terça-feira, 29 de janeiro de 2019

9º Texto - Magazine Histórico do 7º Ano - EMEF Leandro Klein


9º Texto – A Europa em transformação
professor Pedro Henrique Ramos
A partir deste texto você irá conhecer as transformações que marcaram a Europa a partir do século XI. Optei em começar tratando das Cruzadas, mas, atrelada à ela, temos outros importantes eventos, que também serão detalhados a partir de agora. Boa leitura.
Como podemos definir as Cruzadas? Tradicionalmente, são definidas como expedições militares, organizadas pela Igreja, que visavam combater muçulmanos e bizantinos (primordialmente) e libertar a chamada Terra Santa das mãos desses povos.  
Estudar as Cruzadas é remeter-se a um assunto que já virou roteiro de filme, artigo para as mais diversas revistas, palco para narrativas fictícias... Portanto, há uma explosão de visões sobre um assunto que, infelizmente, poucos efetivamente conhecem.

Quer um simples exemplo?
Os cruzados (imagem ao lado) eram os soldados dessas expedições. A verdade é que a maioria dos homens vestia-se mal e parcamente, além de carregar armas extremamente precárias, sem ter quase nenhum preparo, falta de apoio... Excetuando alguns casos, o treinamento era inexistente. Portanto, a imagem de homens bem vestidos e equipados chega a ser bem equivocada.
Movimento complexo, seja pelo seja pelo enorme período em que ocorreu - desde os fins do século XI até meados do século XIII –, seja pelas enormes mudanças que provocou na sociedade medieval, o termo cruzada em si está diretamente ligado às vestimentas utilizadas pelos homens (os “soldados de Cristo”).
As Cruzadas tiveram vários fatores que as motivaram, dentre os quais os de natureza religiosa, social e econômica. A base, é claro, vem da própria cultura e mentalidade presentes na época. A Igreja passou a defender a participação dos fiéis na chamada “Guerra Santa”, “prometendo a eles recompensas divinas, como a salvação da alma e a vida eterna, através de sucessivas pregações realizadas em toda a Europa[1]. Seria mais ou menos assim: “pecou? Quer ser perdoado? Um jeito é se tornar um Cruzado!”. O papa Urbano II foi o idealizador da primeira Cruzada.
Se fossemos analisar os objetivos religiosos e militares das Cruzadas poderíamos afirmar que houve um fracasso, afinal, das oito Cruzadas realizadas, nenhuma obteve sucesso por mais de cem anos em dominar as terras pretendidas. Algumas expedições conquistaram regiões, logo reconquistadas pelos povos orientais.
Mapa com as Oito Cruzadas.

No entanto, do ponto de vista econômico... Sucesso! Os interesses comerciais das cidades da península itálica em abrir, ativar e reativar rotas comerciais motivou-as a iniciar a 4ª Cruzada. Saíam os cruzados do interior da Europa. Passavam pela península itálica. Partiam para o Oriente. E em cada uma das paradas os cruzados trocavam mercadorias e, muitas vezes, traziam novos produtos para as cidades italianas como Veneza, por exemplo. Para se ter uma ideia, foi uma cidade italiana que bancou a logística da quarta cruzada. 
A quarta cruzada também foi a primeira a contar com uma massiva aparelhagem marítima. O objetivo era claro: reabrir as rotas comerciais do mar Mediterrâneo!
Além do mais
Há situações que entram para a História, literalmente. Imagine você um papa que se veste de guerreiro medieval e parte junto com os fiéis para lutar contra os chamados “povos pagãos” ou inimigos. Pois bem, tal situação foi corriqueira a partir das Cruzadas. E não foram só alguns papas que partiram. Reis, como foi o caso do monarca inglês Ricardo Coração de Leão, se vestiram também do ideal de que estavam cumprindo uma missão (além de resolver alguns probleminhas que afloravam na sociedade medieval).
E os discursos, registrados em documentos, comprovam isso. Acompanhe.  Em Clermont, na França, no ano de 1095, o papa Urbano II assim dizia: “Deixai os que outrora estavam acostumados a se baterem, impiedosamente, contra os fiéis, em guerras particulares, lutarem contra os infiéis... Deixai os que aqui foram ladrões tornarem-se soldados. Deixai aqueles que outrora se baterem contra seus irmãos e parentes, lutarem agora contra os bárbaros, como devem. Deixai os que outrora foram mercenários, a baixos salários, receberem agora a recompensa eterna...” [2]. O mesmo papa também faz neste discurso um apelo bem sentimental (por certo reproduzido nas capelas espalhadas pela Europa), conclamando a participação dos fiéis, através de citações do Evangelho: “todo aquele que deixar seu pai ou sua mãe, ou a mulher ou os filhos ou as terras por amor de meu nome receberá o cêntuplo nesta terra e terá a vida eterna[3].
Mas, como lido,  havia motivos comerciais muito claros nas Cruzadas. Na quarta cruzada, como vimos, a cidade de Veneza patrocinou as viagens até o Oriente Próximo após uma série de acordos. Quando os nobres barões franceses pediram auxilio a rica cidade de Veneza, a pergunta dos venezianos foi simples:
“- Sob quais condições?” [4].
E a negociação terminou com o seguinte combinado: os cruzados deveriam pagar “quatro marcos por cavalo e dois por homem[5], além de fornecerem riquezas materiais conseguidas na expedição. Fico então na dúvida se o símbolo mais adequado para as Cruzadas não seria o desenho ao lado... O que você acha?

