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domingo, 29 de setembro de 2019

20º Texto - Magazine Histórico do 6º Ano - EMEF Leandro Klein


20º Texto - O período Helenístico

Antes de começar a ler o texto sobre o período Helenístico, vamos dar uma pequena revisada, beleza? Se quiser, pode em seu caderno (mais uma vez) anotar:
A civilização grega, como vimos, foi dividida em quatro períodos históricos. Seriam esses:
1º. Período: Homérico, onde tivemos a formação dos genos;
2º. Período: Arcaico, onde as cidades-estados foram formadas
3º. Período: Clássico, onde tivemos os conflitos entre gregos e persas (Guerras Médicas) e entre as cidades-estados (Atenas e Esparta)
4º. Período: Helenístico, que conheceremos melhor agora!
Você já deve saber que o período Helenístico foi o quarto período da Grécia Antiga, não é mesmo? Vamos  conhecer um pouco mais sobre este período.
Foi do século IV ao século II a.C., sendo conhecido pela decadência das polis e o domínio da Macedônia e, posteriormente, de Roma sobre os gregos. No período a influência macedônica sobre a Grécia Antiga foi enorme.
A Macedônia era uma região ao norte da Grécia Antiga e até o século IV a.C. esteve isolada comercialmente, baseando suas atividades na pecuária e na agricultura.
Porém foi com Filipe II, rei macedônico, que a situação mudou. Em 359 a.C. Filipe II iniciou a expansão macedônica em direção à Grécia, e após alguns conflitos o rei macedônico conquistou a região (incluindo as cidades-estado de Atenas, Esparta e Tebas). Com a conquista de toda a área grega, Filipe organizou as cidades-estado sob sua direção, através da Liga de Corinto, buscando com isso impedir o avanço persa sobre a região.
Filipe II foi assassinado em 336 a.C. e em seu lugar assumiu Alexandre, o Grande, seu filho (imagem ao lado).

Alexandre praticou uma política de expansão, o que fez com que derrotasse os persas, partindo para a conquista de várias regiões (entre elas o Egito e a Fenícia). Formou, em pouco tempo, um gigantesco império e promoveu alianças com a nobreza persa, buscando adotar algumas técnicas e elementos culturais das civilizações com quais estabelecia contato ou dominava. Assim, conseguiu formar uma forte monarquia baseada no direito divino, estruturada na ideia de que o imperador havia sido escolhido por Deus, e que, portanto, era insubstituível.
Com a morte de Alexandre, em 323 a.C., o império macedônico passou por disputas internas (vários generais queriam assumir o controle) o que fez com que a Macedônia se enfraquecesse e caísse sob domínio romano.
Além do mais...

Vamos falar um pouco mais sobre a cultura helenística.
Nós conhecemos o período helenístico também (e muito) por sua cultura. Os contatos e relações da cultura grega com os diversos povos do Oriente produziram uma rica e produtiva união cultural que denominamos cultura helenística. O farol de Alexandria e a Vênus de Milo são exemplos das preciosidades construídas no período. A matemática também se desenvolveu muito durante o helenismo, com as contribuições de importantes historiadores, entre eles Arquimedes. Sem exageros, no período Helenístico o que mais brilhou foi a cultura da Grécia Antiga.
Ao lado, uma representação do farol de Alexandria, na foz do rio Nilo.
Dica: associado aos avanços promovidos pela cultura macedônica, muitos foram os pensadores de origem greco-romana que passaram a formular teorias fascinantes entre o período Clássico e parte da história da Roma Antiga. 
Um deles foi Aristarco de Samos[2]. As teorias desse camarada foram realmente inovadoras.
Exercícios de revisão

1) Faça um resumo sobre o período Helenístico.


[2] Se você quiser conhecer um pouco mais sobre esse pensador, acesse o seguinte endereço:
http://respirehistoria.blogspot.com/2015/03/uma-analise-historica-sobre-astronomia.html

