quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

3º Texto - Magazine Histórico do 7º Ano - EMEF Leandro Klein


A ruína do Império Romano
professor Pedro Henrique Ramos
Um permanente desequilíbrio! É assim que os historiadores definem a história do Império Romano a partir do século III. “A sobrevivência do Império, durante os séculos IV e V, só foi possível devido a profundas mudanças, que alteraram todo seu caráter, tornando-o basicamente diferente, a ponto de não poder ser reconhecido por alguém que nesse tivesse vivido um século antes[1].  
Antes de começarmos a entender as dinâmicas que levaram ao fim do Império Romano (na verdade, parte dele), deixo registrado um desabafo. São tantos os problemas e as situações que teremos que escolher aqui os principais. Portanto, caso queira entender mais sobre o assunto, sinta-se à vontade para perguntar ao professor ou fazer pesquisas.
Um dos problemas encontrados em Roma era o enorme número de latifúndios: grandes propriedades nas mãos dos mais ricos, e ainda por cima sem produzir nada. Assim, uma das saídas encontradas foi diminuir o número de latifúndios, ou seja, distribuir a terra entre a população. Porém...
Aqueles que recebessem a terra deveriam pagá-la com trabalho e produtos aos seus antigos donos. Muitas vezes a produção do camponês se destinava apenas ao pagamento desse lote de terra que havia recebido. O trabalhador não poderia sair do lote de terra se não o pagasse para seu proprietário. Foi tornando-se comum também os laços que determinavam que o camponês só poderia abandonar o lote de terra que havia recebido depois que morresse. Nascia um vínculo de servidão, que iria caracterizar o período vindouro, a Idade Média. As grandes propriedades rurais (os latifúndios) passaram a ser chamadas de villas. 
Outro problema veio da expansão do Cristianismo.  
A religião romana era muito vinculada a elementos das tradições gregas, como boa parte da cultura romana. Tratava-se de uma religião politeísta e com deuses que assumiam formas humanas, tornando comum rebatizar deuses gregos com nomes latinos.
No século III d.C. as religiões se expandiram pelo Império e uma delas foi uma religião vinda do Oriente Médio, o cristianismo. Os princípios de Jesus Cristo foram muito divulgados entre a população pobre e os escravos de Roma, atendendo, em sua maioria, os interesses e necessidades dessas pessoas. Alguns dos seus princípios questionavam a ordem imperial romana, apresentando a ideia de que o imperador não era nenhum deus. Obviamente que os imperadores não viam com bons olhos a expansão do cristianismo. Portanto, diversos desses governantes passaram a perseguir e matar cristãos, dentre os quais Nero, Diocleciano...
Porém, isso não diminuiu a expansão do cristianismo, tornando o movimento até mais unido, passando a ser impossível ignorar a expansão dessa religião, já que em algumas regiões ela era a mais presente. Quando Constantino assina o Edito de Milão mais de 20% do império era formado por romanos cristãos. A nova religião era um dos caminhos para unir Roma e lutar contra a crise. Por isso, em 380 d.C., Teodósio a tornou religião oficial do Império Romano.  
Recentemente, um grupo de cientistas buscou reconstruir o rosto de Jesus, a partir do registro de como seriam os habitantes da região onde teria nascido e vivido nascido um dos principais e maiores homens da História. Olhe o resultado ao lado.
Você acha que acabou? Não!
Um dos eventos mais graves esteve associado aos povos que viviam próximos às fronteiras romanas, como persas e mauritanos, e outros, genericamente chamados de bárbaros. Eles começaram a invadir o Império Romano. Voltaremos a tratar desses povos em textos futuros, mas, por enquanto, façamos um breve resumo.
Bárbaros eram considerados os povos que não falavam latim ou grego, viviam fora das áreas imperiais, ou mesmo dentro, porém sem aceitar a representação do poder romano. Eram considerados como “incivilizados”. Um dos principais povos bárbaros foram os germanos.