Exercícios de Revisão -  data de entrega: _______/______/________
Faça uma pesquisa para ser entregue na data abaixo estipulada sobre uma das Oito Cruzadas ocorridas. Atenção, a pesquisa pode ser digitada. Porém, se a mesma resumir-se a mera cópia de texto, haverá desconto da nota de Ética.
 Bibliografia básica (1º ao 10º Texto)

Andrade, Ana Luíza Mello Santiago. Monarquia Romana. Disponível em: <https://www.infoescola.com/historia/monarquia-romana/>. Acesso em: 22/01/2019.

Boulos Júnior, A. História: Sociedade & Cidadania – 6a. Série. 1ª Edição. São Paulo: Editora FTD, 2006.
Ciências Humanas – Pré Vestibular: Volume 1 – São Paulo, Editora COC, 1999.
Franco Jr., Hilário. A Idade Média – O nascimento do Ocidente. – 6ª. ed. – São Paulo: Brasiliense, 1995.
Cruzadas. 2009. Disponível em:
<http://cozacekruger.blogspot.com/2009/04/cruzadas-as-cruzadas-sao.html>. Acesso em: 22/01/2019.
Dufaur, Luis. Fatos que antecederam a 1ª Cruzada (II): Concílios de Piacenza e Clermont Ferrand, sermão do Beato Papa Urbano II. 2009. Disponível em: <https://ascruzadas.blogspot.com/2009/03/fatos-que-antecederam-i-cruzada-ii.html>. Acesso em: 22/01/2019.
Freitas, Gustavo de. 900 textos e documentos de História. Lisboa: Editora Plátano, 1976.
Huberman, Leo. História da riqueza do homem/ Leo Huberman; tradução de Waltensir Dutra. – 21ª. ed. – Rio de Janeiro: Guanabara, 1986.
Le Goff, Jacques. A civilização do Ocidente Medieval. Vol. II  - Lisboa: Estampa, 1984.
Leoni, G. D. “A Literatura de Roma” – 6ª ed. – São Paulo: Livraria Nobel S. A., 1961
Marx, Karl. Manifesto do partido comunista/ Karl Marx / c/ Friedrich Engels; tradução de Sueli Tomazzini Barros  Cassal. – Porto Alegre: L&PM, 2002
Pazzinato, A L.; Senise, M. H. V. - História Moderna e Contemporânea. 6ª Edição. - São Paulo: Editora Ática, 1997
Ramos, Jefferson Evandro Machado. História da Roma Antiga e o Império Romano. 1994. Disponível em: <https://www.suapesquisa.com/imperioromano/>. Acesso em: 22/01/2019.
Rezende Filho, Cyro de Barros. Guerra e guerreiros na Idade Média/ Cyro de Barros Rezende Filho. – São Paulo; Contexto, 1996. (Coleção repensando a história geral).


