiliasse e incentivasse suas atividades, além de combater as estruturas feudais, que dificultavam a expansão do comércio.
LP – Isso porque a prática de cobrança de juros pela burguesia era considerado um pecado daqueles bem cabeludos pela Igreja Católica. Ou seja, a atividade burguesa tinha um caráter pecaminoso segundo os princípios católicos do período.
MH – Leonardo Petronius, como a burguesia começou a resolver esse problema?
LP – Uma das primeiras medidas adotada pela burguesia foi ampliar e divulgar o conhecimento como uma das formas de combater as estruturas engessadas do Sistema Feudal. A burguesia passou a apoiar grupos de estudiosos e cientistas. “A partir desse movimento introduziu-se na formação educacional ‘os estudos humanos’ (história, filosofia, retórica, matemática e poesia), que procuravam dar condições para o progresso e desenvolvimento humano[2]. As pessoas responsáveis por realizar esse movimento, o Humanismo, ficaram conhecidas como humanistas.
AV – Não esquecendo que o Humanismo foi o despertar do Renascimento, precisando (o Humanismo) de dois elementos fundamentais para ocorrer. O primeiro, que podemos citar, está ligado ao fato de que para tornar os estudos humanísticos mais amplos os humanistas tiveram que recorrer aos escritos da Antiguidade Clássica. Isso porque filósofos gregos como Platão (428/7 a.C. – 347 a.C.) e Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.), ou romanos, como Sêneca (4 a.C. – 65 d.C.), tornaram-se célebres pensadores, abordando muito a questão da existência humana. Nesse ponto é válido fazer duas ressalvas.
LP – A maioria dos escritos da Antiguidade Clássica estava guardada em bibliotecas do Império Bizantino e nas bibliotecas das Igrejas e Monastérios da Europa Ocidental. Por isso, o movimento humanista foi observado e apoiado por alguns membros do clero. A segunda resalva é de que o Humanismo, assim como o Renascimento, se iniciou na península Itálica, justamente por ser nessa região que se concentrava a maioria das atividades burguesas, muito dependente do comércio com o Oriente, realizadas através do mar Mediterrâneo. Também foi na península Itálica que se abrigaram os sábios de Bizâncio depois da tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos, carregando os escritos da Antiguidade Clássica.
“A Escola de Atenas”. Nessa obra do início do século XVI, Rafael Sanzio pintou os filósofos da Grécia Antiga em meio a uma arquitetura clássica. Um quadro mergulhado nos ideais do Humanismo e da Renascença.

MH – Ou seja, fatos ocorridos em momentos próximos auxiliaram a ocorrência desses eventos?
AV – Sim! Para finalizar a nossa análise, a ocorrência do Humanismo esteve diretamente ligada a passagem lenta e gradual para uma visão que se baseava na análise do mundo concreto e físico dos seres humanos, cercado de problemas, aflições, sentimentos etc. Era o surgimento de uma visão antropocêntrica (antropo: homem; cêntrica: no centro de todas as coisas/ do Universo), glorificando a natureza humana. Era o despertar do Renascimento.
Península Itálica, palco principal do Humanismo e da Renascença. Faça um teste em casa. Digite península Itálica na pesquisa de imagens do Google. Entre um mapa e outro, a bandeira da Itália, foto de um belo prato de macarrone, você certamente observará imagens de obras renascentistas.

Exercícios de Revisão
1) Escreva duas características da Europa a partir do final da Idade Média.


