Ao tratar sobre a Grécia
Antiga devemos, primeiramente, definir sobre o que iremos falar. Isso porque a
História da Grécia Antiga aborda mais de dez séculos de fatos, muitas vezes
totalmente diferentes um do outro. Escrito isso, e buscando fazer com que você
aprenda de maneira bem legal sobre a civilização grega, o presente texto, bem
como as questões a serem respondidas, abordarão o surgimento das cidades-estado
e o terceiro período da civilização grega, o período Clássico, que durou dos
séculos VI ao IV a.C.
Vamos começar!
Conversando
sobre a Grécia Antiga[1]
A
civilização grega possuiu quatro períodos históricos. Seriam os seguintes
1º período: Homérico (XII
– VIII a.C.)
2º período: Arcaico (VIII
– VI a.C.)
3º período: Clássico (VI –
IV a.C.)
4º período: Helenístico
(IV – II a.C.)
Tal
divisão aborda a análise histórica sobre a formação desta civilização. Vale
lembrar que os gregos utilizavam alguns fatos (verídicos ou não...) para
justificar o início de sua civilização. O mito do Minotauro e os diversos
acontecimentos ligados à Guerra de Tróia podem ser considerados como exemplos
dessa narrativa.
Como
ressaltado na abertura do nosso texto, abordaremos o terceiro período.
Para
começar podemos afirmar que a Grécia Antiga jamais formou um império unificado.
Jamais. E entender essa frase é muito importante para compreendermos o terceiro
período e as tais cidades-estado.
Muitos
dos povos que formaram a Grécia Antiga eram quando inimigos, indiferentes uns
aos outros, não se enxergando como uma civilização. Isso fez com que na Grécia
Antiga jamais houvesse um império. Quando os gregos se uniam era para lutar
contra um inimigo em comum. Depois, cada um ia para o seu lado, para o seu
país, sua nação, seu Estado Nacional. Por isso, cidade-estado!
E,
por cidade-estado, devemos entender o seguinte.
Afinal,
o que é uma cidade-estado?
Parece
ser um assunto complicado, difícil de entender: uma cidade que funciona como se
fosse um país? Céus, que confusão! Parece complicado, mas não é. Tratam-se
realmente disso: nações do tamanho de uma cidade, chegando a ser do tamanho de
um bairro, inclusive.
Ainda
hoje temos cidades-estado espalhadas pelo mundo, óbvio que diferentes das que
existiram na Grécia Antiga, mas que servem pra gente entender. Cidades-estado são
territórios independentes, muitas vezes do tamanho de algumas cidades
brasileiras, ou menores do que o Bairro Nova Gerty. Quer ver?
Abaixo
três exemplos de cidades país (cidades-estado)... Acompanhe:
Vaticano: localizada dentro da cidade de Roma, é a sede da Igreja
Católica. Possui 0,44 quilômetro2[2] e cerca de 1000
habitantes!
Cingapura: uma cidade-estado insular, com área de cerca de 710 quilômetros2.
Fica no sudeste asiático e possui uma população de cerca de cinco milhões
de pessoas! Foi recentemente elogiado pois controlou de maneira muito eficiente
a pandemia do COVID-19. Imagem da cidade.
Mônaco: famoso pelas corridas de fórmula 1, o principado de Mônaco
é outra cidade-estado do mundo atual. Com uma área de 1,95 quilômetro2 e
uma população com cerca de 35 mil habitantes, Mônaco é conhecida pelos luxuosos
iates que ficam ancorados nas marinas que cercam esta cidade país!
Voltando
à Grécia Antiga, houve duas cidades principais que ajudam bem a entender esse
conceito de cidade-estado. Estamos falando de Atenas e Esparta.
Atenas, fundada pelos jônios!
A
cidade de Atenas ficava localizada na região da Ática, e ficou muito marcada
pelos inúmeros problemas sociais decorridos, por sua vez, do alto grau de
exploração dos camponeses realizado pela aristocracia ateniense. A escravidão
por dívidas era muito comum em Atenas e foi um dos principais fatores do início
das revoltas. A maioria da população ateniense sofria diretamente com a
exploração.
Ao
lado, moedas atenienses do século V a.C., chamadas de dracmas.
