James
Cook - 3ª Parte[1]
“Arrecifes
tais como o aqui descrito são quase desconhecidos na Europa”[2]
(James
Cook, sobre a Grande Barreira de Coral. Acima, imagem da Grande Barreira de
Corais da Austrália[3])
Iniciamos o nosso terceiro
texto sobre Cook retomando alguns pontos trabalhados no texto anterior (http://respirehistoria.blogspot.com.br/2015/01/james-cook-2-parte.html).
A partir de 1769 o navegante inglês passou a fazer uma série de expedições
pelas regiões da Oceania. Até aquele momento, pouco se conhecia e muito se
conjeturava sobre a área[4].
Também foi nesse momento que Cook passou a reivindicar áreas para a coroa
britânica. Conheceremos melhor esses fatos a partir de agora.
Cook reivindicou o controle
pela coroa britânica das regiões que explorara, em especial o sudeste do
Continente-Ilha, o qual batizou de Nova Gales do Sul. O explorador também
descobrira as ilhas Sociedade, assim batizadas por Cook por estarem muito
próximas umas das outras. Também foi na região que a expedição quase terminou
em tragédia, quando o Endeavour se
deparou com a Grande Barreira de Coral. A embarcação quase foi a pique.
Após a exploração das áreas
ao redor do sudeste australiano, Cook e seus comandados iniciaram o retorno à
Inglaterra, que ocorreu no dia 12 de julho de 1771. O explorador inglês já
levantava a possibilidade de realizar outras expedições em virtude dos
resultados satisfatórios da expedição. Mas não foram só os resultados que
espantaram a todos.
O que também surpreendeu foi
o fato de que nenhum dos tripulantes do Endeavour
caiu vítima do escorbuto. Há uma explicação para tal feito, muito bem detalhada
por Alan Villers, autor de um artigo muito interessante[5].
“Em 1747, o escocês James
Lind, um médico da Marinha Real, demonstrou que o suco de limão poderia curar a
doença. E o Endeavour levou um
pequeno suprimento de limões para ser usado apenas como cura, e não de maneira
preventiva, pois não havia uma quantidade suficiente.
Em sua pesquisa de um método
preventivo mais acessível, Cook começou testando as ‘sopas portáteis’ – um
espesso caldo de carne distribuído pelo Almirantado em tabletes secos tão bem
preservados que até hoje espécimes do próprio Endeavour podem ser vistos no Museu Marítimo Nacional da
Grã-Bretanha. Cook levou para bordo esses tabletes em quantidade suficiente
para que cada marinheiro consumisse 1 quilo deles por semana, durante pelo
menos um ano, incorporados à sopa.
No início os tripulantes
cuspiam os tabletes, alegando que estragavam a sopa. Cook, que conhecia bem
seus homens, simplesmente eliminou os tabletes durante uma semana, não disse
mais nada e aumentou a cota de tablete servida na comida dos oficiais – os
quais foram discretamente instruídos a comer a sopa com óbvias demonstrações de
prazer, mesmo que fingindo. Esse ‘favorecimento’ dos oficiais, devidamente
relatado aos marinheiros pelos criados dos oficiais, contribuiu para disseminar
a ideia de que talvez valesse a pena acostumar-se aos tabletes infernais, e
logo os marinheiros estavam exigindo que fossem reintroduzidos em sua dieta
(...)
Ao chegar à inóspita Terra
do Fogo, Cook enviou a terra alguns homens para que recolhessem ‘erva do
escorbuto’ (cocleária) e aipo; e essas plantas pouco saborosas – mas eficazes –
também passaram a fazer parte da sopa. Em climas mais amenos, Cook adquiria ou
colhia cebolas, frutas e todo tipo de legumes frescos”[6].
Assim, nenhum tripulante do Endeavour caiu vítima do escorbuto.
Impossível não associar a interferência direta do Século das Luzes na vida de
Cook e em suas decisões, seja através da presença de Banks, seja pela
possibilidade do experimento, do olhar científico (e, por isso mesmo
desbravador), que tanto acompanhou o desbravador inglês.
Em nosso próximo (e último)
texto trataremos de outras expedições de Cook, além de outros assuntos ligados
à vida desse inglês. Até lá!
James Lind (1716 -1794), “fundamental”
para o sucesso da expedição de Cook[7].
[1] RAMOS, Pedro Henrique Maloso
[2] Revista National Geographic
Brasil – Grandes exploradores - Edição de colecionador . São Paulo: Editora
Abril, 2003. p. 114
[3] http://marsemfim.com.br/grande-barreira-de-corais-da-australia-tem-poluicao-reduzida/
[4]Basta lembrarmos da ideia que
defendia a existência de um hipotético continente.
[5] O artigo em questão se encontra
na revista National Geographic Brasil – Grandes exploradores - Edição de
colecionador. São Paulo: Editora Abril, 2003.pp. 102-135
[6] Revista National Geographic
Brasil – Grandes exploradores - Edição de colecionador . São Paulo: Editora
Abril, 2003. pp.122 - 124
[7] http://www.britannica.com/EBchecked/topic/341803/James-Lind
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