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sábado, 15 de dezembro de 2018

6º Texto - 6º Ano - 2022: AVISO: estudar Evolução Humana derruba preconceitos!


6º Texto - AVISO: estudar Evolução Humana derruba preconceitos!

O legal de estudar História é que a gente percebe o quanto ideias racistas são provas reais da mais profunda ignorância. E esse texto mostrará isso para você!
O Homo naledi
Em 2013, um grupo formado por pesquisadores de diversas nacionalidades encontrou um fóssil na África do Sul, em uma região de caverna. Passados dois anos, membros de diversas instituições de ensino e pesquisa, divulgaram os primeiros resultados. E derrubaram algumas ideias.
A partir de agora, você lerá um dos muitos textos publicados acerca dessa descoberta.
"'Homo naledi': nova espécie de hominídeo é descoberta na África do Sul
Fósseis descobertos em uma caverna na África do Sul reacendem o debate sobre a evolução dos seres humanos
A descoberta de uma nova espécie de hominídeo, Homo naledi, foi anunciada hoje pela Universidade Witwatersrand (Wits University) e uma série de instituições. Os fósseis abrem uma nova discussão sobre a evolução dos seres humanos.
Composta por mais de 1.550 elementos fósseis (ou seja, mais de 1550 pedacinhos! É como montar um quebra cabeças), é a maior descoberta de ossadas de hominídeos feita na África. Eles foram encontrados na caverna Rising Star (estrela ascendente), 50 km a nordeste de Johanesburgo, África do Sul, e, aparentemente, foram colocados intencionalmente em uma câmara –comportamento que se pensava ser exclusivo do Homo sapiens (ou seja, foram enterrados, como se houvesse ocorrido um funeral). Até agora, ossos de 15 indivíduos foram exumados (desenterrados do local).
(...). A espécie foi batizada em homenagem ao local onde os fósseis foram encontrados. 'Naledi' significa estrela, em língua sotho, e Homo é o mesmo gênero ao qual pertencem os humanos modernos. 'No geral, o Homo naledi parece com um dos membros mais primitivos do nosso gênero, mas também tem algumas características surpreendentemente semelhantes aos humanos, suficiente para colocá-lo no gênero Homo', disse John Hawks, da Universidade de Wisconsin-Madison, EUA, um dos autores do artigo que descreve a nova espécie.
Observe a pluralidade da evolução humana. O que impressiona é que as descobertas ainda não se encerraram. Portanto, nossa história evolutiva está incompleta.

A análise da dentição dos fósseis humanos é fundamental nas pesquisas sobre a nossa evolução!
O hominídeo tinha um cérebro pequeno (do tamanho de uma laranja), um corpo esguio, media 1,5 metro de altura e pesava 45 quilos em média. Os dentes são semelhantes aos dos membros mais antigos do gênero, tais como o Homo habilis, assim como a maioria das características do crânio. Os ombros, no entanto, são mais semelhantes aos dos macacos. 'As mãos sugerem capacidade de uso de ferramentas', disse Tracy Kivell da Universidade de Kent, Reino Unido (...) o Homo naledi tem dedos extremamente curvos, mais curvos do que qualquer outra espécie de hominídeo ancestral, o que demonstra claramente habilidades para escalada.'
Essa característica contrasta com os pés (...). Seus pés, combinados com suas longas pernas, sugerem que a espécie era bem adaptada para caminhadas de longa distância. A idade dos fósseis ainda não foi descoberta, mas é possível que essas criaturas tenham vivido a cerca de 3 milhões de anos[1] atrás e sejam o primeiro grupo do gênero Homo que andou pela Terra. Eles fariam uma ponte entre primatas bípedes mais primitivos e os seres humanos. Com uma mistura de características modernas e primitivas o Homo naledi pode fazer os cientistas repensarem a história da evolução humana"[2].
E REPENSARAM!
Perceba que, partindo do texto acima, o Homo naledi mistura características bem antigas de espécies que originaram o gênero Homo, com características que nos são familiares, como pés adaptados a caminhar com a postura ereta.
Os estudos posteriores a 2015 indicam que o Homo naledi surgiu bem depois do Homo erectus, lembrando que essa espécie é considerada o nosso ancestral mais direto. Ou seja, como encaixar o Homo naledi nessa situação?
Eis que os cientistas começaram a confirmar que a evolução humana, assim como de muitas outras espécies de seres vivos, foi plural. O que isso quer dizer?
Quer dizer que houve diversos caminhos, como os gahos de uma árvore. Nós somos a ponta de um desses galhos.
Ao lado vemos o esquema dessa árvore.
A parte circulada é o objeto do nosso estudo. Vamos ampliá-la!
Perceba que a evolução seguiu mais de um caminho! Essa teoria tem ajudado a explicar muitas coisas acerca da nossa evolução.
Um ponto importante que devemos enfatizar é que é certo que muitos dos "galhos" da árvore permanecem desconhecidos, bem como os "frutos" (as espécies) que ela gerou.
Agora, o que é mais do que conhecido é o fato de que as espécies humanas se miscigenaram, seja através da formação de descendentes, seja pelas trocas culturais. E esse fato é de extrema importância para entendermos a supremacia alcançada pelo Homo sapiens.
Poderíamos dar inúmeros exemplos, mas nos limitemos a um.
É sabido, através da análise do código genético de grupos humanos, principalmente encontrados no norte da Europa, que neanderthalensis e sapiens geraram descendentes. E houve ganhos significativos.
Atualmente, em populações das áreas árticas (ou seja, das regiões nortistas do globo), onde as médias de temperatura chegam a menos zero grau com regularidade, é comum encontrar pessoas com índice elevado do que chamamos de gordura marrom. Essa gordura desenvolve um importante papel, funcionando como um isolante térmico, um cobertor natural. Outros mamíferos a possuem, tais como ursos-polares (Ursus maritimus) e focas (Phocidae). Estudos demonstraram que essa foi uma das heranças trazidas pelas trocas genéticas com o homem de Neanderthal (imagem). Ou seja, naturalmente índices maiores de gordura marrom não são comuns em populações de Homo sapiens.

