terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Felix Mendelssohn-Bartholdy – 3ª Parte

Felix Mendelssohn-Bartholdy – 3ª Parte[1]
No texto passado[2] sobre Mendelssohn foi iniciada a análise sobre a carreira musical deste importante homem do século XIX. Apontei também para o fato de que Mendelssohn utilizou de maneira direta às obras de Shakespeare para fazer suas composições. Neste texto você terá a oportunidade de concluir isso, bem como saber outras importantes informações a respeito de Felix Mendelssohn-Bartholdy.
William Shakespeare (1564 – 1616), influência direta no trabalho de Mendelssohn[3].
Retomando primeiramente a questão da influência de Shakespeare nas obras de Mendelssohn, considero de grande valia as considerações que Eduardo Rincón[4] fez, retomando Sonho de uma noite de verão (a qual faz parte a “Marcha Nupcial”). “(...) é uma peça musical emblemática, tal como a obra de Shakespeare na qual se inspirou. Por acaso os leitores sabem que a obra do genial autor do teatro inglês mais de uma vez foi inspiração para outras obras-primas? Escrita originalmente para o teatro, foi adaptada para o cinema e, que eu saiba, pelo menos duas vezes utilizada como temas para a música: por Mendelssohn e por Britten. Na pintura, inspirou os belíssimos desenhos e gravuras de Arthur Rackman”[5]. Assim como descrevi no texto passado, o universo mítico da obra shakespeariana aparece nos trabalhos de Mendelssohn[6].
Encerramos nossa análise no texto passado a respeito da vida de Mendelssohn na primeira metade da década de 1820. Em outubro de 1825, Mendelssohn inicia efetivamente a sua produção artística, inaugurada com o Octeto em mi maior para cordas, que fora dedicado ao seu professor de violino, Rietz[7], e coroando o papel de compositor quando escreveu a primeira parte da “Abertura” para o Sonho de uma noite de verão. A própria idealização da obra veio para ilustrar a obra do inglês Shakespeare. Sua estreia ocorreu dois anos depois, em 1827, na cidade polonesa de Stettin. Antes da estreia, Mendelssohn “regressou aos estudos de literatura, de filosofia (...) e de várias línguas, entre elas o italiano, o francês e o inglês. Quando Mendelssohn saiu da universidade, o pai incentivou-o a seguir a carreira musical. Em 11 de março de 1829, regeu a Paixão segundo São Mateus, de Johann Sebastian Bach (1685 – 1750), que não era interpretada desde 1750” [8]. Após a execução desta obra de Bach, que fora um estrondoso sucesso, Mendelssohn empreendeu nova viagem pela Europa, tendo como destinos Áustria, Itália[9], França e Inglaterra. Pintava com grande regularidade durante as viagens (parte significativa de suas pinturas são lembranças das viagens pela Europa, como o desenho logo abaixo). Quando na França, Mendelssohn trocou experiências como célebres personalidades, entre eles Chopin[10]. Porém não ficou muito tempo na capital francesa devido a uma epidemia de cólera que assolava a cidade e “também à impossibilidade de estrear sua obra mais recente, a Sinfonia da reforma[11].
Uma das obras de Mendelssohn.
No dia 23 de abril de 1832 chegou então à Londres, Inglaterra, onde ficou sabendo da morte de seu mestre de violino Rietz (janeiro de 1832). Também não tardou a receber a notícia da morte de Goethe (março de 1832) e depois de Zelter (maio de 1832). Tais acontecimentos afetaram profundamente Mendelssohn, o que fez decidir voltar à Berlim. Porém as intempéries não haviam terminado. “Acreditava que seria escolhido para ocupar o lugar de seu mestre Zelter na direção da Singakademie[12] e, ao ver que lhe recusavam o único cargo musical que gostaria de assumir, abandonou rapidamente a cidade (início de 1833). Na verdade, essa decepção foi um golpe de sorte, uma vez que o esperava algo que satisfazia suas melhor esperanças: a direção da orquestra de Gewandhaus de Leipzig[13]. Enquanto a nomeação não chegava, dirigiu o Festival do Baixo Reno (França) e fez nova viagem a Londres, onde, em 13 de maio de 1833, estreou sua Sinfonia Italiana” [14]. De volta às terras alemãs, assinou um contrato de três anos, ficando responsável por dirigir o departamento de música de Dusseldorf. Foi nesse período que apresentou seu oratório Paulus (22 de maio 1836). Antes, no segundo semestre de 1835, como dito anteriormente, recebeu a nomeação para ser o diretor da Gewandhaus. Foi em Leipzig que Mendelssohn se reencontrou novamente com Chopin. Além desse encontro, Mendelssohn acabou por estabelecer uma forte amizade com a família Schumann-Wieck, em especial com Robert Schumann[15]. “Em 1836, recebeu o título de doutor honoris causa, da universidade de Leipzig” [16].
Leipzig no século XIX[17]

Em nosso próximo (e último texto) acompanharemos a vida de Mendelssohn entre 1837 até o ano de sua morte, em 1847. Ate lá!  




[1] RAMOS, Pedro Henrique Maloso
[2] http://respirehistoria.blogspot.com.br/2015/02/felix-mendelssohn-bartholdy-2-parte.html
[3] Imagem extraída do sítio http://en.wikipedia.org/wiki/Portraits_of_Shakespeare
[4] Compositor e musicólogo brasileiro, é autor do texto que foi publicado pela Publifolha, em 2005, edição número 5, dedicado à vida e obra de Felix Mendelssohn.  
[5] “A obra de Shakespeare Sonho de Uma Noite de Verão é ambientada na Grécia mítica e conta-nos a história de seres élficos e personagens mitológicos descrevendo a magia e a realidade em uma só dimensão” (http://www.netsaber.com.br/resumos/ver_resumo_c_185.html). Foi escrita em meados da década de 1590.
[6] O fascínio que Mendelssohn nutria por Shakespeare também pode ser percebido pela quantidade de vezes que o compositor viajou para Inglaterra. Chegou a ir dez vezes para a terra natal de Shakespeare.
[7] Vide http://respirehistoria.blogspot.com.br/2015/02/felix-mendelssohn-bartholdy-2-parte.html
[8] Felix Mendelssohn: Royal Philharmonic Orchestra/ [Mediasata Group S.A.; texto e documentação musical Eduardo Rincón; tradução: Linguagest]. – São Paulo: Pubifolha, 2005 – (Coleção Folha de Música Clássica). pp. 40-41
[9] Essa tendo iniciado o processo de unificação, através do Reino da Itália
[10] Célebre compositor polonês, Frédéric François Chopin viveu entre 1810 e 1849
[11] Felix Mendelssohn: Royal Philharmonic Orchestra/ [Mediasata Group S.A.; texto e documentação musical Eduardo Rincón; tradução: Linguagest]. – São Paulo: Pubifolha, 2005 – (Coleção Folha de Música Clássica). p. 21
[12] Academia de Berlim.
[13]  Famosa orquestra, baseada na cidade de Leipzig, possui esse nome graças ao teatro onde se localiza: o Gewandhaus.
[14] Felix Mendelssohn: Royal Philharmonic Orchestra/ [Mediasata Group S.A.; texto e documentação musical Eduardo Rincón; tradução: Linguagest]. – São Paulo: Pubifolha, 2005 – (Coleção Folha de Música Clássica). p. 22
[15] Músico e pianista, nascido em Zwickau, atualmente na Alemanha, viveu entre 1810 e 1856.
[16] http://www.classicos.hpg.ig.com.br/mendelss.htm
[17] Imagem extraída do sítio http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=196145.

Nenhum comentário:

Postar um comentário