O tempo
professor Pedro Henrique Ramos
Oi pessoal! Hoje
falaremos sobre o tempo.
Não, não vá
pensando que iremos falar se irá chover no próximo final de semana. Não se
trata do tempo meteorológico. Não é isso. Nós falaremos sobre o tempo
cronológico.
Também daremos
uma das muitas medidas conhecidas para mensurarmos o tempo cronológico: iremos
falar sobre os séculos.
Na porta do
seu armário, na porta do seu quarto, na porta da geladeira ou onde você anota
os recados: em algum lugar, temos certeza, você tem um calendário. Dia, semana,
mês, ano...
E o relógio
sobre o criado-mudo registra o horário. “Dia
12 de março, 6:00 horas da manhã!” Você sabe quais as horas e o dia devido
ao relógio e o calendário.
Essa é uma
forma de calcularmos, medirmos o tempo. E existem tantas outras!
Antes de
continuarmos a leitura, vejamos um curioso caso.
“Assim como nós, os índios também adotaram
unidades de tempo e espaço… Aliás, elas se parecem muito com as nossas!
(...) as unidades de
tempo e espaço indígenas foram estabelecidas de acordo com os ciclos dos corpos
celestes. Como assim? Bem, há cerca de quatro mil anos, os índios já percebiam
que os fenômenos naturais se repetiam: o dia é seguido da noite; o mar sobe e desce
constantemente; a época do ano em que faz frio (inverno) é seguida daquela em
que as flores nascem (primavera), depois vem a quente e úmida (verão) e o
período em que as flores caem (outono), e depois tudo recomeça! Eles observaram
que os ciclos são influenciados pelos movimentos aparentes do Sol e da Lua ou
pela posição de certas estrelas no céu. E não pararam por aí!
Notaram ainda que tais
ciclos influenciam o comportamento dos seres vivos. Isto é, conforme a época do
ano, por exemplo, as árvores florescem, os animais procriam e os frutos
germinam. A partir dessas observações, os indígenas procuraram definir o melhor
momento para plantar e colher alimentos, caçar, pescar e até comemorar datas
especiais. Então, criaram objetos com funções parecidas as dos nossos relógio e
calendário para organizar tais atividades ao longo de seu ano!
Pode-se dizer que o Sol
foi quem mais despertou a atenção dos índios. A maioria das tribos brasileiras
mede o tempo a partir do movimento aparente desse astro no céu, com o Relógio
Solar. Feito de uma haste cravada verticalmente no chão, ele permite saber as
horas pela posição da sombra projetada num terreno horizontal. O instrumento
também permite identificar as estações do ano e os pontos cardeais — Norte,
Sul, Leste e Oeste — pela posição do nascer e do pôr do sol, que varia ao longo
do ano” [1].
E
como será que os índios mediam o tempo durante a noite? Ah, esse será um dos
exercícios de revisão deste texto. Você deverá pesquisar sobre o assunto.
Abaixo,
um calendário indígena.
Anos, décadas,
séculos...
Você deve
saber que um ano possui 12 meses, 365 dias (via de regra[2]).
E uma década?
Um conjunto
de dez anos forma uma década. Já o conjunto de cem anos, um século. Normalmente,
vivemos cerca de seis, sete, até oito décadas. Porém há algumas pessoas que
vivem um século! Já imaginou quantas coisas uma pessoa de cem anos já viu,
quantas coisas ela tem para contar? Deve ser demais conversar com ela, não é
mesmo?
O
calendário cristão está basicamente dividido em séculos, ou seja, conjuntos de
cem anos. O primeiro século da Era Cristã vai do nascimento de Cristo (ano 1)
até o ano 100. Vale lembrar que não
existe ano zero! Para descobrirmos a qual o século pertence um determinado
ano podemos fazer duas operações:
1ª operação:
se o ano acabar em 00 (por exemplo, 1400), eliminamos os dois últimos
algarismos e temos o século. Portanto, 1400 pertence ao século 14 (ou XIV).
2ª operação:
quando o ano não terminar em dois zeros, retiramos os dois últimos
algarismos e somamos um (+ 1) ao número que sobrar, o que nos leva ao seguinte
resultado, caso o ano seja 1488: 1488 = 14 + 1 (século XV ou 15).
Vamos a
outros exemplos: 1076 = 10 + 1 = século XI; 1245 = 12 + 1 = século XIII; 1200 =
12 = século XII
Perceba que
nosso calendário leva em conta o nascimento de Jesus Cristo. Por isso, o
definimos como calendário cristão.
E há inúmeras
curiosidades acerca da adoção desse calendário, a começar pelo fato de que
estudos recentes indicam que Jesus nasceu no ano 6 a.C., e não em 1 d.C.
Além disso, o
calendário cristão só começou a ser adotado no século VI (6) d.C., através da
ação do monge Dionísio (470 -544), tornando-se oficial muito, muito tempo
depois, lá no século XVI, mais precisamente em 1582, quando o papa Gregório
XIII (1502 – 1585) o tornou oficial para todos os rincões católicos. Não à toa,
esse papa ficou conhecido como o “homem do calendário”. E, por causa dele, o
calendário cristão também ficou conhecido como calendário gregoriano.
