sexta-feira, 14 de março de 2025

TEXTO-BASE - 2º Bloco de Tarefas de Casa - História - 7º Ano - 1º trimestre

 Olá pessoal!

O presente texto tem como finalidade principal atender à solicitação da SEEDUC acerca de dois objetos de aprendizagem que devem ser ministrados no decorrer do 1º trimestre. A saber, eis os objetos de aprendizagem:

(EF07HI01) Explicar o significado de “modernidade” e suas lógicas de inclusão e exclusão, com base em uma concepção europeia.

(EF07HI07) Descrever os processos de formação e consolidação das monarquias europeias, bem como as principais características dessas monarquias com vistas à compreensão das razões da centralização política.

Apesar de ser um conteúdo que trabalhamos sim no decorrer das nossas aulas do sétimo ano, não o fazemos no primeiro trimestre, e isso em virtude da necessidade em se retomar pontos cruciais da Roma Antiga, fundamentais para a compreensão da História Medieval.

Posto isso, eis o motivo de usarmos esse texto. Dado o fato de que se trata de uma demanda, e da importância da mesma, a leitura se encerra com exercícios para ajudar na revisão.

Por fim, o texto estará dividido em quatro partes. Também serão indicados vídeos e leituras complementares, ajudando assim a consolidar o conteúdo aqui apresentado.

Vamos começar!

1.    Monarquia: o que é isso?


Nosso primeiro esforço é compreender o significado da palavra monarquia. Usada com bastante frequência nas nossas aulas, e isso desde o 6º ano, quando falamos “monarquia” estamos, de fato, entendendo aquilo que estamos dizendo?

Façamos, de início, uma análise etimológica da palavra monarquia.

A palavra “monarquia” tem origem grega (monarkhía), sendo composto por mónos ("um") e arkhḗ ("poder"). Para ficar fácil a compreensão, lembremos que algo monocolor é aquilo que apresenta uma cor só. Já o sufixo “arquia” normalmente encerra palavras que apresentam modelos de política e governança: “democracia, monarquia, oligarquia”.

A monarquia é, sem dúvidas, um dos modelos mais antigos de governo usados pelos seres humanos. Há registros de regimes monárquicos desde a pré-História, lá no período Neolítico. Estudos mostram, por exemplo, que aldeamentos neolíticos tinham estruturas monárquicas simples, onde o rei normalmente era o dono da maior parte das terras, ou o chefe religioso, ou o maior guerreiro. Também poderia ser essas três coisas juntas.


Como o próprio termo define, o rei governa sozinho (um, mono), podendo ser ou não ajudado por outras estruturas de poder. Normalmente, o cargo é vitalício e hereditário; ou seja, o rei só é substituído quando morre; e a sucessão é feita de pai para filho, ou através de uma indicação dada pelo rei. Mas isso não pode ser visto como uma regra geral, pois houve civilizações onde havia uma espécie de eleição para escolher o futuro rei, frente à morte do monarca anterior. Um exemplo é a monarquia romana (753 – 509 a.C.), onde o sucessor era escolhido através de uma ação do Conselho dos Anciãos, chamado futuramente de Senado. Mas dizer que sempre foram respeitadas essas indicações, é um tanto quanto errado. Vimos que golpes e assassinatos ocorreram.

Atualmente, existem no mundo 44 países que adotam a monarquia de diferentes maneiras, muitas das quais sendo o rei ou rainha uma mera figura nacional, sem grande relevância no andamento da política daquela nação (no caso do Reino Unido, do qual faz parte a Inglaterra, chamamos de Monarquia Constitucional).

Na imagem, rei britânico, Charles III

2.    A figura do rei no decorrer da História

É importante que saibamos que a figura do rei assumiu diferentes papéis e configurações no decorrer da História, algo que, muitas das vezes, passa despercebido por nós, mas tem uma enorme importância para entendermos a figura do rei na chamada Idade Moderna, ponto central da nossa análise.

E a primeira figura, cronológica inclusive, é a figura do rei-guerreiro.

