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quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Olhares sobre o Renascimento: A Europa no século XIV

Olhares sobre o Renascimento: a Europa no século XIV[1]
   “O Homem é a medida de todas as coisas” (Protágoras de Abdera 480/410 a.C.)
    O que faz uma sociedade se transformar, mudar e entrar em um novo período histórico? O que faz com que os historiadores, cientistas sociais e outros estudiosos digam “é uma nova etapa da Humanidade, um novo passo”? Certamente você viu nas aulas de História do primeiro trimestre que a sociedade europeia se modificou entre os séculos V e XV, não é mesmo? E características de séculos anteriores acabaram interferindo nos séculos vindouros. A humanidade também se faz do passado, vivendo uma constante reconstrução do presente. Nossa, que poético isso. Poético, mas verdadeiro.
  Através de perguntas e respostas você poderá entender um pouco melhor esse espetacular movimento, chamado Renascimento.
1) Para que oficialmente comecemos a discutir o Renascimento, quais as recomendações  para entender de forma bacana esse complexo movimento?
 Resposta: podemos afirmar que a análise da Europa no século XIV é fundamental para entendermos as mudanças que levariam essa sociedade a viver o Renascimento. Se observarmos o que ocorria entre o final do século XIII (em torno de 1270) até o final do século XV chegaríamos a incrível conclusão de que um conjunto de transformações atingia a sociedade europeia.
 A princípio podemos partir do fato de que na Baixa Idade Média começaram ocorrer a ampliação e diversificação das atividades comerciais e urbanas. Como resultado dos Renascimentos Comercial e Urbano tivemos o aparecimento da classe burguesa, imprimindo uma visão absolutamente nova a sociedade que era, até o momento, ligada as tradições e costumes feudais. Visão esta que se estendia a maneira como o homem enxergava e entendia a sociedade. Ao mesmo tempo, a Europa era assolada pelas crises epidêmicas e pelo movimento de formação e fortalecimento dos Estados Nacionais. O mundo medieval sofria transformações irreversíveis.
 2) O surgimento da burguesia foi importante nesse processo de transformações?
R: com certeza!  O aparecimento da classe burguesa trazia uma nova possibilidade de realidade socioeconômica. Citando o livro “Caminho das Civilizações, de José Geraldo Vinci de Moraes, “nesse momento começava a surgir o burguês com uma visão de mundo e de natureza bem diferente do homem medieval, o que seria muito importante para questionar e superar o universo da Idade Média” [2]. O que ficou claro era a necessidade da burguesia construir uma identidade cultural legitima que a auxiliasse e legitimasse suas atividades, além de combater as estruturas feudais, que dificultavam a expansão do comércio.
Isso porque a prática de cobrança de juros pela  considerado um pecado daqueles bem cabeludos pela Igreja Católica. Ou seja, a atividade burguesa tinha um caráter pecaminoso segundo os princípios católicos do período.
3) Como a burguesia começou a resolver esse problema?
R: uma das primeiras medidas adotada pela burguesia foi ampliar e divulgar o conhecimento como uma das formas de combater as estruturas engessadas do Sistema Feudal. A burguesia passou a apoiar grupos de estudiosos e cientistas. “A partir desse movimento introduziu-se na formação educacional ‘os estudos humanos’ (história, filosofia, retórica, matemática e poesia), que procuravam dar condições para o progresso e desenvolvimento humano” [3]. As pessoas responsáveis por realizar esse movimento, o Humanismo, ficaram conhecidas como humanistas.
  Não esquecendo que o Humanismo foi o despertar do Renascimento, precisando (o Humanismo) de dois elementos fundamentais para ocorrer. O primeiro que podemos citar está ligado ao fato de que para tornar os estudos humanísticos mais amplos os humanistas tiveram que recorrer aos escritos da Antiguidade Clássica. Isso porque filósofos gregos como Platão (428/7 a.C. – 347 a.C.) e Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.), ou romanos, como Sêneca (4 a.C. – 65 d.C.), tornaram-se célebres pensadores, abordando muito a questão da existência humana. Nesse ponto é válido fazer duas ressalvas.
  A maioria dos escritos da Antiguidade Clássica estava guardada em bibliotecas do Império Bizantino e nas bibliotecas das Igrejas e Monastérios da Europa Ocidental. Por isso, o movimento humanista também foi observado e apoiado por alguns membros do clero. A segunda ressalva é que o Humanismo, assim como o Renascimento, se iniciou na península Itálica, justamente por ser nessa região que se concentrava a maioria das atividades burguesas, muito dependente do comércio com o Oriente, realizadas através do mar Mediterrâneo. Também foi na península Itálica que se abrigaram os sábios de Bizâncio depois da tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos, carregando os escritos da Antiguidade Clássica.
4) Ou seja, fatos ocorridos em momentos próximos auxiliaram a ocorrência desses eventos?
R: Sim! Para finalizar, a ocorrência do Humanismo esteve diretamente ligada a passagem lenta e gradual de uma visão totalmente teocêntrica, baseada nas explicações a partir de aspectos divinos e dogmas católicos, para uma visão que se baseava na análise do mundo concreto e físico dos seres humanos, cercado de problemas, aflições, sentimentos etc. Era o surgimento de uma visão antropocêntrica (antropo: homem; cêntrica: no centro de todas as coisas/ do Universo), glorificando a natureza humana. Era o despertar do Renascimento. 

    “A Escola de Atenas”. Nessa obra do início do século XVI, Rafael Sanzio (1483 – 1520) pinta os filósofos da Grécia Antiga em meio a uma arquitetura clássica. Um quadro mergulhado nos ideais do Humanismo e da Renascença[4].
 Península Itálica, palco principal do Humanismo e da Renascença. Faça um teste em casa. Digite península Itálica na pesquisa de imagens de um sítio de busca. Entre um mapa e outro, a bandeira da Itália, uma ou outra foto de um belo prato de macarrone, você certamente observará fotos de obras renascentistas[5]




[1] RAMOS, Pedro Henrique Maloso.
[2] MORAES, J. G. Vinci de. “Caminhos das Civilizações – da Pré-História aos dias atuais” - São Paulo: Atual, 1993.  p. 164
[3] MORAES, J. G. Vinci de. “Caminhos das Civilizações – da Pré-História aos dias atuais” - São Paulo: Atual, 1993.  p. 164
[4] Imagem extraída do sítio http://www.paulobrito.pt/a-escola-de-atenas-e-o-novo-grito-de-munch/
[5] Imagem extraída do sítio http://www.sohistoria.com.br/ef2/renascimento/p2.php

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