11º Texto – A Europa em transformação
A partir deste texto você irá conhecer as transformações que marcaram a Europa a partir do século XI. Optei em começar tratando das Cruzadas, mas, atrelada a ela, temos outros importantes eventos, que também serão detalhados a partir de agora. Boa leitura.
Como podemos definir as Cruzadas? Tradicionalmente,
são definidas como expedições militares, organizadas pela Igreja, que visavam
combater muçulmanos e bizantinos (primordialmente) e libertar a chamada Terra
Santa das mãos desses povos.
Estudar as Cruzadas é remeter-se a um assunto que já virou roteiro de
filme, artigo para as mais diversas revistas, palco para narrativas
fictícias... Portanto, há uma explosão de visões sobre um assunto que,
infelizmente, poucos efetivamente conhecem.
Quer um simples exemplo?
Os cruzados (imagem ao lado) eram os soldados dessas expedições. A verdade é que a maioria dos homens vestia-se mal e parcamente, além de carregar armas extremamente precárias, sem ter quase nenhum preparo, falta de apoio... Excetuando alguns casos, o treinamento era inexistente. Portanto, a imagem de homens bem vestidos e equipados chega a ser bem equivocada.
Movimento complexo, seja pelo seja pelo enorme período em que ocorreu -
desde os fins do século XI até meados do século XIII –, seja pelas enormes
mudanças que provocou na sociedade medieval, o termo cruzada em si está
diretamente ligado às vestimentas utilizadas pelos homens (os “soldados de
Cristo”).
As Cruzadas tiveram vários fatores que as motivaram, dentre os quais os
de natureza religiosa, social e econômica. A base, é claro, vem da própria
cultura e mentalidade presentes na época. A Igreja passou a defender a
participação dos fiéis na chamada “Guerra Santa”, “prometendo a eles
recompensas divinas, como a salvação da alma e a vida eterna, através de
sucessivas pregações realizadas em toda a Europa”[2]. Seria mais ou menos assim: “pecou? Quer ser perdoado? Um
jeito é se tornar um Cruzado!”. O papa Urbano II foi o idealizador da primeira
Cruzada.
Se fossemos analisar os objetivos religiosos e militares das Cruzadas
poderíamos afirmar que houve um fracasso, afinal, das oito Cruzadas realizadas,
nenhuma obteve sucesso por mais de cem anos em dominar as terras pretendidas.
Algumas expedições conquistaram regiões, logo reconquistadas pelos povos
orientais.
Mapa com as Oito Cruzadas.
No entanto, do ponto de vista econômico... Sucesso! Os interesses
comerciais das cidades da península itálica em abrir, ativar e reativar rotas
comerciais motivou-as a iniciar a 4ª Cruzada. Saíam os cruzados do interior da
Europa. Passavam pela península itálica. Partiam para o Oriente. E em cada uma
das paradas os cruzados trocavam mercadorias e, muitas vezes, traziam novos produtos
para as cidades italianas como Veneza, por exemplo. Para se ter uma ideia, foi
uma cidade italiana que bancou a logística da quarta cruzada.
A quarta cruzada também foi a primeira a contar com uma massiva
aparelhagem marítima. O objetivo era claro: reabrir as rotas comerciais do mar
Mediterrâneo!
Além do mais
Há situações que entram para a História, literalmente. Imagine você um
papa que se veste de guerreiro medieval e parte junto com os fiéis para lutar
contra os chamados “povos pagãos” ou inimigos. Pois bem, tal situação foi
corriqueira a partir das Cruzadas. E não foram só alguns papas que
partiram. Reis, como foi o caso do monarca inglês Ricardo Coração de Leão, se
vestiram também do ideal de que estavam cumprindo uma missão (além de resolver
alguns probleminhas que afloravam na sociedade medieval).
E os discursos, registrados em documentos, comprovam isso.
Acompanhe. Em Clermont, na França, no ano de 1095, o papa Urbano II
assim dizia: “Deixai os que outrora estavam acostumados a se baterem, impiedosamente,
contra os fiéis, em guerras particulares, lutarem contra os infiéis... Deixai
os que aqui foram ladrões tornarem-se soldados. Deixai aqueles que outrora se
baterem contra seus irmãos e parentes, lutarem agora contra os bárbaros, como
devem. Deixai os que outrora foram mercenários, a baixos salários, receberem
agora a recompensa eterna...”[3] . O mesmo papa também
faz neste discurso um apelo bem sentimental (por certo reproduzido nas capelas
espalhadas pela Europa), conclamando a participação dos fiéis, através de
citações do Evangelho: “todo aquele que deixar seu pai ou sua mãe, ou a
mulher ou os filhos ou as terras por amor de meu nome receberá o cêntuplo nesta
terra e terá a vida eterna” [4].
Mas, como lido, havia motivos comerciais
muito claros nas Cruzadas. Na quarta cruzada, como vimos, a cidade de Veneza
patrocinou as viagens até o Oriente Próximo após uma série de acordos. Quando
os nobres barões franceses pediram auxilio a rica cidade de Veneza, a pergunta
dos venezianos foi simples:
“- Sob quais condições?” [5].
Exercícios de Revisão
Faça uma pesquisa sobre uma das Oito Cruzadas ocorridas. A pesquisa pode
ser digitada, mas se for plágio, será desconsiderada.
[2] <http://cozacekruger.blogspot.com/2009/04/cruzadas-as-cruzadas-sao.html>. Acesso em: 22/01/2019.
[3] Huberman, Leo. História da
riqueza do homem/ Leo Huberman; tradução de Waltensir Dutra. – 21ª. ed. – Rio
de Janeiro: Guanabara, 1986. p. 19
[5] Huberman, Leo. História da
riqueza do homem/ Leo Huberman; tradução de Waltensir Dutra. – 21ª. ed. – Rio
de Janeiro: Guanabara, 1986. p. 20
[6] Huberman, Leo. História da
riqueza do homem/ Leo Huberman; tradução de Waltensir Dutra. – 21ª. ed. – Rio
de Janeiro: Guanabara, 1986. p. 20
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