2.A. O rei guerreiro

Muitas das civilizações da Antiguidade tiveram na figura do rei-guerreiro o início de sua monarquia. Trata-se daquele rei que é o general dos seus exércitos, que vai ao campo de batalha, luta, lidera, motiva seus guerreiros.

Exemplos não faltam.

Leônidas (540 – 480 a.C.), rei de Esparta, foi um dos hoplitas mais famosos dessa belicista cidade-Estado grega.

Hoplitas eram os cidadãos espartanos. E para ser cidadão em Esparta, fundamentalmente era necessário ser um soldado. Era a exigente carreira militar que levava à cidadania em Esparta.

Governando entre 491 e 480 a.C., Leônidas foi o sucessor de seu irmão, Cleómenes I. Leônidas foi peça fundamental nas guerras dos espartanos contra os persas (as chamadas Guerras Médicas), virando até tema de história em quadrinhos, sendo também, representado em filmes.

Cena do filme “300”. Eis Leônidas no primeiro plano.

Foi morto em batalha, lutando contra uma invasão persa, na conhecida Batalha das Termópilas, em 480 a.C.  

E aqui temos um problema e uma explicação para o fato da figura do rei-guerreiro parar de ser recorrente nas civilizações. Nem sempre substituir um rei era um processo fácil e tranquilo. Ao contrário, muitas vezes tinha início uma enorme disputa entre prováveis sucessores, dando início a uma guerra dentro da civilização.

E perder um rei em campo de batalha abria espaço para perigosos acontecimentos. Vide o caso de Alexandre, o Grande (356 – 323 a.C.), rei macedônico, responsável por uma expansão inacreditável. Após a sua morte, caos total. Briga entre generais e o completo esfacelamento do Império Macedônico.

Houve ainda alguns reis que parecem não ter aprendido bem essa lição, e cometeram os mesmos erros. Na Inglaterra, o rei Ricardo Coração de Leão (1157 – 1199) deixou a coroa para ir lutar nas Cruzadas. Resultado: seu irmão mais novo, João Sem-Terra (1166 – 1216), não pensou duas vezes, e tomou o poder, tornando-se Rei João I. Vacilo do rei Ricardo, sem dúvidas. Ah, e o resultado da ida do rei às Cruzadas não significou nada de grandioso.

Apesar de ter papel destacável na 3ª Cruzada, chamado inclusive de herói, Ricardo Coração de Leão presenciou o fato de que os eventos finais e desavenças entre as lideranças católicas, fizeram com que as conquistas caíssem uma por uma. Talvez fosse melhor ter ficado na Inglaterra mesmo...

Pior foi o rei português dom Sebastião (1554 – 1578), que partiu para Marrocos, lutar contra os “infiéis e pagãos”. Sem deixar herdeiros, reza a lenda que o pobre rei mal chegou a descer da embarcação no litoral marroquino. Morreu. E, por questões sucessórias, a Coroa Portuguesa foi parar nas mãos da Espanha por mais de meio século, configurando um período chamado de União Ibérica (1580 – 1640).

2.B. O rei das alianças

Começou a ficar claro, principalmente nos primeiros séculos da nossa Era, a chamada Era Cristã, que um rei precisaria construir alianças para governar de forma relativamente tranquila. Em outras palavras, ter apoio de outros setores e pessoas poderosas do seu reino.

E isso pode ser comprovado citando o caso de um dos reinos bárbaros.

Desde os primórdios de sua formação, o reino Franco só conseguiu efetivar sua união devido ao fato de aderir à Igreja Romana e defender o cristianismo. A união se deu por motivos religiosos e políticos. A Igreja concedeu ao rei franco uma espécie de título (major domus), que remetia à figura do imperador romano. Nome disso: ALIANÇA!

Após a vitória de Carlos Martel contra os muçulmanos, seu filho e sucessor, Pepino, o Breve, formou uma aliança ainda mais forte com a Igreja. Pepino doou as terras que formariam o Estado Pontifício e em 751 iniciou a dinastia Carolíngia. Em troca, a Igreja concedeu ao filho de Pepino, o Breve, Carlos Magno, o título de imperador.

