Características, fases e
vertentes do Renascimento - uma breve análise
Se você procurar em livros de História informações sobre o Renascimento
irá descobrir que os estudiosos dividem esse movimento em fases (períodos) e
correntes. O movimento foi tão amplo que não dá para encaixá-lo em um modelo
único. Poderíamos dizer que o Renascimento foi diverso, amplo, e, por isso
mesmo, algo bastante complexo.
A princípio, existem duas
correntes renascentistas:
- O Renascimento Civil, ligado às cidades
republicanas que eram dirigidas diretamente pela burguesia. Nesse "tipo"
de Renascimento observamos que os temas do cotidiano eram visivelmente
humanizados;
- O Renascimento Cortesão, sendo a
corrente que exerceu enorme domínio, se ligando aos príncipes, visivelmente
empenhados em trazer elementos do Renascimento para dentro das cortes.
Também
há fases renascentistas. E é sobre essas fases que iremos falar agora.
1ª Fase: Trecento – corresponde à
arte do século XIV, onde ocorre uma transição lenta e gradual da cultura
medieval para a renascentista. Alguns historiadores definem essa fase como o pré-Renascimento.
A obra que vemos ao lado[1],
pertencente ao período, ainda não incorpora todos os elementos do Renascimento,
mas já apresenta mudanças e inovações. Trata-se de uma das partes do quadro de
um dos maiores pintores do Trecento: Giotto di Bondone (1266 –
1337). Se chama Ognissanti Madonna (Madonna entronizada). Foi pintada em 1310. Há
um site interessante, com
todas as obras deste renascentista, além de
informações sobre a vida do pinto. Está em inglês: http://www.giottodibondone.org/
2ª Fase: Quattrocento – corresponde
à arte do século XV. Florença foi um dos campos principais desse período, ressaltando
a importância do mecenato da família Médici. Nesse contexto é destacável a
figura de Lorenzo de Médici, o “Magnífico”, que fundou a “Academia Platônica”,
na qual pensadores ilustres buscavam conciliar o ideal cristão com o pensamento
antigo. Um dos maiores nomes deste período foi Leonardo da Vinci (1452 - 1519).
Abaixo uma imagem da cidade de Florença[2],
um dos principais palcos do Renascimento no Quattrocento.
3ª Fase: Cinquecento – corresponde à arte
do século XVI. Já é observável a crise do Renascimento. Mesmo assim Florença
teve um grande destaque e muitos renascentistas chegaram ao esplendor. Em um
texto futuro nos aprofundaremos a respeito dos motivos que levaram à essa
crise, porém é importante frisar que o fim do monopólio das rotas comerciais
pelas cidades italianas levou ao declínio do mecenato na península itálica. Um
dos principais nomes do período foi o genial Michelangelo Buonarroti (1475 -
1564).
Também é possível afirmar que o Renascimento se estendeu
por inúmeros campos, não se limitando somente às artes plásticas.
Como vimos, há uma fase de transição que irá inaugurar o
Renascimento. Trata-se do Trecento. Daí para frente os
renascentistas mergulharam nas inúmeras possibilidades de criar, inovar... E a
imensidão do Renascimento se mostra a partir disso! Por mais que qualquer estudioso,
historiador e pesquisador busque apontar todos os campos abordados pelos
renascentistas, saiba que é praticamente impossível estabelecer um panorama
rigorosamente completo. Mas dá para ter uma ideia da grandiosidade do movimento
a partir do pequeno texto abaixo. Veja só.
Artes Plásticas
O movimento buscou acoplar o homem ao campo físico, através de imagens
tridimensionais e o jogo de luzes. Nesse sentido é evidente apontar que existe
uma enorme valorização do homem, da figura humana. No Trecento temos
a construção dos traços renascentistas e a presença de um importante artista, Giotto,
que representou os ideais precursores da arte renascentista. Já no Quattrocento temos o grande
brilhantismo na produção de obras, bem como a presença de grandes gênios, entre
eles Leonardo da Vinci, denominado o “gênio universal da Humanidade”. No
Cinquecento tivemos o
aparecimento de grandes pintores, protegidos por mecenas papas (ou seja, os
artistas eram financiados pelos papas). e a importante figura de Michelangelo, como destacamos acima.
La Sibila Délfica (1509), de Michelangelo[3].
Literatura e Ciência (Humanismo)
Os humanistas eram, geralmente, alguns membros do clero, professores e
burgueses. Desprezavam a cultura gótica medieval e primavam pelo
individualismo, a vontade do poderio, o refinamento cultural e espiritual,
buscando dominar os mais variados campos do conhecimento. No Trecento tivemos a presença de Dante
Alighieri (1265 - 1321), com
a obra “Divina Comédia”; já no Quattrocento
foi fundamental o papel da “Academia Platônica”, como discorremos acima. E no Cinquecento tivemos obras que
davam a base do Estado Moderno, essencialmente na formulação da razão de
Estado. Assim, não nos é estranho o surgimento de uma obra que trabalhe
diretamente com essas questões, como foi o caso da obra “O príncipe”, de Nicolau Maquiavel (1469 - 1527).
Nicolau Maquiavel, um dos maiores nomes da Renascença[4]
Renascimento Científico
Inquestionavelmente um dos campos mais fantásticos da
Renascença, no Renascimento Científico tivemos a busca por explicações através
da prática e do conhecimento empírico, não só baseado em livros. Tivemos o
surgimento de experiências e observações, com um extraordinário conhecimento
científico. O principal personagem foi Leonardo da Vinci, atuando em diversos
campos. Mas também devem ser destacados vários outros nomes, entre os quais, Nicolau Copérnico (1473 - 1543) - e que
logo, logo será abordado em um texto. A figura de Copérnico se destaca, principalmente, porque esse polonês
demonstrou que a Terra não era o centro e sim o Sol, partindo inclusive dos
estudos e observações feitos por Aristarco de Samos (310 - 230 a.C.)[5] .
Com o Renascimento Científico tivemos também um
gigantesco progresso intelectual, indo muito além do campo das ciências,
desbravando o funcionamento das coisas, projetando máquinas outrora
impensáveis, estudando o corpo humano. Mas ainda muitos desses avanços foram
freados pelos ditames religiosos do período. Abaixo, desenhos científicos do
genial Leonardo da Vinci[6].
[1] Imagem
extraída do sítio http://www.giottodibondone.org/ - 29/07/2015
[2] Imagem
extraída do sítio http://www.royalcaribbean.com.br/findacruise/ports/group/home.do?portCode=LSP
- 29/07/2015
[3] Imagem
extraída do sítio https://twitter.com/juananurkijo/status/600325057185980416 -
29/07/2015
[4] Imagem
extraída do sítio https://luizmullerpt.wordpress.com/2013/02/17/os-500-anos-do-principe-de-maquiavel-por-antonio-lassance/
- 29/07/2015
[5] Para
conhecer o trabalho de Aristarco de Samos, leia http://respirehistoria.blogspot.com.br/2015/03/uma-analise-historica-sobre-astronomia.html
[6] Imagem
extraída do sítio https://dedsign.wordpress.com/textos/o-corpo-e-o-modelo/da-exploracao-anatomica-a-visao-morfologica/
- 29/07/2015