Os nossos (novos) ancestrais
professor Pedro Henrique Ramos
Pense em um
assunto que está passando pelas mais recentes e impactantes descobertas!
Imagine pesquisas que estão mostrando que aquilo que era tomado como certo já
não é tão certo assim!
Pensou? Pois
é o que está acontecendo com os estudos acerca da evolução humana. Nos últimos
dez anos as descobertas foram tantas e tão diversas que daria para fazer um
Magazine Histórico só sobre esse assunto. E ainda faltaria espaço!
Como não
podemos ficar falando só disso no decorrer de todo um ano letivo, muito menos
durante um trimestre, vamos aprender um pouco sobre as recentes descobertas
através de quatro textos.
O primeiro
deles começa agora. É importante que você leia com muita atenção, afinal um OIA
irá encerrar todas essas leituras.
Novas velhas descobertas
Desde
2015 o campo da evolução humana tem passado por inúmeras pesquisas! Pesquisas
que levantam mais dúvidas do que certezas, fazendo com que pesquisadores das
mais diversas áreas reúnam-se e busquem explicar o que parecia já devidamente
explicado.
Não
à toa, a Scientific American Brasil,
edição de outubro/2018, reuniu uma série de textos sobre a evolução humana,
buscando debater e explicar os caminhos que fizeram com que a espécie humana se
tornasse tão única.
E
olha... Ainda existem muitos pontos a serem esclarecidos.
Neste
texto não iremos tratar da mais recente descoberta, o Homo naledi, mas sim de outro recente achado arqueológico.
Ardipithecus
ramidus
Falar
sobre os primeiros hominídeos é mergulhar em um campo marcado por pontos de
interrogação. Muitas dúvidas ainda aparecem. Porém, a cada descoberta, a cada
fóssil encontrado, nós, seres humanos, parecemos nos aproximar dos nossos
ancestrais.
No
final de 2009, uma das manchetes dos principais jornais impressos e virtuais do
Brasil e do mundo alertava para uma descoberta realizada por arqueólogos de
diversos países. Vamos acompanhar um trecho dessa reportagem, publicada no dia
10 de outubro de 2009.
“Ardipithecus ramidus,
é o mais novo esqueleto fóssil descoberto na África que entrará para a galeria
da origem da raça humana
Com 4,4 milhões de anos, este
hominídeo viveu muito antes e era mais primitivo que a famosa Lucy de 3,2
milhões de anos, da espécie Australopithecus afarensis
(considerada até então o hominídeo mais antigo). Desde a descoberta de
fragmentos do hominídeo mais velho em 1992, uma equipe internacional de
cientistas tem procurado mais espécimes e na quinta-feira[1]
apresentou um esqueleto bastante completo e sua primeira análise.
Substituindo Lucy como o primeiro
esqueleto conhecido da raça humana na árvore genealógica da família primata,
segundo os cientistas, Ardi
(nome dado pelos cientistas) abre uma
janela para ‘os primeiros passos evolutivos que nossos antepassados deram
depois que nós divergimos de nosso antepassado comum com os chimpanzés’. O
hominídeo mais velho já era tão diferente dos chimpanzés que sugeria que
‘nenhum macaco moderno pode ser usado para caracterizar a evolução dos
primeiros hominídeos’ (...).
O espécime Ardipithecus, uma fêmea adulta,
tinha cerca de um metro e vinte centímetros de altura e pesava 55 quilos, quase
trinta centímetros mais alto e duas vezes mais pesado que Lucy. Seu cérebro não
era maior do que o de um chimpanzé moderno.
O hominídeo mantinha a agilidade para subir em
árvores, mas já caminhava sobre duas pernas na posição vertical, uma inovação transformadora para os hominídeos, entretanto
não tão eficazmente quanto a família de Lucy. Os pés de Ardi ainda teriam que
desenvolver a estrutura em arco que veio depois com Lucy e consequentemente
para os humanos.”[2]
Fantástico
isso, não é mesmo? As pesquisas indicam que, passados mais de vinte e cinco
anos desde a descoberta do fóssil do Ardipithecus,
não sabemos ainda tudo sobre.
Portanto, os pesquisadores
demorarão a provar as suas teorias. Mas, inquestionavelmente, algumas delas já
estão sendo revistas, principalmente aquela que indicava o processo evolutivo
como algo linear, como se seguisse uma fila. Tal ideia, apesar de facilitar o
aprendizado acerca daqueles que vieram antes e os que vieram depois, é perigosamente
errada!
A evolução
humana tem-se mostrado um processo plural, marcada por inúmeros caminhos. O Ardipithecus tem ajudado a mostrar isso,
graças ao intenso trabalho dos pesquisadores.
Desde 1992,
pessoas de diferentes nacionalidades e áreas do conhecimento têm buscado
reconstruir o esqueleto do Ardipithecus
para que, assim, possam entender o papel dessa espécie na evolução dos seres
humanos. Ou seja, vinte e cinco anos de estudos. E você que acha que leva muito
tempo para fazer as tarefas da escola...
A seguir, uma
representação, após muito trabalho, do Ardipithecus.
Obviamente que os vestígios não foram encontrados da maneira como aparecem na
representação.
Ainda não
debateremos as características presentes na representação acima, mas, tenho
certeza, você já deve ter percebido algumas coisas curiosas no Ardipithecus, não é mesmo?
Voltando à
ideia do desenho esquemático que retrata a nossa evolução, durante muitos anos
nos foi apresentada a ideia de uma evolução linear, indicando que espécie A
evoluiu e originou a B, a B a C e assim sucessivamente, até chegar à espécie
atual, ou seja, nós.
Parte dessa
ideia veio do fato de que só existe atualmente uma espécie do gênero Homo, a
nossa, o Homo sapiens. Assim,
criou-se a impressão de um caminho único, e de que somos o resultado final
dessa linha.
Além disso,
visões e interpretações deturpadas, desde o início das pesquisas científicas
acerca da evolução humana, levaram a uma confusão de termos e ideias.
Vejamos essa
representação.
Se fossemos
situar o Ardipithecus, provavelmente
ele estaria representado pelo 2º ou 3º espécime do desenho (da esquerda para a
direita).
Mas, não é
tão simples assim...
Acendendo a
luz da sua curiosidade, nos próximos textos mostraremos o caso de um fóssil que
parece estar cronologicamente à frente dos três primeiros espécimes do desenho
acima, mas... Possui características que lembram o segundo! Em outras palavras,
seria uma espécie que veio depois, mas que parece ter sofrido um retrocesso. E
isso, ao que se sabe, não ocorre na evolução.
Aguarde!
Enquanto isso faça os exercícios de revisão. Eles estão bem legais!
Exercícios
de Revisão
1) Pesquise o
significado da palavra sapiência.
2) Agora,
argumente o porquê da nossa espécie ter recebido o epíteto específico sapiens.
[1] Ou seja, mais de dez anos após a descoberta do fóssil! Viu como
fazer pesquisa demanda tempo?
[2] http://www.stellabortoni.com.br/index.php/artigos/697-ioohiiam-aaii-oossa-titaaavo-aaiipithiius
(modificado)
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