1º texto-base: as raízes históricas e mitológicas de Roma[i]
Olá! A partir de agora, mergulharemos nos fundamentos que originaram a
Roma Antiga.
Estudar Roma é de extrema importância, e, isso por inúmeros motivos.
Listemos alguns.
Muitos dos idiomas atuais possuem sua língua-mãe, ou seja, a que deu
início a sua formação, no latim. E o latim foi uma dos idiomas falados
na Roma Antiga. Outro aspecto é que algumas das nossas características
culturais são heranças diretas da Roma Antiga. Sendo assim, dos “romanos,
herdamos uma série de características culturais. O direito romano, até os dias
de hoje está presente na cultura ocidental, assim como o latim, que
deu origem a língua portuguesa, francesa, italiana e espanhola”[ii].
Roma também deu continuidade às características culturais da Grécia
Antiga. Não à toa, a “literatura romana é, portanto, a mais direta
continuadora da literatura grega, a sua maior e melhor herdeira”[iii]. No entanto, compete
escrever que os romanos não se limitaram a copiar as características e
estruturas gregas, mas sim adaptá-las as suas necessidades, muitas vezes
inovando.
O ponto de origem
Antes de dividir a História da Roma Antiga em períodos, algo que é
costumeiramente feito pelos historiadores, vamos analisar seu processo de
formação, fazendo duas abordagens: mitológica e histórica. Ambas misturam-se,
ficando difícil definir onde termina uma e começa a outra. Aliás, a mistura de
mitos e fatos é algo bem típico na história das civilizações, principalmente as
da Antiguidade.
Comecemos pela análise mitológica.
O mito de Rômulo e Remo
As origens da civilização romana estão muito ligadas a um mito: o mito
de Rômulo e Remo.
“Diz a lenda que Roma foi fundada no ano 753 a.C. por Rômulo e
Remo, filhos gêmeos do deus Marte e da mortal Rea Sílvia. Ao nascer, os dois
irmãos foram abandonados junto ao rio Tibre e salvos por uma loba, que os
amamentou e os protegeu. Por fim, um pastor os recolheu e lhes deu os nomes de
Rômulo e Remo. Depois de matar Remo numa discussão, Rômulo deu o seu nome à
cidade”[iv].
Escultura remetendo ao mito de Rômulo e Remo.
É válido dizer que a escolha da figura da loba dentro da narrativa desse
mito não foi uma escolha aleatória. A loba remete à força, a astúcia, retomadas
como fundamentos pelos romanos, principalmente quando estes se dispuseram a
contar a sua história, as suas origens.
As raízes históricas
Impressiona saber que a civilização romana teve seu início como uma mera
aldeia de agricultores, tornando-se posteriormente uma cidade-estado para que,
nos primeiros séculos da Era Cristã, passasse ser um império com território em
três continentes.
Além dessa incrível expansão geográfica, o curso da História romana
interferiu diretamente em quase todos os campos dos períodos vindouros,
principalmente quando abordamos a chamada civilização ocidental.
Mas, o começo da civilização não teve nada de grandioso.
Tribos de origem sabina e latina estabeleceram-se um povoado no monte
Capitolino, junto às margens do rio Tibre, a partir do século VIII a. C.. E, já
aqui, temos o primeiro enrosco fato-mito (seria uma paródia ao fato-fake?).
As áreas circunvizinhas ao Monte (Colina) Capitolino eram formadas por
outros montes (ou colinas), totalizando, junto com o Capitolino, sete colinas.
Segundo as raízes mitológicas, cada colina era controlada por um chefe, uma
espécie de rei. Mas não há comprovações fidedignas de que isso de fato ocorreu.
E essa situação de incertezas percorreu toda a análise histórica acerca
da monarquia romana.
Além de sabinos e latinos, umbros, oscos, etruscos e gregos compuseram
os primeiros povos da Roma Antiga.
Frente a esse quadro, o que é inquestionável é o fato de que o início de
Roma não foi marcado por nenhuma unidade política e social, muito menos
cultural. Aliás, o que talvez mais dificulte conhecer as origens da Roma Antiga
seja exatamente essa pluralidade dos povos, uma vez que, rotineiramente, um
povo chegava e entrava em conflito com o povo residente, promovendo, muitas
vezes, a destruição de elementos que nos ajudariam a compreender o nascimento
de Roma.
Além do mais
O texto a seguir trará um olhar mais aprofundado sobre o início da história
da Roma Antiga. Vamos começar
A região onde se localiza o rio Tibre e a civilização romana é a
península Itálica, área importante já na Antiguidade devido à proximidade com
diversos povos e culturas, além de estar inserida no espaço do mar Mediterrâneo.
Ao passo de que essa pluralidade cultural dificultou uma união, ela deu início
a uma cultura muito singular.
Os povos que mais contribuíram para o processo inicial de formação da
civilização romana foram os etruscos e os latinos. A maioria da população era
formada por agricultores. Com o passar dos anos, esses povos começaram a
invadir as regiões vizinhas.
As conquistas passaram a moldar a política romana, fazendo triunfar um povo sobre o outro, em especial os etruscos, povos vindos da Ásia Menor[v] para a Itália, antes mesmo da formação do primeiro povoado romano.
Segundo o professor Leoni[vi], as raízes culturais orientais dos etruscos deram os primeiros modelos culturais à civilização romana. O que isso quer dizer? Quer dizer que os etruscos estão diretamente associados às características religiosas, mitológicas, políticas e artísticas da Roma Antiga. No 2º texto você saberá que a presença dos etruscos foi marcante no primeiro período da civilização romana, a monarquia.
A esse processo inicial de formação da cultura romana devemos incluir os
gregos. E isso desde o século VII a. C. até o século II a. C. Não à toa, muitos
deuses gregos ganharam novos nomes e passaram a ser deuses romanos. Eis o
porquê das primeiras manifestações culturais da Roma Antiga serem profundamente
religiosas.
[i] Pedro Henrique Maloso Ramos
[ii] www.suapesquisa.com
[iii] Leoni, G. D. “A Literatura de Roma” – 6ª ed. – São Paulo: Livraria Nobel
S. A., 1961. p. 13
[iv] paginas.terra.com.br/arte/mundoantigo/Roma
[v] A região da Ásia
Menor é atualmente representada em grande parte pela Turquia.
[vi] Leoni, G. D. “A Literatura de Roma” – 6ª ed. – São Paulo: Livraria Nobel
S. A., 1961. p. 18
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