Assim, com esses índices de gordura marrom, as pessoas conseguiram (e conseguem) sobreviver em regiões árticas com maior facilidade.
 Portanto, chega a ser ridículo pensar na ideia de “raça pura”. Somos extraordinariamente miscigenados. E foi essa miscigenação que possibilitou que a espécie humana atual se proliferasse pelo globo. Além disso, é erro basal defender a ideia de raça quando pensamos em seres humanos. Nossas diferenças são culturais, possibilitando que sejamos diversos. Não existem raças humanas.
Exercícios de revisão
1) Pesquise o que significa a palavra miscigenação e escreva seu significado nas linhas abaixo.
2) Como você imagina que os grupos humanos viviam durante a pré-história? Faça um breve relato.



[1] Atualmente, essa informação foi revista. Segundo os últimos estudos, inclusive os que foram publicados na revista Scientific American Brasil, edição de outubro/18, a espécie teria existido entre dois milhões e duzentos e trinta mil anos.
[2]http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2015/09/antiga-especie-do-genero-humano-e-descoberta-na-africa-do-sul.html

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

3º Texto - Magazine Histórico do 7º Ano - EMEF Leandro Klein


A ruína do Império Romano
professor Pedro Henrique Ramos
Um permanente desequilíbrio! É assim que os historiadores definem a história do Império Romano a partir do século III. “A sobrevivência do Império, durante os séculos IV e V, só foi possível devido a profundas mudanças, que alteraram todo seu caráter, tornando-o basicamente diferente, a ponto de não poder ser reconhecido por alguém que nesse tivesse vivido um século antes[1].  
Antes de começarmos a entender as dinâmicas que levaram ao fim do Império Romano (na verdade, parte dele), deixo registrado um desabafo. São tantos os problemas e as situações que teremos que escolher aqui os principais. Portanto, caso queira entender mais sobre o assunto, sinta-se à vontade para perguntar ao professor ou fazer pesquisas.
Um dos problemas encontrados em Roma era o enorme número de latifúndios: grandes propriedades nas mãos dos mais ricos, e ainda por cima sem produzir nada. Assim, uma das saídas encontradas foi diminuir o número de latifúndios, ou seja, distribuir a terra entre a população. Porém...
Aqueles que recebessem a terra deveriam pagá-la com trabalho e produtos aos seus antigos donos. Muitas vezes a produção do camponês se destinava apenas ao pagamento desse lote de terra que havia recebido. O trabalhador não poderia sair do lote de terra se não o pagasse para seu proprietário. Foi tornando-se comum também os laços que determinavam que o camponês só poderia abandonar o lote de terra que havia recebido depois que morresse. Nascia um vínculo de servidão, que iria caracterizar o período vindouro, a Idade Média. As grandes propriedades rurais (os latifúndios) passaram a ser chamadas de villas. 
Outro problema veio da expansão do Cristianismo.  
A religião romana era muito vinculada a elementos das tradições gregas, como boa parte da cultura romana. Tratava-se de uma religião politeísta e com deuses que assumiam formas humanas, tornando comum rebatizar deuses gregos com nomes latinos.
No século III d.C. as religiões se expandiram pelo Império e uma delas foi uma religião vinda do Oriente Médio, o cristianismo. Os princípios de Jesus Cristo foram muito divulgados entre a população pobre e os escravos de Roma, atendendo, em sua maioria, os interesses e necessidades dessas pessoas. Alguns dos seus princípios questionavam a ordem imperial romana, apresentando a ideia de que o imperador não era nenhum deus. Obviamente que os imperadores não viam com bons olhos a expansão do cristianismo. Portanto, diversos desses governantes passaram a perseguir e matar cristãos, dentre os quais Nero, Diocleciano...
Porém, isso não diminuiu a expansão do cristianismo, tornando o movimento até mais unido, passando a ser impossível ignorar a expansão dessa religião, já que em algumas regiões ela era a mais presente. Quando Constantino assina o Edito de Milão mais de 20% do império era formado por romanos cristãos. A nova religião era um dos caminhos para unir Roma e lutar contra a crise. Por isso, em 380 d.C., Teodósio a tornou religião oficial do Império Romano.  
Recentemente, um grupo de cientistas buscou reconstruir o rosto de Jesus, a partir do registro de como seriam os habitantes da região onde teria nascido e vivido nascido um dos principais e maiores homens da História. Olhe o resultado ao lado.
Você acha que acabou? Não!
