sábado, 5 de fevereiro de 2022

3º Texto - 6º Ano - 2022: Os nossos (novos) ancestrais

 3º texto - Os nossos (novos) ancestrais

Pense um assunto que está passando pelas mais recentes e impactantes descobertas! Imagine pesquisas que estão mostrando que aquilo que era tomado como certo já não é tão certo assim!

Pensou? Pois é o que está acontecendo com os estudos acerca da evolução humana. Nos últimos dez anos as descobertas foram tantas e tão diversas que daria para fazer um Magazine Histórico só sobre esse assunto. E ainda faltaria espaço!

Como não podemos ficar falando só disso no decorrer de todo um ano letivo, muito menos durante um trimestre, vamos aprender um pouco sobre as recentes descobertas através de quatro textos.

O primeiro deles começa agora. É importante que você leia com muita atenção, afinal um OIA irá encerrar as leituras acerca do tema.

Novas velhas descobertas

Desde 2015 o campo da evolução humana tem passado por inúmeras pesquisas! Pesquisas que levantam mais dúvidas do que certezas, fazendo com que pesquisadores das mais diversas áreas reúnam-se e busquem explicar o que parecia já devidamente explicado.

Não à toa, a Scientific American Brasil, edição de outubro/2018, reuniu uma série de textos sobre a evolução humana, buscando debater e explicar os caminhos que fizeram com que a espécie humana se tornasse tão única.

E olha... Ainda existem muitos pontos a serem esclarecidos.

Neste texto não iremos tratar da mais recente descoberta, o Homo naledi, mas sim de outro recente achado arqueológico.

Ardipithecus ramidus

Falar sobre os primeiros hominídeos é mergulhar em um campo marcado por pontos de interrogação. Muitas dúvidas ainda aparecem. Porém, a cada descoberta, a cada fóssil encontrado, nós, seres humanos, parecemos nos aproximar dos nossos ancestrais.

No final de 2009, uma das manchetes dos principais jornais impressos e virtuais do Brasil e do mundo alertava para uma descoberta realizada por arqueólogos de diversos países. Vamos acompanhar um trecho dessa reportagem, publicada no dia 10 de outubro de 2009.

Ardipithecus ramidus, é o mais novo esqueleto fóssil descoberto na África que entrará para a galeria da origem da raça humana

Com 4,4 milhões de anos, este hominídeo viveu muito antes e era mais primitivo que a famosa Lucy de 3,2 milhões de anos, da espécie Australopithecus afarensis (considerada até então o hominídeo mais antigo). Desde a descoberta de fragmentos do hominídeo mais velho em 1992, uma equipe internacional de cientistas tem procurado mais espécimes e na quinta-feira[1] apresentou um esqueleto bastante completo e sua primeira análise.

Substituindo Lucy como o primeiro esqueleto conhecido da raça humana na árvore genealógica da família primata, segundo os cientistas, Ardi (nome dado pelos cientistas) abre uma janela para ‘os primeiros passos evolutivos que nossos antepassados deram depois que nós divergimos de nosso antepassado comum com os chimpanzés’. O hominídeo mais velho já era tão diferente dos chimpanzés que sugeria que ‘nenhum macaco moderno pode ser usado para caracterizar a evolução dos primeiros hominídeos’ (...).

 O espécime Ardipithecus, uma fêmea adulta, tinha cerca de um metro e vinte centímetros de altura e pesava 55 quilos, quase trinta centímetros mais alto e duas vezes mais pesado que Lucy. Seu cérebro não era maior do que o de um chimpanzé moderno.

 O hominídeo mantinha a agilidade para subir em árvores, mas já caminhava sobre duas pernas na posição vertical, uma inovação transformadora para os hominídeos, entretanto não tão eficazmente quanto a família de Lucy. Os pés de Ardi ainda teriam que desenvolver a estrutura em arco que veio depois com Lucy e consequentemente para os humanos.”[2]

Fantástico isso, não é mesmo? As pesquisas indicam que, passados mais de vinte e cinco anos desde a descoberta do fóssil do Ardipithecus, não sabemos ainda tudo sobre.

Portanto, os pesquisadores demorarão a provar as suas teorias. Mas, inquestionavelmente, algumas delas já estão sendo revistas, principalmente aquela que indicava o processo evolutivo como algo linear, como se seguisse uma fila. Tal ideia, apesar de facilitar o aprendizado acerca daqueles que vieram antes e os que vieram depois, é perigosamente errada!

A evolução humana tem-se mostrado um processo plural, marcada por inúmeros caminhos. O Ardipithecus tem ajudado a mostrar isso, graças ao intenso trabalho dos pesquisadores.

Desde 1992, pessoas de diferentes nacionalidades e áreas do conhecimento têm buscado reconstruir o esqueleto do Ardipithecus para que, assim, possam entender o papel dessa espécie na evolução dos seres humanos. Ou seja, vinte e cinco anos de estudos. E você que acha que leva muito tempo para fazer as tarefas da escola...

Ao lado, uma representação, após muito trabalho, do Ardipithecus. Obviamente que os vestígios não foram encontrados da maneira como aparecem na representação. 

 Ainda não debateremos as características presentes na representação acima, mas, tenho certeza, você já deve ter percebido algumas coisas curiosas no Ardipithecus, não é mesmo?

Voltando à ideia do desenho esquemático que retrata a nossa evolução, durante muitos anos nos foi apresentada a ideia de uma evolução linear, indicando que espécie A evoluiu e originou a B, a B a C e assim sucessivamente, até chegar à espécie atual, ou seja, nós.

Parte dessa ideia veio do fato de que só existe atualmente uma espécie do gênero Homo, a nossa, o Homo sapiens. Assim, criou-se a impressão de um caminho único, e de que somos o resultado final dessa linha.

Além disso, visões e interpretações deturpadas, desde o início das pesquisas científicas acerca da evolução humana, levaram a uma confusão de termos e ideias.

Vejamos essa representação.

Se fossemos situar o Ardipithecus, provavelmente ele estaria representado pelo 2º ou 3º espécime do desenho (da esquerda para a direita).

Mas, não é tão simples assim...

Acendendo a luz da sua curiosidade, nos próximos textos mostraremos o caso de um fóssil que parece estar cronologicamente à frente dos três primeiros espécimes do desenho acima, mas... Possui características que lembram o segundo! Em outras palavras, seria uma espécie que veio depois, mas que parece ter sofrido um retrocesso. E isso, ao que se sabe, não ocorre na evolução.

Aguarde! Enquanto isso faça os exercícios de revisão. Eles estão bem legais!

Exercícios de Revisão

1)    Pesquise o significado da palavra sapiência.

2) Agora, argumente o porquê da nossa espécie ter recebido o epíteto específico sapiens.



[1] Ou seja, mais de dez anos após a descoberta do fóssil! Viu como fazer pesquisa demanda tempo?

[2] http://www.stellabortoni.com.br/index.php/artigos/697-ioohiiam-aaii-oossa-titaaavo-aaiipithiius (modificado)

 

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