Nesse
segundo texto, (para ler o primeiro acesse: http://respirehistoria.blogspot.com.br/2015/01/arquimedes-de-siracusa-1-parte.html)
sobre o genial Arquimedes, vamos tratar de outras invenções e descobertas do
pensador grego, bem como conhecer a civilização onde Arquimedes viveu.
Apesar
de nascer em Siracusa, a vida de Arquimedes, pelo menos durante o seu período
de formação acadêmica, ocorreu em Alexandria, na região do delta do rio Nilo.
Foi lá que o grego se dedicou à matemática, em especial a geometria. Seu
brilhantismo logo apareceu, com a publicação de diversos trabalhos científicos.
A
Grécia, onde viveu Arquimedes, era uma civilização que já havia passado por uma
série de mudanças, a maioria fruto das batalhas entre as cidades-Estado gregas,
ou entre os gregos e povos invasores. Sendo assim, Arquimedes viveu o que é
definido pelos historiadores como o último período da Grécia Antiga, o período
Helenístico (séculos IV – II a.C.). O período ficou conhecido pela decadência
das poleis e o domínio da Macedônia e, posteriormente, de Roma sobre os gregos.
O período Helenístico
No
período, a influência macedônica sobre a Grécia Antiga foi enorme. A Macedônia
era uma região ao norte da Grécia Antiga e, até o século IV a.C., esteve isolada
comercialmente, baseando suas atividades na pecuária e na agricultura.
Porém
foi com o rei macedônico Filipe II que a situação mudou. Em 359 a .C. Filipe II iniciou a
expansão macedônica em direção à Grécia, e, após alguns conflitos, o rei
macedônico conquistou a região (incluindo as cidades-Estado de Atenas, Esparta
e Tebas). Com a conquista de toda a área grega, Filipe organizou as cidades-Estado
sob sua direção, através da Liga de Corinto, buscando com isso impedir o avanço
persa sobre a região.
Filipe
II foi assassinado em 336 a .C.
e em seu lugar assumiu Alexandre, o Grande, seu filho. Alexandre praticou uma
política de expansão, o que fez com que derrotasse os persas, partindo para a
conquista de várias regiões, entre elas o Egito e a Fenícia. É válido lembrar
que Alexandria fica no Egito, sendo fundada por Alexandre, o Grande. Daí, a
origem do nome. Alexandre formou, em pouco tempo, um gigantesco império e promoveu
alianças com a nobreza persa, buscando adotar algumas técnicas e elementos
culturais das civilizações que estabelecia contato ou dominava. Estabeleceu uma
forte monarquia baseada no direito divino, baseando-se na ideia de que o
imperador havia sido escolhido por Deus, e que, portanto, era insubstituível.
Na
cidade de Alexandria existia uma fabuloso conjunto arquitetônico, formado por
um grandioso farol, pela maior biblioteca do mundo antigo, a biblioteca de
Alexandria, e pelas catacumbas de Kom el Shoqafa. A cidade foi a capital do Egito.
Imagem recriando o que seria o farol de Alexandria. A biblioteca se situaria na
base do farol[2].
Com a morte de Alexandre, em 323 a .C., o império
macedônico passou por disputas internas (vários generais queriam assumir o
controle) o que fez com que a Macedônia se enfraquecesse e caísse sob domínio
romano. A vida de Arquimedes esteve diretamente associada aos seguintes acontecimentos: a
chegada dos romanos e a consequentemente dominação de alguns dos territórios,
que outrora pertenciam aos macedônicos.
Arquimedes, suas invenções e a
invasão romana
Ao
retornar para Alexandria, Arquimedes já era conhecido pela sua capacidade em
solucionar problemas e pelo cabedal de descobertas que havia feito. Sendo
assim, o retorno à cidade natal foi marcado por estudos nas áreas da Geometria
e da Mecânica, passando a fazer descobertas impressionantes.
Outro “causo”,
dessa vez contado por Plutarco (45 – 120), historiador, biógrafo e ensaísta romano,
foi de que Arquimedes assegurou à Hierão II, o mesmo rei que havia pedido para
Arquimedes solucionar o problema com a coroa, que, se lhe fosse dado um apoio,
conseguiria mover objetos extremamente pesados. O rei, convencido da capacidade
de Arquimedes, o incentivou a demonstrar a sua ideia. Através de um complexo
sistema de roldanas, o pensador grego conseguiu levantar um navio com três
mastros, sendo que o mesmo estava totalmente carregado.
Agora,
se você acha que as invenções de Arquimedes se limitaram somente a isso, ledo
engano. “Dos seus trabalhos matemáticos destaca-se a
medida do círculo, no qual considerou a medida de pi = 3
e 1/7 que
obteve através da circunscrição e inscrição de um círculo com polígonos
regulares de 96 lados.
Provou vários resultados geométricos entre os
quais que o volume da esfera é dois terços do volume do cilindro circunscrito (Ve = 2/3 Vc). Considerou esta como a sua mais importante realização pelo que
mandou gravar no seu túmulo a representação de um cilindro circunscrevendo uma
esfera.