Oras, essa aliança rei – Igreja Católica será uma das marcas mais fortes da Idade Média e, em alguns países, da Idade Moderna. Tanto que Portugal e outras nações serão conhecidos como reinos católicos.

Mas não foram só de alianças com a Igreja, a maior suserana da Europa Feudal, que os reis medievais viveram.

Havia fortes e importantes alianças entre senhores feudais. As obrigações e vínculos eram muitos e fundamentais para a manutenção da sociedade.  E esses vínculos moldaram toda a estrutura social da Europa do período. “Entre os guerreiros-proprietários, estabelece-se logo, uma clara distinção do cunho sócio militar: os aristocratas, grandes proprietários, verdadeiros chefes regionais; os médios proprietários, comandantes locais; e os simples proprietários, meros guerreiros[1].

As teias dessas relações eram os vínculos de dependência entre os senhores feudais, chamados de suserania e vassalagem (ou vassalagem de benefício).

Para explicar, pensemos em uma Europa dividida em inúmeros feudos, usando como exemplo uma grande colcha de retalhos, com diversas cores e tamanhos. As linhas da colcha, costurando os mais diversos pedaços, eram as relações e instituições, evitando também conflitos intermináveis[2], dentre as quais as relações de suserania e vassalagem. O que seria isso? Veja os esquemas abaixo:


Uma última análise. O exercício da guerra e da figura do rei-guerreiro não é eliminada de uma hora para outra nesse período (e nem no posterior, como já pudemos notar com o rei dom Sebastião). Basta lermos o trecho abaixo para entendermos a sua importância e presença, mesmo em um contexto diferente.

A questão militar é tão forte que até em situações onde não existia um conflito, ela estava presente. Dois exemplos básicos ilustram isso: “os casamentos dos filhos dos reis e de aristocratas pressupõem sempre que um contingente de guerreiros faça parte do dote da noiva. qualquer funcionário leal, quando no exercício de suas funções administrativas, faz-se sempre acompanhar por uma escolta de guerreiros”[3] 

2.C. Começa a nascer o rei do Estado Moderno

Esse é um dos pontos mais diretamente associados aos objetos de aprendizagem solicitados. Mas cabe uma pergunta (e que abrirá para tantas outras): fundamentalmente quais as diferenças de um rei medieval para um rei do Estado Moderno?

Para respondermos a essa questão, devemos, primeiramente, explicar conceitos básicos, e que nos fazer pular para o item 3 do nosso texto.

3.    Conceitos Básicos

O Estado Moderno recebe esse nome por estar encaixado no período que definimos como História Moderna, indo do final século XV até o final do século XVIII. Apesar disso, o primeiro modelo de Estado Moderno, com a configuração de uma monarquia de Estado Nacional na Europa, foi formado no final do século XII, ainda na Idade Média.

Estamos falando de Portugal.

A ideia aqui não é fazer uma análise da história que levou à formação do Estado Nacional português, algo que, sem dúvidas, faremos em outro momento e com outros textos. A ideia é exemplificar através do caso português para que, assim, consigamos explicar conceitos.

No final da Idade Média foi a burguesia uma das maiores responsáveis pela formação de alguns dos Estados Nacionais. Em algumas situações seu poder político (decorrente do crescimento econômico que conquistara) era tão grande que foi ela quem sentou ao lado do futuro rei para decidir algumas leis, discutir algumas medidas que seriam adotadas, algumas regras que deveriam valer, obviamente pensando no fato de que as atividades comerciais deveriam entrar na pauta de reunião do futuro monarca.

O raciocínio era simples: pergunta o burguês “você irá nos ajudar?”. O rei, sem muitas possibilidades de escolha (e também acreditando que lucraria com a troca), respondia que sim. “Pois bem, iremos financiar e apoiar o seu reino” responderiam os burgueses.

