terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Essa tal de Guerra Fria

Essa tal de Guerra Fria[1]
Talvez você não reconheça como sendo de sua geração, mas os professores que lecionam para você certamente se lembrarão de alguns filmes épicos, de personagens quase que imbatíveis, criados pelo cinema estadunidense. Se hoje esses heróis estão meio que sem inimigos para combaterem (vez ou outra eles precisam derrotar algum terrorista, algum país que quer destruir o domínio estadunidense), lá na década de 80, até o início dos anos 90, o inimigo dos EUA era a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, representante máximo do Mundo Socialista, perigo constante para a economia capitalista estadunidense. Assim, no filme Rocky IV, o pugilista Rocky Balboa, interpretado por Sylvester Stallone, recebe a missão de derrotar o lutador soviético, Drago, interpretado por Dolph Lundgren. E, em uma fria e inóspita União Soviética, Rocky bota Drago no chão. A própria plateia soviética cede aos incríveis golpes de Balboa.
Agora é óbvio que a luta, representada no filme de 1985, é o retrato do conflito ideológico que teve início com o fim da 2ª. Guerra Mundial e a consequentemente bipolarização do mundo: capitalistas de um lado e socialista de outro. Caso estivéssemos sobre a influência da URSS, certamente teríamos acesso a algum herói, alguma figura que representasse a incrível força e poderio da URSS. Por isso, e não à toa, atrás dos lutadores, que se encontram para o confronto final em Moscou, há bandeiras com o rosto de Lênin, uma das figuras principais da Revolução Russa, em 1917.
A Guerra Fria pode ser entendida como uma disputa pela hegemonia política, econômica e militar no mundo. Ou seja, até onde vai o domínio de um e de outro. Como vimos no segundo trimestre, a União Soviética havia aderido ao sistema socialista, a partir da Revolução Russa, demonstrando que outro mundo, diferente daquele pregado pela economia capitalista, era possível.
Rocky e Drago! Muito mais do que boxeadores[2]!  

Cena emblemática do filme. Repare nas bandeiras espalhadas pela arena.
De fato, o sucesso de um regime acabava entrando em choque com o outro. Assim, não é estranho pensar que o discurso ideológico de um e de outro entrasse em conflito. Enquanto o Socialismo defendia o fim da propriedade privada e a luta pela igualdade social, o capitalismo se vestia dos discursos baseados na democracia e na liberdade dos indivíduos.
   E tal conflito não ficou apenas nas telinhas de cinema, nem nos discursos dos chefes de estados de ambas as nações. Ganhou outras (trágicas) proporções, que conheceremos melhor agora.
 A tal da Paz Armada...
   Na prática, nunca aconteceu um conflito militar entre os Estados Unidos e a URSS. Até porque, caso ocorresse, a briga seria entre mísseis e bombas nucleares. Fica aqui um comentário. As bombas nucleares que os EUA explodiram sobre o Japão foram muito mais um aviso para a URSS de que os estadunidenses tinham produzido tal arma letal. E iriam utilizada, se necessário.
   Então a briga ficava nas ameaças e na certeza de que o gatilho não seria puxado se o inimigo também não o puxasse. Chega a ser esquisito pensar em uma paz que se faz pela ameaça da guerra. Esquisito e vergonhoso, até porque a humanidade tinha acabado de passar por um conflito terrível, matando milhões e milhões de pessoas.
    A formação de dois blocos militares veio ligado a esse contexto de paz armada. “A OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte (surgiu em abril de 1949) era liderada pelos Estados Unidos e tinha suas bases nos países membros, principalmente na Europa Ocidental. O Pacto de Varsóvia era comandado pela União Soviética e defendia militarmente os países socialistas.  
Alguns países membros da OTAN: Estados Unidos, Canadá, Itália, Inglaterra, Alemanha Ocidental, França, Suécia, Espanha, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Áustria e Grécia. Alguns países membros do Pacto de Varsóvia: URSS, Cuba, China, Coreia do Norte, Romênia, Alemanha Oriental, Albânia, Tchecoslováquia e Polônia.[3]
Uma competição em todos os sentidos!
   A chegada do homem à Lua está ligada à Guerra Fria. EUA e URSS iniciaram uma disputa para ver quem seria o primeiro a conquistar o espaço. É interessante pensarmos que o homem consegue chegar à Lua, mas quantas vezes nos permitimos falar bom dia aos nossos amigos, vizinhos? Queremos conquistar o espaço, mas muitas vezes não nos permitimos dar um abraço no colega que está ao nosso lado. Estranho, não é? Bem, voltando, no ano de 1957, a URSS lança o foguete Sputnik com um cão dentro, o primeiro ser vivo a ir para o espaço. Doze anos depois, em 1969, o mundo todo pôde acompanhar pela televisão a chegada do homem a lua, com a missão espacial norte-americana.
Selo em alusão a primeira missão espacial russa[4].