Devido
a esse quadro inicial, as reformas sociais realizadas em Atenas sempre
apontaram para a tentativa em solucionar esses problemas, diminuir a insatisfação
popular.Assim, temos a medida do legislador Sólon proibindo a escravidão por dívidas a partir de
Foi
com Clístenes que a democracia ateniense se consolidou. Assumindo o poder em 509
a .C., Clístenes teve um governo baseado
nos princípios de igualdade política dos cidadãos e da participação de todos
nas decisões do governo. Dividiu a sociedade em unidades
político-administrativas, denominadas demos (por isso definimos
como democracia!) e deu ênfase a Eclésia, que era uma espécie de assembleia
popular. Apesar disso, ainda existiam muitos habitantes de Atenas que não
possuíam nenhum direito político.
Veja
como ficou Atenas após as reformas de Clístenes: -
cidadãos (ricos ou pobres): possuíam direitos políticos iguais;
- estrangeiros (metecos): não possuíam direitos políticos. Atuavam como
comerciantes; - escravos
(comprados ou conquistados): não possuíam direitos.
Além
dos escravos e dos estrangeiros, as mulheres também não possuíam direitos
políticos.
Esparta, fundada pelos
dórios
A
cidade-estado de Esparta, fundada pelos dórios, também possuiu enorme destaque
dentro da Grécia Antiga. Localizada na planície da Lacônia, basicamente estava
organizada como as outras cidades-estados, mas também possuía algumas
características bem específicas, sendo uma sociedade dividida nas seguintes
classes: > espartanos:
formavam a aristocracia espartana, proprietária de terras e detentora dos
direitos políticos. Eram os únicos cidadãos e dedicavam sua vida as atividades
militares. Essa dedicação ocorria desde o início da vida do indivíduo. As
crianças espartanas eram educadas para formar um exército forte e poderoso. E
foi devido a esse exército que Esparta foi uma cidade-estado expansionista. Só
havia um meio de se tornar espartano: nascer em uma família aristocrática;
> periecos: eram homens livres, mas que não possuíam nenhum direito
político. Não podiam casar com espartanos e trabalhavam nas atividades
agrícolas e comerciais, além de pagarem impostos.
> hilotas: eram escravos públicos, pertencentes ao Estado. Os hilotas muitas
vezes eram exterminados pelos espartanos.
Isso
nos faz lembrar que se um espartano se declarasse grego certamente não gostaria
de ouvir “grego como um ateniense”. E a recíproca é verdadeira.
No período Clássico a cultura grega se desenvolveu muito, havendo uma enorme importância da cidade-estado de Atenas. Tal período também ficou marcado pelas guerras entre gregos e persas, as chamadas "Guerras Médicas" e pelos conflitos entre as cidades-estados gregas. Atenas e Esparta tornaram-se grandes inimigas.
Para que possamos compreender melhor o terceiro período da Grécia Antiga é preciso aprender um pouco sobre o império Persa.
Os persas eram povos de origem indo-europeia, caracterizados por uma sociedade seminômade que, por volta de2.000
a .C havia se estabelecido na região
que hoje compõe o atual território do Irã. Chefiados, em 559
a .C., por Ciro, os persas combateram
e venceram os medos, outro povo de origem indo-europeia, e iniciaram uma grande
expansão. Formaram, assim, um enorme império, atingindo as regiões da Ásia
Menor, do Egito, Fenícia, Mesopotâmia, além de algumas áreas da Grécia.
Perceba que os persas ocuparam áreas em três continentes: África, Ásia e Europa!
Com a subida de Dário ao
poder (521 – No período Clássico a cultura grega se desenvolveu muito, havendo uma enorme importância da cidade-estado de Atenas. Tal período também ficou marcado pelas guerras entre gregos e persas, as chamadas "Guerras Médicas" e pelos conflitos entre as cidades-estados gregas. Atenas e Esparta tornaram-se grandes inimigas.
Para que possamos compreender melhor o terceiro período da Grécia Antiga é preciso aprender um pouco sobre o império Persa.
Os persas eram povos de origem indo-europeia, caracterizados por uma sociedade seminômade que, por volta de
Perceba que os persas ocuparam áreas em três continentes: África, Ásia e Europa!
Dário
I, então rei persa, entendeu o fato como uma afronta dos atenienses e iniciou a
primeira guerra médica. A guerra em questão foi vencida por Atenas na batalha
de Maratona, realizada em 490
a .C., sob a liderança de Milcíades.
No entanto, em480
a .C., agora com Xerxes, filho de
Dário I, os persas voltaram a atacar os atenienses. No primeiro ataque de
Xerxes, nova derrota persa; na segunda tentativa, os persas venceram e
destruíram parte de Atenas. Os gregos, então com medo de Xerxes iniciar uma
grande invasão persa (o que de fato ocorreu), se uniram, e sob a liderança de
Esparta, derrotaram os persas antes que estes deixassem a Grécia.
