Essa tal de Guerra Fria[1]
Talvez você não reconheça
como sendo de sua geração, mas os professores que lecionam para você certamente
se lembrarão de alguns filmes épicos, de personagens quase que imbatíveis,
criados pelo cinema estadunidense. Se hoje esses heróis estão meio que sem
inimigos para combaterem (vez ou outra eles precisam derrotar algum terrorista,
algum país que quer destruir o domínio estadunidense), lá na década de 80, até
o início dos anos 90, o inimigo dos EUA era a União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas, representante máximo do Mundo Socialista, perigo constante para a
economia capitalista estadunidense. Assim, no filme Rocky IV, o pugilista Rocky
Balboa, interpretado por Sylvester Stallone, recebe a missão de derrotar o lutador
soviético, Drago, interpretado por Dolph Lundgren. E, em uma fria e inóspita
União Soviética, Rocky bota Drago no chão. A própria plateia soviética cede aos
incríveis golpes de Balboa.
Agora é óbvio que a luta,
representada no filme de 1985, é o retrato do conflito ideológico que teve
início com o fim da 2ª. Guerra Mundial e a consequentemente bipolarização do
mundo: capitalistas de um lado e socialista de outro. Caso estivéssemos sobre a
influência da URSS, certamente teríamos acesso a algum herói, alguma figura que
representasse a incrível força e poderio da URSS. Por isso, e não à toa, atrás
dos lutadores, que se encontram para o confronto final em Moscou, há bandeiras
com o rosto de Lênin, uma das figuras principais da Revolução Russa, em 1917.
A Guerra Fria pode ser
entendida como uma disputa pela hegemonia política, econômica e militar no
mundo. Ou seja, até onde vai o domínio de um e de outro. Como vimos no segundo
trimestre, a União Soviética havia aderido ao sistema socialista, a partir da Revolução
Russa, demonstrando que outro mundo, diferente daquele pregado pela economia
capitalista, era possível.
Rocky e Drago! Muito mais
do que boxeadores[2]!
Cena emblemática do
filme. Repare nas bandeiras espalhadas pela arena.
De fato, o sucesso de um
regime acabava entrando em choque com o outro. Assim, não é estranho pensar que
o discurso ideológico de um e de outro entrasse em conflito. Enquanto o
Socialismo defendia o fim da propriedade privada e a luta pela igualdade
social, o capitalismo se vestia dos discursos baseados na democracia e na
liberdade dos indivíduos.
E tal conflito não ficou apenas nas telinhas
de cinema, nem nos discursos dos chefes de estados de ambas as nações. Ganhou
outras (trágicas) proporções, que conheceremos melhor agora.
A
tal da Paz Armada...
Na prática, nunca aconteceu um conflito
militar entre os Estados Unidos e a URSS. Até porque, caso ocorresse, a briga
seria entre mísseis e bombas nucleares. Fica aqui um comentário. As bombas
nucleares que os EUA explodiram sobre o Japão foram muito mais um aviso para a
URSS de que os estadunidenses tinham produzido tal arma letal. E iriam
utilizada, se necessário.
Então a briga ficava nas ameaças e na
certeza de que o gatilho não seria puxado se o inimigo também não o puxasse.
Chega a ser esquisito pensar em uma paz que se faz pela ameaça da guerra.
Esquisito e vergonhoso, até porque a humanidade tinha acabado de passar por um
conflito terrível, matando milhões e milhões de pessoas.
A formação de dois blocos militares veio
ligado a esse contexto de paz armada. “A OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte (surgiu em abril de
1949) era liderada pelos Estados Unidos e tinha suas bases nos países membros,
principalmente na Europa Ocidental. O Pacto
de Varsóvia era comandado pela União Soviética e defendia militarmente
os países socialistas.
Alguns países membros da OTAN: Estados Unidos, Canadá, Itália, Inglaterra, Alemanha Ocidental, França, Suécia, Espanha, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Áustria e Grécia. Alguns países membros do Pacto de Varsóvia: URSS, Cuba, China, Coreia do Norte, Romênia, Alemanha Oriental, Albânia, Tchecoslováquia e Polônia.[3]”
Alguns países membros da OTAN: Estados Unidos, Canadá, Itália, Inglaterra, Alemanha Ocidental, França, Suécia, Espanha, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Áustria e Grécia. Alguns países membros do Pacto de Varsóvia: URSS, Cuba, China, Coreia do Norte, Romênia, Alemanha Oriental, Albânia, Tchecoslováquia e Polônia.[3]”
Uma competição em
todos os sentidos!
