terça-feira, 6 de outubro de 2020

1º texto-base: as raízes históricas e mitológicas de Roma

 1º texto-base: as raízes históricas e mitológicas de Roma[i]

Olá! A partir de agora, mergulharemos nos fundamentos que originaram a Roma Antiga.

Estudar Roma é de extrema importância, e, isso por inúmeros motivos. Listemos alguns.

Muitos dos idiomas atuais possuem sua língua-mãe, ou seja, a que deu início a sua formação, no latim. E o latim foi uma dos idiomas falados na Roma Antiga. Outro aspecto é que algumas das nossas características culturais são heranças diretas da Roma Antiga. Sendo assim, dos “romanos, herdamos uma série de características culturais. O direito romano, até os dias de hoje está presente na cultura ocidental, assim como o latim,  que deu origem a língua portuguesa, francesa, italiana e espanhola[ii].

Roma também deu continuidade às características culturais da Grécia Antiga. Não à toa, a “literatura romana é, portanto, a mais direta continuadora da literatura grega, a sua maior e melhor herdeira[iii]. No entanto, compete escrever que os romanos não se limitaram a copiar as características e estruturas gregas, mas sim adaptá-las as suas necessidades, muitas vezes inovando.

O ponto de origem

Antes de dividir a História da Roma Antiga em períodos, algo que é costumeiramente feito pelos historiadores, vamos analisar seu processo de formação, fazendo duas abordagens: mitológica e histórica. Ambas misturam-se, ficando difícil definir onde termina uma e começa a outra. Aliás, a mistura de mitos e fatos é algo bem típico na história das civilizações, principalmente as da Antiguidade.

Comecemos pela análise mitológica.

O mito de Rômulo e Remo

As origens da civilização romana estão muito ligadas a um mito: o mito de Rômulo e Remo.

Diz a lenda que Roma foi fundada no ano 753 a.C. por Rômulo e Remo, filhos gêmeos do deus Marte e da mortal Rea Sílvia. Ao nascer, os dois irmãos foram abandonados junto ao rio Tibre e salvos por uma loba, que os amamentou e os protegeu. Por fim, um pastor os recolheu e lhes deu os nomes de Rômulo e Remo. Depois de matar Remo numa discussão, Rômulo deu o seu nome à cidade[iv].

Escultura remetendo ao mito de Rômulo e Remo. 

É válido dizer que a escolha da figura da loba dentro da narrativa desse mito não foi uma escolha aleatória. A loba remete à força, a astúcia, retomadas como fundamentos pelos romanos, principalmente quando estes se dispuseram a contar a sua história, as suas origens.

As raízes históricas

Impressiona saber que a civilização romana teve seu início como uma mera aldeia de agricultores, tornando-se posteriormente uma cidade-estado para que, nos primeiros séculos da Era Cristã, passasse ser um império com território em três continentes.

Além dessa incrível expansão geográfica, o curso da História romana interferiu diretamente em quase todos os campos dos períodos vindouros, principalmente quando abordamos a chamada civilização ocidental.

Mas, o começo da civilização não teve nada de grandioso.

Tribos de origem sabina e latina estabeleceram-se um povoado no monte Capitolino, junto às margens do rio Tibre, a partir do século VIII a. C.. E, já aqui, temos o primeiro enrosco fato-mito (seria uma paródia ao fato-fake?).

As áreas circunvizinhas ao Monte (Colina) Capitolino eram formadas por outros montes (ou colinas), totalizando, junto com o Capitolino, sete colinas. Segundo as raízes mitológicas, cada colina era controlada por um chefe, uma espécie de rei. Mas não há comprovações fidedignas de que isso de fato ocorreu.

E essa situação de incertezas percorreu toda a análise histórica acerca da monarquia romana.

Além de sabinos e latinos, umbros, oscos, etruscos e gregos compuseram os primeiros povos da Roma Antiga.

Frente a esse quadro, o que é inquestionável é o fato de que o início de Roma não foi marcado por nenhuma unidade política e social, muito menos cultural. Aliás, o que talvez mais dificulte conhecer as origens da Roma Antiga seja exatamente essa pluralidade dos povos, uma vez que, rotineiramente, um povo chegava e entrava em conflito com o povo residente, promovendo, muitas vezes, a destruição de elementos que nos ajudariam a compreender o nascimento de Roma.

Além do mais

O texto a seguir trará um olhar mais aprofundado sobre o início da história da Roma Antiga. Vamos começar

A região onde se localiza o rio Tibre e a civilização romana é a península Itálica, área importante já na Antiguidade devido à proximidade com diversos povos e culturas, além de estar inserida no espaço do mar Mediterrâneo. Ao passo de que essa pluralidade cultural dificultou uma união, ela deu início a uma cultura muito singular.  

Os povos que mais contribuíram para o processo inicial de formação da civilização romana foram os etruscos e os latinos. A maioria da população era formada por agricultores. Com o passar dos anos, esses povos começaram a invadir as regiões vizinhas. 

As conquistas passaram a moldar a política romana, fazendo triunfar um povo sobre o outro, em especial os etruscos, povos vindos da Ásia Menor[v] para a Itália, antes mesmo da formação do primeiro povoado romano.

Segundo o professor Leoni[vi], as raízes culturais orientais dos etruscos deram os primeiros modelos culturais à civilização romana. O que isso quer dizer? Quer dizer que os etruscos estão diretamente associados às características religiosas, mitológicas, políticas e artísticas da Roma Antiga. No 2º texto você saberá que a presença dos etruscos foi marcante no primeiro período da civilização romana, a monarquia.

A esse processo inicial de formação da cultura romana devemos incluir os gregos. E isso desde o século VII a. C. até o século II a. C. Não à toa, muitos deuses gregos ganharam novos nomes e passaram a ser deuses romanos. Eis o porquê das primeiras manifestações culturais da Roma Antiga serem profundamente religiosas.



[i] Pedro Henrique Maloso Ramos

[ii] www.suapesquisa.com

[iii] Leoni, G. D. “A Literatura de Roma” – 6ª ed. – São Paulo: Livraria Nobel S. A., 1961. p. 13

[iv] paginas.terra.com.br/arte/mundoantigo/Roma

[v] A região da Ásia Menor é atualmente representada em grande parte pela Turquia.

[vi] Leoni, G. D. “A Literatura de Roma” – 6ª ed. – São Paulo: Livraria Nobel S. A., 1961. p. 18

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