[1] Moraes, J. G. Vinci de. “Caminhos das Civilizações – da Pré-História aos dias atuais” - São Paulo: Atual, 1993.  p. 164
[2] Moraes, J. G. Vinci de. “Caminhos das Civilizações – da Pré-História aos dias atuais” - São Paulo: Atual, 1993.  p. 164

16º Texto - Magazine Histórico do 7º Ano - EMEF Leandro Klein


16º Texto - A Guerra dos Cem Anos
professor Pedro Henrique Ramos
Em nosso último texto pudemos observar a formação dos Estados Nacionais como um dos elementos mais marcantes da Baixa Idade Média. A crise do feudalismo foi agravada por conflitos locais e, após a formação das nações, por conflitos nacionais. E foram as guerras entre a França e a Inglaterra, conhecidas como Guerra dos Cem Anos (1337 – 1453), que tornaram a Europa Medieval palco de uma série de eventos que facilitaram o fim do Sistema Feudal.
Consideramos que os conflitos entre franceses e ingleses ocorreram em grande parte por iniciativa militar inglesa e estiveram exclusivamente ligados ao território francês (palco das disputas militares e políticas). A Inglaterra, momentos antes de iniciar os conflitos, apresentava vantagens em relação à nação francesa. “Com a cobrança de impostos já regulamentada, os exércitos ingleses puderam ser adequadamente formados"[1]. Na realidade, não tivemos cem anos de conflitos. Períodos de guerras eram muitas vezes entremeados[2] por períodos de paz e armistícios[3].
Mas, afinal, por que a Guerra dos Cem Anos começou? Existem várias explicações, entre elas problemas de sucessão (quem iria substituir um rei morto?), as antigas disputas territoriais (afinal, aquela terra é de quem?) e as divergências[4] políticas. Dois itens foram marcas gerais dos conflitos:
“- A disputa entre os monarcas dos dois países pela região de Flandres, que era uma rica região comercial e grande produtora de manufaturas têxteis cuja matéria prima, a lã, era importada da Inglaterra[5];
- A sucessão do trono francês. Com a morte do rei Carlos IV, em 1328, a dinastia dos capetíngios terminou, pois ele não havia deixado descendentes diretos. Apresentaram-se como candidatos Filipe de Valois, sobrinho do ex-rei Filipe, o Belo (1285 – 1314) da dinastia dos capetíngios; e Eduardo III, rei da Inglaterra, neto por parte de mãe de Filipe, o Belo. A nobreza francesa coroou Filipe de Valois (Filipe IV), baseando-se em uma lei medieval (a lei Sálica) que impedia qualquer descendência real através da mulher[6]
A região de Flandres ao lado.

