9º
Texto – A Europa em transformação
professor
Pedro Henrique Ramos
A partir deste texto você irá conhecer
as transformações que marcaram a Europa a partir do século XI. Optei em começar
tratando das Cruzadas, mas, atrelada à ela, temos outros importantes eventos,
que também serão detalhados a partir de agora. Boa leitura.
Como podemos
definir as Cruzadas? Tradicionalmente, são definidas como expedições militares,
organizadas pela Igreja, que visavam combater muçulmanos e bizantinos (primordialmente)
e libertar a chamada Terra Santa das mãos desses povos.
Estudar as
Cruzadas é remeter-se a um assunto que já virou roteiro de filme, artigo para
as mais diversas revistas, palco para narrativas fictícias... Portanto, há uma
explosão de visões sobre um assunto que, infelizmente, poucos efetivamente
conhecem.
Quer um simples
exemplo?
Os cruzados
(imagem ao lado) eram os soldados dessas expedições. A verdade é que a maioria
dos homens vestia-se mal e parcamente, além de carregar armas extremamente
precárias, sem ter quase nenhum preparo, falta de apoio... Excetuando alguns
casos, o treinamento era inexistente. Portanto, a imagem de homens bem vestidos
e equipados chega a ser bem equivocada.
Movimento
complexo, seja pelo seja pelo enorme período em que ocorreu - desde os fins do
século XI até meados do século XIII –, seja pelas enormes mudanças que provocou
na sociedade medieval, o termo cruzada em si está diretamente ligado às
vestimentas utilizadas pelos homens (os “soldados de Cristo”).
As Cruzadas
tiveram vários fatores que as motivaram, dentre os quais os de natureza
religiosa, social e econômica. A base, é claro, vem da própria cultura e
mentalidade presentes na época. A Igreja passou a defender a participação dos
fiéis na chamada “Guerra Santa”, “prometendo
a eles recompensas divinas, como a salvação da alma e a vida eterna, através de
sucessivas pregações realizadas em toda a Europa”[1]. Seria mais ou menos assim: “pecou? Quer ser
perdoado? Um jeito é se tornar um Cruzado!”. O papa Urbano II foi o idealizador
da primeira Cruzada.
Se fossemos
analisar os objetivos religiosos e militares das Cruzadas poderíamos afirmar
que houve um fracasso, afinal, das oito Cruzadas realizadas, nenhuma obteve
sucesso por mais de cem anos em dominar as terras pretendidas. Algumas
expedições conquistaram regiões, logo reconquistadas pelos povos orientais.
Mapa com as
Oito Cruzadas.
No entanto,
do ponto de vista econômico... Sucesso! Os interesses comerciais das cidades da
península itálica em abrir, ativar e reativar rotas comerciais motivou-as a
iniciar a 4ª Cruzada. Saíam os cruzados do interior da Europa. Passavam pela
península itálica. Partiam para o Oriente. E em cada uma das paradas os cruzados
trocavam mercadorias e, muitas vezes, traziam novos produtos para as cidades
italianas como Veneza, por exemplo. Para se ter uma ideia, foi uma cidade
italiana que bancou a logística da quarta cruzada.
A
quarta cruzada também foi a primeira a contar com uma massiva aparelhagem
marítima. O objetivo era claro: reabrir as rotas comerciais do mar
Mediterrâneo!
Além do mais
Há situações
que entram para a História, literalmente. Imagine você um papa que se veste de
guerreiro medieval e parte junto com os fiéis para lutar contra os chamados “povos
pagãos” ou inimigos. Pois bem, tal situação foi corriqueira a partir das Cruzadas. E não foram só alguns papas que partiram.
Reis, como foi o caso do monarca inglês Ricardo Coração de Leão, se vestiram
também do ideal de que estavam cumprindo uma missão (além de resolver alguns
probleminhas que afloravam na sociedade medieval).
E os
discursos, registrados em documentos, comprovam isso. Acompanhe. Em Clermont, na França, no ano de 1095, o
papa Urbano II assim dizia: “Deixai os
que outrora estavam acostumados a se baterem, impiedosamente, contra os fiéis,
em guerras particulares, lutarem contra os infiéis... Deixai os que aqui foram
ladrões tornarem-se soldados. Deixai aqueles que outrora se baterem contra seus
irmãos e parentes, lutarem agora contra os bárbaros, como devem. Deixai os que
outrora foram mercenários, a baixos salários, receberem agora a recompensa
eterna...” [2]. O
mesmo papa também faz neste discurso um apelo bem sentimental (por certo
reproduzido nas capelas espalhadas pela Europa), conclamando a participação dos
fiéis, através de citações do Evangelho: “todo aquele que deixar seu pai ou sua mãe, ou a mulher ou os
filhos ou as terras por amor de meu nome receberá o cêntuplo nesta terra e terá
a vida eterna”[3].
Mas,
como lido, havia motivos comerciais
muito claros nas Cruzadas. Na quarta cruzada, como vimos, a cidade de Veneza
patrocinou as viagens até o Oriente Próximo após uma série de acordos. Quando
os nobres barões franceses pediram auxilio a rica cidade de Veneza, a pergunta
dos venezianos foi simples:
“- Sob quais condições?” [4].
E a negociação terminou
com o seguinte combinado: os cruzados deveriam pagar “quatro marcos por cavalo e dois por homem” [5],
além de fornecerem riquezas materiais conseguidas na expedição. Fico então na
dúvida se o símbolo mais adequado para as Cruzadas não seria o desenho ao
lado... O que você acha?
Exercícios de Revisão - data de entrega: _______/______/________
Faça
uma pesquisa para ser entregue na data abaixo estipulada sobre uma das Oito
Cruzadas ocorridas. Atenção, a pesquisa pode ser digitada. Porém, se a mesma
resumir-se a mera cópia de texto, haverá desconto da nota de Ética.
Andrade, Ana Luíza Mello Santiago. Monarquia Romana.
Disponível em: <https://www.infoescola.com/historia/monarquia-romana/>.
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<https://ascruzadas.blogspot.com/2009/03/fatos-que-antecederam-i-cruzada-ii.html>.
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[1]http://cozacekruger.blogspot.com/2009/04/cruzadas-as-cruzadas-sao.html
[2] Huberman, Leo. História da riqueza do homem/ Leo
Huberman; tradução de Waltensir Dutra. – 21ª. ed. – Rio de Janeiro: Guanabara,
1986. p. 19
[4]
Huberman, Leo. História da riqueza do homem/ Leo Huberman; tradução de
Waltensir Dutra. – 21ª. ed. – Rio de Janeiro: Guanabara, 1986. p. 20
[5]
Huberman, Leo. História da riqueza do homem/ Leo Huberman; tradução de
Waltensir Dutra. – 21ª. ed. – Rio de Janeiro: Guanabara, 1986. p. 20
legal
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