sábado, 3 de setembro de 2022

28º Texto - As Reformas Protestantes - 7ºs anos

 28º Texto - As Reformas Protestantes

Vamos tratar das três reformas protestantes, começando pela Reforma Luterana.

A Reforma Luterana

A primeira reforma protestante foi a Reforma Luterana, iniciada por Martinho Lutero, em 1517, dentro das regiões do Sacro Império Romano-Germânico (território que compõe atualmente a Alemanha). Primeiramente vamos conhecer quem foi Lutero.

Nascido em 1483, no que hoje é a cidade alemã de Eisleben, Lutero teve uma formação muito religiosa e uma educação extremamente rígida. De família pobre, Lutero sempre teve o incentivo dos pais para que estudasse o que fez quando saiu de casa aos 14 anos para estudar latim em uma escola na cidade de Magdeburg. Em 1501 Lutero ingressou na Universidade de Erfurt para estudar direito, tornando-se um leitor contumaz e um freqüentador assíduo das bibliotecas. Logo no início de sua vida acadêmica passou a se interessar pelo estudo da Bíblia, levantando uma questão que o incomodava profundamente: a ideia da salvação eterna. Assim, não nos é estranho o fato de Lutero ter trocado o curso de Direito pelo de Teologia e culminar sua aproximação ao campo religioso quando ingressou em um convento agostiniano. Buscando fazer tudo para salvar a sua alma, Lutero jejuava, orava e lia a Bíblia com grande regularidade. Todo esse trajeto culminou com o doutoramento de Lutero em teologia pela Universidade de Wittenberg, em 1512, fazendo com que o mesmo fosse indicado para lecionar.   

Envolvido com questões religiosas Lutero protestou contra a venda de indulgências e contra as estruturas eclesiásticas. Passou a ser “perseguido” pelo papa Leão X, sendo condenado pelo imperador Carlos V, na Dieta de Worms, à execução. Escapou porque fugiu para a Saxônia, recebendo abrigo do duque Frederico, o Sábio.

Buscando impedir que as idéias de Lutero se propagassem, Carlos V exigiu, na Assembléia reunida, em Spira (em 1529), que todos os príncipes aderissem ao catolicismo romano. Alguns desses príncipes protestaram, e, 1530, a doutrina luterana que fora exposta em Augsburgo, por Melanchton, através da Confissão de Augsburgo, constituindo a base de uma nova religião. Em resumo, para o luteranismo a salvação da alma vinha do seu contato direto com Deus, sem a necessidade de alguém que o representasse perante Ele. Isso colocava em xeque o papel da Igreja. Lutero conservou apenas alguns sacramentos, entre eles o batismo e a eucaristia. Politicamente, os príncipes protestantes organizaram a Liga de Smalkalde contra o imperador Carlos V. Os conflitos entre luteranos e católicos só diminuíram em 1555, com a Paz (ou Dieta) de Augsburgo, determinado que ficasse à escolha de cada príncipe a religião a ser adotada.

A Reforma Calvinista

A Reforma Calvinista esteve ligada ao humanista francês João Calvino (1509-1564). Sabemos que na França a Igreja Católica tinha grande influência no poder real. Através da Concordata, de 1516, foi transferido para o monarca francês o direito de nomear bispos e abades. A partir da Concordata, o soberano francês passou a distribuir abadias e bispados, não se preocupando com a religião em si.

Os reformadores franceses se inspiraram na corrente humanista trazida por Erasmo de Rotterdam, surgindo pensadores e humanistas cristãos admiráveis, que propunham uma reforma interior e progressiva da Igreja. Calvino surgiu no momento em que a França vivia um fervor humanista. Fortemente influenciado por Lutero, o pensamento calvinista foi consolidado com a publicação de “Instituição Cristã”, base da reforma calvinista, de 1534.

