12º Texto - Os Renascimentos Comercial
e Urbano na Europa Medieval
professor Pedro Henrique Ramos
O homem medieval viveu
durante seiscentos anos (do século V ao início do XI) uma fase de atividade
comercial e vida urbana quase insignificante em partes consideráveis da Europa.
Mesmo com as rotas comerciais incríveis dos Vikings,
é bem verdade que a maior parte da Europa mantinha uma economia agrária de
subsistência.
Além disso, grande parte
das pessoas vivia nos feudos. As cidades eram poucas e pouquíssimo povoadas.
Praticamente não havia uma população urbana. Até que novas técnicas agrícolas
surgiram, os invernos acabaram se tornando menos rigorosos, houve um recuo das
invasões e, consequentemente, paz nos campos. A Europa Feudal se transformava,tendo
início os renascimentos comercial e urbano.
Vamos tratar
primeiramente do Renascimento Comercial, até porque ele foi o agente que
possibilitou a ocorrência do Renascimento Urbano.
Podemos afirmar que o Renascimento Comercial ocorreu devido à expansão das
áreas produtivas. Isso significa dizer que a produção foi além dos feudos e que
muitas áreas de floresta se tornaram campos produtivos, levando à produção de
excedentes e ao reaparecimento do sistema monetário. Com o excesso da produção,
alguns camponeses que viviam nas chamadas villas
começaram a comprar e revender o que fora produzido. Passaram a viver da troca
de mercadoria. É destacável para a ocorrência de todo esse processo o papel
fundamental das Cruzadas e a decadência do Império Bizantino. O Renascimento
Comercial foi o elemento que levou ao fim do do Feudalismo e o início do
Capitalismo.
Já o Renascimento Urbano foi um
processo que variou muito na Europa Medieval. O que é comum é o fato de que o
desenvolvimento das cidades esteve ligado à expansão das atividades comerciais.
As cidades passaram a se tornarem mais comuns no final do
século XI, sendo que algumas surgiram e outras tantas foram repovoadas. As
inovações agrícolas também permitiram que parte da população que morava nos
campos fosse para as cidades em busca de outras atividades, tais como comércio
e o artesanato.
As cidades fortificadas que surgiram
passaram a ser chamadas de burgos
e seus habitantes foram denominados de burgueses.
As cidades cresceram com o aumento das atividades mercantis, realizadas nas
ruas pelos mercadores e em feiras que eram realizadas periodicamente. Nas
feiras, urbanas ou rurais, eram vendidos tecidos, couros, peles e artigos dos
mais variados tipos. Nas feiras também ocorriam apresentações teatrais.
Abaixo, um típico burgo medieval.
Os comerciantes, desde o início, buscaram se associar.
Essas associações ficaram conhecidas por:
- Guildas (associação de mercadores de
uma mesma cidade) ou;
- Hansas (quando comerciantes de várias
cidades estavam associados).
O propósito dessas associações era garantir proteção a
seus associados contra a concorrência de outros comerciantes. A maior das
associações foi a Liga Hanseática, ou a Hansa Teotônica, que contava com a
presença de cerca de oitenta cidades do norte europeu.
Façamos
aqui uma ressalva muito importante! Essa ideia de Renascimento não deve ser
confundida com os eventos que ocorreram na Europa entre os séculos XIV e XVI
primordialmente e estiveram ligados ao renascimentos dos valores da cultura
greco-romana na sociedade medieval. “O
termo Renascimento é comumente aplicado à civilização europeia que se desenvolveu
entre 1300 e 1650. Além de reviver a antiga cultura greco-romana, ocorreram
nesse período muitos progressos e incontáveis realizações no campo das artes,
da literatura e das ciências, que superaram a herança clássica”[1].
É
inegável que os renascimentos comercial e urbano foram determinantes para a
ocorrência do Renascimento, definido muitas vezes como Renascimento Cultural. A
sociedade europeia estava em constante transformação surgindo, mesmo que
primariamente, o pré-capitalismo europeu.
Esse
pré-capitalismo, bem diferente da economia feudal, tinha como características
básicas a produção que passou a se destinar ao mercado, indo além dos feudos,
as trocas que se tornaram preponderantemente monetárias e o aparecimento
gradual da mobilidade social.
Além
disso, e talvez o fato mais transformador desse período, foi o desenvolvimento
de uma nova classe social, que começou a enxergar o mundo e as suas relações de
uma maneira bastante diferente: a BURGUESIA!
Por
fim, podemos concluir que o que renasceu em um primeiro momento foram as
atividades comerciais; as cidades vieram logo em seguida. Daí para frente o
mundo medieval vai se tornar diferente.
Em comum, sejam os Renascimentos
Comercial e Urbano, seja o Renascimento Cultural, foi a presença marcante da
burguesia, que se fortalecia. Do comércio, vieram as cidades. As cidades
abriram espaço para um novo modo de se enxergar o mundo e as relações nele
presentes. Eis o nascimento da Renascença (o Renascimento) e suas inovações.
Um
comerciante medieval e suas mulas. Mais resistentes que os cavalos, eram ideais
para carregarem as mercadorias de um burgo a outro.
As Cruzadas foram fundamentais para a ocorrência do
Renascimento Comercial. A 4ª. “Cruzada
(1202-04) é considerada a mais importante, pois foi responsável pela
‘reabertura’ do Mar Mediterrâneo. Foi a primeira cruzada marítima, financiada
pelo mercadores de Veneza, que passaram a monopolizar o comércio com
Constantinopla”[2]. Na imagem, uma feira
medieval.
Exercícios de revisão
1) E em
São Caetano do Sul existe alguma associação que represente os comerciantes da
cidade? Pesquise e coloque as principais informações nas linhas abaixo.
2) Quais
as principais diferenças que você percebe entre um burgo e um feudo? Escreva ao
menos duas.