Um dos eventos mais graves esteve associado aos povos que viviam próximos às fronteiras romanas, como persas e mauritanos, e outros, genericamente chamados de bárbaros. Eles começaram a invadir o Império Romano. Voltaremos a tratar desses povos em textos futuros, mas, por enquanto, façamos um breve resumo.
Bárbaros eram considerados os povos que não falavam latim ou grego, viviam fora das áreas imperiais, ou mesmo dentro, porém sem aceitar a representação do poder romano. Eram considerados como “incivilizados”. Um dos principais povos bárbaros foram os germanos.
As primeiras invasões bárbaras foram pacíficas, sendo resultado das penetrações dos povos germânicos dentro do império. Era comum a entrada de germanos no exército romano, inclusive entendida como uma forma de evitar conflitos. Porém, a partir do século IV d.C, a situação mudou, já que as invasões bárbaras ficaram cada vez mais violentas, e outros povos, além dos germanos, começaram a invadir o Império. Assim, Roma “passa, durante os séculos IV e V, a assumir uma postura basicamente defensiva, em uma luta sem tréguas por sua sobrevivência, enquanto unidade político-administrativa. A última campanha militar que se deu fora do território imperial foi a invasão do Império Parta pelo imperador Juliano, em 363 (que por sinal termina em desastre)” [2].
Além disso, toda a estrutura do exército romano é alterada. A maior parte dos soldados era de origem bárbara, criando uma situação inusitada. Os romanos começaram a deixar de servir no exército. Foi o início da germanização dessa importante estrutura da sociedade romana, fator crucial na montagem da sociedade medieval.
Nas linhas vindouras conheceremos imperadores romanos que buscaram fazer reformas, porém... A situação era insuperável.
Diocleciano (284 - 305): foi este imperador que permitiu a presença dos bárbaros no exército. Isso funcionava como um meio de mostrar para os bárbaros que (de um jeito ou de outro) eles eram parte do Império Romano. No entanto, como já foi dito, um número maior de soldados fez com que o Império Romano gastasse mais. Ou seja, a crise piorou.
Constantino (306 - 337): diante do aumento da crise, Constantino mudou, em 330 d.C., a capital do Império Romano da cidade de Roma para a cidade de Constantinopla (atual Istambul). Fez isso porque a economia da região próxima à Constantinopla não dependia tanto do trabalho escravo e estava longe das invasões. No entanto, a medida de maior impacto de Constantino ocorreu quando este determinou que os cristãos (seguidores dos ensinamentos de Jesus Cristo) poderiam realizar seus cultos e que a religião cristã existia oficialmente. Isso foi feito em 313 d.C., com a assinatura do Edito de Milão pelo imperador.
Constantino fez uma grande política de apoio aos cristãos, e em 325 d.C. comandou uma reunião de bispos cristãos (essa reunião recebeu o nome de Concílio). A intenção era aproximar a política da religião e chamar os seguidores do cristianismo para perto do imperador (ou seja, ganhar aliados!).
Teodósio (380 – 395): buscando ganhar aliados e ciente da enorme crise, Teodósio, aconselhado pelo bispo de Milão, tornou o cristianismo a religião oficial do Império Romano, e em 392 d.C. a tornou obrigatória. Surgiu, assim, a Igreja Cristã, liderada por um patriarca com relativa importância política. No entanto, o Império foi dividido entre seus herdeiros após a sua morte. Na imagem, da esquerda para a direita, Diocleciano, Constantino e Teodósio.
O império romano foi dividido em duas grandes partes:
a) Império Romano do Oriente, ficando com o imperador Arcádio. A capital era a cidade de Constantinopla, e esse império seria conhecido como Império Bizantino. Sobreviveu até o século XV d.C.;
b) Império Romano do Ocidente: foi governado por Honório. A crise não diminuiu, apenas piorou. Como vimos, as invasões bárbaras tornaram-se violentas, sendo que o império também foi atacado pelos hunos. “De 455 a 476, nada menos que dez imperadores sucederam-se no trono do Ocidente, sendo todos eles meros joguetes: prisioneiros de sua capital fortificada, Ravena – pois que a cidade de Roma, desde 395, não era mais a capital imperial -, envolviam-se nas (...) intrigas da corte, sendo aclamados e depostos por seus comandantes germânicos mais poderosos[3].
Em 476 d.C. o chefe germano Odoacro invadiu e conquistou definitivamente a cidade de Roma, pondo fim à parte ocidental do império. Era o fim da Idade Antiga.
Exercícios de Revisão
1) Pesquise no dicionário o significado da palavra bárbaro.
2) Você considera o significado dado pelo romanos negativo ou positivo? Argumente.