 E a competição assumiu características muitas. Da “Cortina de Ferro” defendida pelo primeiro ministro britânico, Winston Churchill, ao se referir sobre como o mundo capitalista deveria proceder com a URSS (ou seja, isola-la por completo), até a construção do muro de Berlim, dividindo a capital alemã, bem como a Alemanha e o mundo em duas áreas de influência, ficava claro que a Guerra Fria promoveu uma divisão radical entre as pessoas, famílias, fomentando a violência invés da paz.
E conflitos militares, indiretamente associados à Guerra Fria, não demoraram a ocorrer. Vejamos dois apenas.
Nem tão fria assim...
Guerra da Coreia: entre os anos de 1951 e 1953 a Coréia foi palco de um conflito armado de grandes proporções. Após a Revolução Maoista ocorrida na China, a Coréia sofre pressões para adotar o sistema socialista em todo seu território. A região sul da Coréia resiste e, com o apoio militar dos Estados Unidos, defende seus interesses. A guerra dura dois anos e termina, em 1953, com a divisão da Coréia no paralelo 38. A Coréia do Norte ficou sob a influência soviética e com um sistema socialista, enquanto a Coréia do Sul manteve o sistema capitalista.
Ainda hoje, as Coreias vivem o estado de tensão criado pela Guerra Fria[5].
 Guerra do Vietnã: Este conflito ocorreu entre 1959 e 1975 e contou com a intervenção direta dos EUA e URSS. Os soldados norte-americanos, apesar de todo aparato tecnológico, tiveram dificuldades em enfrentar os soldados vietcongues (apoiados pelos soviéticos) nas florestas tropicais do país. Milhares de pessoas, entre civis e militares morreram nos combates. Os EUA saíram derrotados e tiveram que abandonar o território vietnamita de forma vergonhosa em 1975. O Vietnã passou a ser socialista.
O Guerra do Vietnã pode ser entendida como um dos episódios mais vergonhosos e terríveis da Guerra Fria[6]

Fim da Guerra Fria
A falta de democracia, o atraso econômico e a crise nas repúblicas soviéticas acabaram por acelerar a crise do socialismo no final da década de 1980. Em 1989 cai o Muro de Berlim e as duas Alemanhas são reunificadas. No começo da década de 1990, o então presidente da União Soviética Gorbachev começou a acelerar o fim do socialismo naquele país e nos aliados. Com reformas econômicas, acordos com os EUA e mudanças políticas, o sistema foi se enfraquecendo. Era o fim de um período de embates políticos, ideológicos e militares. O capitalismo vitorioso, aos poucos, iria sendo implantado nos países socialistas”[7].



[1] RAMOS, Pedro Henrique Maloso
[2] Imagem extraída do sítio http://www.everylastrep.com/functional-fitness-workouts/drago-workout
[4] Imagem extraída do sítio http://pt.wikinoticia.com/Tecnologia/geral%20tecnologia/128332-voskhod-1-a-primeira-missao-espacial-e-os-trajes-nao-suportados-multiplaza
[5] Imagem extraída do sítio http://noticias.band.uol.com.br/mundo/noticia/?id=100000362747
[6] Imagem extraída do sítio http://jewishcurrents.org/far-from-vietnam-20687

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