quarta-feira, 25 de maio de 2022

16º texto - A Guerra dos Cem Anos - 7º ano

 16º Texto - A Guerra dos Cem Anos

Em nosso último texto pudemos observar a formação dos Estados Nacionais como um dos elementos mais marcantes da Baixa Idade Média. A crise do feudalismo foi agravada por conflitos locais e, após a formação das nações, por conflitos nacionais. E foram as guerras entre a França e a Inglaterra, conhecidas como Guerra dos Cem Anos (1337 – 1453), que tornaram a Europa Medieval palco de uma série de eventos que facilitaram o fim do Sistema Feudal.

Consideramos que os conflitos entre franceses e ingleses ocorreram em grande parte por iniciativa militar inglesa e estiveram exclusivamente ligados ao território francês (palco das disputas militares e políticas). A Inglaterra, momentos antes de iniciar os conflitos, apresentava vantagens em relação à nação francesa. “Com a cobrança de impostos já regulamentada, os exércitos ingleses puderam ser adequadamente formados" [2]. Na realidade, não tivemos cem anos de conflitos. Períodos de guerras eram muitas vezes entremeados[3] por períodos de paz e armistícios[4].

Mas, afinal, por que a Guerra dos Cem Anos começou? Existem várias explicações, entre elas problemas de sucessão (quem iria substituir um rei morto?), as antigas disputas territoriais (afinal, aquela terra é de quem?) e as divergências[5] políticas. Dois itens foram marcas gerais dos conflitos:

“- A disputa entre os monarcas dos dois países pela região de Flandres, que era uma rica região comercial e grande produtora de manufaturas têxteis cuja matéria prima, a lã, era importada da Inglaterra[6];

A sucessão do trono francês. Com a morte do rei Carlos IV, em 1328, a dinastia dos capetíngios terminou, pois ele não havia deixado descendentes diretos. Apresentaram-se como candidatos Filipe de Valois, sobrinho do ex-rei Filipe, o Belo (1285 – 1314) da dinastia dos capetíngios; e Eduardo III, rei da Inglaterra, neto por parte de mãe de Filipe, o Belo. A nobreza francesa coroou Filipe de Valois (Filipe IV), baseando-se em uma lei medieval (a lei Sálica) que impedia qualquer descendência real através da mulher[7]

A região de Flandres ao lado.

Obviamente que Eduardo III não concordou com a coroação de Filipe IV, recorrendo às armas. A nobreza da França era contrária à coroação de Eduardo III, justamente porque, caso este chegasse ao trono francês, a Inglaterra dominaria a rica região de Flandres. Começava a Guerra dos Cem Anos.

Dividimos a guerra em quatro fases distintas. Observe que o conflito muda conforme as “fases”:

1ª. Fase (1337-1360): marcada por vitórias inglesas. A Inglaterra controlou quase toda a faixa litorânea noroeste da França;

2ª. Fase (1360-1380): foi uma fase de recuperação da França, que reconquistou boa parte dos territórios ocupados pelos franceses;

3ª. Fase (1380-1420): novamente a França sofre uma série de derrotas. A figura de Henrique V, rei inglês, se destaca. Nesse momento o rei inglês chegou a ser considerado herdeiro do trono francês;

4ª. Fase (1420-1453): foi o momento em que ocorreu a lenta recuperação francesa. Tivemos a presença da francesa Joana D’Arc, que com um discurso nacionalista liderou um exército popular contra os ingleses. Joana foi derrotada na região de Borgonha, sendo então entregue as tropas inglesas. Foi morta na fogueira. No entanto, foi essa francesa quem liderou a França rumo à vitória. Os ingleses foram finalmente expulsos do território francês em 1453.

A vitória francesa ainda não estava consolidada em 1453. A nobreza de Borgonha (região francesa) impôs a paz ao rei francês, Carlos VII, buscando impedir que o soberano controlasse os nobres. No entanto, o rei Luis XI (1461-1483), percebendo a manobra da nobreza, consolidou o poder do rei e finalmente confirmou a monarquia francesa.

Se forem observados os resultados dos conflitos para ambas as nações podemos encontrar situações diferentes (quase opostas). Comecemos pela Inglaterra.