Calvino se instalou na Suíça em 1536, a convite de Guilherme Farel (outro humanista), instaurando uma base reformista radical. A burguesia da cidade suíça de Genebra “havia adotado os princípios da Reforma para lutar contra seu governante, o católico Duque de Savóia, o que favoreceu a atuação do reformador.

Embora baseado nas idéias protestantes, Calvino divergia de Lutero em alguns pontos, principalmente na questão da salvação. Enquanto os luteranos acreditavam que o homem se salvava pela fé, Calvino defendia a ideia de que a fé não era suficiente, uma vez que o homem já nascia predestinado, ou seja, escolhido por Deus para a vida eterna ou para a condenação. A riqueza material era um sinal da graça divina sobre o indivíduo. Essas ideias foram prontamente assimiladas pela burguesia de Genebra, pois justificavam não só o comércio, como também as atividades financeiras e o lucro a elas associado.

No aspecto moral, a doutrina calvinista se caracterizou pela extrema rigidez de costumes imposta aos seus fiéis. A cidade de Genebra passou a ser governada pela Igreja Calvinista, através de uma assembléia e um órgão de vigilância que impunha severa disciplina, proibindo jogos e danças, suprimindo as imagens e os altares dos templos e adotando uma liturgia[2] extremamente simplificada, concentrada no sermão, na oração e na leitura da Bíblia. O calvinismo propagou-se rapidamente, atingindo a França, a Inglaterra e a Escócia e contribuindo para a cisão definitiva entre a Igreja Católica e as Igrejas Reformadas”[3]. A figura de João Calvino.

A Reforma Anglicana

As reformas religiosas na Inglaterra estiveram diretamente ligadas ao rei Henrique VIII (1509-1547).  Católico, tido como defensor da fé pelo papado, Henrique VIII chegou a entrar em conflito com os luteranos. Entretanto, em 1527, devido ao episódio com Ana Bolena e Catarina de Aragão, rompeu com o papado. O que foi o dito episódio?

Durante o seu governo, Henrique VIII enfrentou forte pressão da burguesia, que desejava maior participação do Parlamento. A principal ideia da burguesia era acabar com as taxas que a Igreja andava cobrando, e que impediam o avanço comercial, além dos burgueses terem interesse em acabar com a ideia da usura.

Henrique VIII, necessitando aumentar as riquezas do Estado, aproveitou-se dessa situação para confiscar os bens da Igreja. Isso gerou desentendimentos com o papa, agravados quando o monarca solicitou a anulação de seu casamento com Catarina de Aragão. A anulação foi pedida porque, não tendo sucessores masculinos com a princesa espanhola, Henrique VIII temia que, em caso de sua morte, o trono inglês passasse para o controle da Espanha. Esse temor era compartilhado por toda a nação, que apoiou o rei, diante da negativa do papa em conceder-lhe o divórcio.

O rei então rompeu com o papado e promoveu uma reforma na Igreja inglesa, obrigando seus membros a reconhecê-lo como chefe supremo e a jurar-lhe fidelidade e obediência. Assim, Henrique VIII obteve do clero inglês o divórcio de Catarina de Aragão e pôde desposar Ana Bolena”[4]. O casamento com Ana Bolena foi feito com o apoio do bispo de Canterburg.

A doutrina anglicana foi a mais próxima à católica. A salvação, no entanto, também era pela predestinação. Houve a conservação de dois sacramentos (o batismo e a eucaristia[5]).                 

 

[2] a ordem e as cerimônias no ritual eclesiástico.

[3] Pazzinato, A. L.; Senise, M. H. V. – História Moderna e Contemporânea – São Paulo: Ática, 1997. p. 55

[4] Pazzinato, A. L.; Senise, M. H. V. – História Moderna e Contemporânea – São Paulo: Ática, 1997. p. 56

[5] sacramento em que, segundo o dogma católico, o corpo e o sangue de Jesus Cristo estão presentes sob as espécies do pão e do vinho.

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