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sábado, 29 de agosto de 2020

1º Texto-base para nossos 3º ao 5º encontros virtuais - 6ºs anos

 O período Homérico[i]

A civilização grega possuiu quatro períodos históricos. Seriam os seguintes




1º período > Homérico (XII – VIII a.C.)

2º período > Arcaico (VIII – VI a.C.)

3º período > Clássico (VI – IV a.C.)

4º período > Helenístico (IV – II a.C.)

Tal divisão aborda a análise histórica sobre a formação desta civilização. Vale lembrar que os gregos utilizavam alguns fatos (verídicos ou não...) para justificar o início de sua civilização. O mito do Minotauro e os diversos acontecimentos ligados à Guerra de Tróia podem ser considerados como exemplos dessa narrativa. Seria essa uma análise mais ligada ao campo da mitologia, e os mitos, como vimos e veremos, foram FUNDAMENTAIS na formação da cultura grega. Agora iremos tratar do campo da análise histórica sobre a Grécia Antiga, começando pelo primeiro período desta civilização.  

O período Homérico (XII – VIII a.C.)

Por que os historiadores definem o primeiro período como Homérico?

Podemos responder que a maioria das informações a respeito desse período, bem como os estudos do mesmo, estão direta e indiretamente vinculados a duas obras atribuídas a Homero: a Ilíada e a Odisseia.

Ilíada se refere à tomada de Tróia pelos gregos (onde aparece uma referência direta a Aquiles). Já a Odisseia descreve, em sua maior parte, o retorno do guerreiro Ulisses ao Reino de Ítaca, bem como a abordagem de outros temas, entre eles a viagem de Ulisses. Não é nosso propósito analisar as duas obras, mas algumas informações devem ser conhecidas por nós.

A primeira é de que as obras Ilíada e Odisseia muito provavelmente não foram obras de um mesmo autor. Isso porque existem diferenças claras no vocabulário e no estilo das obras. Ou mesmo no enredo há coisas que demonstram que as obras foram escritas em momentos diferentes. Na Ilíada não se menciona o uso do ferro, já na Odisseia há referências constantes ao metal. Os historiadores calculam um intervalo de 50 anos entre uma obra e outra. Se a Ilíada é do fim do século IX a.C., a Odisseia provavelmente foi formulada em meados do século VIII a.C.

Agora você deve estar perguntando: qual das obras pertence a Homero? Qual foi escrita pelo conhecido poeta grego?

A questão acima levantada é tema de discussão desde a Grécia Antiga, sendo que uma parcela de pesquisadores atesta que a Ilíada seria obra de Homero, enquanto que a Odisseia pode ser obra de outros poetas, ou mesmo ter recebido algumas contribuições homéricas.

Fato é que ambas as obras sofreram alterações dos aedos, poetas que transmitiam os poemas oralmente, através das gerações. E também as duas só ganharam forma escrita no século VI a.C., em Atenas, durante o governo do tirano Psístrato. Ao lado, desenho representando Homero.

A principal característica do período Homérico foi a formação dos genos, que podem ser definidos como a unidade básica que iniciou a formação da sociedade grega. Vale lembrar que Aristóteles refere-se aos genos como a base do surgimento das polis.

Os descendentes de uma mesma família viviam diretamente ligados (portanto, o que define um geno são laços de parentesco), dependendo da unidade familiar, sendo esta liderada pelo homem mais velho e quando este morria o poder passava ao seu filho primogênito (o filho mais velho). Esse “líder” era chamado de pater-famílias (geronte), sendo o responsável pelo contato com os deuses. 

Essas unidades se organizavam de maneira coletiva, ou seja, tudo o que era produzido buscava atender a população do geno, não podendo ser vendido ou dividido. Porém aqueles que eram mais próximos ao pater-familias possuíam mais poder, ou seja, um maior número de privilégios (e, consequentemente, mais alimento). Sabemos que a maioria das atividades nos genos era ligada à agricultura e ao pastoreio, mas em certos casos tínhamos outros tipos de atividades (em alguns genos artesãos eram contratados). Já tínhamos em alguns genos a presença do trabalho escravo. 

Um dos elementos que levou ao início do período Arcaico foram o fim dos genos e o aparecimento gradual das cidades. Vamos apontar, resumidamente, quais foram os motivos que levaram ao fim dos genos:

a) a quantidade e a oferta de alimentos diminuíram enquanto a população aumentava. Assim, cada vez mais as pessoas passavam necessidades, entrando em um período de descontentamento. Alguns se tornavam escravos para poder sobreviver ou “pagar” alguma dívida;

b) os genos foram, cada vez mais, dividindo-se em famílias menores, o que acabava por enfraquecer essas unidades;

c) a luta pela terra passou a ser mais intensa, e a propriedade, antes de caráter coletivo, em alguns casos, passou a ter um caráter particular.

Obviamente que as consequências de tais mudanças não demoraram a aparecer. Aumentaram as diferenças sociais, sendo que inúmeros indivíduos (inclusive descendentes dos pater-familias) passaram a não ter direito à propriedade, e em alguns casos os lotes eram insignificantes.

Com o fim dos genos, os pater-familias tiveram seu poder transmitido aos eupátridas, que podemos definir como os parentes mais próximos. Foi essa a camada que deu origem a aristocracia grega.

Por aristocracia podemos entender como a nobreza, grupo que controla a sociedade. O poder resultava da principal riqueza existente: a terra (a posse dela). Tinha início o período Arcaico

Além do mais

Muitos historiadores consideram que o Homero foi o maior poeta da Grécia Antiga. Ele viveu entre os séculos IX e VIII a.C. Mas como as informações sobre a sua vida são muito incertas, há pessoas que alegam que Homero se quer existiu.

Há de fato algumas contradições na vida de Homero.

Homero nasceu provavelmente em Esmirna ou na Ilha de Quios. Teria andado por diversas regiões da Grécia Antiga, até contrair uma doença que o cegara. Instalado na península Ibérica, em Ítaca, Homero se pôs a declamar seus versos, dando origem às obras.

Uma coisa interessante é que Homero significa em grego “aquele que não vê”. Muitos dizem que Homero veio de uma família modesta.

O que é fato é que Homero foi um dos primeiros homens da Grécia Antiga a construir a identidade grega, graças aos poemas que declamava nos espaços públicos, como praças e mercados. Sempre acompanhado de seu bastão, Homero se punha em pé e soltava os versos, contando diversos acontecimentos, recheados de heróis e deuses gregos.  



[i] Pedro Henrique Maloso Ramos

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