domingo, 22 de setembro de 2019

28º Texto - Magazine Histórico do 7º Ano - EMEF Leandro Klein


28º Texto: a expedição de Martim Afonso de Sousa e as bases econômicas da colonização
A expedição que viria colonizar o Brasil foi organizada sob e com a interferência do rei português D. João III, que passou a ser conhecido como O Colonizador, buscando, portanto, ocupar as terras oficialmente. Foi comandada por Martim Afonso de Sousa e contava com cinco embarcações – um galeão, duas caravelas e duas naus – e mais de 400 pessoas à bordo.
Durante a viagem ao Brasil, os portugueses combateram e capturaram alguns navios franceses em águas brasileiras, bem como exploraram o rio da Prata, no sul do continente americano. Sabemos que a exploração desse rio foi um dos principais motivos da viagem de Martim Afonso de Sousa, já que se acreditava ser o Prata um dos caminhos para as regiões ricas em metais preciosos da América andina. Cerca de um ano depois de sua partida de Portugal, Martim Afonso de Sousa fundou, em janeiro de 1532, a vila de São Vicente, o primeiro núcleo efetivo dos portugueses no Brasil.
Martim Afonso chegou à colônia com poderes judiciais sobre os demais homens que auxiliariam na colonização, bem como sobre os nativos e portugueses que habitavam o Brasil. Também ficou sob sua responsabilidade a missão de criar cargos judiciários e administrativos, necessários para o processo de colonização, e iniciar a distribuição de terras entre os colonizadores.
Ao redor da vila fundada por Martim Afonso de Sousa foram se organizando os primeiros engenhos de açúcar – base econômica do início da colonização. Discutiremos isso à frente, mas é importante enfatizarmos que os engenhos portugueses foram em grande parte construídos graças  ao capital holandês. A cana-de-açúcar também foi introduzida no Brasil por Martim Afonso de Sousa, dono do primeiro engenho erguido na colônia, e auxiliado pelo capital do holandês Johann van Hielst – conhecido pelos portugueses como João Vaniste.
Há uma explicação para a interferência e participação dos holandeses, principalmente no início da colonização. Portugal enfrentou significativos problemas ao iniciar a colonização, sendo que um dos maiores remetia à falta de capital (dinheiro) para colocar em prática o projeto colonizador. É nesse ponto que temos a participação dos holandeses, em sua maioria banqueiros e mercadores que, havia tempos, estavam associados com os portugueses, e passaram a financiar as construções dos engenhos e de outras inúmeras atividades econômicas da colônia.
Representação de um engenho de açúcar do período colonial. Dê uma olhada na evidente relação com o trabalho escravo.
Vários fatores justificam a escolha da cana-de-açúcar como mercadoria a ser produzida na colônia. Portugal já havia iniciado a produção de açúcar, através do cultivo da cana-de-açúcar, antes do descobrimento do Brasil. O açúcar português era produzido nas ilhas de Madeira, Açores e Cabo  Verde.
Portanto, não se tratava de uma atividade agrícola e comercial desconhecida. Atrelado a isso está o fato de que o açúcar se tratava de  uma especiaria, “dono” de um mercado em expansão na Europa. Mas um dos fatores mais determinantes foi a semelhança entre os climas e condições ecológicas das ilhas atlânticas e do Brasil, principalmente do nordeste brasileiro, muito favoráveis ao plantio de cana-de-açúcar.
A fundação dos engenhos de açúcar tinha como objetivo povoar a colônia e assegurar a posse para os portugueses. Os engenhos se encaixavam no sistema econômico das plantations, ou seja, extensas plantações de um determinado gênero agrícola – no caso, a cana-de-açúcar –, produzindo mercadorias que fossem exportadas para o mercado europeu. Em decorrência desse sistema, as plantations[1] faziam com que em todas áreas onde fossem implantadas, a policultura se tornasse atividade de caráter secundário e extremamente restrito.
A pecuária nordestina foi importante como atividade secundária. De grande importância na produção e manutenção do sistema açucareiro, na medida em que o gado criado em áreas próximas às plantações de cana- de-açúcar e aos engenhos era utilizado como força motriz para movimentar as moendas, meio de transporte para levar cargas e trabalhadores, vestuário – com a utilização do couro do animal – e fonte de alimento. A interiorização da pecuária se tornou um processo de singular importância na ocupação de novas terras pelos portugueses, como veremos.
Podemos resumir o sistema de plantations da seguinte maneira: uma grande propriedade agrícola, trabalhada em sua imensa maioria por escravos, com tendência a autossuficiência, cuja produção se voltava quase que exclusivamente para o mercado externo.
A escravidão, o engenho de açúcar e a mão de obra
O engenho de açúcar exigia um grande contingente de trabalhadores para que fosse efetivamente realizada a produção do açúcar. Desde o plantio até as atividades dentro do engenho eram necessários muitos trabalhadores. Esses trabalhadores foram os escravos.
Os primeiros escravos no Brasil não foram os negros e sim os índios. O processo de escravização indígena resultou no primeiro grande genocídio português realizado na colônia. Durante o processo de colonização, muitas tribos foram dizimadas – principalmente as que praticavam rituais antropofágicos -, outras tantas tiveram que fugir para áreas interioranas, onde acabaram sendo caçadas – literalmente! É esse o termo – pelos bandeirantes. Sabemos também que muitas das doenças trazidas pelos europeus mataram centenas de milhares de indígenas. O processo de escravização indígena ocorreu pelo fato de que o escambo passou a deixar de funcionar. A partir do momento em que as mercadorias portuguesas não mais atraíam a curiosidade dos índios e que o ritmo de trabalho exigido pelos portugueses não se encaixava no cotidiano dos nativos, fez-se necessária a adoção da escravidão para manter os interesses portugueses.
Tanto as Guerras Justas quanto as Expedições de Apresamento, realizadas em grande parte pelos bandeirantes paulistas, tiveram papel de destaque na consolidação da escravidão indígena.
As Guerras Justas se davam quando a Coroa Portuguesa autorizava o ataque a tribos indígenas que haviam atacado vilas e colonizadores; ou aos índios que praticavam rituais antropofágicos e não se submetiam ao domínio português. Muitos dos índios morriam nesses conflitos, mas aqueles que eram capturados se tornavam escravos. Já as Expedições de Apresamento eram diretamente feitas para capturarem indígenas e torná-los trabalhadores escravos.
Qual seria o motivo que levou ao fim da utilização dos indígenas como escravos? A explicação do fim da utilização dos índios no processo de escravidão foi o fato de que essa atividade estava centrada como um negócio praticamente interno à colônia, trazendo uma reduzida margem de lucro ao comércio marítimo e à metrópole. A escravidão indígena, de certo modo, impedia o enriquecimento da burguesia lusitana. A própria Igreja Católica perdia significativas quantias de dinheiro com a não utilização dos escravos negros, já que possuía uma pequena parcela de lucro em cada homem, mulher e criança negros que fossem escravizados e levados ao Novo Mundo. Portanto, tanto para burgueses, quanto para clérigos e para o rei português, a escravidão negra tratava-se de um negócio muito mais rentável.
Representação de um engenho de açúcar do período colonial. 