[1]http://cozacekruger.blogspot.com/2009/04/cruzadas-as-cruzadas-sao.html
[2] Huberman, Leo. História da riqueza do homem/ Leo Huberman; tradução de Waltensir Dutra. – 21ª. ed. – Rio de Janeiro: Guanabara, 1986. p. 19
[4] Huberman, Leo. História da riqueza do homem/ Leo Huberman; tradução de Waltensir Dutra. – 21ª. ed. – Rio de Janeiro: Guanabara, 1986. p. 20
[5] Huberman, Leo. História da riqueza do homem/ Leo Huberman; tradução de Waltensir Dutra. – 21ª. ed. – Rio de Janeiro: Guanabara, 1986. p. 20

8º Texto - Magazine Histórico do 7º Ano - EMEF Leandro Klein


Um castelo medieval
professor Pedro Henrique Ramos
Um dos assuntos que mais desperta a curiosidade das pessoas, sejam historiadoras ou não, é sobre os castelos, principalmente os medievais. No entanto, parte do encanto é fruto de desinformação, de ideias equivocadas. Castelos medievais jamais foram residências marcadas por ambientes agradáveis. Ao contrário! É sabido que muitas dessas construções eram ambientes bem insalubres, palcos de doenças das mais diversas ordens. E os porquês disso você entenderá agora.
A primeira coisa que devemos ter clareza é de que não havia um padrão de tamanho para os castelos. Havia desde os pequeninos, fortificações feitas de madeira, até grandes construções, que chegavam a abrigar cidades em seus interiores. Dentro dos castelos viviam diversas pessoas, de prestadores de serviços aos membros mais poderosos da sociedade medieval.
Utilizaremos para a nossa análise o castelo que aparece representado na coleção “Conhecer por Dentro”[1], no entanto fazendo referências a outras construções. 
Diante de uma sociedade profundamente militarizada, castelos cumpriam a função de serem áreas mais seguras (ou menos inseguras). Tomá-los não era tarefa fácil. Havia diversos mecanismos impedindo a entrada dos invasores.
Comecemos pelas pontes e grades levadiças!
Configuradas como as áreas mais vulneráveis de um castelo, para a segurança do mesmo era comum a presença de fossos cheios de água (havia também os fossos secos), criando uma barreira. “Para chegar ao portão era preciso atravessar uma ponte levadiça, que podia ser erguida em poucos segundos[2].    
Visando dar uma segurança ainda maior havia ainda uma grade levadiça, que poderia ser baixada sobre os inimigos, matando-os.
Os mecanismos de proteção de um castelo não se limitavam as pontes, grades... Havia fendas estreitas nos muros dos castelos, principalmente na área de passeio (áreas onde os soldados circulavam no topo das muralhas), de onde os soldados jogavam pedras, atiravam flechas, água quente, piche...

Tínhamos também a presença de canhões a partir do século XIV. No início, eram apenas tubos de metal presos a estruturas de madeira. E as ameias, estruturas protetoras no topo das muralhas, evitando que o que era lançado para dentro do castelo chegasse ao seu objetivo. Na imagem abaixo do portão, uma ameia.
Apesar dessa segurança, a vida no castelo não era nada agradável. O cheiro era repulsivo, os ambientes marcados por intensa fumaça, prejudicando ainda mais a luminosidade. Ambientes escuros, fétidos e insalubres.
A área da cozinha ficava nas partes térreas do castelo. E as chaminés só se tornaram comuns a partir do século XIV. Antes disso, a fumaça saia por um buraco. Resultado: uma névoa constante dentro dos cômodos do castelo.
Para piorar, não tínhamos a presença de muitas janelas, afinal, espaços assim indicariam
prováveis locais por onde os inimigos entrariam. E até o século XV era praticamente improvável achar janelas envidraçadas. A maioria era de madeira, impedindo a entrada de luz.
Vai piorar...
Sanitários? Não existiam. Apesar de ser uma invenção da segunda metade do século XVI[3], não pense que o castelo as possuía. Sendo assim, os moradores desses lugares resolviam o problema sentando-se em bancos de madeira com um furo no devido lugar e... Bem, você sabe!
Para onde iam fezes e urina? Oras, escorregavam por buracos para as paredes externas do castelo, caindo na água do fosso, ou criando uma asquerosa ornamentação nas muralhas.
Havia, no entanto, dejetos que iam para uma fossa, dentro do castelo. E daí, um servo, o limpador de fossas, cuidava de retirar os dejetos! Detalhe: era comum que essas fossas estivessem próximas ao local onde alimentos eram estocados. Bem, não preciso escrever quais as consequências disso. A mosca que pousa nas fezes também adora visitar o pedaço de pão.
Em inglês, essas medievais privadas eram chamadas de garderobes.

