terça-feira, 29 de janeiro de 2019

9º Texto - Magazine Histórico do 7º Ano - EMEF Leandro Klein


9º Texto – A Europa em transformação
professor Pedro Henrique Ramos
A partir deste texto você irá conhecer as transformações que marcaram a Europa a partir do século XI. Optei em começar tratando das Cruzadas, mas, atrelada à ela, temos outros importantes eventos, que também serão detalhados a partir de agora. Boa leitura.
Como podemos definir as Cruzadas? Tradicionalmente, são definidas como expedições militares, organizadas pela Igreja, que visavam combater muçulmanos e bizantinos (primordialmente) e libertar a chamada Terra Santa das mãos desses povos.  
Estudar as Cruzadas é remeter-se a um assunto que já virou roteiro de filme, artigo para as mais diversas revistas, palco para narrativas fictícias... Portanto, há uma explosão de visões sobre um assunto que, infelizmente, poucos efetivamente conhecem.

Quer um simples exemplo?
Os cruzados (imagem ao lado) eram os soldados dessas expedições. A verdade é que a maioria dos homens vestia-se mal e parcamente, além de carregar armas extremamente precárias, sem ter quase nenhum preparo, falta de apoio... Excetuando alguns casos, o treinamento era inexistente. Portanto, a imagem de homens bem vestidos e equipados chega a ser bem equivocada.
Movimento complexo, seja pelo seja pelo enorme período em que ocorreu - desde os fins do século XI até meados do século XIII –, seja pelas enormes mudanças que provocou na sociedade medieval, o termo cruzada em si está diretamente ligado às vestimentas utilizadas pelos homens (os “soldados de Cristo”).
As Cruzadas tiveram vários fatores que as motivaram, dentre os quais os de natureza religiosa, social e econômica. A base, é claro, vem da própria cultura e mentalidade presentes na época. A Igreja passou a defender a participação dos fiéis na chamada “Guerra Santa”, “prometendo a eles recompensas divinas, como a salvação da alma e a vida eterna, através de sucessivas pregações realizadas em toda a Europa[1]. Seria mais ou menos assim: “pecou? Quer ser perdoado? Um jeito é se tornar um Cruzado!”. O papa Urbano II foi o idealizador da primeira Cruzada.
Se fossemos analisar os objetivos religiosos e militares das Cruzadas poderíamos afirmar que houve um fracasso, afinal, das oito Cruzadas realizadas, nenhuma obteve sucesso por mais de cem anos em dominar as terras pretendidas. Algumas expedições conquistaram regiões, logo reconquistadas pelos povos orientais.
Mapa com as Oito Cruzadas.

No entanto, do ponto de vista econômico... Sucesso! Os interesses comerciais das cidades da península itálica em abrir, ativar e reativar rotas comerciais motivou-as a iniciar a 4ª Cruzada. Saíam os cruzados do interior da Europa. Passavam pela península itálica. Partiam para o Oriente. E em cada uma das paradas os cruzados trocavam mercadorias e, muitas vezes, traziam novos produtos para as cidades italianas como Veneza, por exemplo. Para se ter uma ideia, foi uma cidade italiana que bancou a logística da quarta cruzada. 
A quarta cruzada também foi a primeira a contar com uma massiva aparelhagem marítima. O objetivo era claro: reabrir as rotas comerciais do mar Mediterrâneo!
Além do mais
Há situações que entram para a História, literalmente. Imagine você um papa que se veste de guerreiro medieval e parte junto com os fiéis para lutar contra os chamados “povos pagãos” ou inimigos. Pois bem, tal situação foi corriqueira a partir das Cruzadas. E não foram só alguns papas que partiram. Reis, como foi o caso do monarca inglês Ricardo Coração de Leão, se vestiram também do ideal de que estavam cumprindo uma missão (além de resolver alguns probleminhas que afloravam na sociedade medieval).
E os discursos, registrados em documentos, comprovam isso. Acompanhe.  Em Clermont, na França, no ano de 1095, o papa Urbano II assim dizia: “Deixai os que outrora estavam acostumados a se baterem, impiedosamente, contra os fiéis, em guerras particulares, lutarem contra os infiéis... Deixai os que aqui foram ladrões tornarem-se soldados. Deixai aqueles que outrora se baterem contra seus irmãos e parentes, lutarem agora contra os bárbaros, como devem. Deixai os que outrora foram mercenários, a baixos salários, receberem agora a recompensa eterna...” [2]. O mesmo papa também faz neste discurso um apelo bem sentimental (por certo reproduzido nas capelas espalhadas pela Europa), conclamando a participação dos fiéis, através de citações do Evangelho: “todo aquele que deixar seu pai ou sua mãe, ou a mulher ou os filhos ou as terras por amor de meu nome receberá o cêntuplo nesta terra e terá a vida eterna[3].
Mas, como lido,  havia motivos comerciais muito claros nas Cruzadas. Na quarta cruzada, como vimos, a cidade de Veneza patrocinou as viagens até o Oriente Próximo após uma série de acordos. Quando os nobres barões franceses pediram auxilio a rica cidade de Veneza, a pergunta dos venezianos foi simples:
“- Sob quais condições?” [4].
E a negociação terminou com o seguinte combinado: os cruzados deveriam pagar “quatro marcos por cavalo e dois por homem[5], além de fornecerem riquezas materiais conseguidas na expedição. Fico então na dúvida se o símbolo mais adequado para as Cruzadas não seria o desenho ao lado... O que você acha?