[1] Rezende Filho, Cyro de Barros. Guerra e guerreiros na Idade Média/ Cyro de Barrros Rezende Filho. – São Paulo; Contexto, 1996. (Coleção repensando a história geral). p. 11.
[2] Rezende Filho, Cyro de Barros. Guerra e guerreiros na Idade Média/ Cyro de Barrros Rezende Filho. – São Paulo; Contexto, 1996. (Coleção repensando a história geral). p. 12.
[3] Rezende Filho, Cyro de Barros. Guerra e guerreiros na Idade Média/ Cyro de Barrros Rezende Filho. – São Paulo; Contexto, 1996. (Coleção repensando a história geral). p. 26.

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

4º Texto - Magazine Histórico do 6º Ano - EMEF Leandro Klein


Nossos ancestrais... E a gente!
professor Pedro Henrique Ramos

A frase dita pelo professor de psicologia, é muito importante para darmos início ao nosso quarto texto, o segundo da série acerca da Evolução Humana.
Ainda sem entrar na discussão sobre o novo fóssil, encontrado em 2013, buscaremos aqui apresentar o que há como aceito acerca da evolução humana.
E começaremos com o Homo habilis.
Homo habilis: surgiu há cerca de dois milhões e cem mil anos. Tinha a habilidade para fabricar ferramentas de pedra simples (pedra lascada). Tornou-se um dos primeiros membros do gênero Homo (talvez o primeiro). Tinha o rosto maior do que seus ancestrais, desenvolvendo estruturas que possibilitaram o aparecimento da linguagem. Teria desaparecido por volta de 1,5 milhão de anos.
Na imagem, reconstituição do que seria o rosto do Homo habilis.
Homo erectus: segundo os pesquisadores, essa é A espécie da evolução humana. Inclusive, há cientistas que afirmam que foi erectus o primeiro hominídeo a desbravar o meio natural de um jeito incrível.
Também chamado de Pithecanthropus, surgiu há cerca de um milhão e novecentos mil anos. Vivendo no Paleolítico, fabricou e utilizou diversos tipos de ferramentas, aprendeu a usar o fogo, expandindo seu ambiente para além do continente africano. Seu desaparecimento ocorreu por volta de cento e cinquenta mil anos.
Homo (sapiens) neanderthalensis: surgiu por volta de quatrocentos mil anos, tendo a capacidade de usar o fogo (hoje os cientistas acreditam que a espécie também sabia produzi-lo) e caçar com maestria.
A caixa craniana era muito parecida com a nossa. E é fato de que espécimes de neanderthalensis geraram descendentes com indivíduos da nossa espécie. E esse fenômeno foi FUNDAMENTAL para a nossa evolução, como veremos adiante.
Homo sapiens (sapiens): surgido há trezentos mil anos, provavelmente em algumas regiões do continente africano, a espécie se espalhou por todo o planeta, tornando-se cosmopolita[1]. A forma arredondada do cérebro fez com toda a estrutura da caixa craniana fosse alterada, quando comparada com os nossos ancestrais, conforme o desenho a seguir nos mostra.
Perceba que as conquistas de um hominídeo foram herdadas pela espécie que o sucedeu, confirmando a frase dita pelo professor Suddendorf. Somos, portanto, a trajetória de conquistas de nossos antepassados, a começar pelo uso da primeira ferramenta humana, a pedra lascada, elaborada pelo Homo habilis (imagem abaixo).
Em nosso terceiro texto abordando especificamente a evolução humana iremos entrar nas pesquisas mais recentes e reveladoras sobre o assunto. Prepare-se! Novidades surgirão!
Exercícios de revisão
Faça uma pesquisa sobre um dos ancestrais do Homo sapiens tratado neste texto. Atenção, a pesquisa pode ser digitada. Porém, se for mera cópia de texto, o discente perderá uma rodada de figurinhas e dois pontos na média de ética.