Água potável era artigo de luxo. E vinha de um poço subterrâneo. E era consumida somente pelos mais ricos e, mesmo assim, com pouca regularidade. A maioria das pessoas ingeria cerveja, uma cerveja forte. E isso incluía as crianças.
Consumir cerveja era algo comum. Primeiro porque as carnes eram salgadas para conservação. O problema é que a enorme quantidade de sal dava uma sede. E, além disso, a cerveja estragava rapidinho.
Poderíamos listar outra série de situações que fazia com que os castelos fossem áreas pouco agradáveis. Porém, para encerrar esse texto, conto mais uma.
Os presos ficavam normalmente trancafiados em porões subterrâneos, que receberam o nome de oubliettes. O que significa isso? Oubiiette vem do verbo oublier, um verbo francês que significa ESQUECER.
É isso mesmo! Os prisioneiros costumeiramente eram esquecidos, morrendo de sede, fome... Na imagem ao lado, o esquema de um oubliette.

Atenção! Não nos esqueçamos! A maioria dos castelos medievais era de madeira! O castelo representado abaixo é obra rara, e tais construções só existiram a partir da Baixa Idade Média.

Exercícios de Revisão   -  para entregar na data:____/______/____
Faça um pesquisa sobre os castelos medievais. Atenção, a pesquisa pode ser digitada. Porém, se for mera cópia de texto, o discente perderá uma rodada de figurinhas e dois pontos na média de ética.




[1] Conhecer por Dentro. São Paulo: Empresa Folha da Manhã S. A., 1995. 
[2] Conhecer por Dentro. São Paulo: Empresa Folha da Manhã S. A., 1995. p. 8
[3] Os sanitários! As privadas vieram séculos depois!

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

10º Texto - Magazine Histórico do 6º Ano - EMEF Leandro Klein


10º  Texto -As primeiras civilizações e a escrita  
professor Pedro Henrique Ramos
Queridos leitores, estamos encerrando o Magazine Histórico do 1º Trimestre! E hoje iremos analisar como as primeiras civilizações foram formadas e como o surgimento da escrita esteve associado a esse processo. Vamos começar.
Podemos partir da análise de que o processo de formação das primeiras civilizações ocorreu em diversas regiões do mundo e com povos e culturas diferentes. Assim, não existiu um padrão exatamente igual para a formação das primeiras civilizações, mas algumas características foram muito comuns.
Os egípcios se originaram nas regiões do rio Nilo e os mesopotâmicos entre os rios Tigre e Eufrates, na chamada região do Crescente Fértil. Já os chineses formaram sua sociedade às margens e nos vales dos rios Hoang-Ho (Amarelo) e Yang-Tse Kiang (Azul). O surgimento do Estado (onde um grupo dirigente ficava responsável por controlar a vida da comunidade) veio após o aparecimento da agricultura e do aumento populacional. Foram essas mudanças que passaram a exigir que um grupo de pessoas se responsabilizasse por coordenar a produção e distribuição dos alimentos e os instrumentos de trabalho. Outra necessidade era a de pessoas para controlar a construção de obras públicas, como canais de irrigação e diques. Essas tarefas, como dissemos, passaram a ser realizadas por um grupo dirigente, com poder para controlar a vida da comunidade. Estava nascendo o Estado, ou seja, uma organização de pessoas com plena autoridade sobre a população, podendo, por exemplo, criar e cobrar impostos, julgar os crimes e fazer as leis.
O rio Nilo. Cortando áreas de deserto, torna regiões áridas em campos férteis.

A escrita foi uma das principais invenções, sendo entendida como elemento fundamental para a organização da vida em comunidade. Foi criada por volta de 3.200 a.C., e vários são os fatores que explicam o nascimento da escrita. Vamos observar os três principais:
1º - a necessidade de contar os produtos comercializados, os impostos arrecadados e os funcionários do Estado;
2º - a construção das estruturas das obras, que exigira a criação de um sistema de sinais numéricos para a realização dos cálculos geométricos;
3º - com a escrita o ser humano criou uma forma de registrar suas ideias e de se comunicar.
E, ao falar em contar, nós nos lembramos da matemática! E, acredite, a matemática foi uma das primeiras formas de escrita a ser inventada. Aliás, as civilizações do Egito, da Mesopotâmia, bem como as civilizações chinesa e árabe escreveram primeiramente de forma matemática. Era importante contabilizar (contar) o que era produzido e quais as exatas medidas que deveriam ser usadas na construção de uma pirâmide, no caso da civilização egípcia, para que esta não caísse.
Ao lado, a escrita cuneiforme suméria, usada pelos mesopotâmicos.

