terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Felix Mendelssohn-Bartholdy – 4ª Parte

Felix Mendelssohn-Bartholdy – 4ª Parte[1]
Neste último texto sobre Mendelssohn farei uma análise sobre a vida do compositor entre 1837 e 1847. Atento para o fato que este é o texto final da sequência[2].
Em 28 de março de 1837 Mendelssohn se casou com Cécile Jeanrenauda, moça de origem francesa e descendente de uma família de huguenotes, que habitavam Frankfurt. O encontro dos dois foi proporcionado pelo fato de Mendelssohn ter recebido a direção da orquestra de Cecilien-Verein de Frankfurt, podendo assim encontrar a moça com quem se casaria e teria cinco filhos. As viagens de Mendelssohn, no entanto, não cessaram com o nascimento do primeiro filho, no dia 7 de fevereiro de 1838. Em setembro do ano seguinte, Mendelssohn empreendera nova viagem pelo continente europeu, retornando à Inglaterra. “Antes de partir, recebeu uma proposta do rei da Prússia, Frederico Guilherme IV, que pretendia manter o compositor ligado a Berlim de uma ou outra forma. Com cuidado para não quebrar o protocolo – ao rei não podia apresentar recusas se quisesse continuar vivendo nas áreas controladas pelo soberano –, mas, hesitante diante dos deveres que poderiam lhe impor, pediu tempo para pensar e viajou à Inglaterra” [3].
A Inglaterra foi, por sucessivas vezes, “morada” de Mendelssohn. Londres no século XIX[4].

  Apesar da momentânea indecisão, Mendelssohn aceitou e foi nomeado Kapelmeister[5] da corte. Em 1839, Mendelssohn tornou-se diretor-geral de música de Berlim. Logo em seguida, o compositor criou, muito em vista dos seus esforços, o Conservatório de Leipzig (imagem abaixo),
concretizando um dos seus maiores sonhos, sendo que a inauguração ocorreu no início de 1843. A criação do Conservatório fez com que Mendelssohn precisasse viajar com frequência entre Leipzig e Berlim. Se pensarmos que a distância não era curta, haja vista ser essa superior a 300 quilômetros, e o fato de que os meios de transportes existentes na época levarem tempo considerável para concluir o percurso, é fácil presumir que a saúde de Mendelssohn “começou a se ressentir do esforço. Decidiu então descansar por um ano e viajou a Frankfurt, onde começou a escrever seu Concerto para violino e orquestra[6]. No entanto, devido ao quadro médico que apresentava, no dia da estreia não pode reger a orquestra, sendo substituído pelo compositor holandês Niels Gade (1817 – 1890), que havia estudado no conservatório criado por Mendelssohn. Este talvez seja uma das etapas da eternização da obra de um gênio, quando os seus discípulos começam a perpetuá-la. Sobre esta obra, Rincón assinala que o sucesso foi de significativa monta “que, por algum tempo Mendelssohn parecia ter-se recuperado da doença”[7], o que veremos, no entanto, não foi o suficiente. Mendelssohn retornou à Inglaterra, em 1846, onde estreou o oratório Elias, de sua autoria, o regendo por várias vezes, além de se apresentar como solista em uma de suas obras preferidas, sendo a mesma de autoria de Beethoven: “Quarto concerto para piano e orquestra”.
Niels Gade, aluno do conservatório criado por Mendelssohn[8].

“De volta a Frankfurt, ficou sabendo da morte de sua irmã, Fanny (14 de maio de 1847), para ele uma verdadeira catástrofe[9]. Em meio à dor que essa morte lhe causou, compôs seu Quarteto para cordas em fá menor e outra obra de grande qualidade, o Nachtlie, assim como vários fragmentos do novo oratório que estava escrevendo, Christus, e que não chegou a terminar. Sempre que podia, viajava e pintava” [10].     
Em Leipzig, Mendelssohn pôde assistir à segunda apresentação de seu Concerto para violino em mi menor. A execução ficou a cargo de outro aluno do Conservatório de Leipzig, Joseph Joachim (1831 – 1907), que acabou por se tornar um dos maiores solistas do século XIX. No dia 4 de novembro de 1847, Felix Mendelssohn-Bartholdy, morreu, aos trinta e oito anos.
A morte do compositor é cercada de teorias, algumas levantadas recentemente. Uma das teorias que fora alçada é a de que Mendelssohn viveu uma paixão não correspondida por uma soprano sueca, Jenny Lind (1820 -1887). Tal fato pode ter contribuído para a morte de Mendelssohn. “Essa é a tese levantada por uma jornalista do The Independent, Jessica Duchen. A tese tem por base um documento depositado nos arquivos da Royal Academy of Music, em Londres: uma declaração do marido de Jenny Lind, Otto Goldschmidt, confessando ter destruído uma carta de Mendelssohn para Jenny, que teria o poder de macular profundamente as reputações de sua mulher e de Mendelssohn. Na carta o compositor teria declarado amor ardente por ela, implorando que ela fugisse com ele para os Estados Unidos e ameaçando suicídio caso ela recusasse. Supõe-se que Jenny, de fato, recusou. Meses depois, Mendelssohn estava morto” [11]. O que se tem, por certo, é que Mendelssohn faleceu vítima de um ataque de apoplexia. Morria, assim, um dos maiores nomes do século XIX.
Execução da marcha nupcial pela orquestra sinfônica da cidade de Moscou. 


[1] RAMOS, Pedro Henrique Maloso.
[2] Vide nesse blog outros textos sobre o assunto em questão.
[3] Felix Mendelssohn: Royal Philharmonic Orchestra/ [Mediasata Group S.A.; texto e documentação musical Eduardo Rincón; tradução: Linguagest]. – São Paulo: Pubifolha, 2005 – (Coleção Folha de Música Clássica). p. 24 (adaptado)
[4] Imagem extraída do sítio http://www.old-map-blog.com/category/country/england/
[5] Diretor de uma orquestra ou coro.
[6] Felix Mendelssohn: Royal Philharmonic Orchestra/ [Mediasata Group S.A.; texto e documentação musical Eduardo Rincón; tradução: Linguagest]. – São Paulo: Pubifolha, 2005 – (Coleção Folha de Música Clássica). p. 26
[7] Felix Mendelssohn: Royal Philharmonic Orchestra/ [Mediasata Group S.A.; texto e documentação musical Eduardo Rincón; tradução: Linguagest]. – São Paulo: Pubifolha, 2005 – (Coleção Folha de Música Clássica). p. 36
[8] Imagem extraída do sítio http://global.britannica.com/EBchecked/topic/223295/Niels-Gade
[9] Segundo informações extraídas do sítio http://www.renatacortezsica.com.br/compositores/mendelssohn.htm, quando recebeu a notícia Mendelssohn desmaiou e chegou a sofrer uma trombose cerebral. 
[10] Felix Mendelssohn: Royal Philharmonic Orchestra/ [Mediasata Group S.A.; texto e documentação musical Eduardo Rincón; tradução: Linguagest]. – São Paulo: Pubifolha, 2005 – (Coleção Folha de Música Clássica). pp. 26 – 27.
[11] http://pt.wikipedia.org/wiki/Felix_Mendelssohn_Bartholdy

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