Cientes
disso, vamos ver exemplos de séculos antes do nascimento de Cristo. Essas datas
são contadas tendo como referência o nascimento de Cristo. Portanto, quanto
mais distante do nascimento de Jesus Cristo, haverá um maior número de séculos.
Veja o esquema abaixo.
Perguntas que você deve estar fazendo...
1) Por que, ao representarmos os séculos, utilizamos os
numerais romanos (I, II, III, IV...) ao invés dos números que estamos
acostumados a usar (algarismos arábicos)?
Resposta: na verdade não há uma resposta precisa a essa
pergunta. A utilização dos algarismos romanos para a representação dos séculos
visa facilitar a diferenciação com os anos. Outro fator para a utilização dos
algarismos romanos para a representação dos séculos é que essa é uma forma que
vem sendo utilizado desde a civilização romana. Por isso, algarismos romanos.
2) Eu vi na frente da loja que vou uma plaquinha com os
seguintes algarismos “Fundada em MM”. O que significa isso?
Resposta: calma, você não está vendo coisas... Na verdade,
a plaquinha está mostrando que a lojinha foi fundada no ano 2000.
Como dito anteriormente, não se utiliza muito os
algarismos romanos para indicar anos, mas sim séculos. Demos esse exemplo só
para você entender. Existe uma nomenclatura adotada para indicar a quantidade
de séculos. Veja abaixo e complete os quatro exemplos que se seguem...
Século
|
Algarismo romano
|
Século
|
Algarismo romano
|
1
|
I
|
50
|
L
|
2
|
II
|
60
|
LX
|
3
|
III
|
70
|
|
4
|
IV
|
90
|
XC
|
5
|
V
|
100
|
C
|
6
|
VI
|
110
|
CX
|
7
|
VII
|
150
|
CL
|
8
|
VIII
|
160
|
CLX
|
9
|
IX
|
490
|
XD
|
10
|
X
|
500
|
D
|
11
|
XI
|
540
|
|
15
|
XV
|
550
|
DL
|
20
|
XX
|
560
|
DLX
|
30
|
XXX
|
990
|
XM
|
32
|
1000
|
M
|
|
40
|
XL
|
2050
|
Agora, vamos ler um pouco mais sobre essa ideia de tempo cronológico!
Além do mais
Meu sobrinho levou um baita susto
esses dias. E tudo isso porque o relógio quebrou. Tive que dar suco de maracujá
para o menino. O coitado veio correndo me avisar: “tio, o tempo vai parar, o tempo vai parar!”
Expliquei a
ele que o relógio serve apenas para marcar o tempo, as horas. E, mesmo que a
gente estranhe quando o relógio quebra, o tempo não para. Só o relógio é quem
fica “estacionado” naquela hora, naquele minuto. Interessante, não é?
Usamos o
relógio de pulso[3] para
medir as horas, para ver quanto tempo falta para o intervalo, quanto tempo
falta para terminar determinada aula!
Mas outras
medidas de tempo já foram muito utilizadas. Para não alongar demais nossa
conversa, darei apenas dois exemplos.
Os povos que
habitavam a América entre os séculos IV a.C. e III d.C. construíram uma porta
que marcava o tempo: a porta do Sol! Isso
mesmo: uma porta! Em determinado dia do ano (e só neste dia), o Sol aparecia
exatamente no meio da porta. Era o início de uma série de festividades em
homenagem ao Sol, e, acreditam os historiadores, de iniciar a colheita ou plantio
de determinados gêneros agrícolas. O dia? Hoje sabemos que se trata do dia 24
de junho. Legal, não é?
Olha a “Porta
do Sol”! Ela fica na Bolívia, no meio das montanhas, em um lugar chamado
Tiwanaku!
Também foi
muito utilizada a ampulheta (aliás, você poderia construir uma em casa). Surgiu
entre os povos árabes e se tornou uma das medidas de tempo mais populares na Antiguidade.
Quanto maior a ampulheta, mais tempo a areia leva para escorrer.
Mesmo
explicando isso ao meu sobrinho, não sei se ele se convenceu! Por isso, cantei
um trecho da música “Embolada do tempo”, do genial músico brasileiro Alceu
Valença: “você querer parar o tempo, mas o tempo não tem parada!”.
Agora...
Exercícios
de Revisão
1) Como os
índios fazem para contar o tempo durante a noite? Faça uma pesquisa.
2) Encontre
os séculos dos anos abaixo indicados. Procure escrever os séculos em algarismos romanos!
- 47: - 501: - 978:
- 1234: - 2018: - 3:
- 533 - 100 - 400
[1] http://chc.org.br/o-olhar-do-indio-sob-o-ceu-brasileiro/
[2] E seis horas... Por isso, a existência de anos bissextos (6x4 =
24).
[3] um dos responsáveis pela invenção foi um brasileiro, você sabia? O
genial Alberto Santos Dumont, o mesmo cara que inventou o avião!
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