Desenvolveu a mecânica, tendo inventado
máquinas para a defesa de Siracusa como por exemplo os sistemas de roldanas, a
catapulta (com base na alavanca) e o espelho de queimar (espelhos parabólicos
de bronze que concentravam os raios solares)”[3].
E foram
justamente essas invenções militares que permitiram que a cidade natal de
Arquimedes lutasse contra os invasores romanos. Foram três anos de resistência
ao domínio romano, algo conseguido graças aos inventos do genial Arquimedes.
No entanto, o general e cônsul da república romana, Marco Cláudio Marcelo (268 –
208 a.C.) logrou êxito, conquistando Siracusa entre 214 e 212 a.C.
A morte
de Arquimedes ocorreu em 212, estando diretamente envolvida com a invasão
romana à Siracusa. E, para variar, existem diversas versões sobre o que teria
ocorrido. Há quem narre o fato de que um soldado romano havia interpelado
Arquimedes para que o mesmo se levantasse, mas entretido em um problema
matemático, Arquimedes o ignorou. Acabou sendo morto. Plutarco narrou a morte
de Arquimedes. Fiquemos com sua descrição.
Representação
do momento que antecedeu a morte de Arquimedes[4]
"Tomadas também
estas, na mesma manhã marchou Marcelo para os Hexápilos[5],
dando-lhe parabéns todos os chefes que estavam às suas ordens; mas dele mesmo
se diz que ao ver e registrar do alto a grandeza e beleza de semelhante cidade,
derramou muitas lágrimas, compadecendo-se do que iria acontecer... os soldados
que haviam pedido se lhes concedesse o direito ao saque... e que fosse
incendiada e destruída. Em nada disso consentiu Marcelo e, só por força e com
repugnância, condescendeu em que se aproveitassem dos bens e dos escravos...
mandando expressamente que não se desse morte, nem se fizesse violência, nem se
escravizasse nenhum dos siracusanos... Mas, o que principalmente afligiu a
Marcelo foi o que ocorreu com Arquimedes: encontrava-se este, casualmente,
entregue ao exame de certa figura matemática e, fixo nela seu espírito e sua
vista, não percebeu a invasão dos romanos, nem a conquista da cidade.
Apresentou-se-lhe repentinamente um soldado, dando-lhe ordem de que o
acompanhasse à casa de Marcelo; ele, porém, não quis ir antes de resolver o
problema e chegar até a demonstração; com o que, irritado, o soldado
desembainhou a espada e matou-o... Marcelo o sentiu muito e ordenou ao soldado
assassino que se retirasse de sua presença como abominável, e mandando buscar
os parentes do sábio, tratou-os com o maior apreço e distinção"[6].
As obras de Arquimedes
Pouco do que Arquimedes escreveu e postulou foi efetivamente preservado. Tanto que muito do
que se tem de informação sobre os escritos do pensador está presente em obras
de outros pensadores gregos, que não raras vezes, o citam.
Escritas
em grego dórico, o dialeto de Siracusa, as obras revelam um investigador
contumaz. “Durante sua vida, Arquimedes tornou
seu trabalho conhecido através de correspondências mantidas com matemáticos de
Alexandria. Os escritos de Arquimedes foram coletados pelo arquiteto bizantino Isidoro de Mileto (c. 530 d.C.),
ao passo que, comentários escritos no século VI d.C., por Eutócio, a respeito dos
trabalhos de Arquimedes, ajudaram a difundir seu trabalho a um público mais
amplo. O trabalho de Arquimedes foi traduzido para o árabe por Thãbit ibn Qurra (836 –901 d.C.),
e para o latim, por Gerardo de Cremona (c. 1114–1187 d.C.). Durante o Renascimento, em 1544, o Editio Princeps (Primeira Edição) foi publicado na Basileia, por Johann Herwagen, com as obras de
Arquimedes em grego e latim. Por volta do ano 1586, Galileu Galilei inventou uma balança hidrostática para a
pesagem de metais no ar e na água, aparentemente inspirado no trabalho de
Arquimedes”[7].
“Dê-me
um ponto de apoio, e moverei o mundo” [8].
[1] RAMOS, Pedro Henrique Maloso
[2]
Imagem extraída do sítio http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexandria#mediaviewer/File:PHAROS2006.jpg
[3]
http://netbiografias.blogspot.com.br/2013/01/arquimedes.html
[4] Imagem extraída do sítio http://www.if.ufrgs.br/tex/fis01043/20012/Severo/arquimedes.html
[5] De Hexápole dórica, se tratava da
federação de cidades-Estado gregas no sudoeste da Ásia Menor, fundada pelas
colônias dóricas. Os dórios foram um dos povos formadores da Grécia Antiga.
[6] http://www.somatematica.com.br/biograf/arquimedes.php
[8]Imagem extraída do sítio http://pt.wikipedia.org/wiki/Arquimedes#mediaviewer/File:Archimedes_lever_(Small).jpg
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