[1] Ou seja, habitante das mais diversas regiões do planeta.


4º Texto - 7º Ano - 2022 - O Império Romano


O Império Romano   - com atividade de aprofundamento
professor Pedro Henrique Ramos

A escolha da frase que abre esse texto não é de forma alguma aleatória. Ainda que a mesma faça referência ao período republicano (início do século I a.C.), as consequências para o período imperial foram sérias. O próprio professor Leoni discorre que a Roma gloriosa desmoronou com o 2º Triunvirato. Mas, antes de listarmos os mais diversos problemas, vamos compreender os primórdios da vida imperial romana.
O início do império romano
O primeiro imperador romano, Otávio Augusto, foi habilidoso para restituir a paz em Roma, tanto interna quanto externamente.  “Augusto domina totalmente, dá a Roma mais esplendor civil e político, consolida o império” [1].
Mas, após Otávio, a situação desandou de forma impressionante. Em grande parte pelo fato de que os imperadores que sucederam Otávio Augusto, após a sua morte, em 14 d.C., fizeram coisas que, convenhamos, os colocam como os piores administradores da História. Tibério (14 – 37)[2], imagem ao lado, sucessor de Otávio, deu início a uma época de terror, marcada por espionagens e delações. Resultado: foi assassinado. O próximo imperador foi Calígula (37 – 41), um das figuras mais desequilibradas da História. Desde a nomeação de seu cavalo, Incitatus, como cônsul, até o fato de que promovia rotineiras festas, movidas à sexo, Calígula prostituiu as esposas dos senadores. Resultado: foi assassinado.
Você acha que acabou? Não! Apesar da existência de Cláudio (41 – 54), com um governo que adotou medidas que buscaram retomar uma política mais equilibrada em Roma, seu sucessor, Nero (54 – 68), governou de maneira desastrosa.
Nero, sobrinho de Cláudio, apesar de estar sob os cuidados de uma das mentes mais brilhantes da História, Lúcio Annêo Sêneca[3] (4 a.C. – 65), o que conferiu ao início do seu governo um período de grandiosidade, ficou conhecido por mandar matar cristãos, incendiando bairros romanos onde esses viviam. bem como mandar assassinar a sua mãe, Sêneca se suicidar...
Tragicômica, a sua morte é um dos eventos que mostra o quão Nero era destemperado. Ao ver as tropas de Sérvio Sulpício Galba (68 – 69) se aproximar para retirá-lo do poder, Nero se mata, soltando a frase: “que artista o mundo perderá!”. Isso porque o sobrinho de Cláudio considerava-se um excelente cantor. Cada uma...
Depois disso, dessa hecatombe de tragédias, fica óbvio entender o porquê os historiadores consideram que, após a morte de Otávio Augusto, Roma ficou marcada por inúmeros e graves problemas. Além disso, a expansão territorial, realizada pelos romanos, continuou, porém diminuiu, e a maior preocupação agora era manter as áreas conquistadas. Assim, a política romana não privilegiava mais as áreas a serem conquistadas e sim a proteção das áreas que foram conquistadas.
Com isso, os romanos buscaram melhorar as províncias (as regiões conquistadas), sendo comum a presença de províncias ricas. No período também se consolidou a economia romana baseada na escravidão, onde o escravo estava inserido em todas (ou quase todas) as relações de trabalho na Roma Antiga, o que conferiu a essa sociedade o título de sociedade escravista. No entanto, os escravos vinham das conquistas romanas. Como os imperadores diminuíram as conquistas houve, consequentemente, uma diminuição na oferta de escravos o que fez surgir um problema: como uma sociedade escravista vive sem escravos? Isso começou a enfraquecer o império.
Justamente para “contornar” o problema da falta de escravos, outras conquistas foram feitas até que, após 117 d.C., elas definitivamente acabaram. Nessa época o Império chegou a sua maior extensão, uma área realmente impressionante. Os romanos conquistaram regiões em três continentes: Europa, África e Ásia. Foi no governo de Trajano, entre 98 d.C. e 117 d.C. que o império atingiu sua maior área.