As primeiras invasões bárbaras foram pacíficas, sendo resultado das penetrações dos povos germânicos dentro do império. Era comum a entrada de germanos no exército romano, inclusive entendida como uma forma de evitar conflitos. Porém, a partir do século IV d.C, a situação mudou, já que as invasões bárbaras ficaram cada vez mais violentas, e outros povos, além dos germanos, começaram a invadir o Império. Assim, Roma “passa, durante os séculos IV e V, a assumir uma postura basicamente defensiva, em uma luta sem tréguas por sua sobrevivência, enquanto unidade político-administrativa. A última campanha militar que se deu fora do território imperial foi a invasão do Império Parta pelo imperador Juliano, em 363 (que por sinal termina em desastre)” [2].
Além disso, toda a estrutura do exército romano é alterada. A maior parte dos soldados era de origem bárbara, criando uma situação inusitada. Os romanos começaram a deixar de servir no exército. Foi o início da germanização dessa importante estrutura da sociedade romana, fator crucial na montagem da sociedade medieval.
Nas linhas vindouras conheceremos imperadores romanos que buscaram fazer reformas, porém... A situação era insuperável.
Diocleciano (284 - 305): foi este imperador que permitiu a presença dos bárbaros no exército. Isso funcionava como um meio de mostrar para os bárbaros que (de um jeito ou de outro) eles eram parte do Império Romano. No entanto, como já foi dito, um número maior de soldados fez com que o Império Romano gastasse mais. Ou seja, a crise piorou.
Constantino (306 - 337): diante do aumento da crise, Constantino mudou, em 330 d.C., a capital do Império Romano da cidade de Roma para a cidade de Constantinopla (atual Istambul). Fez isso porque a economia da região próxima à Constantinopla não dependia tanto do trabalho escravo e estava longe das invasões. No entanto, a medida de maior impacto de Constantino ocorreu quando este determinou que os cristãos (seguidores dos ensinamentos de Jesus Cristo) poderiam realizar seus cultos e que a religião cristã existia oficialmente. Isso foi feito em 313 d.C., com a assinatura do Edito de Milão pelo imperador.
Constantino fez uma grande política de apoio aos cristãos, e em 325 d.C. comandou uma reunião de bispos cristãos (essa reunião recebeu o nome de Concílio). A intenção era aproximar a política da religião e chamar os seguidores do cristianismo para perto do imperador (ou seja, ganhar aliados!).
Teodósio (380 – 395): buscando ganhar aliados e ciente da enorme crise, Teodósio, aconselhado pelo bispo de Milão, tornou o cristianismo a religião oficial do Império Romano, e em 392 d.C. a tornou obrigatória. Surgiu, assim, a Igreja Cristã, liderada por um patriarca com relativa importância política. No entanto, o Império foi dividido entre seus herdeiros após a sua morte. Na imagem, da esquerda para a direita, Diocleciano, Constantino e Teodósio.
O império romano foi dividido em duas grandes partes:
a) Império Romano do Oriente, ficando com o imperador Arcádio. A capital era a cidade de Constantinopla, e esse império seria conhecido como Império Bizantino. Sobreviveu até o século XV d.C.;
b) Império Romano do Ocidente: foi governado por Honório. A crise não diminuiu, apenas piorou. Como vimos, as invasões bárbaras tornaram-se violentas, sendo que o império também foi atacado pelos hunos. “De 455 a 476, nada menos que dez imperadores sucederam-se no trono do Ocidente, sendo todos eles meros joguetes: prisioneiros de sua capital fortificada, Ravena – pois que a cidade de Roma, desde 395, não era mais a capital imperial -, envolviam-se nas (...) intrigas da corte, sendo aclamados e depostos por seus comandantes germânicos mais poderosos[3].
Em 476 d.C. o chefe germano Odoacro invadiu e conquistou definitivamente a cidade de Roma, pondo fim à parte ocidental do império. Era o fim da Idade Antiga.
Exercícios de Revisão
1) Pesquise no dicionário o significado da palavra bárbaro.
2) Você considera o significado dado pelo romanos negativo ou positivo? Argumente.



[1] Rezende Filho, Cyro de Barros. Guerra e guerreiros na Idade Média/ Cyro de Barrros Rezende Filho. – São Paulo; Contexto, 1996. (Coleção repensando a história geral). p. 11.
[2] Rezende Filho, Cyro de Barros. Guerra e guerreiros na Idade Média/ Cyro de Barrros Rezende Filho. – São Paulo; Contexto, 1996. (Coleção repensando a história geral). p. 12.
[3] Rezende Filho, Cyro de Barros. Guerra e guerreiros na Idade Média/ Cyro de Barrros Rezende Filho. – São Paulo; Contexto, 1996. (Coleção repensando a história geral). p. 26.

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