Representação do comércio triangular, onde o tráfico e comércio de escravos era um dos vértices do triângulo.

Conhecida   por Portugal desde antes do descobrimento do Brasil, a escravidão negra veio com a ocupação portuguesa de faixas litorâneas do continente africano. A Igreja Católica havia garantido monopólio desse tipo de atividade à monarquia portuguesa, fazendo com que muitos homens negros fossem introduzidos em Portugal como escravos domésticos. A utilização do trabalho escravo negro se deu também nas ilhas atlânticas.
Mas a égide da questão da utilização dos negros como escravos – e, em especial, do tráfico negreiro – está sustentada no conhecido comércio triangular. Resumidamente, poderíamos afirmar que o negro era uma das moedas que possibilitavam o comércio marítimo entre a América, a África e a Europa.
O desembarque desses homens era realizado nas áreas portuárias, principalmente do Nordeste brasileiro, região que mais recebeu escravos no início da colonização. Nos portos era possível perceber o desenvolvimento de um intenso e movimentado comércio. Escravos eram trocados por cachaça, tabaco e outros produtos. Até o final do século XVII a média de escravos negros trazidos para o Brasil chegava próximo aos 8.000 homens por ano.

Os escravos constituíram a base do sistema produtor de açúcar, bem como da estrutura colonial. Em grande medida, foram esses homens que possibilitaram o sucesso do projeto colonizador. Os engenhos de açúcar eram, na maioria, movimentados pelo braço do negro escravizado.
O comércio de escravos ocorria nas vilas litorâneas das áreas metropolitanas e coloniais e envolvia a troca de mercadorias entre a América, a Ásia e a Europa.
As capitanias hereditárias
Para efetivamente colonizar a grande extensão colonial, a monarquia portuguesa escolheu o sistema de Capitanias Hereditárias, que já havia sido utilizado, com relativo sucesso, em algumas outras áreas coloniais de Portugal. A chegada de Martim Afonso de Sousa oficializou o início da montagem do sistema colonial, fazendo com que as terras fossem divididas em 15 lotes, doados a 12 capitães donatários (portanto, houve casos de donatários que receberam mais do que um lote). Esses capitães assumiriam a responsabilidade – quase que em todas as esferas – de fazer com que a colonização de seus lotes ocorresse e que esses se tornassem rentáveis do ponto de vista mercantil. Os cargos de donatários eram vitalícios e hereditários. Voltaremos a falar dos capitães donatários.
O processo de ocupação de um lote era, de fato, oneroso e complicado. Buscando “convencer” os donatários a assumirem suas Capitanias, a Coroa Portuguesa criou uma série de vantagens, dentre as quais o fato dos donatários terem o direito de escravizar as populações indígenas, desde que enviassem à Coroa Portuguesa uma parte da renda conseguida nesse comércio, bem como alguns escravos indígenas. Os donatários poderiam doar sesmarias - lotes de terras - a quem se interessasse em cultivá-los. No entanto, a doação só poderia ser feita aos cristãos portugueses. A distribuição de terras ficava sob a responsabilidade do donatário, o que não quer dizer que o mesmo fosse proprietário das terras. Todas as terras das Capitanias Hereditárias pertenciam ao rei português. Os donatários atuariam como administradores das terras reais.

A princípio, a Coroa Portuguesa havia “convidado” membros da alta nobreza para se tornarem donatários na nova missão colonizadora em que Portugal embarcara. O desinteresse foi tanto, que a Coroa Portuguesa fez dos militares e navegadores ligados ao comércio oriental alguns dos seus capitães donatários. O maior ônus para os capitães donatários estava no fato de que grande parte da colonização se daria por investimentos próprios, e a grande maioria desses homens não possuía capital suficiente para tocar um projeto de tal envergadura.
Muitos donatários – inclusive o donatário Martim Afonso de Sousa -, no intuito de iniciar a colonização de seus lotes, buscaram fazer empréstimos de banqueiros e negociantes – principalmente judeus - de Portugal e da Holanda. Mesmo assim, uma significativa parcela desses homens nunca chegou a pisar na colônia. Um dos maiores receios estava no fato de que o dinheiro aplicado nos lotes não gerasse o devido retorno. E dos que chegaram a iniciar a colonização dos lotes recebidos, poucos foram os que obtiveram sucesso. O fracasso vinha por diversos motivos: terras inóspitas, índios hostis, distância entre as capitanias, dificuldade em defender as vilas etc.
Além do mais...
Hoje trataremos dos Jesuítas.
No século XVI a Igreja Católica havia criado, através de Inácio de Loyola, a Companhia de Jesus, um dos órgãos que combateria a expansão do protestantismo. Pois bem, a ação dos jesuítas (os homens dessa Companhia), também ocorreu na América Portuguesa (e na América Espanhola. Junto com outros colonizadores, os jesuítas também eram responsáveis pela evangelização dos índios) e estiveram profundamente envolvidos com a formação da sociedade colonial. Ficaram responsáveis por levar a doutrina católica a todas as outras partes do mundo.

