terça-feira, 24 de maio de 2022

17º texto - A Europa do século XIV - 7º ano

 17º Texto - A Europa do século XIV

O que faz uma sociedade se transformar, mudar e entrar em um novo período histórico? O que faz com que os historiadores, cientistas sociais e outros estudiosos digam “é uma nova etapa da Humanidade, um novo passo”? Certamente você viu nas aulas de História que a sociedade europeia se modificou entre os séculos V e XV, não é mesmo? E características de séculos anteriores acabaram interferindo nos séculos vindouros. A humanidade também se faz do passado, vivendo uma constante reconstrução do presente.

  Através da simulação de uma entrevista, vamos entender um pouco melhor esse processo. Vamos começar!

Magazine Histórico – Olá, caros historiadores. Para que oficialmente comecemos a falar sobre o Renascimento, que recomendação vocês nos trariam para entender de forma bacana o conteúdo?

Leonardo Petronius – Olá, repórteres do Magazine. Podemos afirmar que a análise da Europa no século XIV é fundamental para entendermos as mudanças que levariam essa sociedade a viver o Renascimento. Se observarmos o que ocorria entre o final do século XIII (em torno de 1270) até o final do século XV chegaríamos a incrível conclusão de que um conjunto de transformações atingia a sociedade europeia.

Andreotti da Vinci – É isso mesmo. A princípio, podemos partir do fato de que na Baixa Idade Média começaram ocorrer a ampliação e diversificação das atividades comerciais e urbanas. Como resultado dos Renascimentos Comercial e Urbano tivemos o aparecimento da classe burguesa, imprimindo uma visão absolutamente nova a sociedade que era, até o momento, ligada às tradições e costumes feudais. Visão essa que se estendia a maneira como o homem enxergava e entendia a sociedade. Ao mesmo tempo, a Europa era assolada pelas crises epidêmicas e pelo movimento de formação e fortalecimento dos Estados Nacionais. O mundo medieval sofria transformações irreversíveis.

MH - Nossa, que interessante. Caro Andreotti, o surgimento da burguesia foi importante nesse processo de transformações?

AV – Com certeza!  O aparecimento da classe burguesa trazia uma nova possibilidade de realidade socioeconômica. Citando José Geraldo Vinci de Moraes, “nesse momento começava a surgir o burguês com uma visão de mundo e de natureza bem diferente do homem medieval, o que seria muito importante para questionar e superar o universo da Idade Média[2]. O que ficou claro era a necessidade da burguesia construir uma identidade cultural legitima que a auxiliasse e incentivasse suas atividades, além de combater as estruturas feudais, que dificultavam a expansão do comércio.

LP – Isso porque a prática de cobrança de juros pela burguesia era considerada um pecado daqueles bem cabeludos pela Igreja Católica. Ou seja, a atividade burguesa tinha um caráter pecaminoso segundo os princípios católicos do período.

MH – Leonardo Petronius, como a burguesia começou a resolver esse problema?

LP – Uma das primeiras medidas adotada pela burguesia foi ampliar e divulgar o conhecimento como uma das formas de combater as estruturas engessadas do Sistema Feudal. A burguesia passou a apoiar grupos de estudiosos e cientistas. “A partir desse movimento introduziu-se na formação educacional ‘os estudos humanos’ (história, filosofia, retórica, matemática e poesia), que procuravam dar condições para o progresso e desenvolvimento humano[3]. As pessoas responsáveis por realizar esse movimento, o Humanismo, ficaram conhecidas como humanistas.

AV – Não esquecendo que o Humanismo foi o despertar do Renascimento, precisando (o Humanismo) de dois elementos fundamentais para ocorrer. O primeiro, que podemos citar, está ligado ao fato de que para tornar os estudos humanísticos mais amplos os humanistas tiveram que recorrer aos escritos da Antiguidade Clássica. Isso porque filósofos gregos como Platão (428/7 a.C. – 347 a.C.) e Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.), ou romanos, como Sêneca (4 a.C. – 65 d.C.), tornaram-se célebres pensadores, abordando muito a questão da existência humana. Nesse ponto é válido fazer duas ressalvas.


LP – 
A maioria dos escritos da Antiguidade Clássica estava guardada em bibliotecas do Império Bizantino e nas bibliotecas das Igrejas e Monastérios da Europa Ocidental. Por isso, o movimento humanista foi observado e apoiado por alguns membros do clero. A segunda ressalva é de que o Humanismo, assim como o Renascimento, se iniciou na península Itálica, justamente por ser nessa região que se concentrava a maioria das atividades burguesas, muito dependente do comércio com o Oriente, realizadas através do mar Mediterrâneo. Também foi na península Itálica que se abrigaram os sábios de Bizâncio depois da tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos, carregando os escritos da Antiguidade Clássica.

“A Escola de Atenas”. Nessa obra do início do século XVI, Rafael Sanzio pintou os filósofos da Grécia Antiga em meio a uma arquitetura clássica. Um quadro mergulhado nos ideais do Humanismo e da Renascença.

MH – Ou seja, fatos ocorridos em momentos próximos auxiliaram a ocorrência desses eventos?

AV – Sim! Para finalizar a nossa análise, a ocorrência do Humanismo esteve diretamente ligada a passagem lenta e gradual para uma visão que se baseava na análise do mundo concreto e físico dos seres humanos, cercado de problemas, aflições, sentimentos etc. Era o surgimento de uma visão antropocêntrica (antropo: homem; cêntrica: no centro de todas as coisas/ do Universo), glorificando a natureza humana. Era o despertar do Renascimento.

Península Itálica, palco principal do Humanismo e da Renascença. Faça um teste em casa. Digite península Itálica na pesquisa de imagens do Google. Entre um mapa e outro, a bandeira da Itália, foto de um belo prato de macarrone, você certamente observará imagens de obras renascentistas.


Exercícios de Revisão

1) Escreva duas características da Europa a partir do final da Idade Média.



[2] Moraes, J. G. Vinci de. “Caminhos das Civilizações – da Pré-História aos dias atuais” - São Paulo: Atual, 1993.  p. 129

[3] Moraes, J. G. Vinci de. “Caminhos das Civilizações – da Pré-História aos dias atuais” - São Paulo: Atual, 1993.  p. 168

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