quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Texto-base: o Império Romano

 O Império Romano[i]

A escolha da frase que abre esse texto não é de forma alguma aleatória. Ainda que a mesma faça referência ao período republicano (início do século I a.C.), as consequências para o período imperial foram sérias. O próprio professor Leoni discorre que a Roma gloriosa desmoronou com o 2º Triunvirato. Mas, antes de listarmos os mais diversos problemas, vamos compreender os primórdios da vida imperial romana.

O início do império romano

O primeiro imperador romano, Otávio Augusto, foi habilidoso para restituir a paz em Roma, tanto interna quanto externamente.  “Augusto domina totalmente, dá a Roma mais esplendor civil e político, consolida o império”[ii].

Mas, após Otávio, a situação desandou de forma impressionante. Em grande parte pelo fato de que os imperadores que sucederam Otávio Augusto, após a sua morte, em 14 d.C., fizeram coisas que, convenhamos, os colocam como os piores administradores da História. Tibério (14 – 37)[iii], imagem ao lado, sucessor de Otávio, deu início a uma época de terror, marcada por espionagens e delações. Resultado: foi assassinado. O próximo imperador foi Calígula (37 – 41), um das figuras mais desequilibradas da História. Desde a nomeação de seu cavalo, Incitatus, como cônsul, até o fato de que promovia rotineiras festas, movidas à sexo, Calígula prostituiu as esposas dos senadores. Resultado: foi assassinado.

Você acha que acabou? Não! Apesar da existência de Cláudio (41 – 54), com um governo que adotou medidas que buscaram retomar uma política mais equilibrada em Roma, seu sucessor, Nero (54 – 68), governou de maneira desastrosa.

Nero, sobrinho de Cláudio, apesar de estar sob os cuidados de uma das mentes mais brilhantes da História, Lúcio Annêo Sêneca (4 a.C. – 65), o que conferiu ao início do seu governo um período de grandiosidade, ficou conhecido por mandar matar cristãos, incendiando bairros romanos onde esses viviam. bem como mandar assassinar a sua mãe, Sêneca se suicidar...

Tragicômica, a sua morte é um dos eventos que mostra o quão Nero era destemperado. Ao ver as tropas de Sérvio Sulpício Galba (68 – 69) se aproximarem para retirá-lo do poder, Nero se mata, soltando a frase: “que artista o mundo perderá!”. Isso porque o sobrinho de Cláudio considerava-se um excelente cantor. Cada uma...

Depois disso, dessa hecatombe de tragédias, fica óbvio entender o porquê os historiadores consideram que, após a morte de Otávio Augusto, Roma ficou marcada por inúmeros e graves problemas. Além disso, a expansão territorial, realizada pelos romanos, continuou, porém diminuiu, e a maior preocupação agora era manter as áreas conquistadas. Assim, a política romana não privilegiava mais as áreas a serem conquistadas e sim a proteção das áreas que foram conquistadas.

Com isso, os romanos buscaram melhorar as províncias (as regiões conquistadas), sendo comum a presença de províncias ricas. No período também se consolidou a economia romana baseada na escravidão, onde o escravo estava inserido em todas (ou quase todas) as relações de trabalho na Roma Antiga, o que conferiu a essa sociedade o título de sociedade escravista. No entanto, os escravos vinham das conquistas romanas. Como os imperadores diminuíram as conquistas houve, consequentemente, uma diminuição na oferta de escravos o que fez surgir um problema: como uma sociedade escravista vive sem escravos? Isso começou a enfraquecer o império.

Justamente para “contornar” o problema da falta de escravos, outras conquistas foram feitas até que, após 117 d.C., elas definitivamente acabaram. Nessa época o Império chegou a sua maior extensão, uma área realmente impressionante. Os romanos conquistaram regiões em três continentes: Europa, África e Ásia. Foi no governo de Trajano, entre 98 d.C. e 117 d.C. que o império atingiu sua maior área.


Frente ao exposto, já a partir do século II, em 138, após a morte do imperador Adriano, Roma mergulhou em crises, decadências, começando a perder a sua unidade, resultado também da penetração dos povos que moravam nas redondezas do Império Romano.

A formação da crise imperial

A dependência da economia romana quanto ao trabalho escravo fez surgir um grave problema: uma sociedade escravista que não possuía a oferta de escravos, fazendo com que o preço dos escravos que existiam aumentasse muito! Os escravos produziam os alimentos e como o seu preço estava subindo, o preço dos alimentos subia também!

Assim, alimentos mais caros impediam que a população pobre se alimentasse adequadamente. Era a formação de um problema sem aparente solução! E como se não bastassem essas situações, o século III d.C. (201 – 300) foi marcado por outros problemas sociais graves, como o inchaço do exército. Vamos explicar.

Como o império aumentou era necessário cada vez mais soldados para proteger as fronteiras. Um número maior de soldados significava um aumento nos gastos (manter um exército é caro!). Assim, mais dinheiro era gasto. Para piorar a situação existia uma enorme instabilidade política, com disputas de poder e problemas internos. Era necessário buscar soluções.

Além do mais

O texto que você acabou de ler deixou bem claro que Roma estava cheia de problemas! Faltava comida, emprego, moradia... Assim, os plebeus estavam ficando revoltados.

Diante disso, os imperadores passaram a utilizar a tática do chamado “Pão e Circo”. O que seria?

No Coliseu, quase todos os dias, gladiadores lutavam até a morte, divertindo a população. Um espetáculo circense aterrador! Havia leões, tigres, homens se enfrentando. E, durante as lutas, refeições eram servidas. A ideia era que, de estômago cheio e com outras coisas para pensar, os revoltosos se acalmariam, esqueceriam os problemas.




[i] Pedro Henrique Maloso Ramos

[ii] Leoni, G. D. “A Literatura de Roma” – 6ª ed. – São Paulo: Livraria Nobel S. A., 1961. p. 76

[iii] ATENÇÃO: os períodos registrados fazem menção ao governo, e não à vida dos imperadores aqui citados.

 

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