Neste
último texto sobre Mendelssohn farei uma análise sobre a vida do compositor
entre 1837 e 1847. Atento para o fato que este é o texto final da sequência[2].
Em
28 de março de 1837 Mendelssohn se casou com Cécile Jeanrenauda, moça de origem
francesa e descendente de uma família de huguenotes, que habitavam Frankfurt. O
encontro dos dois foi proporcionado pelo fato de Mendelssohn ter recebido a
direção da orquestra de Cecilien-Verein de Frankfurt, podendo assim encontrar a
moça com quem se casaria e teria cinco filhos. As viagens de Mendelssohn, no
entanto, não cessaram com o nascimento do primeiro filho, no dia 7 de fevereiro
de 1838. Em setembro do ano seguinte, Mendelssohn empreendera nova viagem pelo
continente europeu, retornando à Inglaterra. “Antes de partir, recebeu uma
proposta do rei da Prússia, Frederico Guilherme IV, que pretendia manter o
compositor ligado a Berlim de uma ou outra forma. Com cuidado para não quebrar
o protocolo – ao rei não podia apresentar recusas se quisesse continuar vivendo
nas áreas controladas pelo soberano
–, mas, hesitante diante dos deveres que poderiam lhe impor, pediu tempo para
pensar e viajou à Inglaterra” [3].
A
Inglaterra foi, por sucessivas vezes, “morada” de Mendelssohn. Londres no
século XIX[4].
Apesar da momentânea indecisão, Mendelssohn
aceitou e foi nomeado Kapelmeister[5]
da corte. Em 1839, Mendelssohn tornou-se diretor-geral de música de Berlim.
Logo em seguida, o compositor criou, muito em vista dos seus esforços, o
Conservatório de Leipzig (imagem abaixo),
concretizando um dos seus maiores
sonhos, sendo que a inauguração ocorreu no início de 1843. A criação do
Conservatório fez com que Mendelssohn precisasse viajar com frequência entre
Leipzig e Berlim. Se pensarmos que a distância não era curta, haja vista ser
essa superior a 300 quilômetros, e o fato de que os meios de transportes
existentes na época levarem tempo considerável para concluir o percurso, é
fácil presumir que a saúde de Mendelssohn “começou a se ressentir do esforço.
Decidiu então descansar por um ano e viajou a Frankfurt, onde começou a
escrever seu Concerto para violino e
orquestra” [6].
No entanto, devido ao quadro médico que apresentava, no dia da estreia não pode
reger a orquestra, sendo substituído pelo compositor holandês Niels Gade (1817
– 1890), que havia estudado no conservatório criado por Mendelssohn. Este
talvez seja uma das etapas da eternização da obra de um gênio, quando os seus
discípulos começam a perpetuá-la. Sobre esta obra, Rincón assinala que o
sucesso foi de significativa monta “que, por algum tempo Mendelssohn parecia ter-se recuperado da doença”[7],
o que veremos, no entanto, não foi o suficiente. Mendelssohn retornou à
Inglaterra, em 1846, onde estreou o oratório Elias, de sua autoria, o regendo por várias vezes, além de se
apresentar como solista em uma de suas obras preferidas, sendo a mesma de
autoria de Beethoven: “Quarto concerto
para piano e orquestra”.
Niels
Gade, aluno do conservatório criado por Mendelssohn[8].
“De
volta a Frankfurt, ficou sabendo da morte de sua irmã, Fanny (14 de maio de
1847), para ele uma verdadeira catástrofe[9].
Em meio à dor que essa morte lhe causou, compôs seu Quarteto para cordas em fá menor e outra obra de grande qualidade,
o Nachtlie, assim como vários
fragmentos do novo oratório que estava escrevendo, Christus, e que não chegou a terminar. Sempre que podia, viajava e
pintava” [10].
Em
Leipzig, Mendelssohn pôde assistir à segunda apresentação de seu Concerto para violino em mi menor. A
execução ficou a cargo de outro aluno do Conservatório de Leipzig, Joseph
Joachim (1831 – 1907), que acabou por se tornar um dos maiores solistas do
século XIX. No dia 4 de novembro de 1847, Felix Mendelssohn-Bartholdy, morreu,
aos trinta e oito anos.
A
morte do compositor é cercada de teorias, algumas levantadas recentemente. Uma
das teorias que fora alçada é a de que Mendelssohn viveu uma paixão não
correspondida por uma soprano sueca, Jenny Lind (1820 -1887). Tal fato pode ter contribuído para a morte de
Mendelssohn. “Essa é a tese levantada por uma jornalista do The
Independent, Jessica Duchen. A tese tem por base um documento depositado
nos arquivos da Royal Academy of Music, em Londres: uma declaração do marido de Jenny Lind, Otto Goldschmidt, confessando ter
destruído uma carta de Mendelssohn para Jenny, que teria o poder de macular
profundamente as reputações de sua mulher e de Mendelssohn. Na carta o
compositor teria declarado amor ardente por ela, implorando que ela fugisse com
ele para os Estados Unidos e ameaçando suicídio caso ela
recusasse. Supõe-se que Jenny, de fato, recusou. Meses depois, Mendelssohn
estava morto” [11]. O que
se tem, por certo, é que Mendelssohn faleceu vítima de um ataque de apoplexia.
Morria, assim, um dos maiores nomes do século XIX.
Execução
da marcha nupcial pela orquestra sinfônica da cidade de Moscou.
[1] RAMOS, Pedro Henrique Maloso.
[2] Vide nesse blog outros textos
sobre o assunto em questão.
[3] Felix Mendelssohn: Royal
Philharmonic Orchestra/ [Mediasata Group S.A.; texto e documentação musical
Eduardo Rincón; tradução: Linguagest]. – São Paulo: Pubifolha, 2005 – (Coleção
Folha de Música Clássica). p. 24 (adaptado)
[4] Imagem extraída do sítio http://www.old-map-blog.com/category/country/england/
[5] Diretor de uma orquestra ou
coro.
[6] Felix Mendelssohn: Royal
Philharmonic Orchestra/ [Mediasata Group S.A.; texto e documentação musical
Eduardo Rincón; tradução: Linguagest]. – São Paulo: Pubifolha, 2005 – (Coleção
Folha de Música Clássica). p. 26
[7] Felix Mendelssohn: Royal
Philharmonic Orchestra/ [Mediasata Group S.A.; texto e documentação musical
Eduardo Rincón; tradução: Linguagest]. – São Paulo: Pubifolha, 2005 – (Coleção
Folha de Música Clássica). p. 36
[8] Imagem extraída do sítio http://global.britannica.com/EBchecked/topic/223295/Niels-Gade
[9] Segundo informações extraídas do
sítio http://www.renatacortezsica.com.br/compositores/mendelssohn.htm,
quando recebeu a notícia Mendelssohn desmaiou e chegou a sofrer uma trombose
cerebral.
[10] Felix Mendelssohn: Royal
Philharmonic Orchestra/ [Mediasata Group S.A.; texto e documentação musical
Eduardo Rincón; tradução: Linguagest]. – São Paulo: Pubifolha, 2005 – (Coleção
Folha de Música Clássica). pp. 26 – 27.
[11]
http://pt.wikipedia.org/wiki/Felix_Mendelssohn_Bartholdy
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