quarta-feira, 20 de maio de 2020

Conversando sobre a Grécia Antiga - SD dos 6º anos


Ao tratar sobre a Grécia Antiga devemos, primeiramente, definir sobre o que iremos falar. Isso porque a História da Grécia Antiga aborda mais de dez séculos de fatos, muitas vezes totalmente diferentes um do outro. Escrito isso, e buscando fazer com que você aprenda de maneira bem legal sobre a civilização grega, o presente texto, bem como as questões a serem respondidas, abordarão o surgimento das cidades-estado e o terceiro período da civilização grega, o período Clássico, que durou dos séculos VI ao IV a.C.
Vamos começar!
 Conversando sobre a Grécia Antiga[1]
 A civilização grega possuiu quatro períodos históricos. Seriam os seguintes

1º período: Homérico (XII – VIII a.C.)

2º período: Arcaico (VIII – VI a.C.)

3º período: Clássico (VI – IV a.C.)

4º período: Helenístico (IV – II a.C.)

Tal divisão aborda a análise histórica sobre a formação desta civilização. Vale lembrar que os gregos utilizavam alguns fatos (verídicos ou não...) para justificar o início de sua civilização. O mito do Minotauro e os diversos acontecimentos ligados à Guerra de Tróia podem ser considerados como exemplos dessa narrativa.
Como ressaltado na abertura do nosso texto, abordaremos o terceiro período.
Para começar podemos afirmar que a Grécia Antiga jamais formou um império unificado. Jamais. E entender essa frase é muito importante para compreendermos o terceiro período e as tais cidades-estado.
Muitos dos povos que formaram a Grécia Antiga eram quando inimigos, indiferentes uns aos outros, não se enxergando como uma civilização. Isso fez com que na Grécia Antiga jamais houvesse um império. Quando os gregos se uniam era para lutar contra um inimigo em comum. Depois, cada um ia para o seu lado, para o seu país, sua nação, seu Estado Nacional. Por isso, cidade-estado!
E, por cidade-estado, devemos entender o seguinte.
Afinal, o que é uma cidade-estado?
Parece ser um assunto complicado, difícil de entender: uma cidade que funciona como se fosse um país? Céus, que confusão! Parece complicado, mas não é. Tratam-se realmente disso: nações do tamanho de uma cidade, chegando a ser do tamanho de um bairro, inclusive.
Ainda hoje temos cidades-estado espalhadas pelo mundo, óbvio que diferentes das que existiram na Grécia Antiga, mas que servem pra gente entender. Cidades-estado são territórios independentes, muitas vezes do tamanho de algumas cidades brasileiras, ou menores do que o Bairro Nova Gerty. Quer ver?
Abaixo três exemplos de cidades país (cidades-estado)... Acompanhe:
Vaticano: localizada dentro da cidade de Roma, é a sede da Igreja Católica. Possui 0,44 quilômetro2[2] e cerca de 1000 habitantes!
Cingapura: uma cidade-estado insular, com área de cerca de 710 quilômetros2. Fica no sudeste asiático e possui uma população de cerca de cinco milhões de pessoas! Foi recentemente elogiado pois controlou de maneira muito eficiente a pandemia do COVID-19. Imagem da cidade.
Mônaco: famoso pelas corridas de fórmula 1, o principado de Mônaco é outra cidade-estado do mundo atual. Com uma área de 1,95 quilômetro2 e uma população com cerca de 35 mil habitantes, Mônaco é conhecida pelos luxuosos iates que ficam ancorados nas marinas que cercam esta cidade país!
Voltando à Grécia Antiga, houve duas cidades principais que ajudam bem a entender esse conceito de cidade-estado. Estamos falando de Atenas e Esparta.
Atenas, fundada pelos jônios!

A cidade de Atenas ficava localizada na região da Ática, e ficou muito marcada pelos inúmeros problemas sociais decorridos, por sua vez, do alto grau de exploração dos camponeses realizado pela aristocracia ateniense. A escravidão por dívidas era muito comum em Atenas e foi um dos principais fatores do início das revoltas. A maioria da população ateniense sofria diretamente com a exploração.