Frente ao exposto, já a partir do século II, em 138, após a morte do imperador Adriano, Roma mergulhou em crises, decadências, começando a perder a sua unidade, resultado também da penetração dos povos que moravam nas redondezas do Império Romano.
A formação da crise imperial
A dependência da economia romana quanto ao trabalho escravo fez surgir um grave problema: uma sociedade escravista que não possuía a oferta de escravos, fazendo com que o preço dos escravos que existiam aumentasse muito! Os escravos produziam os alimentos e como o seu preço estava subindo, o preço dos alimentos subia também!
Assim, alimentos mais caros impediam que a população pobre se alimentasse adequadamente. Era a formação de um problema sem aparente solução! E como se não bastassem essas situações, o século III d.C. (201 – 300) foi marcado por outros problemas sociais graves, como o inchaço do exército. Vamos explicar.
Como o império aumentou era necessário cada vez mais soldados para proteger as fronteiras. Um número maior de soldados significava um aumento nos gastos (manter um exército é caro!). Assim, mais dinheiro era gasto. Para piorar a situação existia uma enorme instabilidade política, com disputas de poder e problemas internos. Era necessário buscar soluções.
Além do mais
O texto que você acabou de ler deixou bem claro que Roma estava cheia de problemas! Faltava comida, emprego, moradia... Assim, os plebeus estavam ficando revoltados.
Diante disso, os imperadores passaram a utilizar a tática do chamado “Pão e Circo”. O que seria?
No Coliseu, quase todos os dias, gladiadores lutavam até a morte, divertindo a população. Um espetáculo circense aterrador! Havia leões, tigres, homens se enfrentando. E, durante as lutas, refeições eram servidas. A ideia era que, de estômago cheio e com outras coisas para pensar, os revoltosos se acalmariam, esqueceriam os problemas.
Exercícios de Revisão
Escolha um imperador romano e faça uma pesquisa sobre ele. Atenção, a pesquisa pode ser digitada. Porém, se for mera cópia de texto, o discente perderá uma rodada de figurinhas e dois pontos na média de ética.
OIA – Atividade de aprofundamento – as questões devem ser respondidas na folha entregue pelo professor. Atenção: não se esqueça de colocar o nome na folha de respostas.
Uma das primeiras coisas que fizemos nas nossas aulas foi assistir a um filme, na verdade um desenho, feito em 1967.
Foi a primeira versão em desenho animado para as histórias de dois gauleses, Asterix e Obelix, e seus amigos, baseado nas histórias em quadrinhos, criadas pelos fantásticos René Goscinny e Albert Uderzo. As histórias de Asterix e Obelix são tão populares que se tornaram as mais famosas da França, seu país de origem. Sem exageros, seria como a Turma da Mônica para os brasileiros.
Bem, voltando ao filme, os acontecimentos teriam ocorrido por volta de 50 anos a.C., momento turbulento da sociedade romana.

 Partindo dessa primeira informação, assinale a alternativa correta.
1) Roma em 50 anos a.C. era: (2,0)
a) monarquia; b) república; c) império; d) nenhuma das anteriores.
 Apesar de ser uma história fictícia, de fato os romanos invadiram e conquistaram grande parte das regiões que hoje compõem a França.
Na história, um romano resolve se passar por gaulês e ver se assim descobre a origem de tamanho força dos guerreiros daquela aldeia. Evitando ser descoberto, o soldado Calígula Minus (favor não confundir com o imperador Calígula) passou a se chamar Calígulix.
Calígulix dizia ser de uma cidade com um nome estranho: Lutécia. No início do filme, eu disse a vocês como se chama essa cidade hoje.
 2) Assinale o nome da cidade atualmente: (2,0)
a) Praga; b) Londres; c) Milão; d) Paris.
 Agora, dê uma olha nessa imagem fantástica.