Obviamente que Eduardo III não concordou com a coroação de Filipe IV, recorrendo às armas. A nobreza da França era contrária à coroação de Eduardo III, justamente porque, caso este chegasse ao trono francês, a Inglaterra dominaria a rica região de Flandres. Começava a Guerra dos Cem Anos.
Dividimos a guerra em quatro fases distintas. Observe que o conflito muda conforme as “fases”:
1ª. Fase (1337-1360): marcada por vitórias inglesas. A Inglaterra controlou quase toda a faixa litorânea noroeste da França;
2ª. Fase (1360-1380): foi uma fase de recuperação da França, que reconquistou boa parte dos territórios ocupados pelos franceses;
3ª. Fase (1380-1420): novamente a França sofre uma série de derrotas. A figura de Henrique V, rei inglês, se destaca. Nesse momento o rei inglês chegou a ser considerado herdeiro do trono francês;
4ª. Fase (1420-1453): foi o momento em que ocorreu a lenta recuperação francesa. Tivemos a presença da francesa Joana D’Arc, que com um discurso nacionalista liderou um exército popular contra os ingleses. Joana foi derrotada na região de Borgonha, sendo então entregue as tropas inglesas. Foi morta na fogueira. No entanto, foi essa francesa quem liderou a França rumo à vitória. Os ingleses foram finalmente expulsos do território francês em 1453.
A vitória francesa ainda não estava consolidada em 1453. A nobreza de Borgonha (região francesa) impôs a paz ao rei francês, Carlos VII, buscando impedir que o soberano controlasse os nobres. No entanto, o rei Luis XI (1461-1483), percebendo a manobra da nobreza, consolidou o poder do rei e finalmente confirmou a monarquia francesa.
Se forem observados os resultados dos conflitos para ambas as nações podemos encontrar situações diferentes (quase opostas). Comecemos pela Inglaterra.
Os historiadores consideram que a reorganização econômica e militar francesas (a partir do governo de Carlos VII) dificultaram a presença dos ingleses em território inimigo, levando finalmente a derrota da Inglaterra. “A derrota na Guerra dos Cem Anos coincidiu com o fim da dinastia reinante na Inglaterra e com o aumento de rivalidades entre os nobres. A autoridade real não era mais capaz de manter essa camada unida. Dois anos depois eclodiu uma guerra civil, conhecida como Guerra das Duas Rosas (1455-1485), entre as duas maiores famílias proprietárias de terras – os York e Lancaster. Após trinta anos de lutas, ascenderam ao trono os Tudor, responsáveis pele efetiva centralização na Inglaterra”[7]
Como dito, os resultados franceses foram bem diferentes. Apesar de vitimar um grande número de trabalhadores e causar prejuízos materiais, o conflito permitiu a confirmação do poder da dinastia Valois sobre a nobreza feudal, com a ajuda e o apoio do exército nacional. O processo de consolidação da monarquia francesa foi concluído no reinado de Francisco I (1515-1547).
Conclui-se assim que devido ao longo “período de guerras, da peste negra e das inúmeras revoltas camponesas, a situação da Europa agravou-se, indicando o esgotamento do sistema feudal. Além disso, as guerras entre a França e Inglaterra produziram um forte sentimento de nacionalidade que, de certa forma, ameaçaram os interesses e o poder da nobreza, uma vez que ela teria de reconhecer uma autoridade central representando a nação, ou seja, o rei”[8]
Além do mais
Um conto de fadas que busca justamente dar uma “solução mágica” ao problema da imobilidade social registrado na Idade Média: um gato esperto, que através de um plano consegue tornar o seu mestre, um camponês, em um senhor feudal.
O conto foi escrito quando o homem já vivia na Idade Moderna, em 1697, pelo escritor francês Charles Perrault, porém está profundamente ligado (tanto o conto quanto o autor dele) aos princípios medievais. Como o senhor feudal é retratado? Como um ogro, que subjuga e domina os camponeses. Para o pobre camponês, que depois se torna Marquês de Carabaz, as palavras cidades e comprar eram “proibidas”, faziam parte de um mundo distante.
Sentindo-se prejudicado, o camponês, que herdou o gato, conseguiu sair da condição servil e se tornar um nobre. O conto retrata algo mágico, improvável para a Idade Média (por isso mesmo é um conto de fadas!). Mas mistura elementos da Baixa Idade Média e características comuns ao universo medieval. Assim, um conto com História, que ajuda a entender a História Medieval.
A figura do gato nos faz lembrar um animal esperto, capaz de se safar de problemas, rápido e furtivo. Neste conto de Perrault o gato foi além: conseguiu mudar a condição social de seu dono em uma sociedade marcada pela imobilidade social.
Exercícios de Revisão
1) Escreva duas características da Guerra dos Cem Anos


[1] Pazzinato, A. L.; Senise, M. H. V. – História Moderna e Contemporânea – São Paulo: Ática, 1997. p. 22
[2] alternado, entre os períodos de guerra existiram períodos de paz
[3] pode ser definido como a ocasião em que as partes envolvidas no conflito concordam com o fim definitivo das hostilidades – o que inclui os ataques. Pode ser definido também como o momento anterior ao tratado de paz. A palavra deriva do latim: arma (arma) e stitium (parar).
[4] diferenças, discordância em relação a algum ponto ou assunto.
[5] sim, se você está pensando que a burguesia teve um dedinho de responsabilidade nessa história, está correto! Há quem diga que a Inglaterra foi a guerra por pressão da burguesia inglesa, interessada em tomar conta de Flandres
[6] Moraes, J. G. V. Caminhos das Civilizações – São Paulo: Atual, 1993. p. 129
[7] Pazzinato, A. L.; Senise, M. H. V. – História Moderna e Contemporânea – São Paulo: Ática, 1997. p. 22
[8] Moraes, J. G. V. Caminhos das Civilizações – São Paulo: Atual, 1993. p. 129