Além do mais
Vamos pensar um pouco sobre a Era dos Metais!
Segundo os pesquisadores, os metais começaram a ser utilizados há cerca de oito mil anos, marcando uma nova etapa na maneira como o homem vivia e interagia com o meio natural, por isso mesmo definido como um novo período da pré-história pela maioria dos historiadores, a chamada era dos metais.
Surgiu uma técnica absolutamente nova, a metalurgia, isto é, a técnica de trabalhar os metais. A metalurgia consiste na técnica de obter o metal dos minérios e produzir objetos com ele. Esse processo ocorreu na região compreendida entre o Egito e a Índia, onde vários povos começaram a usar o metal para fazer as suas ferramentas e utensílios.
Sabemos que o uso dos metais trouxe inúmeras vantagens. Tivemos a produção de utensílios mais afiados, mais resistentes e mais adaptados à habilidade das mãos humanas. As armas também se tornaram mais potentes, assim como os utensílios utilizados na caça e na pesca. Foram três as principais eras:
1ª - A Era do Cobre
O primeiro metal a ser utilizado foi o cobre, há oito mil anos. E, a partir dele, foram fabricados  estatuetas e enfeites. Como o cobre é considerado um metal nobre foi pouco utilizado na fabricação de armas e  ferramentas. 
Ao lado, uma panela de cobre!

2ª - A Era do Bronze
A segunda era da metalurgia envolveu o bronze. Sabemos que o bronze é, basicamente, a mistura de dois metais: o cobre e o estanho. Mais resistente que o cobre, o bronze passou a ser usado há cerca de seis mil anos para produzir objetos como armas e ferramentas. Muitos povos, como os egípcios e mesopotâmicos, desenvolveram suas civilizações graças ao conhecimento que adquiriram no uso do bronze.
Por fim, tratemos da Era do Metal que revolucionou a existência humana...
3ª - A Era do Ferro
Trabalhar com o ferro é um processo complicado. Isso porque, em seu estado natural, o ferro tem pouca utilidade. Por isso, é necessário fundi-lo. E, para que isso ocorra, é necessária a construção de fornos que suportem temperaturas acima de mil e cem graus Celsius (só para você ter uma ideia, o fogão da sua casa atinge, no máximo trezentos graus Celsius)
Por isso, o uso do ferro só se difundiu em torno de 1.500 anos a.C.
Misturado a outros elementos químicos, como o carbono, o manganês e minerais, o ferro produz ligas muito resistentes. Isso deu a ele o lugar de metal mais utilizado pela humanidade, possibilitando uma série de inovações e melhorias. As armas e ferramentas ficaram mais resistentes e foram aperfeiçoadas.   
Exercícios de Revisão
1) Por que afirmamos que a Matemática foi uma das primeiras formas de escrita? Argumente
2) Para encerrar esse magazine, que tal você criar seu próprio alfabeto no espaço abaixo. Vamos lá exercer a criatividade!
________________________________________
A -_______ - B -_______ - C - _______ - D - ________
E - _______ - F - _______ - G - ______ - H - ________
I - ______ - J - _________ - K - ______ - L - ______
M - ______ - N - _______- O - _______ - P - ______
Q - _____ - R - _______ - S - ________ - T - ________
U - ______ - V - ________ - X - _______ - Z - _______
W - ______ - Y - __________
Agora escreva seu nome completo com o alfabeto criado por você:

Bibliografia básica (1º ao 9º texto)

Affonso, Germano Bruno. O olhar do índio sob o céu brasileiro. 2002. Disponível em: <http://chc.org.br/o-olhar-do-indio-sob-o-ceu-brasileiro/>. Acesso em: 4 dez. 2018.  
Bíblia Perdida - colecionadores, arqueólogos e trapaceiros competem par descobrir velhos manuscritos que descrevem a história da fé cristã. National Geographic Brasil, São Paulo, dezembro 2018.
Bortoni, Stella. Conheçam Ardi, nossa tetaravó Ardipithecus. 2018. Disponível em: <http://www.stellabortoni.com.br/index.php/artigos/697-ioohiiam-aaii-oossa-titaaavo-aaiipithiius>. (modificado) Acesso em: 4 dez. 2018.  
Cardoso, Ciro Flamarion S. Amperica pré-colombiana/ Ciro Flamarion S. Cardoso. - São Paulo: Brasiliense, 2004. - (Tudo é história; 16).
Moraes, José Geraldo Vinci de. Caminho das Civilizações: da pré-história aos dias atuais – São Paulo: Editora Atual, 1993.
Nova espécie do gênero humano é descoberta na África do Sul. 2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2015/09/antiga-especie-do-genero-humano-e-descoberta-na-africa-do-sul.html>. Acesso em: 4 dez. 2018.
Sapiens - o que torna a espécie humana diferente de todas as demais no planeta. Scientific American Brasil, São Paulo, outubro (ano 17), 2018.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