29 dias caminhando! Fala sério...
E pudemos ler em nosso álbum de figurinha que os legionários romanos não caminhavam descarregados. Ao contrário. Estudos apontam que só de equipamento, cada homem carregava mais de trinta quilos.3) Escreva um pouco mais sobre como eram essas caminhadas e o porquê dos romanos fazê-las. (3,0)

Agora...

4) Imagine que você é um desses soldados que fez essa longa jornada. Crie uma narrativa sobre. Bote a cabeça para pensar. (3,0)  



[1] Leoni, G. D. “A Literatura de Roma” – 6ª ed. – São Paulo: Livraria Nobel S. A., 1961. p. 76
[2] ATENÇÃO: os períodos registrados fazem menção ao governo, e não à vida dos imperadores aqui citados.
[3] Caso queira conhecer esse admirável pensador, acesse: http://respirehistoria.blogspot.com/2015/01/lucioanneo-seneca-4-a.html


segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

1º Texto - Magazine Histórico do 7º Ano - EMEF Leandro Klein


Mergulhando na República Romana  
professor Pedro Henrique Ramos
Roma agiganta-se durante o período republicano. E isso ocorre das mais diversas formas. Nos próximos parágrafos você entenderá os porquês do período republicano ser entendido como um momento grandioso para a Roma Antiga.
A expansão romana
Consideramos o período republicano como a fase em que a civilização romana está se expandindo, muito além do que fora feito pelos etruscos durante a Monarquia. E essa expansão republicana marcou definitivamente a história da civilização romana.
Vimos que Roma nasceu em meio a outras civilizações, o que a fez adotar, desde o inicio, uma postura defensiva. Não foi à toa que Sérvio Túlio ergueu os muros ao redor da cidade. No entanto, por volta de 275 a.C., os romanos já haviam conquistado todas as regiões da península itálica, passando agora para um desafio bem maior: conquistar as regiões ao redor do mar Mediterrâneo.
Dessa forma, Roma passou a desafiar os cartagineses, uma ex-colônia fenícia, localizada no norte da África. Ficou claro que conquistar Cartago significava, simplesmente, conquistar o Mediterrâneo ocidental e, portanto, garantir o controle de todo o comércio da região. Essa conquista ocorreu após o fim da 2ª Guerra Púnica, em 201 a. C.
Mesmo sem ainda conquistar a cidade de Cartago (o que ocorreria na 3ª Guerra Púnica), os romanos passaram a ter como objetivo tomar a Grécia Antiga, que estava profundamente enfraquecida após a morte de Alexandre, o Grande. E assim foi feito. Em "pouco mais de cinquenta anos, Roma conseguira transformar o Mediterrâneo inteiro em mar romano e todo o mundo grego cairá ante as legiões de Roma"[1].
Óbvio que esse contato com os gregos fez com que a cultura helenística penetrasse diretamente na sociedade romana. É nesse momento que a cultura grega renasce dentro da sociedade romana.
Portanto, retomando, os conflitos entre romanos e cartagineses ficaram conhecidos como guerras púnicas.  Conjuntamente a esses conflitos veio o domínio de Roma sobre a Grécia. Resultado: o mar Mediterrâneo passou a ser chamado pelos romanos de mare nostrum, nada mais que “nosso mar”.
Além do que já apontamos neste e no texto passado, o período republicano trouxe as seguintes mudanças:
a) Roma se tornou uma civilização escravista, ou seja, vivendo em grande parte do trabalho escravo. Os escravos romanos eram povos conquistados.
b) a civilização romana se tornou mais rica e complexa, com o surgimento de outras classes sociais, ligadas principalmente aos patrícios, como foi o caso dos Clientes, pessoas que eram dependentes dos aristocratas.
c) começou a ocorrer o fenômeno do êxodo rural, ou seja, a saída dos pequenos camponeses do campo para a cidade, principalmente para Roma, devido em grande parte ao controle cada vez maior das terras pelos patrícios e também pela enorme vocação comercial que Roma passou a ter.
Pirâmide social do período republicano.
Atente para o fato de que o ponto c revela-se um problema. Um grave problema, sendo um dos maiores responsáveis pelo início da crise romana. A cidade de Roma não conseguiu suportar um número tão grande de novos moradores. E há que se registrar que os novos grupos sociais passaram a exigir participação política. Era o início da crise republicana, assunto que veremos agora.