Mas a relação dos jesuítas com a Coroa Portuguesa e os colonizadores não foi nada fácil. Esses membros da Igreja Católica            entraram         em       conflito            com os colonos, pois defendiam o fim da escravidão indígena.  Mas  a  própria  ideia  do  fim  da escravidão      colocada         pelos   jesuítas            era       contraditória. Organizando  aldeamentos  indígenas,  as missões,   os   jesuítas   evangelizavam         os índios  e  estes  trabalhavam gratuitamente (sendo   muitas vezes  forçados) na construção e fundação de vilas. A cidade de São Paulo foi fundada pela ação jesuítica, impulsionada pelo trabalho e catequização dos índios. Veja o que escreve Cáceres:
Os jesuítas exerceram uma proteção vigilante e tirânica sobre os índios de suas missões. Os indígenas eram forçados a viver nas aldeias e a trabalhar na terra e no artesanato, sob castigos e punições corporais[2].
Exercícios de revisão
1) Faça um resumo sobre as principais características da colonização portuguesa no Brasil.


[1] fica clara a intensa relação entre relação cultivo da cana, o engenho e a plantation, bases do processo colonizador português
[2] Cáceres, Florival. História do Brasil. Editora Moderna. p. 74


27º Texto - Magazine Histórico do 7º Ano - EMEF Leandro Klein


27º Texto: O período pré-colonial (1500 - 1532)

O início das relações entre Portugal e as terras que este havia “descoberto”, através da expedição de Pedro Álvares Cabral, não indicava um futuro muito promissor, já que não foram encontrados metais preciosos  em quantidade significativa. Além disso, à primeira vista, as terras americanas não apresentavam nenhuma especiaria que pudesse ser  efetivamente comercializada, o que gerava o seguinte problema: o quê fazer com as novas terras? Daí, o pouco interesse em explorar a nova colônia, terras que, a princípio, interessavam muito menos do que a rota das especiarias e o comércio oriental. Era necessário encontrar algo que pudesse ser comercializado, ao contrário do Oriente, onde já existia um rico mercado de especiarias montado.
O  navegador  florentino Américo Vespúcio (1454  -  1521), que navegou tanto para espanhóis quanto para portugueses, e que havia alertado para a inexistência de algo proveitoso nas terras brasileiras, fez questão de afirmar a existência de uma grande quantidade de uma árvore específica: o pau-brasil. Conhecida pelos europeus desde os tempos medievais, a planta era encontrada nas ilhas do sudeste asiático – a árvore encontrada no Brasil é, portanto, um “parente” muito próximo da espécie indiana – e com as mesmas qualidades. Tal árvore é capaz de tingir linhos, sedas e algodões de vermelho. Tratava-se, portanto, de uma especiaria.
Funcionando dentro da lógica mercantil, a exploração do pau-brasil na costa brasileira foi feita através do monopólio real. A Coroa arrendou a exploração do pau-brasil no território brasileiro aos cristãos-novos (judeus  convertidos ao cristianismo), que deveriam pagar uma taxa anual e levar, no mínimo, seis embarcações por ano para a metrópole, cheias de pau-brasil.
O primeiro cristão-novo a fechar um contrato com a Coroa portuguesa foi Fernão de Noronha (1470 - 1540). Isso ocorreu em 1502, sendo que Fernão arrendou a exploração de pau-brasil por três anos, à frente de um consórcio de judeus conversos. O acordo foi renovado três vezes, sendo que depois de 1513, a extração do pau-brasil foi liberada, desde que os exploradores pagassem o quinto – 20% daquilo que foi explorado – à Coroa portuguesa.
O pau-brasil era extraído de que maneira?
Através de feitorias estabelecidas na costa, os portugueses contavam com a ajuda do trabalho indígena, por meio do escambo, para extrair as toras de madeira da mata. Em linhas gerais, o escambo era feito pelas trocas realizadas entre índios e portugueses. Os primeiros derrubavam e transportavam as toras de madeira até o litoral em troca de pequenos objetos úteis ofertados pelos portugueses, como espelhos, pentes, anzóis e facões. Terminada a exploração de uma dada área, os portugueses abandonavam aquela feitoria e mudavam-se para uma outra região rica em pau-brasil. Portanto, podemos afirmar que se tratou de uma atividade apenas exploratória, de caráter rudimentar e nômade, não contribuindo para a formação de nenhum povoado nas primeiras três décadas de exploração do pau-brasil. Assim, nenhuma vila surgiu até 1532. Os primeiros portugueses que ficaram na colônia não podem ser entendidos como colonizadores, na medida em que estavam em número reduzido e, muitas vezes, viviam com usos e costumes das populações indígenas - o que, de fato, não era o objetivo da Coroa portuguesa e muito menos caracterizava um projeto colonizador. No entanto, esses homens teriam significativa importância quando se iniciou o processo de colonização, já que conheciam a língua indígena e passariam a atuar como intérpretes. Até 1530 não houve a implantação de nenhum corpo legislativo – regulamentação documentada - para a nova terra, sendo que os capitães de navios e os líderes das expedições exerciam as prerrogativas de juízes.
Entre 1500 e 1530, Portugal já enfrentava um grave problema com as frequentes invasões na nova colônia, principalmente dos franceses. Muitos desses invasores vinham ao litoral da colônia portuguesa para contrabandear o pau-brasil. Os franceses possuíam boas relações com algumas tribos indígenas brasileiras – em especial os tupinambás, que se tornaram seus aliados -, o que preocupava a Coroa portuguesa, já que isso facilitava o contrabando da madeira. Visando combater tal problema, a Coroa portuguesa enviou duas expedições guarda - costeiras ao Brasil, o que de modo algum resolveu a questão das invasões.
No entanto, um problema maior do que esse se colocava para Portugal. França e Inglaterra não aceitavam a partilha do Novo Mundo entre espanhóis e portugueses. Os franceses também levantaram uma importante questão, retomando o conceito de propriedade das terras a partir do Uti Possidetis. Essa clausula colocava que a terra só pertenceria efetivamente aquele que a ocupasse. O simples envio  de expedições para resguardar a costa de nada valia. A única solução que se apresentou a Portugal foi a de colonizar a nova terra.
A necessidade de colonizar o Brasil e o temor de perder essas terras veio com a descoberta pelos espanhóis de jazidas auríferas e de prata na região do atual México, tornando as terras do Novo Mundo extremamente atrativas. Além disso, a perda também do monopólio sobre a rota das especiarias orientais, através do surgimento da concorrência espanhola, fez com que Portugal tivesse que buscar outro mercado rentável. Assim, com a queda do grande centro econômico português – o comércio oriental –, a colonização do Brasil se fez necessária, na medida em que ela poderia auxiliar no renascimento mercantil lusitano.
Para os portugueses, o Brasil começou na vila de São Vicente, fundada em 1532. Hoje São Vicente é um dos municípios que compõem a Baixada Santista. Ao lado, uma foto de São Vicente atualmente!