9º Texto - 6º Ano - 2022 - A Revolução Agrícola


9º Texto - A Revolução Agrícola
professor Pedro Henrique Ramos
Foi no período Neolítico que os seres humanos desenvolveram a atividade agrícola, conquistando, a partir desse processo, uma série de mudanças importantes para a sua sedentarização. Anteriormente, as primeiras sociedades dividiam naturalmente o trabalho entre seus componentes, ficando para as mulheres a tarefa de colher frutos e raízes, cabendo aos homens caçar e pescar.
A agricultura, juntamente com a domesticação dos animais, significou uma grande transformação na vida da comunidade e na ocupação do espaço geográfico. A existência do excedente e a especialização do trabalho fizeram com que fosse possível a troca – e, depois, em algumas regiões, o início das atividades comerciais – e o armazenamento de alimentos. E isso só foi possível graças ao desenvolvimento das primeiras vasilhas para o armazenamento das sementes e outros alimentos. Vale lembrar que o desenvolvimento desses recipientes também melhorou com o tempo, aparecendo primeiramente as vasilhas de barro, e depois as de metal.
Outras invenções agrícolas também foram de grande importância. Entre elas citamos o arado de bois, feito que possibilitou o cultivo de uma área agrícola maior do que aquela em que o homem poderia cultivar com a enxada; e as rédeas que puderam fazer com que o homem exercesse um controle maior sobre o animal.
Portanto, a agricultura tornou-se uma atividade capaz de mudar radicalmente a maneira com que o homem se relacionava com o meio natural. Assim, listamos três enormes mudanças resultantes dessa importante revolução:
1ª. – as comunidades tornaram-se sedentárias, como dissemos, passando a viver mais tempo em um mesmo local. A necessidade de acompanhar o desenvolvimento das plantas obrigou os grupos humanos a se fixarem próximos às plantações;
2ª. – a durabilidade dos grãos permitiu o armazenamento dos alimentos por longos períodos. Dispondo de mais tempo, as aldeias puderam planejar melhor o futuro da comunidade e dedicar-se a outras atividades, como a arte e a religião;
3ª. – com o cultivo da terra e a criação de animais, a alimentação tornou-se mais diversificada. O resultado foi um grande aumento populacional. Estima-se que entre 10 mil e 6 mil anos a.C. a população foi de 5 milhões para quase 90 milhões de pessoas.
Com o passar dos anos, e como resultado direto do desenvolvimento da agricultura, houve a especialização do trabalho nos povoados, fazendo com que a sociedade ficasse dividida em camponeses, soldados, artesãos, caçadores...
A primeira análise que pode ser feita é em relação a localização geográfica das cidades que surgiram durante esse período. Os grandes rios nos indicam algumas coisas. Falamos que as sociedades que surgiram nesse período eram definidas como sociedades hidráulicas, ou sociedades que se sedentarizaram próximas aos rios (também chamamos de sociedades de regadio). Foram criados sistemas de irrigação e represamento.
Posteriormente, tivemos a revolução urbana, que veio com o excedente agrícola.
A consequência foi – como vimos – o excedente populacional e, com isso, a necessidade em ampliar as áreas cultivadas e desenvolver novas técnicas para aumentar a produtividade do solo. Era a especialização que levaria a construção de obras para dominar e controlar os recursos naturais.