A crise republicana
As mudanças do período republicano provocaram uma situação ambígua em Roma. Por um lado, os romanos haviam conquistado todo o mar Mediterrâneo, tornando a civilização extremamente forte e o território bastante extenso. Por outro, os plebeus passavam cada vez mais por dificuldades.
Dois tribunos da plebe, Tibério Graco e Caio Graco (entre 133 e 123 a.C.), foram responsáveis por levar propostas de leis a favor da plebe para a discussão no senado, propondo inclusive uma “reforma agrária”. Os patrícios, que lideravam o Senado, não concordaram, assassinando Tibério em uma discussão. Seu irmão, Caio, tentou implantar as reformas, porém não obteve grandes sucessos. Em um conflito armado com a aristocracia, Caio pediu a um escravo que o matasse.
O conflito estava bem determinado: de um lado, os patrícios querendo manter seus privilégios. De outro, os plebeus lutando por medidas que permitissem um maior acesso as terras e as riquezas de Roma. Foram essas disputas entre "os cidadãos romanos" pelo controle do poder político que aumentaram cada vez mais a instabilidade da sociedade, marca do final da República romana.
Nesse clima, o Senado, em 60 a.C., elegeu três grandes líderes políticos ao consulado: Júlio César, Pompeu e Crasso. Juntos, eles formaram o chamado 1º Triunvirato, e dividiram entre si o poder e os domínios romanos.   
Contudo, Crasso morreu na Pérsia (54 a.C.), e Pompeu tornou-se cônsul único, recebendo a tarefa de combater César e destituí-lo do comando militar da Gália. Ao saber das notícias, César resolveu lutar e dirigiu-se para Roma. Nesse momento, César assumia o poder romano, derrotando definitivamente Pompeu no ano de 49 a.C.
O domínio de César foi cada vez maior. Controlando diversas regiões e conflitos, César chegou a Roma, após destruir as tropas sírias, e foi declarado ditador vitalício. A nomeação, no entanto, não foi aceita pela maioria dos patrícios. César, em 44 a.C, foi assassinado.
Após a morte de César, teve início uma grande revolta popular, que foi habilidosamente utilizada por Marco Antônio, um dos generais mais próximos de Júlio César. Junto com Lépido e Otávio (imagem ao lado), Marco Antônio formou o 2º Triunvirato.
O trio, a princípio, trabalhou em conjunto, “eliminando” os opositores. Porém, depois que o controle ficou na mão dos três generais, um começou a lutar contra o outro.
O vencedor foi Otávio, recebendo do Senado o título de “Primeiro Cidadão” (Princeps), primeira escala para atingir o título de Imperator. Dessa forma, Otávio foi tornando-se praticamente o "senhor de Roma", coroado pelo recebimento do título de divino (Augustus), passando a se chamar Otávio Augusto.
Tinha início o 3º período da Roma Antiga, o período imperial.
Além do mais
Desde pequeno tinha um sonho. Visitar Roma e conhecer o Coliseu. Quem sabe um dia eu realizo esse feito. Por enquanto, faço um relato dessa impressionante obra.
O Coliseu foi construído quando Roma já era um império, durante o governo de Vespasiano (9 d.C. - 79). As medidas impressionam: suas fundações possuem mais de doze metros de profundidade e o perímetro da construção é de cerca de quinhentos e quarenta metros. Achou pouco? Mais de 50 mil pessoas poderiam assistir confortavelmente aos espetáculos, muitas vezes com gladiadores lutando até morte. Outras vezes, jaulas surgiam do subterrâneo e os animais eram soltos na arena, perseguindo os escravos. Espetáculos violentos!
A construção era feita de cimento natural, com a presença de cinco anéis concêntricos. Uma maravilha arquitetônica!
Exercícios de revisão
1) Quais foram os principais motivos que levaram os romanos a iniciar a sua expansão.
2) Em que período teve início a expansão romana pelo mar Mediterrâneo?
a) período Clássico; b) período Monárquico; c) período Imperial; d) período Republicano.



[1] Leoni, G. D. “A Literatura de Roma” – 6ª ed. – São Paulo: Livraria Nobel S. A., 1961. p. 31