domingo, 19 de maio de 2019

19º Texto - Magazine Histórico do 6º Ano - EMEF Leandro Klein


19º Texto - O período Clássico
professor Pedro Henrique Ramos
Vamos começar nosso 19º texto com uma afirmação:
"na Grécia Antiga jamais tivemos a existência de um império"
Pensa em uma frase importante para entendermos o terceiro período! Pois bem, a frase acima tem esse papel!
E ela é fruto de uma observação importante!
Muitos dos povos que formaram a Grécia Antiga eram inimigos! Inimigos mesmo! Isso fez com que na Grécia Antiga jamais houvesse um império. E quando os gregos se uniam era para lutar contra um inimigo em comum. Depois, cada um ia para o seu lado, para o seu país, sua nação, seu Estado Nacional. Por isso, cidade-estado! (lembre-se que lemos um texto sobre o assunto).
Isso nos faz lembrar que se um espartano se declarasse grego certamente não gostaria de ouvir “grego como um ateniense”. E a recíproca é verdadeira.
O terceiro período vai confirmar tudo isso que você acabou de ler. Vamos começar!
Como sabemos, o período Clássico (VI - IV a.C.) foi o 3º período da Grécia Antiga. Nesse momento, a cultura grega se desenvolveu muito, havendo uma enorme importância da cidade-estado de Atenas. Tal período também ficou marcado pelas guerras entre gregos e persas, as chamadas "Guerras Médicas" e pelos conflitos entre as cidades-estados gregas. Atenas e Esparta tornaram-se grandes inimigas.
Para que possamos compreender melhor o terceiro período da Grécia Antiga é preciso aprender um pouco sobre o império Persa.
Os persas eram povos de origem indo-europeia, caracterizados por uma sociedade seminômade que, por volta de 2.000 a.C havia se estabelecido na região que hoje compõe o atual território do Irã. Chefiados, em 559 a.C., por Ciro, os persas combateram e venceram os medos, outro povo de origem indo-europeia, e iniciaram uma grande expansão. Formaram, assim, um enorme império, atingindo as regiões da Ásia Menor, do Egito, Fenícia, Mesopotâmia, além de algumas áreas da Grécia.
Perceba que os persas ocuparam áreas em três continentes: África, Ásia e Europa!

