3º texto - Os nossos (novos) ancestrais
Pense um assunto que está passando
pelas mais recentes e impactantes descobertas! Imagine pesquisas que estão
mostrando que aquilo que era tomado como certo já não é tão certo assim!
Pensou? Pois é o que está acontecendo com os estudos acerca da evolução
humana. Nos últimos dez anos as descobertas foram tantas e tão diversas que
daria para fazer um Magazine Histórico só sobre esse assunto. E ainda faltaria
espaço!
Como não podemos ficar falando só disso
no decorrer de todo um ano letivo, muito menos durante um trimestre, vamos
aprender um pouco sobre as recentes descobertas através de quatro textos.
O primeiro deles começa agora. É importante que você leia com muita
atenção, afinal um OIA irá encerrar as leituras acerca do tema.
Novas velhas descobertas
Desde 2015 o campo da evolução humana tem passado por inúmeras pesquisas!
Pesquisas que levantam mais dúvidas do que certezas, fazendo com que
pesquisadores das mais diversas áreas reúnam-se e busquem explicar o que
parecia já devidamente explicado.
Não à toa, a Scientific American Brasil, edição de outubro/2018, reuniu uma série de textos sobre a evolução humana, buscando debater e explicar os caminhos que fizeram com que a espécie humana se tornasse tão única.
E olha... Ainda existem muitos pontos a serem esclarecidos.
Neste texto não iremos tratar da mais recente descoberta, o Homo
naledi, mas sim de outro recente achado arqueológico.
Ardipithecus ramidus
Falar sobre os primeiros hominídeos é mergulhar em um campo marcado por
pontos de interrogação. Muitas dúvidas ainda aparecem. Porém, a cada
descoberta, a cada fóssil encontrado, nós, seres humanos, parecemos nos
aproximar dos nossos ancestrais.
No final de 2009, uma das manchetes dos principais jornais impressos e
virtuais do Brasil e do mundo alertava para uma descoberta realizada por
arqueólogos de diversos países. Vamos acompanhar um trecho dessa reportagem,
publicada no dia 10 de outubro de 2009.
“Ardipithecus ramidus,
é o mais novo esqueleto fóssil descoberto na África que entrará para a galeria
da origem da raça humana
Com 4,4 milhões de anos, este hominídeo viveu muito antes e era mais
primitivo que a famosa Lucy de 3,2 milhões de anos, da espécie Australopithecus afarensis (considerada
até então o hominídeo mais antigo). Desde a descoberta de fragmentos do
hominídeo mais velho em 1992, uma equipe internacional de cientistas tem
procurado mais espécimes e na quinta-feira[1] apresentou
um esqueleto bastante completo e sua primeira análise.
Substituindo Lucy como o primeiro esqueleto conhecido da raça humana na
árvore genealógica da família primata, segundo os cientistas, Ardi (nome dado pelos cientistas) abre
uma janela para ‘os primeiros passos evolutivos que nossos antepassados deram
depois que nós divergimos de nosso antepassado comum com os chimpanzés’. O
hominídeo mais velho já era tão diferente dos chimpanzés que sugeria que
‘nenhum macaco moderno pode ser usado para caracterizar a evolução dos
primeiros hominídeos’ (...).
O espécime Ardipithecus, uma fêmea adulta, tinha cerca de um metro e vinte centímetros de
altura e pesava 55 quilos, quase trinta centímetros mais alto e duas vezes mais
pesado que Lucy. Seu cérebro não era maior do que o de um chimpanzé moderno.
O hominídeo mantinha a agilidade para subir em árvores, mas já
caminhava sobre duas pernas na posição vertical, uma inovação transformadora para os
hominídeos, entretanto não tão eficazmente quanto a família de Lucy. Os pés de
Ardi ainda teriam que desenvolver a estrutura em arco que veio depois com Lucy
e consequentemente para os humanos.”[2]
Fantástico isso, não é mesmo? As
pesquisas indicam que, passados mais de vinte e cinco anos desde a descoberta
do fóssil do Ardipithecus, não sabemos ainda tudo sobre.
Portanto, os pesquisadores demorarão a provar as suas teorias. Mas,
inquestionavelmente, algumas delas já estão sendo revistas, principalmente
aquela que indicava o processo evolutivo como algo linear, como se seguisse uma
fila. Tal ideia, apesar de facilitar o aprendizado acerca daqueles que vieram
antes e os que vieram depois, é perigosamente errada!
A evolução humana tem-se mostrado um processo
plural, marcada por inúmeros caminhos. O Ardipithecus tem
ajudado a mostrar isso, graças ao intenso trabalho dos pesquisadores.
Desde 1992, pessoas de diferentes nacionalidades e áreas do conhecimento
têm buscado reconstruir o esqueleto do Ardipithecus para que,
assim, possam entender o papel dessa espécie na evolução dos seres humanos. Ou
seja, vinte e cinco anos de estudos. E você que acha que leva muito tempo para
fazer as tarefas da escola...
Ao lado, uma representação, após muito trabalho, do Ardipithecus.
Obviamente que os vestígios não foram encontrados da maneira como aparecem na
representação.
Voltando à ideia do desenho esquemático que retrata a nossa evolução,
durante muitos anos nos foi apresentada a ideia de uma evolução linear,
indicando que espécie A evoluiu e originou a B, a B a C e assim sucessivamente,
até chegar à espécie atual, ou seja, nós.
Parte dessa ideia veio do fato de que só existe atualmente uma espécie
do gênero Homo, a nossa, o Homo sapiens. Assim, criou-se a
impressão de um caminho único, e de que somos o resultado final dessa linha.
Além disso, visões e interpretações
deturpadas, desde o início das pesquisas científicas acerca da evolução humana,
levaram a uma confusão de termos e ideias.
Vejamos essa representação.
Se fossemos situar o Ardipithecus, provavelmente ele estaria
representado pelo 2º ou 3º espécime do desenho (da esquerda para a direita).
Mas, não é tão simples assim...
Acendendo a luz da sua curiosidade, nos próximos textos mostraremos o
caso de um fóssil que parece estar cronologicamente à frente dos três primeiros
espécimes do desenho acima, mas... Possui características que lembram o
segundo! Em outras palavras, seria uma espécie que veio depois, mas que parece
ter sofrido um retrocesso. E isso, ao que se sabe, não ocorre na evolução.
Aguarde! Enquanto isso faça os exercícios de revisão. Eles estão bem
legais!
Exercícios de Revisão
1) Pesquise o significado da palavra
sapiência.
2) Agora, argumente o porquê da nossa espécie ter recebido o epíteto
específico sapiens.
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