17º Texto - A Europa
do século XIV
professor
Pedro Henrique Ramos
O que faz uma sociedade
se transformar, mudar e entrar em um novo período histórico? O que faz com que
os historiadores, cientistas sociais e outros estudiosos digam “é uma nova
etapa da Humanidade, um novo passo”? Certamente você viu nas aulas de História que
a sociedade europeia se modificou entre os séculos V e XV, não é mesmo? E
características de séculos anteriores acabaram interferindo nos séculos
vindouros. A humanidade também se faz do passado, vivendo uma constante
reconstrução do presente.
Através da simulação de uma entrevista, vamos
entender um pouco melhor esse processo. Vamos começar!
MH – Olá, caros historiadores. Para que oficialmente comecemos a falar sobre
o Renascimento, que recomendação vocês nos trariam para entender de forma
bacana o conteúdo?
Leonardo Petronius – Olá, repórteres do Magazine. Podemos afirmar que a análise
da Europa no século XIV é fundamental para entendermos as mudanças que levariam
essa sociedade a viver o Renascimento. Se observarmos o que ocorria entre o
final do século XIII (em torno de 1270) até o final do século XV chegaríamos a
incrível conclusão de que um conjunto de transformações atingia a sociedade
europeia.
Andreotti da Vinci – É isso mesmo. A princípio, podemos partir do fato de que na
Baixa Idade Média começaram ocorrer a ampliação e diversificação das atividades
comerciais e urbanas. Como resultado dos Renascimentos Comercial e Urbano
tivemos o aparecimento da classe burguesa, imprimindo uma visão absolutamente
nova a sociedade que era, até o momento, ligada às tradições e costumes
feudais. Visão essa que se estendia a maneira como o homem enxergava e entendia
a sociedade. Ao mesmo tempo, a Europa era assolada pelas crises epidêmicas e
pelo movimento de formação e fortalecimento dos Estados Nacionais. O mundo
medieval sofria transformações irreversíveis.
MH - Nossa, que interessante. Caro Andreotti, o surgimento da burguesia foi
importante nesse processo de transformações?
AV – Com certeza! O aparecimento da
classe burguesa trazia uma nova possibilidade de realidade socioeconômica.
Citando José Geraldo Vinci de Moraes, “nesse
momento começava a surgir o burguês com uma visão de mundo e de natureza bem
diferente do homem medieval, o que seria muito importante para questionar e
superar o universo da Idade Média”[1]. O
que ficou claro era a necessidade da burguesia construir uma identidade
cultural legitima que a auxiliasse e incentivasse suas atividades, além de
combater as estruturas feudais, que dificultavam a expansão do comércio.
LP – Isso porque a prática de cobrança de juros pela burguesia era considerado
um pecado daqueles bem cabeludos pela Igreja Católica. Ou seja, a atividade
burguesa tinha um caráter pecaminoso segundo os princípios católicos do
período.
MH – Leonardo Petronius, como a burguesia começou a resolver esse problema?
LP – Uma das primeiras medidas adotada pela burguesia foi ampliar e divulgar o
conhecimento como uma das formas de combater as estruturas engessadas do
Sistema Feudal. A burguesia passou a apoiar grupos de estudiosos e cientistas.
“A partir desse movimento introduziu-se
na formação educacional ‘os estudos humanos’ (história, filosofia, retórica,
matemática e poesia), que procuravam dar condições para o progresso e
desenvolvimento humano”[2].
As pessoas responsáveis por realizar esse movimento, o Humanismo, ficaram conhecidas como humanistas.
AV – Não esquecendo que o Humanismo foi o despertar do
Renascimento, precisando (o Humanismo) de dois elementos fundamentais para
ocorrer. O primeiro, que podemos citar, está ligado ao fato de que para tornar
os estudos humanísticos mais amplos os humanistas tiveram que recorrer aos
escritos da Antiguidade Clássica. Isso porque filósofos gregos como Platão
(428/7 a.C. – 347 a .C.)
e Aristóteles (384 a .C.
– 322 a .C.),
ou romanos, como Sêneca (4 a .C.
– 65 d.C.), tornaram-se célebres pensadores, abordando muito a questão da
existência humana. Nesse ponto é válido fazer duas ressalvas.
LP – A maioria dos escritos da Antiguidade Clássica estava guardada em
bibliotecas do Império Bizantino e nas bibliotecas das Igrejas e Monastérios da
Europa Ocidental. Por isso, o movimento humanista foi observado e apoiado por
alguns membros do clero. A segunda resalva é de que o Humanismo, assim como o
Renascimento, se iniciou na península Itálica, justamente por ser nessa região
que se concentrava a maioria das atividades burguesas, muito dependente do
comércio com o Oriente, realizadas através do mar Mediterrâneo. Também foi na
península Itálica que se abrigaram os sábios de Bizâncio depois da tomada de
Constantinopla pelos turcos otomanos, carregando os escritos da Antiguidade
Clássica.
“A Escola de Atenas”.
Nessa obra do início do século XVI, Rafael Sanzio pintou os filósofos da Grécia
Antiga em meio a uma arquitetura clássica. Um quadro mergulhado nos ideais do
Humanismo e da Renascença.
MH – Ou seja, fatos ocorridos em momentos próximos auxiliaram a ocorrência
desses eventos?
AV – Sim! Para finalizar a nossa análise, a ocorrência do Humanismo esteve
diretamente ligada a passagem lenta e gradual para uma visão que se baseava na
análise do mundo concreto e físico dos seres humanos, cercado de problemas,
aflições, sentimentos etc. Era o surgimento de uma visão antropocêntrica (antropo: homem; cêntrica: no centro de todas as
coisas/ do Universo), glorificando
a natureza humana. Era o
despertar do Renascimento.
Península Itálica, palco
principal do Humanismo e da Renascença. Faça um teste em casa. Digite península
Itálica na pesquisa de imagens do Google. Entre um mapa e outro, a bandeira da
Itália, foto de um belo prato de macarrone,
você certamente observará imagens de obras renascentistas.
Exercícios de Revisão
1) Escreva duas
características da Europa a partir do final da Idade Média.
[1] Moraes, J. G. Vinci de. “Caminhos das Civilizações –
da Pré-História aos dias atuais” - São Paulo: Atual, 1993. p. 164
[2] Moraes, J. G. Vinci de. “Caminhos das Civilizações – da
Pré-História aos dias atuais” - São Paulo: Atual, 1993. p. 164
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