Ao lado, moedas atenienses do século V a.C., chamadas de dracmas.
Devido a esse quadro inicial, as reformas sociais realizadas em Atenas sempre apontaram para a tentativa em solucionar esses problemas, diminuir a insatisfação popular.
Assim, temos a medida do legislador Sólon proibindo a escravidão por dívidas a partir de 594 a.C. Mas, ao mesmo tempo, este legislador criou “escalas” de cidadania, o que reafirmava uma sociedade marcada pela desigualdade de direitos (os mais ricos possuíam mais direitos políticos).
Foi com Clístenes que a democracia ateniense se consolidou. Assumindo o poder em 509 a.C., Clístenes teve um governo baseado nos princípios de igualdade política dos cidadãos e da participação de todos nas decisões do governo. Dividiu a sociedade em unidades político-administrativas, denominadas demos (por isso definimos como democracia!) e deu ênfase a Eclésia, que era uma espécie de assembleia popular. Apesar disso, ainda existiam muitos habitantes de Atenas que não possuíam nenhum direito político.
Veja como ficou Atenas após as reformas de Clístenes:- cidadãos (ricos ou pobres): possuíam direitos políticos iguais; - estrangeiros (metecos): não possuíam direitos políticos. Atuavam como comerciantes; - escravos (comprados ou conquistados): não possuíam direitos.
Além dos escravos e dos estrangeiros, as mulheres também não possuíam direitos políticos.
Esparta, fundada pelos dórios
A cidade-estado de Esparta, fundada pelos dórios, também possuiu enorme destaque dentro da Grécia Antiga. Localizada na planície da Lacônia, basicamente estava organizada como as outras cidades-estados, mas também possuía algumas características bem específicas, sendo uma sociedade dividida nas seguintes classes: > espartanos: formavam a aristocracia espartana, proprietária de terras e detentora dos direitos políticos. Eram os únicos cidadãos e dedicavam sua vida as atividades militares. Essa dedicação ocorria desde o início da vida do indivíduo. As crianças espartanas eram educadas para formar um exército forte e poderoso. E foi devido a esse exército que Esparta foi uma cidade-estado expansionista. Só havia um meio de se tornar espartano: nascer em uma família aristocrática; > periecos: eram homens livres, mas que não possuíam nenhum direito político. Não podiam casar com espartanos e trabalhavam nas atividades agrícolas e comerciais, além de pagarem impostos. > hilotas: eram escravos públicos, pertencentes ao Estado. Os hilotas muitas vezes eram exterminados pelos espartanos.
Isso nos faz lembrar que se um espartano se declarasse grego certamente não gostaria de ouvir “grego como um ateniense”. E a recíproca é verdadeira.
No período Clássico a cultura grega se desenvolveu muito, havendo uma enorme importância da cidade-estado de Atenas. Tal período também ficou marcado pelas guerras entre gregos e persas, as chamadas "Guerras Médicas" e pelos conflitos entre as cidades-estados gregas. Atenas e Esparta tornaram-se grandes inimigas.
Para que possamos compreender melhor o terceiro período da Grécia Antiga é preciso aprender um pouco sobre o império Persa.
Os persas eram povos de origem indo-europeia, caracterizados por uma sociedade seminômade que, por volta de 2.000 a.C havia se estabelecido na região que hoje compõe o atual território do Irã. Chefiados, em 559 a.C., por Ciro, os persas combateram e venceram os medos, outro povo de origem indo-europeia, e iniciaram uma grande expansão. Formaram, assim, um enorme império, atingindo as regiões da Ásia Menor, do Egito, Fenícia, Mesopotâmia, além de algumas áreas da Grécia.
Perceba que os persas ocuparam áreas em três continentes: África, Ásia e Europa!
Com a subida de Dário ao poder (521 – 484 a.C.) os persas passaram a ressaltar ainda mais a política expansionista. Foi Dário I quem começou a realizar as guerras contra os gregos. Tais guerras tiveram início quando a cidade de Mileto (que se localizava na Ásia Menor) começou uma revolta contra o domínio persa e buscou apoio dos atenienses, que aceitaram ajudar.
Dário I, então rei persa, entendeu o fato como uma afronta dos atenienses e iniciou a primeira guerra médica. A guerra em questão foi vencida por Atenas na batalha de Maratona, realizada em 490 a.C., sob a liderança de Milcíades.
No entanto, em 480 a.C., agora com Xerxes, filho de Dário I, os persas voltaram a atacar os atenienses. No primeiro ataque de Xerxes, nova derrota persa; na segunda tentativa, os persas venceram e destruíram parte de Atenas. Os gregos, então com medo de Xerxes iniciar uma grande invasão persa (o que de fato ocorreu), se uniram, e sob a liderança de Esparta, derrotaram os persas antes que estes deixassem a Grécia.
O medo de um novo ataque persa fez com que Atenas organizasse uma confederação das cidades gregas, a chamada Confederação de Delos. Nessa Confederação estava determinado que as cidades-estados manteriam sua independência e autonomia, mas se comprometeriam a auxiliar umas as outras caso ocorresse um ataque a qualquer uma delas. Graças a essa Confederação, os persas foram expulsos da Ásia Menor. E é indiscutível que tal aliança ajudou muito a cidade de Atenas a se tornar a mais importante da Grécia Antiga.
O domínio ateniense ocorreu durante o século V a.C., durante o governo de Péricles, fase também conhecida pelo aumento considerável da escravidão. Péricles buscou reformas que ampliassem a democracia ateniense, permitindo que os cidadãos participassem mais da vida política e social de Atenas. O grande feito externo de Péricles foi ter conseguido um “tratado de paz” com os persas.
Assim, Atenas despontou de maneira impressionante! Tanto que conhecemos a cidade-estado de Atenas no século V a.C. pelo seu esplendor cultural e arquitetônico, o que deu a este século a denominação de “idade de ouro”.
No entanto, a hegemonia ateniense incomodava muito outras cidades-estados gregas, principalmente Esparta, que se opôs a Confederação de Delos, fundando a Liga do Peloponeso, tendo como único propósito impedir esse domínio ateniense. Reunindo algumas cidades, os espartanos iniciaram a Guerra do Peloponeso, entre 431 e 404 a.C., ou seja, mais de vinte anos de conflitos entre atenienses e espartanos.
Foram realizadas inúmeras batalhas até que em 404 a.C. os espartanos saíram vitoriosos, invadindo e destruindo a cidade de Atenas. A partir desse momento quem liderava a Grécia Antiga era Esparta, domínio que, no entanto, durou muito pouco.
Tebas, outra cidade-estado grega, entrou em conflito com os espartanos e os venceu, tomando assim o poder. Em 362 a.C. uma nova reviravolta: Atenas e Esparta, junto com outras cidades-estados, tomaram Tebas, conquistando o poder. Com tantas disputas os gregos se enfraqueceram, o que fez com a Grécia Antiga passasse a ser conquistada pelos macedônicos, a partir de 338 a.C., através do rei da Macedônia, Filipe II.


[1] Ramos, Pedro Henrique Maloso.
[2] Só para comparar, São Caetano do Sul, considerado um município pequeno, possui 15 km²! Ou seja, cabem 34 Vaticanos dentro de São Caetano!