Os historiadores consideram que a reorganização econômica e militar francesas (a partir do governo de Carlos VII) dificultaram a presença dos ingleses em território inimigo, levando finalmente a derrota da Inglaterra. “A derrota na Guerra dos Cem Anos coincidiu com o fim da dinastia reinante na Inglaterra e com o aumento de rivalidades entre os nobres. A autoridade real não era mais capaz de manter essa camada unida. Dois anos depois eclodiu uma guerra civil, conhecida como Guerra das Duas Rosas (1455-1485), entre as duas maiores famílias proprietárias de terras – os York e Lancaster. Após trinta anos de lutas, ascenderam ao trono os Tudor, responsáveis pele efetiva centralização na Inglaterra”. [8]

Como dito, os resultados franceses foram bem diferentes. Apesar de vitimar um grande número de trabalhadores e causar prejuízos materiais, o conflito permitiu a confirmação do poder da dinastia Valois sobre a nobreza feudal, com a ajuda e o apoio do exército nacional. O processo de consolidação da monarquia francesa foi concluído no reinado de Francisco I (1515-1547).

Conclui-se assim que devido ao longo “período de guerras, da peste negra e das inúmeras revoltas camponesas, a situação da Europa agravou-se, indicando o esgotamento do sistema feudal. Além disso, as guerras entre a França e Inglaterra produziram um forte sentimento de nacionalidade que, de certa forma, ameaçaram os interesses e o poder da nobreza, uma vez que ela teria de reconhecer uma autoridade central representando a nação, ou seja, o rei” [9]

Além do mais

Um conto de fadas que busca justamente dar uma “solução mágica” ao problema da imobilidade social registrado na Idade Média: um gato esperto, que através de um plano consegue tornar o seu mestre, um camponês, em um senhor feudal.

O conto foi escrito quando o homem já vivia na Idade Moderna, em 1697, pelo escritor francês Charles Perrault, porém está profundamente ligado (tanto o conto quanto o autor dele) aos princípios medievais. Como o senhor feudal é retratado? Como um ogro, que subjuga e domina os camponeses. Para o pobre camponês, que depois se torna Marquês de Carabaz, as palavras cidades e comprar eram “proibidas”, faziam parte de um mundo distante.

Sentindo-se prejudicado, o camponês, que herdou o gato, conseguiu sair da condição servil e se tornar um nobre. O conto retrata algo mágico, improvável para a Idade Média (por isso mesmo é um conto de fadas!). Mas mistura elementos da Baixa Idade Média e características comuns ao universo medieval. Assim, um conto com História, que ajuda a entender a História Medieval.

A figura do gato nos faz lembrar um animal esperto, capaz de se safar de problemas, rápido e furtivo. Neste conto de Perrault o gato foi além: conseguiu mudar a condição social de seu dono em uma sociedade marcada pela imobilidade social.

Exercícios de Revisão

1) Escreva duas características da Guerra dos Cem Anos



[2] Pazzinato, A. L.; Senise, M. H. V. – História Moderna e Contemporânea – São Paulo: Ática, 1997. p. 22

[3] alternado, entre os períodos de guerra existiram períodos de paz

[4] pode ser definido como a ocasião em que as partes envolvidas no conflito concordam com o fim definitivo das hostilidades – o que inclui os ataques. Pode ser definido também como o momento anterior ao tratado de paz. A palavra deriva do latim: arma (arma) e stitium (parar).

[5] diferenças, discordância em relação a algum ponto ou assunto.

[6] sim, se você está pensando que a burguesia teve um dedinho de responsabilidade nessa história, está correto! Há quem diga que a Inglaterra foi a guerra por pressão da burguesia inglesa, interessada em tomar conta de Flandres

[7] Moraes, J. G. V. Caminhos das Civilizações – São Paulo: Atual, 1993. p. 129

[8] Pazzinato, A. L.; Senise, M. H. V. – História Moderna e Contemporânea – São Paulo: Ática, 1997. p. 22

[9] Moraes, J. G. Vinci de. “Caminhos das Civilizações – da Pré-História aos dias atuais” - São Paulo: Atual, 1993.  p. 164

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