5º Texto
– com atividade de aprofundamento – Antes do que imaginávamos
professor Pedro Henrique Ramos
Existem
algumas coisas que sempre devem acompanhar a vida de uma pessoa dedicada aos
estudos. A curiosidade e a capacidade de rever ideias e teorias são dois
exemplos. Desde que comecei a lecionar aqui na EMEF Leandro Klein diversas
teorias e ideias acerca da evolução humana passaram por revisões, sendo que
algumas foram abandonadas, outras aprimoradas e novas teorias foram elaboradas.
A edição de número 200 da revista Scientific American Brasil[1]
trouxe o resultado de uma intrigante pesquisa acerca de descobertas de
ferramentas paleolíticas na Jordânia, país asiático bem próximo à África, e uma
das rotas de passagem dos primeiros seres humanos, quando esses passaram a
habitar outros continentes além da África. O mais fascinante é que a pesquisa,
que pode alterar os estudos sobre a nossa evolução, foi liderada e contou com o
apoio maciço de pesquisadores brasileiros. Hoje foram eles. Amanhã, pode ser
umx de vocês.
No mapa
ao lado, a área em destaque (dentro do quadro menor) é onde fica a Jordânia.
Apesar de ser uma país asiático, está muito próximo da África.
O que foi
descoberto?
Até o ano
de 2019, xs discentes da EMEF Leandro Klein aprenderam que a primeira espécie
de hominídeo a deixar a África e povoar
outros continentes foi o Homo erectus.
Mas, os achados na Jordânia indicam que as ferramentas ali presentes datam de
2,5 milhões de anos. Eis o problema.
Vimos que
o Homo erectus surgiu há 1,8 milhão
de anos. Então, quem teria produzido essas ferramentas? A única resposta
plausível é de que seja Homo habilis
ou uma espécie anterior[2]
- portanto um proto-hominídeo.
Uma das
discussões que a nova pesquisa levanta é acerca de espécies de hominídeos – que
não estudamos com profundidade em nossas aulas – que parecem ter feito algo que
contradiz a lógica da evolução: recuaram.
Conquistas
evolutivas permanecem. E uma das que caracterizam a nossa espécie é o aumento
do volume da caixa craniana, como já vimos em imagens e textos anteriores. Bem
verdade que alguns (poucos) fatores podem fazer com que nos adaptemos, mas não
a ponto de voltarmos ao ponto anterior. Explicando...
Uma das espécies de hominídeos que não estudamos
com profundidade é o chamado hobit, o
Homo floresiensis, uma espécie de
hominídeo que viveu nas ilhas do sudeste asiático. Por viver em ilhas, onde a
disponibilidade de recursos é menor, essa espécie teria um tamanho menor. E se
possui um tamanho menor, sua caixa craniana é menor. (na imagem abaixo você pode comparar o
tamanho do floresiensis com um homem
de 1,80 metro e 83 quilos.
O
problema é que os pesquisadores consideravam que do erectus (que provavelmente teria originado o floresiensis) para essa espécie das ilhas a diminuição da caixa
craniana foi muito grande, indicando que parecia faltar uma peça, uma
explicação. Agora, a princípio, não falta mais. Provavelmente quem originou o floresiensis foi o habilis. Daí, dá para considerar como aceitável a mudança de
tamanho da caixa craniana. Veja a tabela abaixo e entenda as diferenças.
Outras
descobertas surgiram, ligadas à primeira. Além de uma revisão da expansão dos
hominídeos pelos continentes, os cientistas novamente debateram o que definiria
um hominídeo, diferenciando de um antropoide. E... Ainda não houve uma exata
definição.
Pintaram,
no esteio dessa descoberta, novas abordagens. Cientistas levantam agora a
possibilidade de que o Homo erectus
tenha surgido em regiões também fora do continente africano. E, para outros,
até mesmo uma espécie entre o habilis
e o erectus possa ter existido nas
regiões das escavações...
Quantas
perguntas ainda sem respostas. Ciência é arte da dúvida.
Diante de
tudo o que aprendemos até agora, chegou a hora de responder algumas questões.
Independente
das novas descobertas, um continente ainda permanece como terra-mãe da
humanidade.
1) Qual
seria esse continente?
a)
África; b) América; c) Ásia; d) Europa.
2) Em
qual dos continentes abaixo listados foram realizadas as pesquisas que possibilitaram
as novas descobertas?
a)
África; b) América; c) Ásia; d) Europa.
3) Escreva duas características comuns ao gênero Homo.
[1] Uma outra jornada
para o homem - Pesquisa brasileira faz retroceder a estimativa de saída da
África e pode reescrever a evolução do gênero Homo. Scientific American Brasil, São
Paulo, outubro (ano 18), 2019. edição número 200.
[2] e aqui já se cria o primeiro ponto ainda NÃO
respondido: ferramentas como essas poderiam ter sido fabricados por ancestrais
do Homo habilis?
[3]
Dados retirados de "Uma outra jornada para o homem - Pesquisa brasileira faz
retroceder a estimativa de saída da África e pode reescrever a evolução do
gênero Homo." Scientific American Brasil, São Paulo, outubro (ano 18),
2019. edição número 200. pp 24 - 35