26º Texto: Antes de ser América
De todos
os eventos registrados
durante a Expansão
Ultramarina o descobrimento da
América talvez seja um dos mais impressionantes. Aos olhos dos navegadores
europeus um “Novo Mundo” surgia, derrubando teorias e paradigmas, redefinindo
maneiras de se enxergar o Homem. As populações nativas americanas causaram
espanto e mostraram outras (possíveis) formas de organização e convívio sociais
nunca imaginadas pelo homem europeu, recém-saído do universo medieval.
Nesse
texto, dividido em dois blocos, iremos
primeiramente falar das comunidades nativas
americanas (especialmente dos tupinambás). E, em um segundo momento, do trágico episódio da conquista da
América pelos europeus.
Os tupinambás
Poderíamos
aqui falar de inúmeras comunidades nativas
americanas. Da maravilhosa e
fascinante cultura Sioux, indígenas que habitavam as planícies norte-americanas,
caçando búfalos. Ou mesmo dos Incas, povo fascinante que habitava praticamente toda a região andina,
responsáveis por uma cultura maravilhosa, capaz de projetar cidades com água potável e à prova de abalos
sísmicos. No entanto, para que o nosso texto não se torne um livro iremos falar
de uma das comunidades nativas americanas: os tupinambás. No momento em que
Cabral e seus comandados aqui pisaram os tupinambás eram considerados os “senhores
do litoral”[1]. “A cultura tupi-guarani ter-se-ia formado há
mais de três mil anos, na Amazônia central”[2],
chegando posteriormente ao litoral.
Os
tupinambás viviam em aldeias com cerca de cinquenta indivíduos, sendo as mesmas
circulares e protegidas por paliças de troncos, com fossos que continham
pedaços pontiagudos de madeira. A vida comunitária estava diretamente ligada e
estruturada na produção agrícola, além da caça, da pesca e da coleta de frutos
silvestres. A técnica agrícola utilizada pelas comunidades tupinambás consistia
em atear fogo a uma determinada região em que a mata havia sido previamente
derrubada. Depois limpavam a área e iniciavam o plantio, cultivando mandioca,
batata-doce, vagens etc. Essa técnica é conhecida como coivara.
Os
tupinambás não possuíam animais de transporte e nem a criação dos mesmos. As
aldeias não ficavam sempre no mesmo lugar. Assim que o solo ou os recursos se
esgotavam, os tupinambás partiam para uma outra região.
A
sociedade tupinambá era formada por excelentes pescadores, nadadores,
mergulhadores e caçadores. “Construíam
jangadas e canoas cavadas em troncos de certas árvores. Durante as viagens nas
canoas, os homens esvaziavam com as cuias a água
que entrava nas embarcações.
Os tupinambás conheciam a cerâmica, a
cestaria, o trabalho com algodão e fabricavam armas e instrumentos domésticos e
musicais.
Manejavam com grande habilidade suas
armas de caça e de guerra – tacapes, arcos, flechas, escudos, machados de pedra
polida etc. Nas batalhas soavam tambores, flautas, cornetas e buzinas”[1].
Praticavam rituais antropofágicos.
A conquista da
América
Vimos
anteriormente que, quando os europeus chegaram ao Novo Mundo, as terras já eram
habitadas. No entanto, a ocupação europeia foi feita desrespeitando qualquer
cultura ou sociedade existente no Novo Mundo. “Inicialmente, a própria presença física do europeu no continente foi responsável
por milhares de mortes em virtude de várias doenças. A varíola, a pneumonia, a
gonorreia, o tifo e a gripe devastaram populações inteiras. Por outro lado, os europeus eram
vulneráveis à sífilis, que causou a morte de milhares deles”[1].
Uma
das populações que foi praticamente eliminada durante o processo de conquista
foi a dos tupinambás. Como definimos, os tupinambás controlavam praticamente
todo o litoral brasileiro, uma cultura milenar arrasada em meio século após a
chegada dos portugueses ao Brasil. O quadro era tão assustador que em 1584 o
padre Fernão Cardim registrou espantado o extermínio: “e eram tanto os dessa casta que parecia impossível poderem se extinguir”[2]
Acima, ilustração de Theodore de Bry mostrando o extermínio de uma
comunidade indígena.
As
formas de execução que os indígenas sofriam eram as mais variadas e cruéis
possíveis. Crianças eram separadas de suas mães, homens e mulheres eram
escravizados, aldeias eram atacadas durante a noite e o dia.
Infelizmente
o extermínio indígena não foi apenas uma característica da colonização
portuguesa. Tornou-se comum por toda a América, eliminando diversas etnias.
Veja o relato abaixo, referente à colonização espanhola:
As
campanhas do espanhol Fernão Cortez (imagem), em 1520, para ocupar as terras
americanas demonstravam a violência usada pelos conquistadores. Ele invadiu o
México combatendo contra a sociedade asteca, massacrando-a. na década de 1530
foi a vez de Francisco Pizzaro massacrar o povo inca, em busca das minas de
ouro e prata no Peru e na Bolívia. Inúmeras nações indígenas foram totalmente
obrigadas a abrir mão de suas crenças religiosas. Esse verdadeiro horror que o
conquistador europeu causou aos povos americanos ficou muito claro no relato
feito pelo frei Bartolomé de Las Casas[1]:
“(...) os espanhóis, esquecendo que eles
eram homens, trataram essas inocentes criaturas com crueldade digna de lobos,
de tigres e de leões famintos (...) não deixaram de os perseguir, de os
oprimir, de os destruir com todos os meios criados pela cobiça humana e por
outros que se quer chegaram a imaginar; hoje não se conta senão duzentas
indígenas na Ilha Espanhola (São Domingos) que outrora abrigava três milhões
(...)”[2].
Não
à toa, a marca da conquista foi o extermínio de milhares (milhões talvez) de
indígenas, dos incas aos tupinambás, dos jês aos iroqueses, dos astecas aos
sioux. Conquista que se estendeu por longos e agonizantes séculos, manchada com
o sangue indígena. Por esse motivo afirmamos que as civilizações indígenas
americanas não morreram de morte natural. Elas foram assassinadas!
Exercícios de revisão
1) Como ocorreu o processo de colonização do
continente americano pelos europeus? Explique
[1]
Moraes, José Geraldo
Vinci de. “Caminhos das civilizações: da pré-História aos dias atuais”. São
Paulo: Atual, 1993. pp. 157 - 158
[1]
Moraes, José Geraldo Vinci de. “Caminhos das civilizações: da pré-história aos
dias atuais”. São Paulo: Atual, 1993. p. 157.
[2]
in Maestri, M. “Terra do Brasil: a
conquista lusitana e o genocídio tupinambá” – São Paulo: Moderna, 1993.p. 83
[1]
Maestri, M. “Terra do Brasil: a conquista lusitana e o genocídio tupinambá” –
São Paulo: Moderna, 1993.p. 37
[1]
Maestri, M. “Terra do
Brasil: a conquista lusitana e o genocídio tupinambá” – São Paulo: Moderna,
1993.
[2]
Maestri, M. “Terra do Brasil: a conquista lusitana e o genocídio tupinambá” –
São Paulo: Moderna, 1993. p. 34
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