Além do mais...
Com a entrada da Espanha na expansão ultramarina – bem como no ciclo das grandes navegações –, tivemos o início de uma polêmica entre os espanhóis e os portugueses pela posse das terras recém descobertas da América. Em 1492, através de Cristóvão Colombo, os espanhóis chegavam ao continente americano. O próprio Colombo acreditava ter chegado na parte leste do Oriente – o que, sabemos, é um equívoco –, e a partir das coordenadas cartográficas passadas por esse, o rei português disse já saber da existência daquelas terras e que, portanto, seriam de Portugal.
Frente ao imbróglio que se criou, os espanhóis recorreram ao papa, autoridade maior quando se tratava de assuntos relacionados as terras que não pertenciam a nenhum reino cristão. A ocasião era extremamente favorável para os espanhóis, já que o então papa Alexandre VI era espanhol e mantinha estreitas relações com a coroa espanhola. O resultado da intervenção papal foi inteiramente favorável aos espanhóis. Em 1493, o papa Alexandre VI publica a Bula Intercoetera, determinando os domínios portugueses e espanhóis. Seriam da Espanha as terras que estivessem a oeste da linha imaginária traçada verticalmente, a 100 léguas a oeste das Ilhas de Cabo Verde. As terras a leste pertenceriam a Portugal.

Essa divisão do mundo dava aos espanhóis todas as novas terras descobertas.
Como já era previsível, Portugal não aceitou tal partilha e chegou a ameaçar entrar em conflito com os espanhóis. Estes, percebendo a iminência de uma guerra, buscaram solucionar o problema, agora sem a interferência do papa, e sim diretamente com os portugueses. Nesse intuito foi criada uma nova divisão do mundo, em 1494: o Tratado de Tordesilhas. Dessa vez o meridiano passava a 370 léguas à oeste das ilhas de Cabo Verde. As terras a leste do meridiano pertenceriam a Portugal, e as terras a oeste pertenceriam aos espanhóis.
Com esse novo Tratado, a rota para as Índias estava assegurada para Portugal, ou seja, o continente africano. Além disso, estava garantida a posse de uma parte das terras descobertas. No Brasil, a linha do Tratado se estendia do que hoje são as cidades de Belém (PA) até Laguna (SC).
Exercícios de revisão
Faça uma breve pesquisa sobre o papa Alexandre VI.