Além do mais
Na semana passada fui ao Varejão “Sua hortaliça preferida” comprar umas coisinhas para o almoço. Fui acompanhada de um amigo, o Dudu! E foi super legal.
Fomos para o setor onde estão expostos e a venda frutas, verduras e legumes. Dudu perguntou-me se foi o dono do varejão que havia plantado aqueles vários pés de alface que estavam expostos. Disse que não. Expliquei que uma família de lavradores (lavradores vem do verbo lavrar, plantar) tinha plantado as sementinhas. E as sementinhas deram os pés de alface. E os pés de alface foram parar no balcão do varejão.
Fundamental nesse processo é a irrigação. Antes, os agricultores precisavam coletar a água dos rios e lagos.Hoje é mais fácil! A água vem pelos canos e tubulações.
Plantar e mexer na terra são coisas que remetem à nossa história evolutiva e, sem dúvidas, é uma das atividades mais legais de se fazer. A gente joga uma sementinha bem pequenina, que pegamos do tomate que comemos no almoço, dentro de um buraquinho que cavamos na terra. Depois, jogamos um pouco de água. E, passando um tempo, surge a plantinha.
Como vimos, muito provavelmente foram as mulheres que descobriram a atividade agrícola. A partir dessa descoberta a vida se tornou muito mais fácil. Os homens deixavam de serem exclusivamente caçadores e coletores,  passando a produzir parte do próprio alimento.
Exercícios de Revisão
1) Escreva duas características que definem o gênero Homo.
2) Por que podemos afirmar que somos seres miscigenados? Explique.


9º Texto - 7º Ano - 2022 - A Igreja e a Idade Média


 A Igreja e a Idade Média

professor Pedro Henrique Ramos
Imaginemos que você recebeu a seguinte tarefa: fazer uma pesquisa sobre as características culturais, sociais, políticas e econômicas da Idade Média. Ou seja, pesquisar os principais elementos que formavam a sociedade medieval. É fato que, além de muito trabalho, você chegaria a uma conclusão: em todos os itens pesquisados por você iria aparecer a Igreja Cristã, posteriormente definida como Igreja Católica Apostólica Romana. Sem dúvidas. E para que você comece a se convencer disso, segue um documento histórico: Deus quis que, entre os homens, uns fossem senhores e outros servos, de tal maneira que os senhores estejam obrigados a venerar e amar Deus, e que os servos estejam obrigados amar e venerar o seu senhor” [1].
A sociedade feudal tinha como uma das principais características a cultura teocêntrica, ou seja, “todo o poder político girava em torno da autoridade religiosa, da fé” [2]. Assim, o clero possuía um enorme poder. Dentro dos feudos era muito comum a presença de pequenas capelas e os membros do clero tinham trânsito livre por essas regiões (nos feudos mais ricos existiam grandes construções religiosas). Só para você ter uma ideia, o historiador brasileiro Hilário Franco Júnior faz a análise de que a Igreja era quem mais possuía terras em uma sociedade que vivia a partir da atividade agrária.
Veja a imagem da estrutura de um feudo. Note a presença da construção religiosa.
Agora façamos um novo desafio, uma nova tarefa! Partindo dos documentos históricos que lemos, você conseguiria preencher a pirâmide social da Idade Média? Antes que você considere impossível preencher os espaços, leia novamente aquelas antigas palavras, proferidas pelo bispo Adalberon de Laon.    