Essa questão do apoio da burguesia ao rei derrubou definitivamente a figura do senhor feudal. Leo Huberman, em seu livro a “História da Riqueza do Homem”, nos mostra isso. Acompanhe um trecho que comprova a nossa afirmação:

O rei fora um aliado forte das cidades na luta contra os senhores feudais. Tudo o que reduzisse a força dos senhores feudais fortalecia o poder real. Em recompensa pela sua ajuda, os cidadãos (aqui como habitantes das cidades, os burgueses) estavam prontos a auxiliar o rei com empréstimos em dinheiro. Isso era importante porque, com dinheiro, o rei podia dispensar a ajuda militar de seus vassalos. Podia contratar e pagar um exército pronto, sempre a seu serviço, sem depender da lealdade de um senhor. Seria também um exército melhor, porque tinha uma única ocupação: lutar. Os soldados feudais não tinham preparo nem organização regular que lhes permitisse atuar em conjunto, com harmonia[4].

Esse é o primeiro e importante conceito que deve ficar claro na nossa cabeça sobre       o rei do Estado Moderno: ele governa através de alianças mais amplas, e com o difícil e complexo jogo em atender interesses diferentes, muitas vezes conflitantes.

Também se torna claro que o rei do Estado Moderno precisa construir uma relativa independência quanto aos vínculos com outros nobres, e, para tanto, faz uso dos recursos burgueses, conseguidos através do comércio, por exemplo.

Assim, o rei reúne recursos para equipar o exército, eliminar os vínculos de dependência com os seus vassalos (que muitas vezes colocavam dificuldades para auxiliar um suserano que estivesse aumentando seu poder).

O estado nacional português nasceu também dessa aliança rei – burguesia.

Sendo assim, podemos retomar o ponto 2.C!

Óbvio que a figura do rei do Estado Moderno ainda estava estruturada basicamente na ideia de uma série de cerimônias e rituais, garantindo a coroação, aclamação e legitimidade do monarca. Isso explica o porquê de uma carta ser assinada por João Sem-Terra, quando este tornou-se rei da Inglaterra, na presença de membros da burguesia, da nobreza e da Igreja Católica. Legitimidade, inclusive garantida por um documento escrito, no caso, o mais importante da Inglaterra do período, a Magna Carta, em 1215.

Agora, isso NEM DE PERTO SIGNIFICA que esse monarca terá como marca principal o diálogo e o acolhimento de todos os setores da sociedade. Ao contrário, o que se confirma e verifica é a exclusão da maior parte da população, alijada de quaisquer direitos políticos e participação nas decisões acerca do futuro da nação. A exclusão só foi reafirmada na Idade Moderna. E, veremos, sob diversos aspectos.

Portanto, em resumo, podemos identificar como elementos centrais desse rei do Estado Nacional Moderno e de sua governança as seguintes características:

- Aliança do rei com a burguesia;

- Fim dos vínculos de dependência com os suseranos;

- Construção de uma ideia de nação, com a presença de documentos nacionais (como a Magna Carta), de uma moeda nacional única (facilitando assim as trocas comerciais); de leis para o território todo e de um exército nacional;

- Passagem do Feudalismo para o Capitalismo, marcado pelo florescimento e fortalecimento da burguesia;

- Presença de uma Europa mais urbanizada.

  2.D. Rei forte, Estado Nacional Forte?

No ciclo dessas transformações, e como uma marca consolidada do Estado Nacional Moderno, surge o rei absolutista. E o termo absolutista é literal. O rei tinha poder absoluto, confundindo-se muitas vezes com a própria existência do Estado Nacional (ou seja, a ideia de que ele era o poder, a representação maior da nação).

Oras, em um poder absoluto diálogo não é pauta do monarca. E, para tanto, há setores, inclusive a burguesia, que precisaram apoiar e financiar esses líderes absolutistas. Foi o que ocorreu em algumas monarquias europeias entre os séculos XVI e XVIII. E o caso que usaremos aqui para exemplificar é o inglês.

O desenvolvimento marítimo da Inglaterra, permitindo que a mesma se tornasse uma potência durante as Grandes Navegações (séculos XV – XVI), se deu graças ao governo do rei absolutista Henrique VIII.