quinta-feira, 19 de setembro de 2019

26º Texto - Antes de ser América - 7ºs Anos


26º Texto: Antes de ser América

De  todos  os  eventos  registrados  durante  a  Expansão   Ultramarina  o descobrimento da América talvez seja um dos mais impressionantes. Aos olhos dos navegadores europeus um “Novo Mundo” surgia, derrubando teorias e paradigmas, redefinindo maneiras de se enxergar o Homem. As populações nativas americanas causaram espanto e mostraram outras (possíveis) formas de organização e convívio sociais nunca imaginadas pelo homem europeu, recém-saído do universo medieval.
Nesse texto, dividido em dois blocos, iremos primeiramente falar  das comunidades nativas americanas (especialmente dos tupinambás). E, em um segundo momento, do trágico episódio da conquista da América pelos europeus.
Os tupinambás

Poderíamos aqui falar de inúmerascomunidades  nativas  americanas. Da maravilhosa e fascinante cultura Sioux, indígenas que habitavam as planícies norte-americanas, caçando búfalos. Ou mesmo dos Incas, povo fascinante que habitava praticamente toda a região andina, responsáveis por uma cultura maravilhosa, capaz de projetar cidades com água potável e à prova de abalos sísmicos. No entanto, para que o nosso texto não se torne um livro iremos falar de uma das comunidades nativas americanas: os tupinambás. No momento em que Cabral e seus comandados aqui pisaram os tupinambás eram considerados os “senhores do litoral”[1]. “A cultura tupi-guarani ter-se-ia formado há mais de três mil anos, na Amazônia central[2], chegando posteriormente ao litoral.

Os tupinambás viviam em aldeias com cerca de cinquenta indivíduos, sendo as mesmas circulares e protegidas por paliças de troncos, com fossos que continham pedaços pontiagudos de madeira. A vida comunitária estava diretamente ligada e estruturada na produção agrícola, além da caça, da pesca e da coleta de frutos silvestres. A técnica agrícola utilizada pelas comunidades tupinambás consistia em atear fogo a uma determinada região em que a mata havia sido previamente derrubada. Depois limpavam a área e iniciavam o plantio, cultivando mandioca, batata-doce, vagens etc. Essa técnica é conhecida como coivara.
Os tupinambás não possuíam animais de transporte e nem a criação dos mesmos. As aldeias não ficavam sempre no mesmo lugar. Assim que o solo ou os recursos se esgotavam, os tupinambás partiam para uma outra região.
A sociedade tupinambá era formada por excelentes pescadores, nadadores, mergulhadores e caçadores. “Construíam jangadas e canoas cavadas em troncos de certas árvores. Durante as viagens nas canoas, oshomens esvaziavam com as cuias a água que entrava nas embarcações.
Os tupinambás conheciam a cerâmica, a cestaria, o trabalho com algodão e fabricavam armas e instrumentos domésticos e musicais.
Manejavam com grande habilidade suas armas de caça e de guerra – tacapes, arcos, flechas, escudos, machados de pedra polida etc. Nas batalhas soavam tambores, flautas, cornetas e buzinas[1]. Praticavam rituais antropofágicos.
A conquista da América
Vimos anteriormente que, quando os europeus chegaram ao Novo Mundo, as terras já eram habitadas. No entanto, a ocupação europeia foi feita desrespeitando qualquer cultura ou sociedade existente no Novo Mundo. “Inicialmente, a própria presença física do europeu no continente foi responsável por milhares de mortes em virtude de várias doenças. A varíola, a pneumonia, a gonorreia, o tifo e a gripe devastaram populações inteiras. Por outro lado, os europeus eram vulneráveis à sífilis, que causou a morte de milhares deles[1].

Uma das populações que foi praticamente eliminada durante o processo de conquista foi a dos tupinambás. Como definimos, os tupinambás controlavam praticamente todo o litoral brasileiro, uma cultura milenar arrasada em meio século após a chegada dos portugueses ao Brasil. O quadro era tão assustador que em 1584 o padre Fernão Cardim registrou espantado o extermínio: “e eram tanto os dessa casta que parecia impossível poderem se extinguir[2]
Acima, ilustração de Theodore de Bry mostrando o extermínio de uma comunidade indígena.
As formas de execução que os indígenas sofriam eram as mais variadas e cruéis possíveis. Crianças eram separadas de suas mães, homens e mulheres eram escravizados, aldeias eram atacadas durante a noite e o dia.
Infelizmente o extermínio indígena não foi apenas uma característica da colonização portuguesa. Tornou-se comum por toda a América, eliminando diversas etnias. Veja o relato abaixo, referente à colonização espanhola:

As campanhas do espanhol Fernão Cortez (imagem), em 1520, para ocupar as terras americanas demonstravam a violência usada pelos conquistadores. Ele invadiu o México combatendo contra a sociedade asteca, massacrando-a. na década de 1530 foi a vez de Francisco Pizzaro massacrar o povo inca, em busca das minas de ouro e prata no Peru e na Bolívia. Inúmeras nações indígenas foramtotalmente obrigadas a abrir mão de suas crenças religiosas. Esse verdadeiro horror que o conquistador europeu causou aos povos americanos ficou muito claro no relato feito pelo frei Bartolomé de Las Casas[1]: “(...) os espanhóis, esquecendo que eles eram homens, trataram essas inocentes criaturas com crueldade digna de lobos, de tigres e de leões famintos (...) não deixaram de os perseguir, de os oprimir, de os destruir com todos os meios criados pela cobiça humana e por outros que se quer chegaram a imaginar; hoje não se conta senão duzentas indígenas na Ilha Espanhola (São Domingos) que outrora abrigava três milhões (...)”[2].
Não à toa, a marca da conquista foi o extermínio de milhares (milhões talvez) de indígenas, dos incas aos tupinambás, dos jês aos iroqueses, dos astecas aos sioux. Conquista que se estendeu por longos e agonizantes séculos, manchada com o sangue indígena. Por esse motivo afirmamos que as civilizações indígenas americanas não morreram de morte natural. Elas foram assassinadas!
Exercícios de revisão
1) Como ocorreu o processo de colonização do continente americano pelos europeus? Explique


[1] Moraes, José Geraldo Vinci de. “Caminhos das civilizações: da pré-História aos dias atuais”. São Paulo: Atual, 1993. pp. 157 - 158


[1] Moraes, José Geraldo Vinci de. “Caminhos das civilizações: da pré-história aos dias atuais”. São Paulo: Atual, 1993. p. 157.
[2] in Maestri, M. “Terra do Brasil: a conquista lusitana e o genocídio tupinambá” – São Paulo: Moderna, 1993.p. 83


[1] Maestri, M. “Terra do Brasil: a conquista lusitana e o genocídio tupinambá” – São Paulo: Moderna, 1993.p. 37


[1] Maestri, M. “Terra do Brasil: a conquista lusitana e o genocídio tupinambá” – São Paulo: Moderna, 1993.
[2] Maestri, M. “Terra do Brasil: a conquista lusitana e o genocídio tupinambá” – São Paulo: Moderna, 1993. p. 34




25º Texto - Magazine Histórico do 7º Ano - EMEF Leandro Klein


25º Texto: A Expansão Ultramarina pela Europa

É fato que a Expansão Ultramarina não se limitou à Portugal. Outras nações também passaram a realizar expedições além-mar. O processo, no entanto, teve Portugal como nação pioneira, em 1415. Nesse texto você irá conhecer outras três nações que empreenderam esforços e participaram da expansão ultramarina.
Espanha: os espanhóis só iniciaram a Expansão Ultramarina cerca de 60 anos após os portugueses terem conquistado Ceuta. Tal atraso ocorreu porque a Espanha só conseguiu sua unidade política em 1469, quando ocorreu o casamento de Isabel, irmã do rei de Leão e Castela, e Fernando, herdeiro do trono de Aragão. A partir dessa união a coroa espanhola pôde concentrar esforços em prol da expansão ultramarina. Em 1492 o navegante genovês Cristóvão Colombo (imagem) fez uma proposta aos reis espanhóis: chegar às Índias navegando pelo Ocidente. Seus objetivos eram pôr fim ao monopólio português, possibilitar o comércio com o Oriente sem a presença dos intermediários e comprovar uma teoria que havia gerado diversas discussões: a de que a Terra era esférica.
Em parte, os planos de Colombo obtiveram sucesso. Colombo encontrou no meio do caminho (literalmente) um novo continente, um Novo Mundo: a América. No entanto, acreditou ter chegado às Índias (e por isso chamou os habitantes desta terra de índios). E, de fato, a teoria sobre o formato esférico da Terra procedia, tanto que entre 1519 e 1522 outro navegador, agora Fernão de Magalhães, empreendeu a primeira viagem de navegação ao redor do mundo.
Na imagem, La Pinta, uma das três caravelas usadas por Colombo em sua viagem à América.

Inglaterra: a expansão marítima (ou ultramarina) inglesa demorou a ocorrer devido à existência de conflitos internos e externos e esteve diretamente associada à formação do Estado Absolutista (que falaremos a seguir). O grande feito do rei Henrique VIII (imagem) foi a modernização da marinha inglesa, quadruplicando a quantidade de embarcações. “A partir de 1579, os galeões da frota real passaram a ser equipados com canhões de longo alcance, fato que lhes permitia 'acertar os navios inimigos a uma grande distancia. Além de servirem ao comércio, os navios passaram a servir também à guerra, favorecendo a expansão marítima inglesa.

Em 1588, os ingleses enfrentaram e venceram a ‘Invencível Armada’ de Filipe II, aplicando um sério golpe no prestígio da Espanha, considerada então o mais poderoso país europeu. A partir daí, intensificaram-se as viagens de navegadores e de corsários à América, com o objetivo de saquear as embarcações espanholas carregadas de ouro e de empreender contrabando com as Antilhas[2].
Absolutismo, o que é isso?
Pode ser resumidamente definido como um sistema político e administrativo que prevaleceu na Europa entre os séculos XVI e XVIII. Tal sistema possibilitou uma grande centralização do poder nas mãos do rei. Nesse processo o rei contou com o apoio da burguesia, pois era interessante para a mesma um governo forte e capaz de direcionar os recursos para a realização da expansão ultramarina. O rei concentrava praticamente todos os poderes.
França: a nação francesa esteve envolvida em inúmeros conflitos que prejudicaram o início de sua expansão. Somente a partir da consolidação do estado nacional francês, no final do século XVI, foi possível iniciar a expansão ultramarina.
Exercícios de revisão - para entregar no dia:___/_____
Escolha uma das nações trabalhadas neste texto e produza uma pesquisa sobre seus principais navegadores e regiões exploradas.