A chegada do homem à Lua está ligada à
Guerra Fria. EUA e URSS iniciaram uma disputa para ver quem seria o primeiro a
conquistar o espaço. É interessante pensarmos que o homem consegue chegar à
Lua, mas quantas vezes nos permitimos falar bom dia aos nossos amigos,
vizinhos? Queremos conquistar o espaço, mas muitas vezes não nos permitimos dar
um abraço no colega que está ao nosso lado. Estranho, não é? Bem, voltando, no ano de 1957, a URSS lança o foguete
Sputnik com um cão dentro, o primeiro ser vivo a ir para o espaço. Doze anos
depois, em 1969, o mundo todo pôde acompanhar pela televisão a chegada do homem
a lua, com a missão espacial norte-americana.
Selo em alusão a primeira
missão espacial russa[4].
E a competição assumiu características muitas.
Da “Cortina de Ferro” defendida pelo primeiro ministro britânico, Winston
Churchill, ao se referir sobre como o mundo capitalista deveria proceder com a
URSS (ou seja, isola-la por completo), até a construção do muro de Berlim,
dividindo a capital alemã, bem como a Alemanha e o mundo em duas áreas de
influência, ficava claro que a Guerra Fria promoveu uma divisão radical entre
as pessoas, famílias, fomentando a violência invés da paz.
E conflitos militares,
indiretamente associados à Guerra Fria, não demoraram a ocorrer. Vejamos dois
apenas.
Nem tão fria assim...
Guerra da Coreia: entre os anos de 1951 e 1953 a Coréia foi palco de um
conflito armado de grandes proporções. Após a Revolução Maoista ocorrida na
China, a Coréia sofre pressões para adotar o sistema socialista em todo seu
território. A região sul da Coréia resiste e, com o apoio militar dos Estados
Unidos, defende seus interesses. A guerra dura dois anos e termina, em 1953,
com a divisão da Coréia no paralelo 38. A Coréia do Norte ficou sob a influência
soviética e com um sistema socialista, enquanto a Coréia do Sul manteve o
sistema capitalista.
Ainda hoje, as Coreias
vivem o estado de tensão criado pela Guerra Fria[5].
Guerra do Vietnã: Este conflito ocorreu entre 1959 e 1975 e contou com a
intervenção direta dos EUA e URSS. Os soldados norte-americanos, apesar de todo
aparato tecnológico, tiveram dificuldades em enfrentar os soldados vietcongues
(apoiados pelos soviéticos) nas florestas tropicais do país. Milhares de
pessoas, entre civis e militares morreram nos combates. Os EUA saíram
derrotados e tiveram que abandonar o território vietnamita de forma vergonhosa
em 1975. O Vietnã passou a ser socialista.
O Guerra do Vietnã pode
ser entendida como um dos episódios mais vergonhosos e terríveis da Guerra Fria[6].
Fim
da Guerra Fria
A falta
de democracia, o atraso econômico e a crise nas repúblicas soviéticas acabaram
por acelerar a crise do socialismo no final da década de 1980. Em 1989 cai o
Muro de Berlim e as duas Alemanhas são reunificadas. No começo da década de
1990, o então presidente da União Soviética Gorbachev começou a acelerar o fim
do socialismo naquele país e nos aliados. Com reformas econômicas, acordos com
os EUA e mudanças políticas, o sistema foi se enfraquecendo. Era o fim de um
período de embates políticos, ideológicos e militares. O capitalismo vitorioso,
aos poucos, iria sendo implantado nos países socialistas”[7].
[1] RAMOS,
Pedro Henrique Maloso
[2] Imagem
extraída do sítio http://www.everylastrep.com/functional-fitness-workouts/drago-workout
[4] Imagem
extraída do sítio http://pt.wikinoticia.com/Tecnologia/geral%20tecnologia/128332-voskhod-1-a-primeira-missao-espacial-e-os-trajes-nao-suportados-multiplaza
[5] Imagem
extraída do sítio http://noticias.band.uol.com.br/mundo/noticia/?id=100000362747
[6] Imagem
extraída do sítio http://jewishcurrents.org/far-from-vietnam-20687
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