O Império Romano[i]
A escolha da frase que abre esse texto não é de forma alguma aleatória.
Ainda que a mesma faça referência ao período republicano (início do século I
a.C.), as consequências para o período imperial foram sérias. O próprio
professor Leoni discorre que a Roma gloriosa desmoronou com o 2º Triunvirato.
Mas, antes de listarmos os mais diversos problemas, vamos compreender os
primórdios da vida imperial romana.
O início do império romano
O primeiro imperador romano, Otávio Augusto, foi habilidoso para
restituir a paz em Roma, tanto interna quanto externamente. “Augusto
domina totalmente, dá a Roma mais esplendor civil e político, consolida o
império”[ii].
Mas, após Otávio, a situação desandou de forma impressionante. Em grande parte pelo fato de que os imperadores que sucederam Otávio Augusto, após a sua morte, em 14 d.C., fizeram coisas que, convenhamos, os colocam como os piores administradores da História. Tibério (14 – 37)[iii], imagem ao lado, sucessor de Otávio, deu início a uma época de terror, marcada por espionagens e delações. Resultado: foi assassinado. O próximo imperador foi Calígula (37 – 41), um das figuras mais desequilibradas da História. Desde a nomeação de seu cavalo, Incitatus, como cônsul, até o fato de que promovia rotineiras festas, movidas à sexo, Calígula prostituiu as esposas dos senadores. Resultado: foi assassinado.
Você acha que acabou? Não! Apesar da existência de Cláudio (41 – 54),
com um governo que adotou medidas que buscaram retomar uma política mais
equilibrada em Roma, seu sucessor, Nero (54 – 68), governou de maneira desastrosa.
Nero, sobrinho de Cláudio, apesar de estar sob os cuidados de uma das
mentes mais brilhantes da História, Lúcio Annêo Sêneca (4 a.C. – 65), o que
conferiu ao início do seu governo um período de grandiosidade, ficou conhecido
por mandar matar cristãos, incendiando bairros romanos onde esses viviam. bem
como mandar assassinar a sua mãe, Sêneca se suicidar...
Tragicômica, a sua morte é um dos eventos que mostra o quão Nero era
destemperado. Ao ver as tropas de Sérvio Sulpício Galba (68 – 69) se aproximarem
para retirá-lo do poder, Nero se mata, soltando a frase: “que artista o mundo
perderá!”. Isso porque o sobrinho de Cláudio considerava-se um excelente
cantor. Cada uma...
Depois disso, dessa hecatombe de tragédias, fica óbvio entender o porquê
os historiadores consideram que, após a morte de Otávio Augusto, Roma ficou
marcada por inúmeros e graves problemas. Além disso, a expansão territorial,
realizada pelos romanos, continuou, porém diminuiu, e a maior preocupação agora
era manter as áreas conquistadas. Assim, a política romana não privilegiava
mais as áreas a serem conquistadas e sim a proteção das áreas que foram
conquistadas.
Com isso, os romanos buscaram melhorar as províncias (as regiões
conquistadas), sendo comum a presença de províncias ricas. No período também se
consolidou a economia romana baseada na escravidão, onde o escravo estava
inserido em todas (ou quase todas) as relações de trabalho na Roma Antiga, o
que conferiu a essa sociedade o título de sociedade escravista. No entanto, os
escravos vinham das conquistas romanas. Como os imperadores diminuíram as
conquistas houve, consequentemente, uma diminuição na oferta de escravos o que
fez surgir um problema: como uma sociedade escravista vive sem escravos? Isso
começou a enfraquecer o império.
Justamente para “contornar” o problema da falta de escravos, outras conquistas foram feitas até que, após 117 d.C., elas definitivamente acabaram. Nessa época o Império chegou a sua maior extensão, uma área realmente impressionante. Os romanos conquistaram regiões em três continentes: Europa, África e Ásia. Foi no governo de Trajano, entre 98 d.C. e 117 d.C. que o império atingiu sua maior área.
Frente ao exposto, já a partir do século II, em 138, após a morte do
imperador Adriano, Roma mergulhou em crises, decadências, começando a perder a
sua unidade, resultado também da penetração dos povos que moravam nas
redondezas do Império Romano.
A formação da crise imperial
A dependência da economia romana quanto ao trabalho escravo fez surgir
um grave problema: uma sociedade escravista que não possuía a oferta de
escravos, fazendo com que o preço dos escravos que existiam aumentasse muito!
Os escravos produziam os alimentos e como o seu preço estava subindo, o preço
dos alimentos subia também!
Assim, alimentos mais caros impediam que a população pobre se
alimentasse adequadamente. Era a formação de um problema sem aparente solução!
E como se não bastassem essas situações, o século III d.C. (201 – 300) foi
marcado por outros problemas sociais graves, como o inchaço do exército. Vamos
explicar.
Como o império aumentou era necessário cada vez mais soldados para
proteger as fronteiras. Um número maior de soldados significava um aumento nos
gastos (manter um exército é caro!). Assim, mais dinheiro era gasto. Para
piorar a situação existia uma enorme instabilidade política, com disputas de
poder e problemas internos. Era necessário buscar soluções.
Além do mais
O texto que você acabou de ler deixou bem claro que Roma estava cheia de
problemas! Faltava comida, emprego, moradia... Assim, os plebeus estavam
ficando revoltados.
Diante disso, os imperadores passaram a utilizar a tática do chamado
“Pão e Circo”. O que seria?
No Coliseu, quase todos os dias, gladiadores lutavam até a morte, divertindo a população. Um espetáculo circense aterrador! Havia leões, tigres, homens se enfrentando. E, durante as lutas, refeições eram servidas. A ideia era que, de estômago cheio e com outras coisas para pensar, os revoltosos se acalmariam, esqueceriam os problemas.