Bem, agora que você já preencheu os espaços[3], vamos fazer algumas considerações MUITO importantes:
- muitos padres eram senhores feudais, controlando extensas e grandiosas áreas. Os papas católicos poderiam ser considerados como grandes senhores feudais;
- por controlar muitas terras, a maioria das relações de suserania e vassalagem estava sob o controle da Igreja Católica;
- o fato de o casamento ser proibido entre os membros da Igreja Católica tinha sim uma explicação. Implantado no século XII, pelo papa Gregório VII (1020/1025 – 1080), o celibato clerical foi instituído sob o discurso de que, ao se casarem, os padres acabavam se distanciando da vida clerical e dos exemplos de Cristo. No entanto, a Igreja Católica buscava principalmente evitar que os filhos dos padres, através de herança, passassem a controlar terras e, assim, diminuíssem os territórios da instituição;
- a pirâmide social que apresentamos acima sofrerá algumas alterações a partir do século XIII, como veremos em textos futuros.
A divisão social que você acabou de conhecer obedecia a um rígido padrão, sendo que a condição social de um indivíduo era determinada pela ordem social em que este nascia. Portanto, mesmo que um servo trabalhasse muito, nunca seria um nobre. Os membros do clero, na maioria das vezes, eram nobres que possuíam grande poder político.
O princípio de estratificação era privilégio de nascimento. Cada indivíduo permanecia preso à sua posição na sociedade, o que caracterizava uma imobilidade social e estabelecia um regime de desigualdade[4]. Isso deu ao Sistema Feudal a característica de uma sociedade sem mobilidade social.
A maioria dos clérigos tinha sua origem na nobreza feudal, no “sangue de reis”, o que fortalecia as relações dos nobres e dos clérigos. A figura da nobreza, justamente por estar ligada a formação dos clérigos, recebia um caráter sagrado.
Já tratamos dos senhores feudais e dos clérigos! Falta abordar a vida dos camponeses medievais!
Além do mais
Começo afirmando que o universo do camponês (servo) era muito ligado à Igreja e sua vida no feudo. Um servo vivia conforme as determinações religiosas e as do seu senhor. “A sociedade medieval era profundamente religiosa. Era comum a celebração de ritos para fazer as plantas crescerem, para conseguir boa colheita, para pedir a chuva etc.” [5].
Vimos também que os camponeses eram a força de trabalho da Idade Média. Mas como será que viviam essas pessoas?
  Andei pesquisando e descobri que não era uma vida muito fácil não, aliás, era difícil mesmo. Os servos trabalhavam por longos períodos e muito daquilo que produziam iria para as mãos dos senhores feudais e da Igreja. O que restava (e pode apostar, não era muito) era para alimentar a sua família. As crianças, desde cedo, trabalhavam, seja auxiliando os pais no plantio e colheita, seja realizado serviços domésticos.
A carência de alimentos ocorria também em virtude de que muitas vezes a colheita sofria com as geadas, temporais, chuvas ou a falta delas. E aí, grande parte do que fora plantado era perdido, e a maior parte do que sobrava iria para pagar as obrigações servis.
Dado o fato, era comum que os servos ingerissem uma quantidade mínima de alimentos. Carne? Se caçasse um coelho no manso comunal, beleza. Caso contrário, legumes, trigo e o caldo daquilo que sobrou da janta passada.  Não à toa, veja o registro feito por um cronista do século XII sobre essa questão:
“Se ele (o servo) tiver ganso ou galinha gorda
Bolo de farinha de trigo em seu armário
Tudo isso terá que ser do senhor” [6]
A casa do camponês era feita de pedra, com o chão de terra batida (quando chovia virava lama batida!) e o telhado de feno e pedaços de madeira. Cama? Não, as pessoas dormiam sobre pedaços de couro de animais e feno. Banheiro? A moita mais próxima, por favor.
Já conversamos sobre o trabalho de um servo em um feudo, mas não custa revisar.
trabalho era, como vimos, regulado pelas relações servis de produção, tendo os costumes a mesma função das leis, costumes esses muitas vezes idealizados, implantados e mantidos pela principal instituição do período: a Igreja Católica.
Perceba que a lógica posta na sociedade medieval determina que a massa campesina é quem trabalha, enquanto os nobres e clérigos vivem às custas do trabalho dos camponeses. Essa sociedade profundamente hierarquizada denota que o nascimento era fator crucial na vida do indivíduo, ideia básica e central trabalhada nesse texto.
Assim, a segmentação social colocava de maneira bem evidente servos de um lado, nobres e clérigos de outro.

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Portanto, concluindo a nossa análise acerca da sociedade medieval, é fato que estamos tratando de uma sociedade essencialmente agrária, com tendência a autossuficiência, ou seja, produzindo apenas para o consumo imediato.
Exercícios de Revisão
1) Resumidamente, escreva duas diferenças entre a vida dos servos e dos senhores feudais.
2) É correto afirmar que, se um servo trabalhasse muito, viraria um senhor feudal? Explique sua resposta.



[1] Freitas, Gustavo de. 900 textos e documentos de História. Lisboa: Editora Plátano, 1976. p. 145
[2] Pazzinato, A L.; SENISE, M. H. V. - História Moderna e Contemporânea. 6a. Edição. - São Paulo: Editora Ática, 1997. p. 8.
[3] clérigos ou membros da Igreja Católica = responsáveis por rezar; nobres ou os senhores feudais = responsáveis por guerrear; servos ou os camponeses = responsáveis por trabalhar
[4] Pazzinato, A L.; Senise, M. H. V. - História Moderna e Contemporânea. 6a. Edição. - São Paulo: Editora Ática, 1997. p. 8.
[5] Pazzinato, A L.; Senise, M. H. V. - História Moderna e Contemporânea. 6a. Edição. - São Paulo: Editora Ática, 1997. p. 8.
[6] citado in Huberman, Leo. História da riqueza do homem/ Leo Huberman; tradução de Waltensir Dutra. – 21ª. ed. – Rio de Janeiro: Guanabara, 1986. p 6.