O grande feito do rei Henrique VIII (imagem) foi a modernização da marinha inglesa, quadruplicando a quantidade de embarcações. “A partir de 1579, os galeões da frota real passaram a ser equipados com canhões de longo alcance, fato que lhes permitia 'acertar os navios inimigos a uma grande distância. Além de servirem ao comércio, os navios passaram a servir também à guerra, favorecendo a expansão marítima inglesa.

Em 1588, os ingleses enfrentaram e venceram a ‘Invencível Armada’ de Filipe II, aplicando um sério golpe no prestígio da Espanha, considerada então o mais poderoso país europeu. A partir daí, intensificaram-se as viagens de navegadores e de corsários à América, com o objetivo de saquear as embarcações espanholas carregadas de ouro e de empreender contrabando com as Antilhas[5].

Partindo disso, como podemos definir o rei absolutista? Segue um breve resumo do Absolutismo.

Pode ser resumidamente definido como um sistema político e administrativo que prevaleceu na Europa entre os séculos XVI e XVIII. Tal sistema possibilitou uma grande centralização do poder nas mãos do rei. Nesse processo o rei contou com o apoio da burguesia, pois era interessante para a mesma um governo forte e capaz de direcionar os recursos para a realização da expansão ultramarina. O rei concentrava praticamente todos os poderes.

Em resumo:

- O rei tinha poder absoluto sobre o seu Estado, o que indica uma administração era centralizada, que não havia limites constitucionais, que o rei acumulava poderes para instituir tributos e regulamentava os impostos a serem cobrados no seu território;

- Como já lemos, o rei tinha o apoio da burguesia, da ordem intelectual e filosófica. Nosso último ponto, a começar em breve, discutirá isso.

Agora, por que eu coloco interrogação nesse item (2.D. Rei forte, Estado Nacional Forte?)? Porque, via de regra, após monarcas absolutistas, os Estados Nacionais mergulharam em crises políticas que, quando não derrubaram definitivamente a monarquia, chegando a cortar as cabeças dos membros da família real, promoveram mudanças políticas sérias, a ponto de adotar regimes republicanos. A ideia de um poder extremamente centralizado em uma época de tamanhas mudanças, como foi a Idade Moderna, era algo perigosamente instável. A Europa passava por inúmeras transformações.

4.    A Idade Moderna, as monarquias e a figura do rei

Podemos afirmar que a análise da Europa no século XIV é fundamental para entendermos a ligação entre as palavras que aparecem no título do tópico quatro, bem como compreender a importância do Renascimento.

No entanto, não é nosso propósito uma análise detalhada sobre o Renascimento, algo que será devidamente feito no decorrer do ano. Faremos aqui algumas referências sobre o tema, tendo como intuito principal atender aos objetivos do texto.

Se observarmos o que ocorria entre o final do século XIII (em torno de 1270) até o final do século XV chegaríamos a incrível conclusão de que um conjunto de transformações atingia a sociedade europeia.

A princípio, podemos partir do fato de que na Baixa Idade Média começaram ocorrer a ampliação e diversificação das atividades comerciais e urbanas. Como resultado dos Renascimentos Comercial e Urbano tivemos o aparecimento da classe burguesa, imprimindo uma visão absolutamente nova a sociedade que era, até o momento, ligada às tradições e costumes feudais. Visão essa que se estendia a maneira como o homem enxergava e entendia a sociedade. Ao mesmo tempo, a Europa era assolada pelas crises epidêmicas e pelo movimento de formação e fortalecimento dos Estados Nacionais. O mundo medieval sofria transformações irreversíveis.

O aparecimento da classe burguesa trazia uma nova possibilidade de realidade socioeconômica. Citando José Geraldo Vinci de Moraes, “nesse momento começava a surgir o burguês com uma visão de mundo e de natureza bem diferente do homem medieval, o que seria muito importante para questionar e superar o universo da Idade Média[6]. O que ficou claro era a necessidade de a burguesia construir uma identidade cultural legitima que a auxiliasse e incentivasse suas atividades, além de combater as estruturas feudais, que dificultavam a expansão do comércio.