Exercícios de Revisão -  data de entrega: _______/______/________
Faça uma pesquisa para ser entregue na data abaixo estipulada sobre uma das Oito Cruzadas ocorridas. Atenção, a pesquisa pode ser digitada. Porém, se a mesma resumir-se a mera cópia de texto, haverá desconto da nota de Ética.
 Bibliografia básica (1º ao 10º Texto)

Andrade, Ana Luíza Mello Santiago. Monarquia Romana. Disponível em: <https://www.infoescola.com/historia/monarquia-romana/>. Acesso em: 22/01/2019.

Boulos Júnior, A. História: Sociedade & Cidadania – 6a. Série. 1ª Edição. São Paulo: Editora FTD, 2006.
Ciências Humanas – Pré Vestibular: Volume 1 – São Paulo, Editora COC, 1999.
Franco Jr., Hilário. A Idade Média – O nascimento do Ocidente. – 6ª. ed. – São Paulo: Brasiliense, 1995.
Cruzadas. 2009. Disponível em:
<http://cozacekruger.blogspot.com/2009/04/cruzadas-as-cruzadas-sao.html>. Acesso em: 22/01/2019.
Dufaur, Luis. Fatos que antecederam a 1ª Cruzada (II): Concílios de Piacenza e Clermont Ferrand, sermão do Beato Papa Urbano II. 2009. Disponível em: <https://ascruzadas.blogspot.com/2009/03/fatos-que-antecederam-i-cruzada-ii.html>. Acesso em: 22/01/2019.
Freitas, Gustavo de. 900 textos e documentos de História. Lisboa: Editora Plátano, 1976.
Huberman, Leo. História da riqueza do homem/ Leo Huberman; tradução de Waltensir Dutra. – 21ª. ed. – Rio de Janeiro: Guanabara, 1986.
Le Goff, Jacques. A civilização do Ocidente Medieval. Vol. II  - Lisboa: Estampa, 1984.
Leoni, G. D. “A Literatura de Roma” – 6ª ed. – São Paulo: Livraria Nobel S. A., 1961
Marx, Karl. Manifesto do partido comunista/ Karl Marx / c/ Friedrich Engels; tradução de Sueli Tomazzini Barros  Cassal. – Porto Alegre: L&PM, 2002
Pazzinato, A L.; Senise, M. H. V. - História Moderna e Contemporânea. 6ª Edição. - São Paulo: Editora Ática, 1997
Ramos, Jefferson Evandro Machado. História da Roma Antiga e o Império Romano. 1994. Disponível em: <https://www.suapesquisa.com/imperioromano/>. Acesso em: 22/01/2019.
Rezende Filho, Cyro de Barros. Guerra e guerreiros na Idade Média/ Cyro de Barros Rezende Filho. – São Paulo; Contexto, 1996. (Coleção repensando a história geral).


[1]http://cozacekruger.blogspot.com/2009/04/cruzadas-as-cruzadas-sao.html
[2] Huberman, Leo. História da riqueza do homem/ Leo Huberman; tradução de Waltensir Dutra. – 21ª. ed. – Rio de Janeiro: Guanabara, 1986. p. 19
[4] Huberman, Leo. História da riqueza do homem/ Leo Huberman; tradução de Waltensir Dutra. – 21ª. ed. – Rio de Janeiro: Guanabara, 1986. p. 20
[5] Huberman, Leo. História da riqueza do homem/ Leo Huberman; tradução de Waltensir Dutra. – 21ª. ed. – Rio de Janeiro: Guanabara, 1986. p. 20

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