O medo de um novo ataque persa fez com que Atenas organizasse uma confederação das cidades gregas, a chamada Confederação de Delos. Nessa Confederação estava determinado que as cidades-estados manteriam sua independência e autonomia, mas se comprometeriam a auxiliar umas as outras caso ocorresse um ataque a qualquer uma delas. Graças a essa Confederação, os persas foram expulsos da Ásia Menor. E é indiscutível que tal aliança ajudou muito a cidade de Atenas a se tornar a mais importante da Grécia Antiga.
O domínio ateniense ocorreu durante o século V a.C., durante o governo de Péricles, fase também conhecida pelo aumento considerável da escravidão. Péricles buscou reformas que ampliassem a democracia ateniense, permitindo que os cidadãos participassem mais da vida política e social de Atenas. O grande feito externo de Péricles foi ter conseguido um “tratado de paz” com os persas.
Assim, Atenas despontou de maneira impressionante! Tanto que conhecemos a cidade-estado de Atenas no século V a.C. pelo seu esplendor cultural e arquitetônico, o que deu a este século a denominação de “idade de ouro”.
No entanto, a hegemonia ateniense incomodava muito outras cidades-estados gregas, principalmente Esparta, que se opôs a Confederação de Delos, fundando a Liga do Peloponeso, tendo como único propósito impedir esse domínio ateniense. Reunindo algumas cidades, os espartanos iniciaram a Guerra do Peloponeso, entre 431 e404
a .C., ou seja, mais de vinte anos de
conflitos entre atenienses e espartanos.
Foram realizadas inúmeras batalhas até que em404
a .C. os espartanos saíram
vitoriosos, invadindo e destruindo a cidade de Atenas. A partir desse momento
quem liderava a Grécia Antiga era Esparta, domínio que, no entanto, durou muito
pouco.
Tebas, outra cidade-estado grega, entrou em conflito com os espartanos e os venceu, tomando assim o poder. Em 362 a.C. uma nova reviravolta: Atenas e Esparta, junto com outras cidades-estados, tomaram Tebas, conquistando o poder. Com tantas disputas os gregos se enfraqueceram, o que fez com a Grécia Antiga passasse a ser conquistada pelos macedônicos, a partir de 338 a.C., através do rei da Macedônia, Filipe II.
No entanto, em
O medo de um novo ataque persa fez com que Atenas organizasse uma confederação das cidades gregas, a chamada Confederação de Delos. Nessa Confederação estava determinado que as cidades-estados manteriam sua independência e autonomia, mas se comprometeriam a auxiliar umas as outras caso ocorresse um ataque a qualquer uma delas. Graças a essa Confederação, os persas foram expulsos da Ásia Menor. E é indiscutível que tal aliança ajudou muito a cidade de Atenas a se tornar a mais importante da Grécia Antiga.
O domínio ateniense ocorreu durante o século V a.C., durante o governo de Péricles, fase também conhecida pelo aumento considerável da escravidão. Péricles buscou reformas que ampliassem a democracia ateniense, permitindo que os cidadãos participassem mais da vida política e social de Atenas. O grande feito externo de Péricles foi ter conseguido um “tratado de paz” com os persas.
Assim, Atenas despontou de maneira impressionante! Tanto que conhecemos a cidade-estado de Atenas no século V a.C. pelo seu esplendor cultural e arquitetônico, o que deu a este século a denominação de “idade de ouro”.
No entanto, a hegemonia ateniense incomodava muito outras cidades-estados gregas, principalmente Esparta, que se opôs a Confederação de Delos, fundando a Liga do Peloponeso, tendo como único propósito impedir esse domínio ateniense. Reunindo algumas cidades, os espartanos iniciaram a Guerra do Peloponeso, entre 431 e
Foram realizadas inúmeras batalhas até que em
Tebas, outra cidade-estado grega, entrou em conflito com os espartanos e os venceu, tomando assim o poder. Em 362 a.C. uma nova reviravolta: Atenas e Esparta, junto com outras cidades-estados, tomaram Tebas, conquistando o poder. Com tantas disputas os gregos se enfraqueceram, o que fez com a Grécia Antiga passasse a ser conquistada pelos macedônicos, a partir de 338 a.C., através do rei da Macedônia, Filipe II.
[1] Ramos, Pedro Henrique Maloso.
[2] Só para
comparar, São Caetano do Sul, considerado um município pequeno, possui 15 km²!
Ou seja, cabem 34 Vaticanos dentro de São Caetano!