Isso porque a prática de cobrança de juros pela burguesia era considerada um pecado daqueles bem cabeludos pela Igreja Católica. Ou seja, a atividade burguesa tinha um caráter pecaminoso segundo os princípios católicos do período.

Uma das primeiras medidas adotada pela burguesia foi ampliar e divulgar o conhecimento como uma das formas de combater as estruturas engessadas do Sistema Feudal. A burguesia passou a apoiar grupos de estudiosos e cientistas. “A partir desse movimento introduziu-se na formação educacional ‘os estudos humanos’ (história, filosofia, retórica, matemática e poesia), que procuravam dar condições para o progresso e desenvolvimento humano[7]. As pessoas responsáveis por realizar esse movimento, o Humanismo, ficaram conhecidas como humanistas. O Humanismo foi o despertar do Renascimento.

A ocorrência do Humanismo esteve diretamente ligada a passagem lenta e gradual para uma visão que se baseava na análise do mundo concreto e físico dos seres humanos, cercado de problemas, aflições, sentimentos etc. Era o surgimento de uma visão antropocêntrica (antropo: homem; cêntrica: no centro de todas as coisas/ do Universo), glorificando a natureza humana. Era o despertar do Renascimento.

Tá! E de que maneira as monarquias e seus respectivos reis entram nisso? Oras, a partir desse momento, pensadores e intelectuais passaram a estudar e produzir obras, cultura, moda, arte associadas às nascentes monarquiais nacionais. Desde estudos sobre a economia nacional, até a presença de importantes renascentistas dentro das cortes, a ideia era dar um ar de modernidade a já arcaica estrutura monárquica. Tanto que o rei francês Francisco (1494 – 1547) levou o famoso Leonardo da Vinci para viver em seu castelo. Francisco I também foi o patrono do Renascimento Francês!

 Para finalizar, três vídeos que podem ajudar você a compreender melhor aquilo que foi trabalhado nos textos. Não são obrigatórios.

1º vídeo: a formação dos Estados Modernos


2º vídeo: o Estado Moderno


3º vídeo: fome, peste e guerra – o século XIV na Europa Medieval

Agora, seis exercícios! Esses sim SÃO OBRIGATÓRIOS!

1) Resumidamente, indique duas características da monarquia.

2) Indique diferenças entre um rei medieval e um rei do Estado Moderno.

3) Escreva de que maneira os camponeses europeus participavam da política dos Estados Nacionais.

4) Pesquise a vida e o governo de um rei de um Estado Moderno (exemplo: um rei francês do século XVI, ou um português do século XV).

5) Resumidamente, explique o que foi o Absolutismo.

6) Faça um painel (pode ser um pequeno mapa mental) do Estado Nacional Moderno. 



[1] Rezende Filho, Cyro de Barros. Guerra e guerreiros na Idade Média/ Cyro de Barros Rezende Filho. – São Paulo; Contexto, 1996. (Coleção repensando a história geral). p. 32.

[2] Já pensou na quantidade de conflitos que um senhor feudal estaria envolvido para proteger suas terras de outros feudos?

[3] Rezende Filho, Cyro de Barros. Guerra e guerreiros na Idade Média/ Cyro de Barros Rezende Filho. – São Paulo; Contexto, 1996. (Coleção repensando a história geral). p. 28. (modificado)

[4] Huberman, Leo. História da riqueza do homem/ Leo Huberman; tradução de Waltensir Dutra. – 21ª. ed. – Rio de Janeiro: Guanabara, 1986. pp.72 – 73 (adaptado)

[6] Moraes, J. G. Vinci de. “Caminhos das Civilizações – da Pré-História aos dias atuais” - São Paulo: Atual, 1993.  p. 129

[7] Moraes, J. G. Vinci de. “Caminhos das Civilizações – da Pré-História aos dias atuais” - São Paulo: Atual, 1993.  p. 168