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

24º Texto - Magazine Histórico do 7º Ano - EMEF Leandro Klein


24º Texto: A Expansão Ultramarina em Portugal

Podemos iniciar o nosso texto afirmando que o interesse português pelo continente africano durante a Expansão Ultramarina foi muito grande.
Isso ocorreu devido as intensas e ricas atividades realizadas principalmente na faixa litorânea do continente africano (norte/noroeste), com possíveis centros auríferos no continente, e com o posterior intuito em capturar escravos. Havia também o objetivo em combater os muçulmanos no norte da África, caracterizando uma evidente continuação da Reconquista Cristã, além de tentar reabrir os caminhos para o Oriente, facilitando assim as trocas comerciais. O grande incentivador da expansão ultramarina portuguesa foi D. Henrique (1394 – 1460), infante de Portugal, não à toa denominado de patrono da expansão portuguesa.
Conquistadas as áreas, os portugueses estabeleciam feitorias (entrepostos comerciais) e fortalezas. Tais estruturas asseguravam para os portugueses o controle da região. Das áreas eram comercializados marfim, ouro e escravos.

Imagem representando a expedição de Vasco da Gama
A partir de 1453, com a conquista da cidade de Constantinopla (hoje Istambul) pelos turcos otomanos, as nações europeias passaram a ter significativos problemas para realizar as atividades comerciais com o Oriente, já que os muçulmanos impediram a passagem dos europeus pela região. A descoberta de um novo caminho para as Índias tornou-se essencial para a retomada das atividades comerciais. Com o rei D. João II, Portugal passou a iniciar o processo que levaria as conquistas pelo continente asiático (Índias). Entre 1497 e 1498 Portugal, com Vasco da Gama, consolidou a possibilidade de contornar o continente africano e chegar às Índias, estabelecendo uma importante rota comercial. Vasco chegou à Calicute e o sucesso de sua expedição levou a organização de uma nova viagem para a região. Esta era a expedição comandada pelo capitão-mor Pedro Álvares Cabral, que partiu de Portugal com 1200 homens e 13 embarcações. Seria essa expedição que chegaria às terras brasileiras, no dia 22 de abril de 1500[2].
Você já percebeu como a nação portuguesa estava voltada as atividades marítimas? Acompanhe esse texto de aprofundamento e veja que interessante!
 Portugal e o “Mar Oceano”
Na passagem entre os séculos XIII e XIV, sob o reinado de D. Dinis (1279 – 1325), as técnicas de navegação foram aprimoradas. Seu sucessor, o rei Afonso IV (1325 – 1357), apoiou diretamente as atividades marítimas, em especial a pesca, transformando esse setor em um dos mais importantes da economia portuguesa. Essas atividades que Portugal realizou em águas marítimas propiciaram o aparecimento e o desenvolvimento das cidades litorâneas, possibilitando a ascensão de uma poderosa burguesia.
Sabemos que a opção de Portugal pela realização das atividades marítimas não foi de modo algum aleatória. Cercado por reinos e povos senão inimigos, ao menos com claras intenções de conquistar o reino português, o mar se colocou como a saída mais viável e promissora para a conquista definitiva de uma economia rentável.
Além do mais...

Nos textos sobre o Renascimento você pôde perceber que os homens desse período passaram a buscar retratar em seus quadros elementos que se aproximassem cada vez mais do real, do plano físico.
Foi assim que muitos dos viajantes tiveram que fazer para contar para o pessoal lá da Europa o que estavam vendo, o que haviam encontrado. Desde a curiosa descrição do bicho-preguiça, feita pelo padre jesuíta José de Anchieta - segue a descrição: “mais vagaroso que o caracol. Tem o corpo grande, de cor cinzenta, cara que se assemelha um tanto a rosto de mulher, longos braços munidos de unhas também compridas e recurvadas”[3]-, até o desenho que o renascentista Albrecht Dürer (1471 – 1528) fez de um rinoceronte sem jamais ter visto um. Tudo foi feito a partir de descrições feitas por aqueles que haviam tido contato com o animal. Impressionante, não é mesmo?
Muitas dessas descrições, feitas por navegadores, renascentistas, estudiosos ou intrépidos viajantes tentava aproximar mundos até então muito distantes. Era a experiência da troca e do contato com coisas que abriram os olhos e as mentes europeias.
A seguir, o desenho de Dürer.

Exercícios de revisão
1) Explique o porquê do interesse português pelo continente africano.



[2] Há registros que indicam que Vasco da Gama comentou a possibilidade de existirem  terras abaixo daquelas descobertas por Colombo (em 1492) com Pedro Álvares Cabral. Alguns aventam a possibilidade de que Vasco tenha avistado o arquipélago de Fernando de Noronha, distante cerca de 500 km da costa brasileira.
[3] Minhas Cartas, por José de Anchieta. p. 39