28º Texto - As Reformas Protestantes
Vamos
tratar das três reformas protestantes, começando pela Reforma Luterana.
A Reforma Luterana
A
primeira reforma protestante foi a Reforma Luterana, iniciada por Martinho Lutero, em 1517, dentro das
regiões do Sacro Império Romano-Germânico (território que compõe atualmente a
Alemanha). Primeiramente vamos conhecer quem foi Lutero.
Nascido
em 1483, no que hoje é a cidade alemã de Eisleben, Lutero teve uma formação muito
religiosa e uma educação extremamente rígida. De família pobre, Lutero sempre
teve o incentivo dos pais para que estudasse o que fez quando saiu de casa aos
14 anos para estudar latim em uma escola na cidade de Magdeburg. Em 1501 Lutero
ingressou na Universidade de Erfurt para estudar direito, tornando-se um leitor
contumaz e um freqüentador
assíduo das bibliotecas. Logo no início de sua vida acadêmica passou a se
interessar pelo estudo da Bíblia, levantando uma questão que o incomodava
profundamente: a ideia da salvação
eterna. Assim, não nos é estranho o fato de Lutero ter trocado o curso de
Direito pelo de Teologia e culminar sua aproximação ao campo religioso quando
ingressou em um convento agostiniano. Buscando fazer tudo para salvar a sua
alma, Lutero jejuava, orava e lia a Bíblia com grande regularidade. Todo esse
trajeto culminou com o doutoramento de Lutero em teologia pela Universidade de
Wittenberg, em 1512, fazendo com que o mesmo fosse indicado para lecionar.
Envolvido
com questões religiosas Lutero protestou contra a venda de indulgências e
contra as estruturas eclesiásticas. Passou a ser “perseguido” pelo papa Leão X,
sendo condenado pelo imperador Carlos V, na Dieta de Worms, à execução. Escapou
porque fugiu para a Saxônia, recebendo abrigo do duque Frederico, o Sábio.
Buscando
impedir que as idéias de Lutero se propagassem, Carlos V exigiu, na Assembléia
reunida, em Spira (em 1529), que todos os príncipes aderissem ao catolicismo
romano. Alguns desses príncipes protestaram, e,
A Reforma Calvinista
A
Reforma Calvinista esteve ligada ao humanista francês João Calvino
(1509-1564). Sabemos que na França a Igreja Católica tinha grande influência no
poder real. Através da Concordata, de 1516, foi transferido para o monarca
francês o direito de nomear bispos e abades. A partir da Concordata, o soberano
francês passou a distribuir abadias e bispados, não se preocupando com a
religião em si.
Os
reformadores franceses se inspiraram na corrente humanista trazida por Erasmo
de Rotterdam, surgindo pensadores e humanistas cristãos admiráveis, que
propunham uma reforma interior e progressiva da Igreja. Calvino surgiu no
momento em que a França vivia um fervor humanista. Fortemente influenciado por
Lutero, o pensamento calvinista foi consolidado com a publicação de “Instituição Cristã”, base da reforma
calvinista, de 1534.
Calvino
se instalou na Suíça em
Embora
baseado nas idéias protestantes, Calvino divergia de Lutero em alguns pontos,
principalmente na questão da salvação. Enquanto os luteranos acreditavam que o
homem se salvava pela fé, Calvino defendia a ideia de que a fé não era
suficiente, uma vez que o homem já nascia predestinado,
ou seja, escolhido por Deus para a vida eterna ou para a condenação. A
riqueza material era um sinal da graça divina sobre o indivíduo. Essas ideias
foram prontamente assimiladas pela burguesia de Genebra, pois justificavam não
só o comércio, como também as atividades financeiras e o lucro a elas
associado.
No aspecto moral, a doutrina calvinista se caracterizou pela extrema rigidez de costumes imposta aos seus fiéis. A cidade de Genebra passou a ser governada pela Igreja Calvinista, através de uma assembléia e um órgão de vigilância que impunha severa disciplina, proibindo jogos e danças, suprimindo as imagens e os altares dos templos e adotando uma liturgia[2] extremamente simplificada, concentrada no sermão, na oração e na leitura da Bíblia. O calvinismo propagou-se rapidamente, atingindo a França, a Inglaterra e a Escócia e contribuindo para a cisão definitiva entre a Igreja Católica e as Igrejas Reformadas”[3]. A figura de João Calvino.
A Reforma Anglicana
As
reformas religiosas na Inglaterra estiveram diretamente ligadas ao rei
Henrique VIII (1509-1547). Católico,
tido como defensor da fé pelo papado, Henrique VIII chegou a entrar em conflito
com os luteranos. Entretanto, em 1527, devido ao episódio com Ana Bolena e
Catarina de Aragão, rompeu com o papado. O que foi o dito episódio?
Durante
o seu governo, Henrique VIII enfrentou forte pressão da burguesia, que desejava
maior participação do Parlamento. A principal ideia da burguesia era acabar com
as taxas que a Igreja andava cobrando, e que impediam o avanço comercial, além
dos burgueses terem interesse em acabar com a ideia da usura.
Henrique
VIII, necessitando aumentar as riquezas do Estado, aproveitou-se dessa situação
para confiscar os bens da Igreja. Isso gerou desentendimentos com o papa,
agravados quando o monarca solicitou a anulação de seu casamento com Catarina
de Aragão. A anulação foi pedida porque, não tendo sucessores masculinos com a
princesa espanhola, Henrique VIII temia que, em caso de sua morte, o trono
inglês passasse para o controle da Espanha. Esse temor era compartilhado por
toda a nação, que apoiou o rei, diante da negativa do papa em conceder-lhe o
divórcio.
O
rei então rompeu com o papado e promoveu uma reforma na Igreja inglesa,
obrigando seus membros a reconhecê-lo como chefe supremo e a jurar-lhe
fidelidade e obediência. Assim, Henrique VIII obteve do clero inglês o divórcio
de Catarina de Aragão e pôde desposar Ana Bolena”[4].
O casamento com Ana Bolena foi feito com o apoio do bispo de Canterburg.
A doutrina anglicana foi a mais próxima à católica. A salvação, no entanto, também era pela predestinação. Houve a conservação de dois sacramentos (o batismo e a eucaristia[5]).
[2] a ordem e as cerimônias
no ritual eclesiástico.
[3] Pazzinato, A. L.; Senise, M. H. V. – História Moderna e Contemporânea –
São Paulo: Ática, 1997. p. 55
[4] Pazzinato, A. L.; Senise, M. H. V. – História Moderna e Contemporânea –
São Paulo: Ática, 1997. p. 56
[5] sacramento em que, segundo o dogma católico, o corpo e o sangue de Jesus Cristo estão presentes sob as espécies do pão e do vinho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário