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terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Atividade Corsária no Litoral da América Portuguesa: os franceses na baía de Guanabara - Introdução

Atividade Corsária no Litoral da América Portuguesa: os franceses na baía de Guanabara - Introdução[1]
O tema apresentado e trabalhado nesta monografia se refere a tentativa de invasão e fixação dos franceses na baía e Guanabara, no período de 1555 a 1560, episódio que entrou para a história sob a denominação de França Antártica, no contexto das atividades de corso e pirataria no litoral da América Portuguesa por parte dos franceses.
A amplitude do tema que envolve o corso marítimo no litoral da colônia portuguesa foi o principal motivo que me levou a abordar apenas a atividade francesa.
Porém, ao tratar de todas as regiões da costa colonial em que agiram os franceses, num período de tempo relativamente longo, inviabilizaria o desenvolvimento aprofundado do tema; assim, com o intuito de não fazer uma análise superficial de um tema amplo, direcionei-me a especificação deste, contudo sob uma análise mais detalhada, tratando apenas das incursões francesas na região do Rio de Janeiro e de sua tentativa de invasão da região durante a década de 50 do século XVI.
Procuro também abordar as diferentes denominações que eram atribuídas às atividades marítimas da época, que se diferenciavam por suas respectivas organizações e objetivos, enquadrando as atividades dos franceses no litoral da América portuguesa em algumas dessas denominações.
Com relação ao episódio da França Antártica, apresento a descrição do fato, além de fazer a análise de suas causas e consequências e também dos principais acontecimentos que envolveram o mesmo.
Além disso, diante do que a historiografia apresenta sobre tal tema, procuro ressaltar questões sobre as quais surgem opiniões divergentes e fazer uma rápida consideração sobre outros fatores que envolvem o tema, com certa importância para o entendimento deste, mas que não puderam ser trabalhados com maior profundidade.
As beligerâncias marítimas
Por beligerância marítima entendem-se aquelas atividades que são exercidas nas águas dos oceanos, mares costeiros, continentais ou internos. Podemos considerar três tipos de beligerantes: os oficiais, os corsários e os piratas.
A beligerância oficial é formada por um determinado Estado para a defesa de seu território, por assim dizer, as marinhas nacionais; assim, tal forma de beligerância é totalmente subordinada ao Estado e utilizada pelo mesmo apenas em caso de guerra. As embarcações utilizadas nessas esquadras oficiais “ostentam os seus pavilhões, a fim de serem reconhecidos pelos das outras nações, e suas tripulações envergam uniformes e distintivos da nação que pertencem” [2].
Assim como a beligerância oficial, o corso marítimo também se configura na defesa da nação, porém no âmbito comercial, com objetivo exclusivo de prejudicar o comércio marítimo da nação inimiga. Tal atividade caracteriza-se, financeiramente, pela iniciativa privada, porém sob o reconhecimento e autorização do Estado.
Já a pirataria configura uma atividade marítima com o objetivo único de lucro, caracterizado, como o corso, por investimentos particulares, porém sem qualquer autorização por parte do Estado.
Diante disso, com relação aos franceses, na América portuguesa suas atividades configuravam-se sob o aspecto de corso e pirataria, sendo caracterizados pelo contrabando de gêneros naturais da colônia e pelo ataque a navios mercantes portugueses que retornavam para a Europa, carregados desses gêneros a serem vendidos no continente.
No nosso próximo texto abordaremos os precedentes internos à colônia no tocante à França Antártica. Até lá!
Uma embarcação mercante do século XVI[3].



[1] RAMOS, Juliana Maria de Carvalho.
[2] Inversões de corsários e piratas à costa do Brasil – 1500 – 1600 -; in: História Naval Brasileira/Ministério da Marinha, Serviço de Documentação Geral da Marinha.
[3] Imagem extraída do sítio http://www.artimanha.com.br/Historia%20naval/Hansa/hansa_ft_4.jpg

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