Com a subida de Dário ao poder (521 – 484 a.C.) os persas passaram a ressaltar ainda mais a política expansionista. Foi Dário I quem começou a realizar as guerras contra os gregos. Tais guerras tiveram início quando a cidade de Mileto (que se localizava na Ásia Menor) começou uma revolta contra o domínio persa e buscou apoio dos atenienses, que aceitaram ajudar.
Dário I, então rei persa, entendeu o fato como uma afronta dos atenienses e iniciou a primeira guerra médica. A guerra em questão foi vencida por Atenas na batalha de Maratona, realizada em 490 a.C., sob a liderança de Milcíades.
No entanto, em 480 a.C., agora com Xerxes, filho de Dário I, os persas voltaram a atacar os atenienses. No primeiro ataque de Xerxes, nova derrota persa; na segunda tentativa, os persas venceram e destruíram parte de Atenas. Os gregos, então com medo de Xerxes iniciar uma grande invasão persa (o que de fato ocorreu), se uniram, e sob a liderança de Esparta, derrotaram os persas antes que estes deixassem a Grécia.
O medo de um novo ataque persa fez com que Atenas organizasse uma confederação das cidades gregas, a chamada Confederação de Delos. Nessa Confederação estava determinado que as cidades-estados manteriam sua independência e autonomia, mas se comprometeriam a auxiliar umas as outras caso ocorresse um ataque a qualquer uma delas. Graças a essa Confederação, os persas foram expulsos da Ásia Menor. E é indiscutível que tal aliança ajudou muito a cidade de Atenas a se tornar a mais importante da Grécia Antiga.
O domínio ateniense ocorreu durante o século V a.C., durante o governo de Péricles, fase também conhecida pelo aumento considerável da escravidão. Péricles buscou reformas que ampliassem a democracia ateniense, permitindo que os cidadãos participassem mais da vida política e social de Atenas. O grande feito externo de Péricles foi ter conseguido um “tratado de paz” com os persas.
Assim, Atenas despontou de maneira impressionante! Tanto que conhecemos a cidade-estado de Atenas no século V a.C. pelo seu esplendor cultural e arquitetônico, o que deu a este século a denominação de “idade de ouro”.
No entanto, a hegemonia ateniense incomodava muito outras cidades-estados gregas, principalmente Esparta, que se opôs a Confederação de Delos, fundando a Liga do Peloponeso, tendo como único propósito impedir esse domínio ateniense. Reunindo algumas cidades, os espartanos iniciaram a Guerra do Peloponeso, entre 431 e 404 a.C., ou seja, mais de vinte anos de conflitos entre atenienses e espartanos.
Foram realizadas inúmeras batalhas até que em 404 a.C. os espartanos saíram vitoriosos, invadindo e destruindo a cidade de Atenas. A partir desse momento quem liderava a Grécia Antiga era Esparta, domínio que, no entanto, durou muito pouco.
Tebas, outra cidade-estado grega, entrou em conflito com os espartanos e os venceu, tomando assim o poder. Em 362 a.C. uma nova reviravolta: Atenas e Esparta, junto com outras cidades-estados, tomaram Tebas, conquistando o poder. Com tantas disputas os gregos se enfraqueceram, o que fez com a Grécia Antiga passasse a ser conquistada pelos macedônicos, a partir de 338 a.C., através do rei da Macedônia, Filipe II.

Além do mais
A cidade-estado de Esparta, fundada pelos dórios, também possuiu enorme destaque dentro da Grécia Antiga. Localizada na planície da Lacônia, basicamente estava organizada como as outras cidades-estados, mas também possuía algumas características bem específicas, sendo uma sociedade dividida nas seguintes classes:
- espartanos: formavam a aristocracia espartana, proprietária de terras e detentora dos direitos políticos. Eram os únicos cidadãos e dedicavam sua vida as atividades militares. Essa dedicação ocorria desde o início da vida do indivíduo. As crianças espartanas eram educadas para formar um exército forte e poderoso. E foi devido a esse exército que Esparta foi uma cidade-estado expansionista. Só havia um meio de se tornar espartano: nascer em uma família aristocrática;
- periecos: eram homens livres, mas que não possuíam nenhum direito político. Não podiam casar com espartanos e trabalhavam nas atividades agrícolas e comerciais, além de pagarem impostos.
- hilotas: eram escravos públicos, pertencentes ao Estado. Os hilotas muitas vezes eram exterminados pelos espartanos.
   General e rei espartano, Leônidas!

Exercícios de revisão
1) Faça um resumo sobre o período Clássico.
Bibliografia básica (10º ao 19º Textos)

Boulos Júnior, Alfredo. História: sociedade & cidadania/ Alfredo Boulos Júnior – 1ª. Ed. – São Paulo: FTD, 2006. – (Coleção História: Sociedade & Cidadania).
Cabrini, Conceição. História temática: tempos e culturas, 5ª. Série/ Cabrini, Catelli, Montellato. – São Paulo: Scipione, 2004. (Coleção história temática).
Florenzano, Maria Beatriz. Nascer, viver e morrer na Grécia Antiga/ Maria Beatriz Florenzano; coordenação Maria Lígia Prado, Maria Helena Capelato. - São Paulo: Atual, 1996. - (Discutindo a história)   
Pinsky, Jaime. As Primeiras Civilizações. São Paulo: Editora Contexto, 2001.