O período Clássico[i]
Começa aqui o nosso terceiro e penúltimo texto-base para os encontros que estão ocorrendo nesse mês de setembro. Caso não tenha lido os dois primeiros, acesse:
1º texto-base: https://respirehistoria.blogspot.com/2020/08/1-texto-base-para-nosso-3-encontro.html
2º texto-base: https://respirehistoria.blogspot.com/2020/08/2-texto-base-para-os-nossos-3-ao-5.html
Vamos começar nosso texto com uma afirmação:
"na Grécia Antiga jamais tivemos a existência de um império"
Pensa em uma frase importante para entendermos o terceiro período! Pois
bem, a frase acima tem esse papel!
E ela é fruto de uma observação importante!
Muitos dos povos que formaram a Grécia Antiga eram inimigos! Inimigos
mesmo! Isso fez com que na Grécia Antiga jamais houvesse um império. E quando
os gregos se uniam era para lutar contra um inimigo em comum. Depois, cada um
ia para o seu lado, para o seu país, sua nação, seu Estado Nacional. Por isso,
cidade-estado! Isso nos faz lembrar que se um espartano se declarasse grego
certamente não gostaria de ouvir “grego como um ateniense”. E a recíproca é verdadeira.
O terceiro período vai confirmar tudo isso que você acabou de ler. Vamos
começar!
Como sabemos, o período Clássico (VI - IV a.C.) foi o 3º período da
Grécia Antiga. Nesse momento, a cultura grega se desenvolveu muito, havendo uma
enorme importância da cidade-estado de Atenas. Tal período também ficou marcado
pelas guerras entre gregos e persas, as chamadas "Guerras Médicas" e
pelos conflitos entre as cidades-estados gregas. Atenas e Esparta tornaram-se
grandes inimigas.
Para que possamos compreender melhor o terceiro período da Grécia Antiga
é preciso aprender um pouco sobre o império Persa.
Os persas eram povos de origem indo-europeia, caracterizados por uma
sociedade seminômade que, por volta de 2.000 a.C havia se estabelecido na
região que hoje compõe o atual território do Irã. Chefiados, em 559 a.C.,
por Ciro, os persas combateram e venceram os medos, outro povo de origem
indo-europeia, e iniciaram uma grande expansão. Formaram, assim, um enorme
império, atingindo as regiões da Ásia Menor, do Egito, Fenícia, Mesopotâmia,
além de algumas áreas da Grécia.
Perceba que os persas ocuparam áreas em três continentes: África, Ásia e
Europa!
Com a subida de Dário ao poder (521 – 484 a.C.) os persas passaram
a ressaltar ainda mais a política expansionista. Foi Dário I quem começou a
realizar as guerras contra os gregos. Tais guerras tiveram início quando a
cidade de Mileto (que se localizava na Ásia Menor) começou uma revolta contra o
domínio persa e buscou apoio dos atenienses, que aceitaram ajudar.
Dário I, então rei persa, entendeu o fato como uma afronta dos
atenienses e iniciou a primeira guerra médica. A guerra em questão foi vencida
por Atenas na batalha de Maratona, realizada em 490 a.C., sob a liderança
de Milcíades.
No entanto, em 480 a.C., agora com Xerxes, filho de Dário I, os
persas voltaram a atacar os atenienses. No primeiro ataque de Xerxes, nova
derrota persa; na segunda tentativa, os persas venceram e destruíram parte de
Atenas. Os gregos, então com medo de Xerxes iniciar uma grande invasão persa (o
que de fato ocorreu), se uniram, e sob a liderança de Esparta, derrotaram os
persas antes que estes deixassem a Grécia.
O medo de um novo ataque persa fez com que Atenas organizasse uma
confederação das cidades gregas, a chamada Confederação de Delos.
Nessa Confederação estava determinado que as cidades-estados manteriam sua
independência e autonomia, mas se comprometeriam a auxiliar umas as outras caso
ocorresse um ataque a qualquer uma delas. Graças a essa Confederação, os persas
foram expulsos da Ásia Menor. E é indiscutível que tal aliança ajudou muito a
cidade de Atenas a se tornar a mais importante da Grécia Antiga.
O domínio ateniense ocorreu durante o século V a.C., durante o governo
de Péricles, fase também conhecida pelo aumento considerável da escravidão.
Péricles buscou reformas que ampliassem a democracia ateniense, permitindo que
os cidadãos participassem mais da vida política e social de Atenas. O grande
feito externo de Péricles foi ter conseguido um “tratado de paz” com os persas.
Assim, Atenas despontou de maneira impressionante! Tanto que conhecemos
a cidade-estado de Atenas no século V a.C. pelo seu esplendor cultural e
arquitetônico, o que deu a este século a denominação de “idade de ouro”.
No entanto, a hegemonia ateniense incomodava muito outras
cidades-estados gregas, principalmente Esparta, que se opôs a Confederação de
Delos, fundando a Liga do Peloponeso, tendo como único
propósito impedir esse domínio ateniense. Reunindo algumas cidades, os
espartanos iniciaram a Guerra do Peloponeso, entre 431 e 404 a.C., ou
seja, mais de vinte anos de conflitos entre atenienses e espartanos.
Foram realizadas inúmeras batalhas até que em 404 a.C. os
espartanos saíram vitoriosos, invadindo e destruindo a cidade de Atenas. A
partir desse momento quem liderava a Grécia Antiga era Esparta, domínio que, no
entanto, durou muito pouco.
Tebas, outra cidade-estado grega, entrou em conflito com os espartanos e
os venceu, tomando assim o poder. Em 362 a.C. uma nova reviravolta: Atenas e
Esparta, junto com outras cidades-estados, tomaram Tebas, conquistando o poder.
Com tantas disputas os gregos se enfraqueceram, o que fez com a Grécia Antiga
passasse a ser conquistada pelos macedônicos, a partir de 338 a.C., através do
rei da Macedônia, Filipe II.
Além do mais
A cidade-estado de Esparta, fundada pelos dórios, também possuiu enorme
destaque dentro da Grécia Antiga. Localizada na planície da Lacônia,
basicamente estava organizada como as outras cidades-estados, mas também
possuía algumas características bem específicas, sendo uma sociedade dividida
nas seguintes classes:
- espartanos: formavam a aristocracia espartana, proprietária de terras
e detentora dos direitos políticos. Eram os únicos cidadãos e dedicavam sua
vida as atividades militares. Essa dedicação ocorria desde o início da vida do
indivíduo. As crianças espartanas eram educadas para formar um exército forte e
poderoso. E foi devido a esse exército que Esparta foi uma cidade-estado
expansionista. Só havia um meio de se tornar espartano: nascer em uma família
aristocrática;
- periecos: eram homens livres, mas que não possuíam nenhum direito
político. Não podiam casar com espartanos e trabalhavam nas atividades
agrícolas e comerciais, além de pagarem impostos.
- hilotas: eram escravos públicos, pertencentes ao Estado. Os hilotas
muitas vezes eram exterminados pelos espartanos.
General e rei espartano, Leônidas!
[i] Pedro Henrique Maloso Ramos
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